quinta-feira, 31 de março de 2016

Divulgação: Novidade Bertrand

Apesar de ser matéria de estudo e interesse por parte de historiadores, curiosos e leitores, a vida e o percurso de Shakespeare continuam rodeados de mitos. Com toda a clareza e precisão, Bill Bryson tenta desvendar o homem por detrás da confusão de factos dispersos que compõem o retrato de William Shakespeare.
Bryson percorre os esforços dos primeiros estudiosos até às teorias dos académicos mais sonantes da atualidade, incluindo os mais excêntricos, como Delia Bacon, que afirma que a obra que conhecemos como sendo da autoria de Shakespeare foi na realidade escrita por Francis Bacon.
Num registo que nos documenta as viagens e situações que viveu enquanto reunia o material necessário para o livro, Bryson exalta e homenageia William Shakespeare, um dos escritores mais geniais de sempre. E ninguém beneficia mais da perspicácia, o ceticismo e brilhantismo de Bryson do que o próprio Shakespeare.

Bill Bryson nasceu no Iowa. Viveu em Inglaterra durante vinte anos, altura em que trabalhou no Times e no Independent e escreveu para as principais publicações britânicas e norte-americanas. A sua obra inclui livros de viagens, como Nem Aqui, Nem Ali, Crónicas de Uma Pequena Ilha, Diário Africano e Por Aqui e Por Ali, livros de divulgação, como Breve História de Quase Tudo, e uma biografia: Shakespeare. Vive nos Estados Unidos com a mulher e os quatro filhos.

Divulgação: Convite


quarta-feira, 30 de março de 2016

Sete Vidas (Sara Rodrigues e Maria João Nobre)

Gatos. Há quem diga que, com o seu temperamento independente, não se afeiçoam verdadeiramente às pessoas, que são animais distantes, que não são capazes do mesmo tipo de amor incondicional dos cães. Mas será que isso é verdade? É bem provável que não. Pelo menos, não é essa a ideia que fica das muitas histórias que as autoras reuniram neste livro, apresentando-nos um conjunto de gatos que deram muito aos donos - e também de pessoas que deram muito aos gatos. E que nos mostram que muitos dos lugares comuns sobre gatos não são tão verdadeiros assim.
Uma das primeiras coisas a chamar a atenção para este livro é o aspecto visual. Com pequenas ilustrações e fotografias de algumas das figuras - felinas e humanas - presentes nas histórias deste livro, basta percorrer algumas páginas para ficar com a ideia de um livro bonito e apelativo. E com ainda mais vontade de explorar o conteúdo.
Conteúdo esse que é também muito interessante. Centrado, acima de tudo, em histórias específicas, de donos, mas também de pessoas que trabalham com gatos, é um livro que desfaz alguns mitos, e fá-lo a partir do exemplo, o que torna tudo muito mais cativante. Além disso, ao longo de todas estas histórias, contadas de forma relativamente sucinta, mas muitíssimo cativante na sua relativa simplicidade, há aventuras para todos os gostos. Histórias divertidas, histórias comoventes, de gatos que ajudaram os donos, de pessoas que ajudaram muitos gatos, dos que sempre foram apaixonados por gatos e dos que descobriram esse afecto já numa fase mais avançada da vida... Histórias simples, histórias difíceis, histórias de todo o tipo. Em comum, os gatos, claro. E um retrato de afectos que talvez seja surpreendente para quem nunca conviveu com um.
Claro que há pontos em comum entre as várias histórias, o que torna fácil reconhecer, a partir de alguns sinais, para onde cada uma delas se encaminha. Mas há algo em tudo isto que compensa essa possível repetitividade: é que é tudo real.E, por ser real, ganha outro impacto, porque as emoções são mais vivas e é mais fácil reconhecê-las em cada história. E, sendo assim, nem tudo precisa de ser novo, porque tudo o que lá está é genuíno.
Agradável de ler e muitíssimo interessante na forma como retrata a imensidão de amor que os gatos têm para dar, trata-se, pois, de um livro a não perder para os apaixonados por gatos. E, com todas as emoções que evocam a ternura das histórias e a simplicidade com que são escritas, de uma boa leitura.

