segunda-feira, 23 de abril de 2012

Silêncio Poético (Hélder Castro)

Introspectivo, por vezes soturno nas imagens que evoca, é nas ideias que servem de base a este conjunto de poemas, que está o ponto forte deste livro. Na maioria relativamente breves, mas contendo uma série de ideias curiosas e de imagens surpreendentes, há em cada poema algo de interessante para descobrir, sendo possível encontrar, inclusive, na totalidade do conjunto, alguns textos particularmente bons.
Mas há um problema. Trata-se de um aspecto que facilmente teria sido resolvido com uma revisão cuidada, pelo menos na maioria dos casos, mas que, como está, prejudica seriamente o ritmo da leitura,  passando para um pouco evidente segundo plano os elementos interessantes no conteúdo. É que as gralhas, erros ortográficos e falhas de concordância que surgem ao longo do livro são muitas e evidentes, sendo, por vezes, impossível apreciar as ideias contidas no poema, porque os problemas saltam à vista.
E as ideias são realmente interessantes. Há, neste conjunto, alguns poemas em que, não surgindo as falhas de escrita, a leitura se torna cativante, as imagens surpreendem e o resultado final acaba por ser bastante interessante, principalmente nos textos em que a rima e/ou a métrica não surgem como factores de limitação (o que também acontece num ou outro poema em que as palavras de fim de verso parecem ser um pouco forçadas). Infelizmente, nos restantes textos, estas ideias perdem-se ante as fragilidades da escrita, deixando a impressão de um texto que poderia ser bastante mais, se tivesse beneficiado de uma revisão mais cuidada.
O que fica deste livro, portanto, é a impressão de um conjunto de ideias interessantes, algumas delas bastante bem concretizadas, mas que se perdem numa escrita que fica aquém do expectável. E é pena, porque havia potencial.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Bem, no que toca à rima houve alguns versos que me soaram um pouco forçados. Não é uma coisa que se destaque de alguns poemas, é mais algo que aparece num ou outro verso dos poemas com rima. Quanto às gralhas, há, por exemplo "á" em vez de "à", "cobro-me" (com o manto) em vez de "cubro-me" e outros erros deste tipo. São coisas que se resolviam com uma revisão, mas que quebram o ritmo da leitura. E é realmente pena, porque há ideias muito boas.

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  3. Carla, continuando a conversa (agora com o meu nome e não o nickname).
    Como já referi, concordo com algumas coisas, mas, quanto aos erros, não são tantos quanto isso, e os que há não são "graves" e não incomodam a leitura, na minha opinião, ou seja, não se destacam ao ponto de "estragar" os poemas em questão, sendo que o seu conteúdo e respectiva mensagem cativam os leitores e ficam em primeiro plano mesmo assim.
    De qualquer forma, penso que esse tipo de "problemas" (erros ortográficos, gralhas, etc.), possivelmente são da responsabilidade de quem edita os livros e não dos seus autores.
    Eu pessoalmente fiquei fascinada com o livro. Como referiste, o livro é introspectivo, com ideias que são realmente interessantes, e o resultado final é bastante bom e cativante. Na minha opinião, os poemas são de uma sensibilidade imensa, e muitos deles em particular, tocaram-me de tal forma que me consegui identificar de muitas formas.
    Acho que o livro está muito bem concretizado, já para não falar da capa que está fantástica.
    Parabéns ao autor e prometo segui-lo.

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  4. "Amor único" e "Olhar" são dois exemplos de poemas que me tocaram profundamente...

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