sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Teia de Cinzas (Camilla Läckberg)

Quando o corpo de uma criança é encontrado no mar, a impressão geral é de que se tratará de um acidente que resultou em afogamento. Contudo, as descobertas da autópsia apontam para uma situação bem mais sombria. E, num cenário tão pequeno como Fjällbacka, onde todos se conhecem e a própria vítima é conhecida do responsável pela investigação, a morte da pequena Sara é um mistério que precisa de ser resolvido o mais rapidamente possível.
Um dos pontos mais interessantes deste livro - tal como já acontecera nos anteriores - é a forma como a autora consegue retratar, precisamente e sem exageros, o tipo de ambiente que se vive em localidades pequenas. Desde os preconceitos à necessidade quase obsessiva de saber tudo sobre todos, passando pela forma como um acontecimento permanece na memória colectiva para influenciar quaisquer acções ou posições posteriores, é fácil reconhecer na caracterização das gentes de Fjällbacka o ambiente geral das pequenas vilas e aldeias de muitos e muitos lugares.
Também o mistério é particularmente interessante. A autora apresenta muitos suspeitos, cria uma situação onde, por vezes, parece que pista alguma poderá resolver o caso e, ao mesmo tempo, apresenta uma história num passado relativamente distante, da qual os paralelismos com as figuras da narrativa principal vão emergindo aos poucos, para culminar numa descoberta que, não sendo completamente surpreendente, marca, ainda assim, pelas razões e pelas ligações ao passado.
Interessa, também, referir a forma como, ao longo da história principal, a autora vai inserindo pequenos desenvolvimentos a nível da história pessoal das personagens relevantes. A posição de alguns dos colegas de Patrik quanto às suas responsabilidades, a atitude geral do próprio chefe, a ligação de Erica à filha e, principalmente, a situação da irmã de Erica são elementos que têm vindo a ser desenvolvidos ao longo dos vários livros desta série e que conferem à narrativa uma maior complexidade, através da linha global que liga os vários livros da série.
Este é, portanto, um mistério que não se limita à linha essencial do crime e consequente descoberta do culpado. A história de Sara e da sua família, da vida pessoal dos que investigam a sua morte e ainda dos suspeitos e seus próprios segredos dão forma a um enredo vasto em possibilidades, com muitos mistérios para descobrir e com um cenário muito bem caracterizado. Impressionante.

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