segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Libélula Presa no Âmbar (Diana Gabaldon)

De regresso ao lugar onde, vinte anos antes, desapareceu e regressou com um grande segredo, Claire Randall está disposta a recordar o passado, encontrar algumas respostas... e contar a verdade. Em tempos, um antigo círculo de pedras transportou-a para o passado - e para a situação algo desesperada em que viria a encontrar um grande amor. Mas aí, onde, ante o seu conhecimento privilegiado do futuro, a possibilidade de deter, talvez, uma rebelião que causaria demasiadas mortes, manter o silêncio seria uma opção insuportável, também Claire conheceria a dúvida, o fracasso e perda - nas pequenas e nas grandes coisas - ficando só com Jamie e a sua história como memórias de uma grande aventura...
É interessante a forma como, ao iniciar a história com Claire de volta ao seu tempo (e muitos anos depois), a autora dá, quase de imediato, algumas informações essenciais de como terá terminado a história de Claire e Jamie, sem que esse conhecimento retire à leitura qualquer interesse. Mais que a ideia geral do que poderá ter acontecido para transportar Claire de volta a Frank, interessa a forma como o tempo em falta foi vivido com Jamie. Mais que o conhecimento da derrota, importa o que foi feito para a evitar e de que forma esta chegou, por fim. E, ao conjugar um amor forte - ainda que, por vezes, conturbado - com uma história onde lealdades são contestadas, intrigas e conspirações são inevitáveis e figuras supostamente desaparecidas encontrar uma forma de voltar a assombrar o presente, o resultado é um livro bastante mais cativante que o anterior.
Mantém-se o ritmo pausado, mas não há já a impressão de situações repetitivas. As pequenas coisas, os momentos de conflito, os pontos de espera e até a partilha pessoal dos momentos mais próprios de Jamie e Claire têm, agora, uma razão de ser e fazem todo o sentido, tendo em conta a evolução da narrativa.
Há também uma evolução a nível de personagens. Ao ganhar profundidade, com o conhecimento mútuo e a estabilidade possível (tendo em conta as circunstâncias), a relação entre o casal protagonista é agora mais natural. Há uma cumplicidade evidente (apesar dos inevitáveis conflitos ocasionais) tanto nos pequenos como nos grandes momentos e, por isso, há situações leves e divertidas, mas também momentos de uma emotividade quase dolorosa, construindo uma base emocional muito marcante e onde Jamie Fraser acaba por funcionar, muitas vezes, como a alma e a essência da narrativa.
Importa, ainda, mencionar algumas falhas a nível de revisão, principalmente no tratamento entre personagens (ora por tu, ora por você) e na tradução dos nomes da realeza: durante a maior parte do livro, o príncipe rebelde é Carlos Eduardo Stuart, mas há alguns capítulos em que o nome deixa de ser traduzido.
Extenso, com momentos bastante descritivos e um ritmo, no geral, pausado, fica deste livro a impressão de uma nítida evolução no equilíbrio entre caracterização de época (e pensamento) e sua relevância para a história. Uma leitura cativante, portanto, e que culmina num final que deixa muita curiosidade para o próximo volume. Muito bom.

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