Grace Hall é uma mulher de sucesso. O nome da família colocou-a no centro da elite social e o seu papel como presidente da fundação Hall bastaria para despertar muitos interesses. Mas Grace é também uma mulher muito diferente do esperado para quem se movimenta no ambiente dos ricos e bem-sucedidos e, enquanto luta para estar à altura do legado que lhe foi deixado pelo pai, Grace vê-se também sob a mira de um assassino. Assustada e sem saber exactamente o que fazer da situação, Grace vê-se na necessidade de contratar um guarda-costas. Mas John Smith, com o seu aspecto imponente e a evidente força de quem conheceu todo um passado de luta pela sobrevivência, talvez venha ser mais do que Grace esperava - ou do que ele próprio se julgava capaz de ser.
O mais interessante neste livro é, sem dúvida, a caracterização das personagens. Grace, com uma vida pessoal bastante mais complexa do que seria de esperar e uma personalidade forte e determinada, é bastante mais que a senhora que precisa de ser salva do vilão desconhecido. Mais que o medo ante o assassino que a parece ter escolhido como alvo, o que marca em Grace é a forma como esta se decide a enfrentar os problemas nas suas relações familiares e profissionais, decidida a ser ela mesma e não a sua reputação, mesmo quando as circunstâncias se tornam mais complicadas e até mesmo do pai que sempre julgara admirável se tornam evidentes os segredos. A personalidade de Grace serve, aliás, como base para algumas questões interessantes, principalmente na valorização excessiva de elementos como a linhagem e a reputação acima do que realmente define uma personalidade. E estes aspectos tornam-se particularmente evidentes no contraste que se cria entre os mundos de Grace e de John. Forte e enigmático, mas com um lado humano que, quase involuntariamente se vai revelando, também ele representa o contraste entre a necessidade de definir uma imagem e o que verdadeiramente se esconde no interior.
A nível de enredo, não é surpresa nenhuma que seja o romance entre os protagonistas o ponto central da narrativa. Ainda que complementado pelas atribulações da vida familiar de Grace e pelo mistério do assassino (mistério que poderia, talvez, ter sido um pouco mais desenvolvido, pois fica, durante grande parte da história, num discreto segundo plano), é do evoluir da relação entre Grace e John (e da forma como esta os muda) que trata grande parte da história. Fica, pois, por vezes, a impressão de que mais poderia ser dito sobre os outros elementos apresentados ao longo do romance, particularmente no que diz respeito ao passado do pai de Grace, mas também ao do próprio John. Cria-se, apesar disso, uma agradável envolvência nas relações entre as personagens e há, nas situações mais emotivas e nos laivos de humor que vão surgindo, momentos realmente muito bons.
Com uma história cativante e com um duo de protagonistas que, apesar do ocasional momento de estranheza, têm nas suas personalidades muito de interessante para explorar, Diz-me Quem És apresenta um enredo cheio de romance e sensualidade, complementado com uma interessante história familiar e alguns laivos de mistério. Uma boa leitura.
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