quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Livraria (Penelope Fitzgerald)

Determinada a encontrar na mudança um objectivo de vida, Florence Green decide abrir uma livraria em Hardborough. O problema é que os habitantes do lugar não vêem com bons olhos a abertura de um negócio tão invulgar no seu meio pequeno e, juntando a isto o interesse de Mrs. Gamart - figura social de destaque - em fazer da Old House um centro de artes, o que Florence encontrará será uma série de dificuldades - quando não a hostilidade aberta dos habitantes de Hardborough. Florence está disposta a persistir, ainda assim. Mas será possível vencer quando o adversário é a quase totalidade da população?
Há uma mensagem que se destaca ao longo de toda esta leitura, e é uma mensagem de persistência, de luta contra a adversidade e de determinação nos valores, mesmo quando todos em volta se gerem por comportamentos e posições algo questionáveis. Assim, e tendo em conta as muitas dificuldades levantadas aos objectivos de Florence, é muito fácil criar empatia para com a mulher que pretende apenas levar os livros aos que a rodeiam, mas que se vê atacada e questionada por (quase) todos. Cria-se, pois, uma curiosidade em ver de que forma o sucesso aparecerá, por fim, na vida de Florence. Porque somos levados a esperar que, mais cedo ou mais tarde, a bondade prevaleça.
E depois a autora surpreende com um final que, tendo em conta todos os problemas e dificuldades, é, ao mesmo tempo, o menos desejado e o mais adequado. Não há conclusões de "felizes para sempre" nem reconciliações com os "vilões" da narrativa. Na verdade, nem mesmo as personagens que, aparentemente, se encontram do lado de Florence, são tão boas como se querem mostrar. E há algo de muito triste, mas também de muito real, na forma como a autora encerra uma história onde a esperança acaba por se entrelaçar com uma necessária resignação.
Há, portanto, uma grande história nas páginas deste livro. Personagens de diferentes valores e formas de carácter, um caminho de dificuldade e aceitação... tudo isto contribui para uma narrativa que é, do início ao fim, marcante e interessante. Fica, contudo, a impressão de que muitos aspectos poderiam ter sido mais desenvolvidos, já que as pequenas batalhas de Florence e até a forma como os seus adversários conquistam a posição que lhes permite atacar são apresentadas de forma relativamente sucinta, dando a impressão de que, por vezes, tudo acontece demasiado depressa.
Um livro interessante, com uma história marcante do ponto de vista emotivo e que, de forma bastante simples, reflecte bem a forma como interesses e atritos mesquinhos podem, por vezes, destruir todo um sonho. Poderia, talvez, ser uma história bastante mais extensa. É, ainda assim, uma boa leitura.

1 comentário:

  1. «... a forma como interesses e atritos mesquinhos podem, por vezes, destruir todo um sonho.»

    Oh, yes...

    Estive hoje com o livro na mão... se calhar vou comprá-lo...

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