Inspirada pela leitura de Bolaño, Despentes escreve um policial em forma de road book entre Paris e Barcelona, em busca de Valentine, uma adolescente enigmática e difícil que está desaparecida. O retrato de diferentes estratos sociais – da burguesia do botox, culta e temerosa, aos radicais de esquerda e de direita, ao undergroundlésbico – cristaliza-se numa sátira social corrosiva, que no entanto não esconde a sua benevolência para com as personagens mais feridas e vulneráveis.
Nascida em Nancy em 1969, filha única de um casal de funcionários públicos, Virginie Despentes foi mulher-a-dias, prostituta em casas de massagens e peep shows, redatora em jornais de rock, crítica de filmes pornográficos e cineasta. Escreveu ainda sete livros. Em 2000, realiza o seu primeiro filme, Baise-moi, baseado no seu romance epónimo de 1993, que suscitará uma grande polémica em França. Em 2006 publica o ensaio King Kong Théorie, que se assume como um «manifesto para um novo feminismo» – é também o livro mais autobiográfico de Despentes, que nele expõe o momento em que foi violada aos dezassete anos. Em 2010 roda novo filme baseado num livro seu (Bye Bye Blondie, de 2004), com interpretações de Béatrice Dalle e de Emmanuelle Béart, e regressa ao romance com Apocalypse baby, finalista dos Prémio Femina e Goncourt e vencedor do Prémio Renaudot.
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