quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sereiazinha da Terra (Maria José Santos)

Breve história de amor entrelaçada com uma mensagem a evocar o passado de décadas anteriores em ambiente rural, este livro apresenta uma curta peça de teatro que fala de amores e de desvios às regras estabelecidas, tendo como centro a história de uma jovem rapariga que espera ainda o amado que a desiludiu. A história é bastante simples e o que é dado conhecer das personagens é revelado pelos diálogos que a constituem (até porque não há indicações cénicas nem mesmo identificação de personagens). O resultado deixa sentimentos ambíguos.
No que toca à história deste pequeno livro, a base é interessante e a forma como os acontecimentos evoluem é também bastante apelativa. O problema está precisamente na brevidade, já que tudo acontece de forma algo acelerada, deixando a impressão de que os problemas se resolvem com demasiada facilidade. Fica, pois, a ideia de que a história acaba por se ver algo abreviada pelo facto de ser construída como um texto dramático, bem como pelo facto de a componente moralista se sobrepor ao desenvolvimento da história. A ausência de indicações faz também com que a leitura seja, por vezes, um pouco confusa.
A nível de escrita, os diálogos são, no geral, cativantes, ficando, contudo, também a perder pela sensação de pressa que percorre todo o texto. A impressão que fica é, portanto, a de uma boa base, mas que seria bastante mais interessante se complementada com uma maior contextualização e um desenrolar mais gradual para os eventos mais importantes. Enquanto texto dramático, funciona como uma história interessante, mas a que falta qualquer coisa, parecendo ser, apesar disso, uma boa base para uma possível história maior.
Não deixa de ser uma leitura agradável. A escrita é cativante e a história, apesar do seu ritmo acelerado, tem também os seus momentos interessantes. Fica, é certo, a impressão de que mais haveria a dizer sobre estas personagens e esta história, mas fica também a curiosidade em ver de que forma resultaria este texto levado a palco. Interessante, apesar de tudo.

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