quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Passagem - volume I (Justin Cronin)

Um vírus capaz de prolongar indefinidamente a vida humana - mas com efeitos devastadores - está na base de um protocolo experimental organizado pelos Estados Unidos. As cobaias são, inicialmente, um grupo de condenados à morte... e uma criança de seis anos. Tudo é secreto. Tudo está controlado... Até ao dia em que a confusão se instala, iniciando-se uma mudança que fará do mundo um lugar completamente diferente.
Há uma longa e complexa história a descobrir neste livro. E, contudo, é muito fácil entrar no ritmo da narrativa. A escrita é cativante, conjugando as medidas certas de tensão, num equilíbrio entre contextualização e acção que torna a leitura fluída e agradável. Há momentos naturalmente mais pausados e outros em que, em poucos instantes, tudo parece mudar. E há, nas fases que antecedem cada mudança, uma insinuação de que algo de marcante está para acontecer, mantendo constante a curiosidade do leitor.
Sendo uma narrativa que percorre um longo período de tempo - e tenha-se em conta que este é apenas o primeiro volume - é apenas natural que algumas personagens desapareçam para dar lugar a novos protagonistas. Também nisto o autor opera com mestria. Das figuras das primeiras partes do livro destaca-se Wolgast, dividido entre o que é o seu trabalho (e dever para com os seus superiores) e a consciência que o faz agir de forma diferente, empurrado pelo seu próprio passado para dúvidas de consciência. Com o decorrer do tempo - e as grandes mudanças - torna-se mais marcante a história de Peter e são as suas experiências a dar a um mundo agora tão diferente um lado mais pessoal. E a unir todas as histórias, das mais desenvolvidas aos elementos mais secundários, está Amy, a criança que permanece, apesar de tudo, um enigma.
De referir ainda as questões que, abordadas de forma cativante, dão força a uma narrativa que é, por si só, muito interessante. Perguntas como os perigos de certas experiências, a capacidade de reacção perante uma catástrofe, o que mudaria, e - talvez principalmente - o porquê de muitas grandes descobertas serem imediatamente avaliadas pelo seu potencial bélico são apenas alguns dos aspectos que, neste livro, apelam à reflexão.
Cativante, complexo e com muito de interessante tanto a nível de tema, como de acção e de personagens, o impacto final deste primeiro volume de A Passagem é, em todos os aspectos, muito positivo. Fica, agora, a vontade de ler o segundo volume o mais cedo possível.

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