Apesar do imenso erro que foi o seu segundo casamento, Rosalind Harper é uma mulher realizada. Dona de um negócio próspero e que é também uma paixão, mãe de três filhos que nunca deixam de ser o seu orgulho e empenhada em descobrir as respostas para o enigma que é o fantasma da sua casa, Roz tem muito com que se ocupar e julga não precisar de mais nada. Mas, ao retomar o seu projecto com o genealogista Mitchell Carnegie, Roz irá descobrir que a relação entre ambos pode ser mais que simplesmente profissional... tanto que até o fantasma da casa o vê como uma ameaça.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é o facto de, apesar de ter o romance como base central da narrativa, há muito mais para descobrir além da redescoberta do amor por parte dos protagonistas. Mais até que a história de Mitch e Roz, o mistério associado à Noiva Harper e os assuntos inacabados respeitantes ao ex-marido de Roz acabam por estar na base dos momentos mais marcantes, do ponto de vista emocional, em toda a história. Levantam também algumas questões interessantes. Na história da Noiva Harper e da sua relação com a família, surge uma imagem de tempos diferentes em que mulheres se vêem forçadas a aceitar circunstâncias intoleráveis. Nas acções de Bryce, por sua vez, desenvolvem-se as ligações que, inevitavelmente, ficam dos erros do passado, mas também a necessidade de enfrentar as situações difíceis, em vez de fugir. A estes dois elementos junta-se uma certa medida de continuidade com os acontecimentos de A Dália Azul, criando para a história de Mitch e Roz um ambiente mais completo, que reflecte também o mundo em volta e a vida para lá do romance.
No que toca ao casal protagonista, notam-se também algumas diferenças interessantes relativamente ao casal do livro anterior. Não há propriamente um choque de personalidades, mas sim uma empatia discreta que, tendo por primeira motivação ainda o mistério do fantasma, acaba por crescer de forma gradual até à formação de uma relação mais profunda. Há, ainda assim, um interessante contraste entre os protagonistas e a personalidade calma e discreta de Mitch empalidece, por vezes, ante a força e a determinação com que Roz encara a vida. Também neste aspecto as duas personalidades acabam por se complementar, definindo-se pelas experiências passadas e compensando as fragilidades um do outro.
A escrita é cativante, directa e centrada nas personagens e nos acontecimentos que as afectam. Surgem alguns momentos mais descritivos, mas o essencial está na acção, sendo os pontos fortes os ocasionais momentos de humor que surgem nas circunstâncias mais surpreendentes.
Envolvente e de leitura agradável, A Rosa Negra apresenta, em suma, uma história onde o romance é o elemento central, mas onde as medidas certas de humor, tensão e mistério vêm dar ao enredo um interessante toque de imprevisibilidade. Gostei, portanto.
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