Título: Sete Vidas
Autoras: Sara Rodrigues e Maria João Nobre
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidades Planeta

UM OBJECTO ANTIGO.
UMA DEMANDA PERIGOSA.
UM RASTO DE SINAIS MÁGICOS.
UM TRIÂNGULO AMOROSO IMPROVÁVEL. 

Para Paula, acompanhar o pai numa viagem de negócios a Istambul é um sonho tornado realidade. Vieram a esta cidade para uma missão especial: comprar um artefacto raro da deusa Cibele. É o único objecto sobrevivente do antigo culto pagão.
Mas assim que chegam torna-se claro que estão no centro de uma negociação perigosa. Um mercador e amigo do pai de Paula é encontrado morto. Há rumores que o culto de Cibele se reacende em Istambul. E mais revelador é que Paula começa a receber sinais para ajudar a desvendar o segredo de Cibele. 
Entretanto, Paula já não sabe em quem pode confiar nesta exótica cidade, e percebe que se sente atraída por dois homens muito diferentes. Como o tempo urge, compreende que os seus destinos podem estar traçados pela Dádiva de Cibele. 
Paula aventura-se pelas esquinas proibidas de uma cidade misteriosa e penetra no mundo encantado do Outro Reino. 
Conseguirá ultrapassar os inconcebíveis testes de coragem, sabedoria e amor verdadeiro?

A TENTAÇÃO NÃO TEM LIMITES 

O agente secreto Sam Hawkins consagrou a vida a proteger o rei e o país. Assim, quando recebe ordens para assassinar um traidor implacável, não questiona a missão. Mas Sam não sabia que o seu acto tinha uma testemunha: a bela e misteriosa mulher do traidor. 
Agora, só lhe resta levá-la como prisioneira... uma pessoa em que não confia e a quem não consegue resistir.
Élise, Lady Dunthorpe, fará tudo para escapar ao poderoso carcereiro, incluindo seduzi-lo. Ignorava os crimes miseráveis do marido, mas guarda segredos que ameaçam tudo o que lhe é mais querido.
Com os penetrantes olhos escuros e as ternas carícias, Sam inflama os desejos mais profundos de Élise, mas como pode ela confiar num homem que não lhe concede a liberdade? 
Apanhado entre a Coroa que jurou servir e a mulher que começou a amar, Sam arriscará o coração – e a vida – para mantê-la em segurança.

O destacado jornalista da BBC, Andrew Hosken, oferece-nos a história a partir do interior do Estado Islâmico (EI). Através de uma abrangente investigação em primeira mão, constrói um quadro esclarecedor do Estado Islâmico, da sua ideologia brutal e dos seus métodos genocidas. 
De leitura cativante e, ao mesmo tempo, arrepiante, Império do Medo revela como apareceu o EI, explora os seus objectivos e reflecte sobre as maneiras como pode ser derrotado.
Baghdadi percorreu um longo caminho. Em pouco mais de quatro anos, pegou num grupo desgarrado de jihadistas à beira da derrota total e ofereceu-lhe aquilo com que sonhavam há tanto tempo: um califado no coração do mundo muçulmano, governado segundo as leis da Charia e com acesso aos vastos campos de petróleo da região.
Em Junho de 2014, o Estado Islâmico empreendeu uma surpreendente guerra-relâmpago (Blitzkrieg), que lhe permitiu assumir o controlo de uma imensa área do Médio Oriente. As notícias dos seus implacáveis actos de selvajaria não tardaram, mas nessa altura ainda ninguém parecia saber bem o que era, nem de onde vinha essa organização.

terça-feira, 29 de março de 2016

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Deixemos falar Sofia, a protagonista deste romance:
«A polícia acha que roubei o carro de Pedro. E não tarda nada, também vai descobrir que não paguei a conta do hotel na praia. Isto para não falar nos assaltos aos bancos e na gasolina que ficou por pagar no Alentejo. 
Estou a ser perseguida por um grupo de tresloucados…
Um quer à força fazer-me testes ao cérebro. Outra odeia-me porque acha que lhe quero roubar o namorado, o que, confesso, não deixa de ter algum fundo de verdade. 
E como se isto tudo não bastasse, estou para aqui feita parva, apaixonada por um gajo que não só não gosta de sexo como pode, a qualquer momento, desaparecer da face da Terra. 
Apaixonada?»
Este é o estado de espírito de Sofia, depois da noite em que tudo mudou. Antes, estava desempregada, tinha um namorado desinteressante e vivia com uma mãe deprimida. 
Mas de uma noite para a outra, o seu mundo fica virado do avesso e um estranho entra na sua vida. 
Sofia nem consegue acreditar... que lhe caiu um homem do céu... literalmente.

