sexta-feira, 23 de março de 2012

O que o Dia deve à Noite (Yasmina Khadra)

Younes não é mais que um rapaz quando um incêndio rouba à família tudo o que tinham, obrigando-os a partir para Orão em busca de uma forma de reconstruir a vida. Mas Orão é uma cidade de contrastes e o lugar que os espera não está na zona próspera, mas antes no miserável ambiente de Jenane Jato. Aí, Younes crescerá entre a miséria e uma vaga noção de um quotidiano tudo menos normal... até ao dia em que o azar volta a atingir a sua família. Então, até mesmo o seu pai demasiado orgulhoso terá de compreender que, consigo, Younes nunca será nada. E, para o rapaz, o caminho estará com o tio e a sua esposa, numa jornada de crescimento que o tornará, talvez, mais capaz de alcançar um futuro, mas também mais dividido entre as suas origens e o mundo em que terá de crescer.
Este é, acima de tudo, um livro de contrastes. Da diferença entre as zonas ricas e as zonas miseráveis de Orão, do que separa os árabes dos franceses, da Argélia antes e depois do conflito pela independência... e de Younes, enquanto jovem, depois como adulto e, por fim, no ocaso da vida. É das mudanças que o tempo e a miséria opera sobre lugares e sobre pessoas que se define o essencial deste livro e o resultado é uma história em que o aspecto mais pessoal - a história da vida das personagens - se conjuga na perfeição com a vastidão de uma narrativa que caracteriza também a história de um lugar ao longo do tempo.
Poder-se-ia dizer que este livro se constrói como dois mundos que se acompanham no tempo, já que a história do crescimento de Younes se liga de forma impressionante com as mudanças operadas na Argélia (sendo que o próprio protagonista acaba por ter um pequeno papel a desempenhar nestas mudanças). É Younes o foco e o seu crescimento é a linha principal de todo o livro: a necessidade de viver com a miséria, o crescimento com todas as amizades e conflitos, até mesmo as relações amorosas, com todos os seus desafios e impossibilidades... É Younes o protagonista e é dele a voz que narra a história. Mas Younes é também um fruto do seu tempo e a caracterização da vida em seu redor, com todas as mudanças que vão ocorrendo, proporciona uma visão muito precisa dos tempos em que decorre a narrativa.
Com uma escrita que, equilibrada entre a acção e a emoção, resulta numa belíssima viagem a um mundo em mudança, este é um livro que conjuga na perfeição a jornada de uma vida e a jornada de um lugar, ambos num caminho que é crescimento, mas também luta e sofrimento. A história de Younes e a história da Argélia fundem-se numa narrativa que é intensa, profunda e marcante. E o resultado é muito, muito bom.

2 comentários:

  1. Olá Carla!

    Já li e tenho para publicar uma opinião sobre este livro, provavelmente na semana que vem.

    Achei o livro belíssimo. Um dos melhores que li nos últimos tempos.

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    1. ...traigo
      ecos
      de
      la
      tarde
      callada
      en
      la
      mano
      y
      una
      vela
      de
      mi
      corazón
      para
      invitarte
      y
      darte
      este
      alma
      que
      viene
      para
      compartir
      contigo
      tu
      bello
      blog
      con
      un
      ramillete
      de
      oro
      y
      claveles
      dentro...


      desde mis
      HORAS ROTAS
      Y AULA DE PAZ


      COMPARTIENDO ILUSION
      CARLA RIBEIRO

      CON saludos de la luna al
      reflejarse en el mar de la
      poesía...




      ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE TITANIC SIÉNTEME DE CRIADAS Y SEÑORAS, FLOR DE PASCUA ENEMIGOS PUBLICOS HÁLITO DESAYUNO CON DIAMANTES TIFÓN PULP FICTION, ESTALLIDO MAMMA MIA,JEAN EYRE , TOQUE DE CANELA, STAR WARS,

      José
      Ramón...

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