quarta-feira, 4 de abril de 2012

Avatar de Kushiel (Jacqueline Carey)

Dez anos de paz passaram na vida de Phèdre nó Delaunay e Joscelin Verreuil. Mas, para a Eleita de Kushiel, todo o tempo de tranquilidade é medido e agora é tempo de voltar a agir. Passaram dez anos, Mas Phèdre não esquece Hyacinthe, o jovem tsingano que, para salvar Terre d'Ange, aceitou viver nas condições de uma terrível maldição. É preciso encontrar uma resposta, uma forma de o libertar, mas os caminhos dos deuses nunca são de fácil compreensão e o destino de Phèdre revela-se mais turbulento do que esta julgava no momento em que Melisande Shahrizai pede a sua ajuda para descobrir o paradeiro do seu filho.
É sempre algo de maravilhoso regressar a este mundo complexo e cativante, tão meticulosamente criado que quase parece uma realidade familiar. Escrito de forma belíssima, com uma caracterização meticulosa tanto dos diferentes cenários como das personagens que os povoam e um conjunto de figuras centrais que, cada um de uma forma muito própria, têm sempre algo de fascinante, Avatar de Kushiel continua de forma soberba uma história onde intriga e afecto, conspiração e emoção, se entrelaçam para dar forma a uma história impressionante.
Se o mundo onde decorre esta saga apresenta, por si só, muitos pormenores interessantes e muito de bom para descobrir, é, ainda assim, nas personagens que reside o melhor desta história. Para as figuras que são já familiares, há desde logo uma empatia que, vinda dos volumes anteriores, se renova logo às primeiras páginas deste livro. E, se considerarmos os protagonistas, então há um outro aspecto interessante a ter em conta: comparando Phèdre e Joscelin como eram no primeiro livro e como são neste (e esta comparação surge várias vezes ao longo deste livro), é inevitável notar o impressionante crescimento que as personagens sofreram. Marcados pelas experiências que viveram, mais sensatos, mais serenos, mas igualmente fortes no poder das emoções e dos valores que os definem como são. Contraditórios, por vezes. Complexos, também. Mas sempre interessantes e carismáticos.
É a própria natureza de Phèdre a definir uma boa parte das circunstâncias em que se coloca. E se a fase inicial deste livro é relativamente pausada, sem por isso perder o toque de afecto e de empatia que se cria pela visão deliciosa do que se tornou a relação entre Phèdre e Joscelin, também é certo que a intensidade da narrativa cresce consideravelmente com o evoluir dos acontecimentos, progressivamente mais sombrios e culminando num final intenso e que deixa uma enorme curiosidade em saber o que sucederá no volume seguinte.
Com uma escrita belíssima, uma história que nunca deixa de surpreender e um conjunto de personagens que proporcionam momentos intensos e comoventes, Avatar de Kushiel não desilude na continuidade que apresenta para uma história que tem sido, em todos os aspectos, maravilhosa. E, por tudo isto, é também, uma obra magnífica.

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