Esta é a história de um secretário de estado que, depois de uma noite de transgressão conjugal, se vê numa situação delicada. De um criminoso preparado para cometer o assalto de uma vida. De um homem de negócios a preparar-se para uma transacção arriscada. E da redacção de um jornal à espera de uma história digna da primeira página. À primeira vista, as relações entre estas personagens são pouco mais que casuais... mas, quando os mundos do crime, da imprensa e da alta finança se cruzam, o resultado pode ser uma história bombástica... que talvez nunca possa ser contada.
Com capítulos curtos e uma escrita bastante directa, este é um livro em que o primeiro aspecto a surpreender é a forma como um conjunto relativamente amplo de personagens conseguem ser desenvolvidas sem que fique a impressão de algo em falta, mas numa abordagem relativamente sucinta e centrada na narração dos factos principais. Não há uma caracterização a fundo do passado das personagens, mas antes uma série de referências, espalhadas ao longo da história principal, que permitem não só ter uma visão bastante clara das suas personalidades como criar inesperados momentos de empatia.
É a acção o foco central deste livro, tanto nos acontecimentos relacionados com o assalto como no que diz respeito ao mundo dos negócios e até mesmo na busca dos jornalistas pela sua história. Não há um único momento parado em toda a narrativa e é também esta impressão de haver sempre algo de relevante a acontecer que define o ritmo viciante da história. Ritmo que cresce em intensidade à medida que mais é revelado sobre os meandros em que se movem as personagens, culminando num final que é não só surpreendente por fugir ao clássico final em que justiça é feita e os "maus" pagam pelos seus actos, mas que, apesar disso, se conclui evocando uma certa forma de justiça poética.
De leitura compulsiva, com uma boa história e um conjunto de personagens que, desenvolvidas ao ritmo a que a sua caracterização é necessária para a história, O Preço do Dinheiro apresenta uma história que, aparentemente simples e desenvolvida de forma bastante directa, surpreende pela complexidade das circunstâncias que definem, afinal, o seu enredo. Cativante, com a medida certa de empatia e um final particularmente inesperado, um livro viciante da primeira à última página.
Há que ter em conta que este foi o seu segundo livro que viu a luz do dia e que ele permitiu que continuasse a ser publicado. (as experiências que ele fez quando era mais novo foram mais tarde repudiadas). Salvo erro escreveu aos 25 ou 26 anos, ou seja, ainda estava na sua fase de aprendizagem. Depois de ler, por exemplo, o mundo sem fim, esse livro deixa um trago amargo que só é mitigado ao percebermos a sua génese.
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