terça-feira, 24 de maio de 2011

Mil Dias em Veneza (Marlena de Blasi)

Durante uma visita em Veneza, a curiosidade de um estranho muda a sua vida. Ele, que, anos antes, captara um vislumbre do seu perfil, criara uma atracção por essa imagem e, ao reencontrar a mulher que, nesse dia, apenas vira à distância, mostra-se decidido a conquistá-la. Assim, alguns encontros casuais cedo se transformam em algo mais sério. Sério ao ponto de fazer com que Marlena deixe toda a sua vida para ir viver com o estranho em Veneza.
O grande aspecto positivo deste livro está, sem dúvida, na forma muitíssimo detalhada como a autora apresenta Veneza. Quer na descrição dos lugares, quer nas tradições, mas principalmente na comida (onde a autora é particularmente exaustiva nas descrições), a autora apresenta, com todo o pormenor, uma visão bastante clara dos locais que marcaram a sua experiência na cidade. Isto é um aspecto interessante principalmente porque, em conjugação com os momentos mais contemplativos, em que a autora reflecte sobre os significados de alguns locais e experiências, cria uma certa curiosidade em conhecer os lugares referidos ao longo da narrativa.
Já a história parece ser contada de um tom algo distante, o que causa uma certa estranheza, principalmente devido ao facto de esta ser, efectivamente, uma experiência vivida pela autora. As decisões parecem surgir no nada, e há situações e opções que acabam por parecer incompreensíveis, tendo em conta que, apesar da grande mudança drástica que terá sido deixar tudo para ir viver com o homem da sua vida, a emoção e o amor parecem não ter mais que uma presença discreta ao longo deste livro. Torna-se, por isso, difícil compreender as motivações de cada um dos intervenientes nesta história e o que se supõe ser uma história de amor acaba por se mostrar essencialmente como o retrato de uma estranha (mas não particularmente apaixonada) convivência.
Interessante para conhecer um pouco mais de Veneza, é pena que não haja uma história mais envolvente para se aliar à detalhada descrição das coisas e lugares do percurso do casal. Fica, ainda assim, uma visão cativante de um cenário, apesar da impressão de que, nesta história, demasiado ficou por aprofundar.

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