terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fome (Michael Grant)

Desde que os adultos desapareceram, as coisas não pararam de piorar na ZRJ. A comida está a acabar. Criaturas mutantes infestam os campos. Há uma ameaça de conflito iminente entre os rapazes normais e aqueles que desenvolveram poderes invulgares. E há uma criatura inexplicável que chama, da escuridão, por aqueles que a podem ajudar a alcançar algum poder. A Sombra está com fome e às escuras. E há alguém disposto a responder ao seu chamado.
Tendo em conta a evolução dos acontecimentos em Desaparecidos, era de prever que a essência deste livro se mantivesse num rumo progressivamente mais perturbador. E se há algo que o autor faz particularmente bem neste livro é manter a tensão, à medida que a situação se torna mais e mais desesperada e até os mais fortes começam a quebrar.
O mais velho dos habitantes da ZRJ não ultrapassa os quinze anos de idade e, contudo, a necessidade de um líder (ou de uma figura paternal) faz de Sam Temple o alvo preferencial da atenção dos restantes miúdos. Assim, há toda uma posição preocupante a descobrir na figura de Sam Temple e dos seus problemas: a responsabilidade excessiva, a necessidade de decidir caminhos e funções para tudo e todos, os múltiplos conflitos em curso e a sua própria posição na ZRJ (também ele, no fim de contas, pouco mais que um miúdo) reflectem-se na progressiva depressão, no cansaço e, mais para o final, numa quebra quase absoluta que deixa bastantes dúvidas quanto ao futuro de Sam - e, em consequência, de todos os que dele dependem.
É ainda curioso notar como, numa história onde a acção e a tensão são praticamente constantes, havendo muitas questões para resolver e, como tal, muitos pontos de vista a seguir, o autor consegue levantar algumas questões interessantes: a forma como, em situações desesperadas, o pior da natureza humana (em escalas que variam do simples egoísmo à crueldade intolerável) tende a manifestar-se; a necessidade de definir um plano de sobrevivência com os meios possíveis; a forma como as linhas de separação e os preconceitos (aqui entre "normais" e "anormais") se tornam mais nítidos.
Este é, por isso, um livro curioso, ao mesmo tempo cativante (tanto pelo enredo cheio de acção como pelo estilo de escrita ou pelos temas tratados), mas com um ambiente geral bastante sombrio e momentos deveras perturbadores. O balanço final é, ainda assim, claramente positivo, ficando já a curiosidade em saber o que mais espera Sam e os seus aliados (e inimigos) na ZRJ. Bem como a resposta às várias perguntas deixadas em aberto.

3 comentários:

  1. Bem eu adorei este livro por isso sou suspeita. Mas Michael Grant está no meu top!

    Beijo Carla, excelente opinião (como sempre!)

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  2. Desculpe a pergunta, mas o livro Fome já lançou ? Estou procurando ele a muito tempo ... Obrigado.

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