segunda-feira, 16 de abril de 2012

A Cidade dos Anjos Caídos (Cassandra Clare)

De volta a uma relativa tranquilidade e com todo o entusiasmo perante os novos aspectos da sua vida, Clary está disposta a tirar o máximo proveito do que tem. Finalmente, a sua relação com Jace parece ser possível e a mãe vai casar com o homem que ama. Mas as escolhas do passado que Clary julgava resolvido tiveram um preço e as consequências apenas começam a vislumbrar-se quando Jace começa a distanciar-se, evitando o mais possível qualquer contacto com Clary. Entretanto, também Simon se vê a braços com as complexidades da sua nova natureza, ao mesmo tempo que demasiadas forças em conflito parecem interessadas na sua pessoa. O que nenhum deles sabe é que talvez os seus caminhos estejam, mais uma vez, ligados.
Partindo de um ponto de relativa tranquilidade, mas ainda bastante próximo dos acontecimentos anteriores, este livro mantém os pontos fortes dos primeiros três volumes. A escrita acessível, mas fluída, e a forma como múltiplos elementos sobrenaturais se conjugam num sistema bastante interessante são grande parte do que cativa neste livro. Além disso, a linha do enredo é, no geral, envolvente e os momentos mais emotivos continuam a ser, como habitual, bastante bem conseguidos.  Há, ainda assim, uns quantos pontos que se distanciam da primeira trilogia, deixando, por vezes, e principalmente na fase inicial, a impressão de uma continuação algo forçada.
A história de Jace e do que lhe está a acontecer acaba por surgir como uma revelação interessante, servindo de foco para uma fase final bastante intensa. O problema é que este desenvolvimento surge já numa fase bastante avançada da história, depois de um relativamente longo período em que a inevitável barreira que, mais uma vez, se ergue entre Clary e Jace se parece justificar apenas pelo estranho comportamento deste. Fica, pois, a impressão de uma personagem que, durante grande parte do livro, não se revela nas características que mais o definem, mas antes no acto de uma fuga constante.
Já no que toca a Simon, os desenvolvimentos são bastante mais interessantes. A sua natureza coloca-o no papel do indivíduo que não pertence em lugar algum, criando-se assim uma certa empatia. Ainda assim, também o mais interessante de Simon se revela na fase final, quando os motivos para tanto interesse no "Luz do Dia" acabam por se ligar à história de Clary e ao papel que ele próprio pode desempenhar nas consequências das opções da protagonista.
Trata-se, portanto, de uma história que, inicialmente, parece crescer de forma algo hesitante, já que a maioria das personagens desconhece o seu papel no plano maior, mas que cresce em intensidade com a revelação das ligações entre esta parte da história e as situações aparentemente resolvidas dos livros anteriores. Envolvente, de leitura agradável e com um final particularmente intenso, fica um pouco aquém dos volumes anteriores. Foi, apesar disso, uma boa leitura.

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