A um primeiro contacto com esta revista, surpreende, antes de mais nada, o visual agradável, com uma conjugação interessante entre textos e imagens, bem como a diversidade a nível de conteúdos. É um projecto interessante, uma boa forma de descobrir novos nomes no mundo da escrita e, como tal, uma boa oportunidade de divulgação: tudo motivos para que este seja um projecto de louvar.
A nível de conteúdos - e, como seria de prever, tendo em conta a diversidade de temas e estilos - textos houve que me agradaram mais, enquanto outros nem tanto, ficando, em comum a todos, a curiosidade em ver trabalhos dos autores num registo um pouco mais longo. De Um Erro, Várias Culpas (Ana C. Nunes) marca a seriedade do tema, a necessidade de um fuga e as consequências de todas as escolhas, num conto curto, mas forte a nível de temática. Já em Memórias de Mim, Pintadas por Ti, de Miriam Fonseca destaca-se o tom poético e, por vezes, de divagação com que o amor e a saudade são abordados. Em I Kissed Her Goodbye, de Adeselna Davies, há muito de amor e de dúvida, numa história ao ritmo de pensamentos e sentimentos, que deixa a impressão de muito potencial e da possibilidade de maiores desenvolvimentos. Rapto, de Leanora R. Campbell, apresenta, de forma directa e sem grandes elaborações, a tomada de consciência associada à tensão de medo e morte. E em O Cálice da Vingança (parte III), de Adoa Coelho, cativa a ideia do objecto pelo qual vale a pena matar, como base para um conto interessante, ainda que algo descritivo e onde algumas gralhas perturbam a leitura.
Passando à poesia, tanto Noite (de Emanuel R. Marques), com o seu registo sombrio, ainda que curto, como O Poeta Nada Ama (de Mariana Araújo), com a sua visão cheia de sentimento acerca do que é a poesia para quem a escreve, revelaram ser leituras agradáveis.
Por último, relativamente aos artigos, apreciei particularmente a escolha de uma lista de livros "para férias", onde diversidade a nível de temas, estilos e preços dão forma a uma lista com títulos interessantes e para todos os gostos. Já do artigo D. Quixote e a Apologia da Literatura Clássica fiquei com sentimentos ambíguos. Se, por um lado, a ideia base é relevante - a importância e a necessidade de ler os clássicos são, de facto, algo a ter em consideração - a evolução do texto no sentido de uma abordagem entre o condescendente e o agressivo para com a vasta maioria da produção literária actual, quando não para com os próprios leitores e as suas escolhas pessoais deixa-me a impressão de uma abordagem algo negativa ao tema, bem como a dúvida: não seria mais eficaz apelar à leitura dos clássicos através do destaque das suas qualidades, ao invés de optar pelo ataque a tudo o resto?
É, pois, bastante positivo o balanço desta leitura. Apesar de algumas gralhas que terão escapado à revisão, o visual apelativo da revista e a variedade de temas e estilos que marcam os seus conteúdos põem à disposição do leitor vários pontos de interesse. Fica a curiosidade em ler trabalhos mais extensos dos autores apresentados. E também em ver que novas surpresas apresentará, no próximo número, a equipa da Nanozine.
E dos números anteriores, o que achaste?
ResponderEliminarOs anteriores, ainda não li. (Mas vou investigar).
ResponderEliminarVim ler e nunca pensei ver o meu nome mencionado no meio de uma critica tão boa. :)
ResponderEliminarObrigada :)
Venho seguindo esta publicação há algum tempo, e é de louvor o trabalho feito. Também detectei algumas gralhas, especialmente na translineação. Mas tenho pensado que tal se deva ao formato da publicação (que talvez faça a translineação automáticamente, com regras que não são da Língua Portuguesa)
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