domingo, 1 de abril de 2012

A Sétima Profecia (Maria Antonieta Costa)

Quando Frederic Fitzhugh II se vê perante a oportunidade de trabalho da sua vida, a última coisa que lhe passa pela cabeça recusar. Não importa que o emprego implique viver três anos num lugar inóspito e ter de levar consigo a sua mulher grávida. A oportunidade de carreira associada a trabalhar no Global Seed Vault é demasiado aliciante. Mas, ao chegar a Svalbard, Frederic e a esposa vêem-se subitamente envolvidos numa relação algo estranha: é que o administrador do Silo tem também uma estranha predilecção pela interpretação de profecias e, plenamente convencido da chegada do fim do mundo, está disposto a tudo para, com o seu grupo de eleitos, sobreviver à hecatombe.
É o ritmo viciante o grande ponto forte deste livro. Capítulos relativamente curtos e um enredo que se define pela acção constante fazem desta história uma leitura quase compulsiva, em que a curiosidade em saber mais se mantém constante e a sequência de circunstâncias invulgares cria um interessante clima de mistério. Além disso, também a forma quase involuntária como Marly e Frederic se vêem arrastado para o mundo e as teorias de Maynard contribui para tornar o enredo mais interessante, já que, muitas vezes, são os protagonistas que percebem estar a encaminhar-se para algo perigoso, mas ainda assim não parece haver alternativa que não seja prosseguir.
Não há muita contextualização a nível de personagens, sendo as suas relações desenvolvidas apenas na medida em que contribuem para o enredo principal. Isto faz com que, por vezes, as situações pareçam decorrer de forma algo apressada, deixando a sensação de que mais haveria a dizer, principalmente no que toca aos actos e aos planos do grupo de Maynard. O essencial é dito e as explicações necessárias estão lá, mas seria interessante ver um pouco mais sobre as teorias que motivaram as acções de Maynard, bem como sobre a forma como os seus planos poderiam ser concretizáveis.
Importa ainda referir a forma como a autora conclui esta história, fugindo à conclusão mais previsível para dar à narrativa um final satisfatório, mas em que as consequências não se desvanecem com a resolução do problema.
Trata-se, portanto, de uma história envolvente, com uma boa medida de mistério que culmina num final particularmente interessante, e em que, apesar do desenvolvimento relativamente curto do contexto e das teorias associadas ao fim do mundo e ao plano de sobrevivência, o essencial sobre as personagens e o ambiente em que se encontram basta para definir uma leitura interessante. Gostei.

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