Tudo começa com um fantasma, que, decidido a não permitir que as gerações futuras façam dele um herói, se descobre na necessidade de regressar ao mundo dos vivos. O seu hospedeiro será um polícia que, ao investigar a morte do director de um asilo para idosos, se encontra com demasiadas confissões em mãos. Mas talvez não seja esse mistério o mais importante.
É incrivelmente fácil entrar nesta narrativa. Com um tom estranhamente descontraído (principalmente tendo em conta a seriedade de alguns dos assuntos abordados neste livro) e com uma mistura de humor e de tristeza num cenário onde tudo é possível, mas onde também tudo é difícil, a leitura torna-se envolvente desde as primeiras páginas e essa é uma força que permanece ao longo de todo o enredo.
Através dos diferentes narradores, diferentes personagens com uma história muito pessoal, mas onde algo de mais global parece, aos poucos, ser revelado, o autor constrói diversos pontos de vista para uma morte que, apesar dos toques de improvável e até dos elementos aparentemente mágicos que, por vezes, se insinuam, se explica com um contexto de uma realidade dura. E é assim que o autor entretém, ao mesmo tempo que comove e chama à reflexão, num cenário onde a tradição se desvanece, os frágeis deixam de ter valor e é a lei das armas que ganha a soberania.
De leitura agradável e com uma temática mais profunda que aquilo que o tom relativamente leve da narrativa deixaria adivinhar, A Varanda do Frangipani apresenta uma história envolvente, com personagens tão diversas como intrigantes e que, quer nos seus pensamentos, quer nas suas desventuras, revelam uma mensagem forte e que permanece na memória.
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