Cristina Boavida é jornalista desde 1988. Começou a sua carreira na RTP e desde 2002 trabalha na SIC, onde se distinguiu sobretudo na área da reportagem.Recebeu vários prémios de jornalismo: o Prémio do Clube de Imprensa, em 2001, o Prémio do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, em 2003, o Prémio Cáceres Monteiro, em 2008, o Prémio Novartis Onchology, em 2008, o Prémio da ANMP, em 2009, e o Prémio AMI, em 2012.
Além do jornalismo, já fez trabalhos na área da ficção e da realização cinematográfica, dos quais se destacam a autoria do telefilme Amo-te Teresa, que em 2001 recebeu um Globo de Ouro, e do guião de A Noiva, realizado por Luís Galvão Teles.

segunda-feira, 28 de março de 2016

As Mais Belas Fábulas Africanas

Histórias de gente e de animais, de feitiços e do vencer de maldições, do castigo para a desobediência e da recompensa pelas boas acções. E de muitas outras aventuras e das mensagens que lhe estão subjacentes. Assim se poderia definir este livro, em que, através da tradição, é possível viajar ao ambiente único das histórias do continente africano - e nelas encontrar tudo o que têm de diferente, e também o que têm em comum com as nossas próprias histórias. Uma aventura - ou uma bela série delas.
Composto por um vasto conjunto de histórias, relativamente curtas, mas todas elas muito interessantes, uma das primeiras coisas a cativar para este livro como um todo é a forma como são apresentadas. Não há uma linha essencial que seja preciso seguir - cada história é, em si só, um todo - mas há uma ideia muito interessante a emergir da leitura do livro inteiro. E essa ideia é, precisamente, de diversidade. Há pontos comuns entre as várias histórias, e até entre algumas estas histórias e alguns contos tradicionais que muitos de nós conhecemos, mas há também uma identidade própria a surgir de cada história, o que faz com que a leitura nunca se torne repetitiva.
É verdade que são histórias muito simples e que, nalguns casos, ficam perguntas sem resposta. Mas, tendo em conta o tipo de história de que estamos a falar, essa simplicidade faz todo o sentido. São histórias que facilmente poderíamos imaginar a serem contadas à volta de uma fogueira, para transmitir aos mais novos - e não só - a mensagem que há a retirar de cada uma delas. E é precisamente isso que as torna tão cativantes. Não são - nem pretendem ser - enredos complexos e elaborados. E, contudo, o essencial está lá. E isso basta.
E, se é certo que o conteúdo é sempre o mais importante, neste caso, importa ainda referir o aspecto visual. Trata-se de um livro bonito do princípio ao fim, começando, desde logo, pela capa e prosseguindo ao longo das pequenas ilustrações que abrem cada um dos contos. Imagens que, além de tornarem o livro mais apelativo a leitores de todas as idades, complementam também, de certa forma, o que nos é contado no texto. 
Da soma de tudo isto, fica um livro que conjuga a tradição e a diversidade numa viagem que se quer simples, mas envolvente, e que nos leva a conhecer um conjunto de histórias que, tão diferentes em certos aspectos, continuam a ter bem presente o que a vida tem de universal. E é isso que torna este livro tão interessante.

