Naziran tem 22 anos e deixou de ter rosto – em plena noite, enquanto dormia, a sua cara foi regada com ácido. O objectivo era matá-la, desembaraçar-se dela definitivamente, mas Naziran sobreviveu.
Para esta jovem paquistanesa, a vida foi uma sucessão de violências e de humilhações: o pai, um homem brutal, vendeu-a num casamento forçado aos 13 anos; o marido espancava-a sob o pretexto de ela não lhe dar um herdeiro do sexo masculino e, depois da sua morte, obrigaram-na a casar com um cunhado, muito mais velho do que ela e já casado. No auge do seu sofrimento, a família do marido roubou-lhe uma das filhas.
Mas Naziran resistiu a tudo e hoje, cega e com o rosto destruído, ousa dar testemunho sobre uma prática cruel: os ataques com ácido. Este livro, que escreveu com a colaboração da jornalista Célia Mercier, especialista em questões paquistanesas, é um grito de revolta e um apelo ao respeito pela dignidade do ser humano.
Naziran, nascida numa aldeia do Sul do Punjab, Paquistão, é uma das vítimas de um dos crimes mais hediondos exercidos sobre as mulheres: ataques perpetrados com ácido. Atualmente, Naziran recebe o apoio da Acid Survivors Foundation, em Islamabad, com vista à sua recuperação e reintegração social.
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