segunda-feira, 2 de abril de 2012

Crónica de Paixões e Caprichos (Julia Quinn)

Acabado de regressar a Londres, Simon Bassett, o novo duque de Hastings, mal sabe o que o espera. Por mais vezes que tenha anunciado aos quatro ventos que nunca casará, as mães de raparigas em idade de casar não estão dispostas a desistir facilmente. Assim, os eventos sociais poderão ser tudo menos agradáveis para o jovem duque, ou assim parece. Até que o seu caminho se cruza com o de Daphne Bridgerton, uma das muitas raparigas em idade de casar, mas que parece ter dificuldade em arranjar pretendentes porque todos a vêem apenas como uma amiga. Mas e se Simon fingir uma relação com Daphne? Talvez as mães das outras raparigas o deixem em paz e talvez os homens que não viam em Daphne o fascínio que buscavam o vejam na atenção que o duque lhe dedica. Parece, afinal, ser o plano perfeito. Ou... não.
No que toca a este tipo de romance, em que o crescimento da relação entre um casal protagonista é o foco principal, Crónica de Paixões e Caprichos é uma surpresa deliciosa. Por várias razões. Primeiro, a forma como a autora constrói a sua história, num tom descontraído e com um sentido de humor delicioso a estabelecer um interessante equilíbrio com os momentos mais sérios e emotivos, define para toda a narrativa um ritmo viciante. Depois, a forma como a relação entre o casal se afasta da típica história de conquista é também surpreendente e refrescante: mais que uma história de amor baseada na simples atracção, a relação entre Simon e Daphne cresce a partir de um interesse comum (ainda que a atracção esteja sempre presente), criando momentos de uma grande cumplicidade como base para uma relação que cresce de forma gradual à medida que as características e as experiências dos protagonistas os revelam aos olhos um do outro. 
Mas há mais para além do romance e a vida pessoal e familiar de ambos os protagonistas - tanto antes, como depois de se conhecerem - vem complementar de forma muitíssimo interessante a relação de grande empatia que se estabelece para com ambos. Daphne com a sua família peculiar, onde o afecto se revela tanto nos gestos protectores como nas pequenas implicações, contrasta com a vida solitária e, em muitos aspectos, marcados por um passado definido por abandono e rejeição. Cria-se, portanto, uma certa empatia para com ambos os protagonistas, ainda que de formas bem diferentes, sendo particularmente impressionante a forma perfeitamente natural como a personalidade algo melancólica, algo quebrada, de Simon encaixa no ambiente divertido que define toda a narrativa.
Viciante, povoado por toda uma série de boas personagens e com o equilíbrio perfeito entre humor e emoção, Crónica de Paixões e Caprichos abre em beleza uma série que parece prometer muito de bom. Recomendo.

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