Título: As Mais Belas Fábulas Africanas
Autor: Vários
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Bertrand

1945. Na Câmara dos Lordes, a votação para a atribuição da fortuna dos Barrington acabou em empate. Harry regressa à América para promover o seu novo romance, ao passo que a sua amada Emma parte à procura da menina que foi encontrada abandonada no gabinete do seu pai na noite em que ele foi assassinado. Quando chegam as eleições gerais, Giles Barrington tem de defender o seu lugar na Câmara dos Comuns e fica horrorizado ao descobrir que os conservadores decidem ficar contra ele. Mas é Sebastian Clifton, filho de Harry e Emma, que acaba por influenciar o destino do tio. Em 1957, Sebastian ganha uma bolsa de estudo para Cambridge, e assim entra em cena uma nova geração da família Clifton. Depois de ser expulso da escola, Sebastian é apanhado numa fraude internacional de obras de arte que envolve uma escultura de Rodin, que vale muito mais do que o dinheiro conseguido em leilão. Será que ele se torna milionário? Irá para Cambridge? Correrá perigo de vida? O Segredo Mais Bem Guardado responde a todas estas perguntas, mas levanta muitas mais...

Jeffrey Archer tem mais de 250 milhões de exemplares vendidos em 97 países e 37 idiomas. É autor de 16 romances, seis colecções de contos, três peças de teatro, três volumes do seu diário da prisão e um evangelho. É o único autor que foi número 1 em ficção (15 vezes), contos (quatro vezes) e não ficção (Os Diários da Prisão). 
Archer é casado com Dame Mary Archer DBE, têm dois filhos e vivem em Londres e Cambridge.

sábado, 26 de março de 2016

Regresso a Mandalay (Rosanna Ley)

Eva Gatsby sempre sonhou com a Birmânia das histórias do avô. Por isso, quando a empresa de antiguidades para que trabalha lhe propõe uma viagem a esses mesmos lugares para avaliar peças, Eva não poderia ficar mais feliz. O que não espera é levar consigo uma outra missão. O avô tem um segredo e uma história inacabada. E, agora que está a caminho da Birmânia, pode ser Eva a descobrir o fim da história. Houve uma grande amor no passado do avô - um que não estava destinado a durar, mas que ficou com ele para sempre. Daí o pedido que faz a Eva - para encontrar essa mulher - ou a sua família - e devolver o que não devia ter sido levado.
Em grande parte, história de amor, mas com um muito agradável toque de mistério e uma viagem por paisagens diferentes a tornar tudo mais interessante, este é um livro em que, de tudo o que tem de cativante, o aspecto que imediatamente sobressai é a descrição. Primeiro, porque, através da viagem de Eva (e não só), a autora apresenta um cenário relativamente desconhecido e descreve-o com toda a mestria. E, depois, porque, com a mesma mestria, entrelaça estas descrições no enredo de forma a que cada pormenor seja não só interessante, mas também relevante para a história.
O cenário é, pois, um bom princípio de viagem. Mas é só uma das partes que compõem este leitura tão interessante. Há também os acontecimentos, as delicadas relações entre passado e presente, a questão da diferença como barreira entre as personagens. E as próprias personagens, claro, que, mesmo quando são apenas figuras secundárias, acabam sempre por assumir um papel crucial para a compreensão do que está a acontecer.
Também muito cativante nesta história é a forma como a autora constrói os romances entre as suas personagens. Há entre Lawrence e Maya, Eva e Ramon, uma série de paralelismos interessantes, mas também identidades e personalidades diferentes, um contexto que mudou com a passagem do tempo e um percurso que, apesar das dificuldades, se encaminha para um final distinto. Mas, há, além disso, uma base de crescimento do romance, em que o que existe entre os dois envolvidos é importante, claro, mas não só. As relações familiares, os sonhos, o percurso profissional, os lugares amados... Tudo importa na construção do equilíbrio que define a história.
E é essa precisamente a impressão que fica deste Regresso a Mandalay: a de um livro equilibrado, em que todas as componentes são relevantes e desenvolvidas na medida certa, para dar forma a uma história cativante, surpreendente e muito bem construída. Recomendo.

