quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Caçador de Sonhos (Sherrilyn Kenyon)

Uma eternidade sob a maldição de Zeus fez com que Arik não pudesse sentir qualquer emoção a não ser ao deambular pelos sonhos dos humanos. E assim viveu, tolerando as regras dos que vigiavam os iguais a si para poder subsistir das emoções alheias. Mas, quando encontra o mundo dos sonhos de Megeara, onde as emoções e as imagens são de uma intensidade inigualável, Arik sabe que não pode deixar de conhecer aquela mulher - e não apenas no mundo dos sonhos. Assim, enquanto Megeara, que de nada suspeita, luta, mais uma vez, para encontrar a Atlântida, cuja busca foi o projecto de vida do seu pai (e a causa de umas quantas mortes), o homem que conheceu dos seus sonhos surge, subitamente, no mundo real. E ela não sabe que o preço da humanidade de Arik é precisamente a sua alma...
É, desde logo, interessante notar como, tendo a mesma linha essencial dos livros anteriores, a nível de romance entre protagonistas oriundos de elementos diferentes, a autora consegue criar uma série de refrescantes diferenças relativamente aos livros interiores. O sistema em que Arik se enquadra foi, até agora, referido de forma muito vaga, o que faz com toda a experiência de Arik e o ambiente de onde provém sejam elementos completamente novos a descobrir. E isto é quanto basta para acrescentar um interessante toque de complexidade ao já vasto mundo desenvolvido pela autora. Além disso, os elos comuns com os outros livros são relativamente poucos, até porque a acção é bastante anterior à vasta maioria deles, o que faz com que as poucas aparições de personagens já conhecidas revelem, em certa medida, uma perspectiva diferente dessas personagens - além de dar algumas pistas para o que será o futuro de alguns acontecimentos já iniciados noutros volumes.
Talvez por não haver grandes pontos em comum com a história até agora (e os que há surgem numa fase bastante avançada), este livro não abre com a mesma intensidade de alguns dos volumes anteriores. Começa, sim, com um ritmo relativamente mais pausado, ainda que igualmente cativante, em que novas personagens vão sendo dadas a conhecer, numa história que cresce, gradualmente, em intensidade, para culminar num final onde a emotividade contida até então se desenvolve em força.
Ainda que não haja a habitual interacção com as personagens de outros livros, há, também, bastante mais para esta história para lá do romance. Não só a nível da interacção entre os deuses e da importância de impedir a descoberta da Atlântida, mas principalmente a nível e novas personagens que, ainda que introduzidas de forma relativamente discreta, têm tanto um passado cativante como um papel fulcral a desempenhar. Aqui destaca-se, é claro, a figura de Solin. Enigmático, com um toque de arrogância que acaba por ser mais um mecanismo de defesa, e uma postura algo... complicada... na sua relação com a humanidade, Solin é uma figura essencial tanto no que é um dos momentos mais comoventes do livro como nas suas situações mais divertidas.
Trata-se, portanto, de mais uma leitura leve, divertida e surpreendente, com um sistema que se revela cada vez mais interessante e uma série de personagens cativantes a proporcionar momentos de diversão, sensualidade e emoção. Muito bom.

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