O passado de morte e de vingança ficou para trás - ou, pelo menos, é assim que Jim Heron prefere pensar. Mas o destino reserva-lhe uma nova missão e, ao ter um acidente de trabalho, Jim acaba a ter uma conversa com um quarteto de anjos. É que a solução para o conflito está agora nas mãos de Jim e cabe-lhe a tarefa de salvar algumas almas. Começando por Vin diPietro, rico, sem grandes escrúpulos, com uma namorada diabólica... e uma fome que apenas uma mulher de passado tormentoso pode apagar.
É quase inevitável a tendência para comparar este livro com a outra série da autora. E se há, de facto, alguns pontos em comum, também as diferenças são consideráveis. Para começar, enquanto que na Irmandade da Adaga Negra há um forte destaque para o casal protagonista, aqui a acção divide-se, em níveis aproximadamente semelhantes, entre a missão de Jim e a história de Vin e Marie-Terese. Além disso, a história do casal não se centra tanto no romance como acontece na outra série. Na verdade, destaca-se mais a acção que o romance e, a nível emotivo, há tanta importância nas questões de amizade ou simples apoio como em aspectos do amor e da obsessão.
Ainda que o cenário seja Caldwell, tal como nos outros livros da autora, a ligação entre as duas séries é muito ténue, sendo, ainda assim, uma boa surpresa as pequenas ligações entre os dois "mundos". Há, portanto, toda uma nova série de regras e elementos de contexto a desenvolver, pelo que o início acaba por ser um pouco lento. Mas, a partir do momento em que as "regras" básicas são assimiladas, a leitura torna-se viciante e há momentos realmente bem conseguidos neste livro, já que a autora conjuga na perfeição as medidas certas de humor, tensão e emoção.
Fica bastante por explicar, mas, sendo este o primeiro livro de uma série, não seria de esperar que fosse de outra forma. Se a história de Vin fica essencialmente resolvida, o mesmo não acontece com a missão de Jim - da qual este episódio foi apenas o início. Surgem, portanto, muitas perguntas, tanto a nível dos anjos caídos - das suas histórias, da sua missão, do seu próximo destino... - como, a nível mais pessoal, do passado algo nebuloso de Jim.
Com uma história cativante, apesar do início pausado, e onde o que cada personagem revela é tão fascinante como o enigma que representa, Cobiça inicia de forma muito interessante uma série que se afigura cheia de potencial. Fica a curiosidade em saber o que virá a seguir.
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