Autora: Rosanna Ley
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 23 de março de 2016

A Última a Saber (Elizabeth Adler)

Harry Jordan está dividido. Por um lado, o seu trabalho de detective é algo que o realiza por completo. Por outro, a namorada fartou-se de ver o trabalho aparecer em primeiro lugar nas prioridades dele e foi-se embora para Paris. E é por isso que Harry se vê na necessidade de ponderar sobre a sua vida. Para o fazer, retira-se por algum tempo para Evening Lake, onde espera pensar e tomar uma decisão rodeado de toda a calma de que precisa. Mas a calma não dura muito. Uma das casas mais próximas irrompe em chamas a meio da noite e tudo indica que não foi acidental. Agora, cabe a Harry investigar e descobrir o responsável. Mesmo que as pistas mais difíceis de ver sejam aquelas que estão mesmo à sua frente.
Centrado, em grande medida, num mistério, ainda que com laivos de romance a surgir ao longo do enredo, este é um livro que vive, em grande medida, da resposta que dá à mais óbvia das perguntas neste tipo de livro: quem é o assassino? E é, talvez, pela forma como este mistério é construído, que ficam sentimentos ambíguos sobre esta leitura, feita tanto de fragilidades óbvias como de momentos muito bons.
Comecemos pelas fragilidades. A história define-se essencialmente pelo mistério da explosão - e das outras mortes que lhe estão associadas - e pela forma como Harry Jordan lida com o caso. Ora, sendo o caso o cerne de toda a história, a impressão que fica é a de que as personagens apenas vão sendo desenvolvidas na medida em que a informação vai sendo necessária, o que faz com que nunca gerem verdadeira empatia. Além disso, ao tentar tornar o mistério o mais denso possível, criam-se umas quantas contradições evidentes, não só numa ou noutra situação incongruente, mas principalmente nos pontos de vista das personagens que, apesar de terem uma resposta bastante óbvia à frente, demoram bastante até lá chegar.
Ora, estes são os pontos fracos. Os fortes são o facto de, apesar destas fragilidades, continuar a sentir-se uma certa curiosidade em saber de que forma irá a autora resolver o mistério e também o facto de, apesar de a suposta grande revelação ser previsível, haver muitas pequenas coisas que não o são. E, se é verdade que os protagonistas não são do tipo que gera empatia, já algumas personagens secundárias - especialmente Diz - conseguem compensar muita dessa distância. 
No fundo, o que acontece é que tudo se equilibra e que o que falta nalguns aspectos acaba por ser compensado por outros. E, assim, por cada coisa que não bate muito certo, há outra a surpreender e a cativar. Daí os sentimentos ambíguos, numa história que, longe de ser perfeita, acaba, ainda assim, por ser bastante interessante.
A impressão que fica é, portanto, ambígua. Mas, com uma intrigante aura de suspense, alguns momentos particularmente intensos e um final que, apesar da revelação previsível, consegue, ainda assim, surpreender noutros aspectos, acaba por ser, apesar de tudo, uma leitura envolvente e agradável. E interessante também. 

Autora: Elizabeth Adler
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 21 de março de 2016

Uma aventura no mundo dos e-books: Energy Ereader Slim HD

Se fizerem parte das pessoas que conhecem os meus hábitos de leitura, - e, se andam por aqui, já devem conhecer um bocadinho - sabem que a minha predilecção sempre esteve com os livros em papel. Graças a uma querida amiga, até cheguei a ter um Kindle, que, até ao dia em que deixou de funcionar, não deixou de ser utilizado, mas a verdade é que, para leituras longas, - e, em grande parte, porque me dei conta de que sou muito mais lenta a ler em formato digital - sempre preferi o papel.

Mas a verdade é que, mesmo que não se seja um grande fã dos ebooks, a verdade é que há várias situações em que um ereader dá muito, muito jeito. E, por isso, antes de começar a falar especificamente do ereader que a Energy Sistem muito simpaticamente me enviou, quero referir quais são esses aspectos, para partir depois para o porquê de este leitor responder às minhas necessidades. 
Imaginem, então, que são uma pessoa que gosta de ler em papel. Mas que segue umas quantas séries a que o autor acrescentou uns quantos contos que só existem em ebook. Para ler esses contos, a opção podia ser o computador ou um tablet. Mas, se já passaram umas boas horas a ler ou a rever texto no computador, sabem que não é propriamente confortável. Para esse tipo de ebook, o ereader é extremamente útil. E também para reler, por exemplo, alguma coisa que escreveram - ou um trabalho, ou uns apontamentos - sem passar horas a fio à frente do computador. E ainda, se tiverem, como eu, o hábito de revisitar um ou outro trecho específico de um livro favorito (eu faço isto principalmente com poemas) sem quererem andar a vasculhar as estantes e à folhear livro atrás de livro à procura do texto certo. Juntem-se a isto as viagens, claro, e já temos uma boa lista de ocasiões em que o ereader é mesmo muito útil.

