Para Rio, a Ordem sempre foi parte fundamental da sua vida, mas a sua companheira não via as coisas da mesma forma e o ciúme levou-a a um acto de traição que deixaria marcas terríveis. Agora, marcado fisicamente pela explosão que o deixou gravemente ferido e assombrado pela traição da pessoa que lhe devia ser mais fiel, Rio sente já não pertencer em lugar nenhum e as debilidades nele deixada levam-no a decidir-se pelo fim. O problema é que a decisão não é assim tão simples de concretizar e quando, sozinho na cripta que ele os seus companheiros descobriram e que lhe compete selar, se depara com uma visitante indesejada, Rio vê-se com uma situação complicada para resolver. É que Dylan é não só uma jornalista curiosa, como uma Companheira de Raça. E há uma parte de si que já não deveria sentir, mas que se descobre atraída por essa mulher...
É interessante ver como, tendo como ponto de partida uma premissa relativamente semelhante, a autora consegue acrescentar a cada livro desta série um toque de diferença. Aqui, a protagonista feminina é, mais uma vez, uma mulher vinda do mundo normal, sem conhecimento da sua natureza. Ainda assim, o dom que a define como Companheira de Raça é algo com que teve de lidar e que deixou marcas no seu passado. Marcas essas que criam uma certa empatia, ao mesmo tempo que a definem como uma figura mais adequada a estabelecer uma relação com Rio. Pois também ele tem marcas insuperáveis e é, em primeiro lugar, este aspecto a evidenciar-se numa relação que, com bastante de romance e atracção, acaba por se desenvolver também pelos seus pontos em comum e pela forma como cada um lida com as sombras do outro.
Mais uma vez, nem só de romance vive a narrativa. Ainda que os desenvolvimentos a nível do inimigo comum da Ordem não tenham um grande impacto global, há novos elementos a surgir neste aspecto, o que continua a despertar curiosidade em saber de que forma evoluirão as coisas para a Ordem e para a Raça, se o inimigo alcançar os seus objectivos. Além disso, estes desenvolvimentos servem não só para acrescentar um toque de tensão à relação dos protagonistas, mas também para pôr em evidência as relações entre os guerreiros da Ordem - relações que têm vindo a ganhar mais destaque com o avançar da série e que, mais intensas nos seus elos de afecto e de confiança, dão ao desenrolar da história uma nova força emocional.
Envolvente, com uma boa história e personagens cativantes, Ascensão à Meia-Noite representa uma interessante evolução numa série que tem vindo, em cada novo volume, a crescer, tanto a nível de desenvolvimento do seu mundo, como da interacção e caracterização das suas personagens. Viciante e com as medidas certas de acção e de emoção... Muito bom.
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