Dexter Morgan, técnico de laboratório... e serial killer. Para os seus colegas de trabalho, a sua conduta está acima de suspeitas. Meticuloso, eficiente, cordial e discreto. Mas tudo pode mudar a partir do momento em que um cadáver retalhado e sem uma única gota de sangue é descoberto, num caso que pode ser o empurrão necessário para a carreira da sua irmã... ou a mudança que abalará o mundo frio e sem emoções de Dexter.
É o tom quase descontraído com que, pela voz do próprio Dexter, os acontecimentos são apresentados que torna a narrativa intrigante desde cedo. Com laivos de humor negro, mas também com uma visão bastante completa do que é a duplicidade na mente do protagonista - a necessidade de uma aparente normalidade em oposição às suas compulsões de morte -, há algo em Dexter que cria uma estranha, desconfortável empatia. E isto deve-se tanto à forma como Dexter lida com a sua humanidade (ou falta de), questionando a sua própria situação à medida que o caso em mãos se torna mais e mais complicado (e também mais fascinante), como ao código em que baseia a escolha das suas presas e ao passado que o transformou naquilo que é.
O tom da narrativa é intrigante, alternando situações invulgares, uma certa medida de introspecção, traços de macabro e algum humor negro, numa narrativa envolvente, estranhamente leve (tendo em conta a temática geral) e com algumas surpresas que culminam num final intenso, ainda que algo abrupto, deixando algumas questões em aberto.
Uma boa história, um protagonista cativante e alguns momentos de particular intensidade são os elementos essenciais que tornam esta leitura algo de viciante. Fica também a curiosidade em ler mais deste autor, já que tudo indica haver ainda muito a desenvolver sobre Dexter e os seus segredos.
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