segunda-feira, 16 de maio de 2011

O Beijo das Sombras (Laurell K. Hamilton)

Merry Gentry trabalha numa agência de detectives dedicada a casos sobrenaturais. O que os seus colegas e amigos não sabem é que Merry, aliás, Meredith NicEssus, é também uma princesa Sidhe que fugiu da corte Unseelie. E o que começa por ser apenas mais um caso, ainda que com algumas características invulgares, acaba por resultar na necessidade de regressar a um lugar onde, apesar das saudades, Meredith julga não pertencer. E, depois da fuga, das circunstâncias que as motivaram e de algumas situações invulgares no seu regresso, a ameaça de morte é bem clara. A não ser que Meredith esteja disposta a aceitar a vontade da sua tia, a Rainha do Ar e da Escuridão.
É na forma como a autora explora a mitologia feérica que se encontra o ponto mais interessante deste livro. Com uma protagonista com ligações tanto aos Seelie como aos Unseelie, a autora constrói um cenário onde ambos os lados são ambíguos. Nem os Seelie são a imagem da perfeição benévola, nem os Unseelie são entes maquiavélicos. Na verdade, estando Meredith mais fortemente ligada (apesar de tudo) à corte Unseelie, são estes os que acabam por beneficiar de uma caracterização mais completa e detalhada. A autora é bastante descritiva, o que confere à história um ritmo bastante pausado. E se algumas descrições servem, de facto, para transmitir uma visão completa de cenários e circunstâncias (e isto é particularmente notório no regresso de Merry à corte), outras há que se tornam, talvez, um pouco cansativas, principalmente quando a autora descreve o aspecto físico e vestuário de personagens que não são assim tão relevantes.
Um outro aspecto curioso é a forma como a autora consegue alternar entre situações (detalhadamente descritas) de sensualidade e uma certa medida de macabro, passando por momentos de acção intensa e uma série de circunstâncias que deixam perguntas em aberto. Ao longo da narrativa, a autora apresenta toda uma série de personagens e a forma algo vaga como algumas perdem protagonismo deixa a impressão de que mais haverá a dizer sobre estas figuras.
Através de várias mudanças de cenário (do ambiente descontraído da agência de detectives à formalidade quase obsessiva da corte Unseelie) a autora constrói, com bastante detalhe, um mundo onde a sensualidade é um elemento essencial e que é explorado com bastante pormenor, mas não é o único ponto importante. E, ao inserir o ambiente de conspiração e intriga que, no que à corte diz respeito, parece estar em toda a parte, há uma base de ódios e lealdades que se constrói para lá da simples atracção física, o que dá à história um novo foco de interesse.
De leitura agradável, ainda que com um ritmo um pouco lento devido à extensa caracterização, uma introdução cativante a um mundo com muito para descobrir. Com algumas personagens particularmente intrigantes e uma história com bastante potencial, fica a curiosidade em saber o que se segue para Meredith e os seus... companheiros.

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