Mas passemos ao ereader, que é este que aparece algumas vezes ao longo deste post. E a primeira coisa que quero destacar não é propriamente uma funcionalidade indispensável, mas é, desde logo, um toque agradável e um bom ponto de partida para a primeira impressão. É que um aparelho que nos recebe com um "glad to see you" e se despede com um "see you soon" mostra-nos, logo à partida, um toque quase que pessoal de boa disposição. Não é nada de essencial, é verdade. Mas não deixa de ser um belo toque.

Quanto aos aspectos mais interessantes do ereader, destaca-se desde logo, ao primeiro contacto, o facto de ser um aparelho leve, mas também fácil de perceber e de utilizar. O ecrã não é táctil, o que acaba por ser uma diferença relativamente a outros produtos do género e que, para mim, acaba por ser um ponto positivo, pois estou habituada aos botões. Também importante é o facto de ler vários formatos, entre os quais os mais comuns MOBI, EPUB e PDF, o que não só permite ler uma maior diversidade de ficheiros, mas é também particularmente útil no caso que já referi antes - reler um texto ou uns apontamentos em PDF no ereader é muito mais confortável do que lê-los num ecrã de computador.

Uma possível limitação é o facto de não ter ligação à internet nem a loja online, pelo que, para carregar os ebooks para o leitor, é mesmo preciso fazê-lo a partir do computador. Isto pode ser uma falha para quem está, por exemplo, habituado a fazer uma compra na Amazon e a receber o ebook directamente no Kindle. No meu caso, contudo, não é, nem de perto nem de longe, um aspecto essencial.

Quanto à leitura propriamente dita, é exactamente o que se espera de um ereader: confortável e muito menos cansativa do que num ecrã de computador ou tablet. Além disso, é possível alterar o tamanho do texto, ajustando-o às necessidades de cada um. E, também interessante, o leitor já traz um bom conjunto de ebooks em várias línguas, o que permite começar a explorar de imediato.

O que fica, então, da minha experiência com o Energy Ereader Slim HD (podem consultar todas as especificações aqui) é, por isso, a melhor das impressões. Simples e acessível, mas com todas as funções de que preciso, responde perfeitamente às minhas necessidades enquanto utilizadora. Recomendo.

sábado, 19 de março de 2016

Private - Las Vegas (James Patterson e Maxine Paetro)

Jack Morgan está habituado a casos difíceis e a ter muitas coisas para resolver ao mesmo tempo. Mas parece que o mundo conspira para o manter de mãos ocupadas. Primeiro, são dois violadores em série que, por pertencerem ao corpo diplomático de um país obscuro, parecem ter todo o direito a fazerem o que bem entenderem. Depois, um cliente desagradável com suspeitas de que a mulher o quer matar - e que parece não ser o único nessa situação. E, como se não bastasse, o irmão, sempre disposto a planear-lhe a ruína, parece ter posto em marcha uma nova jogada. Razões mais que suficientes para Jack não ter mãos a medir. Mas o que fazer quando nenhum dos problemas parece ter solução fácil e as consequências de falhar podem ser terríveis? Mobilizar todos os meios, naturalmente. E não falhar.
Tal como os outros livros desta série e uma boa parte dos livros de James Patterson, também este é um livro centrado essencialmente na acção e na resolução dos mistérios. A escrita tem o habitual registo directo, com a descrição e as informações a surgirem à medida que são necessárias e o já esperado crescendo de intensidade que vai de surpresa em surpresa, alimentando com a curiosidade de querer saber sempre mais o também habitual ritmo viciante. 
E, também à imagem dos outros livros desta série, a atenção do protagonista divide-se entre vários casos que, ao longo do enredo, vão encontrando uma resolução mais ou menos elaborada, quase como se estivéssemos a ver um episódio de CSI, mas com resultados menos limpinhos. Ora, isto tem vantagens e desvantagens. A desvantagem vem essencialmente do facto de que, com tanta coisa a acontecer, ficam, inevitavelmente, algumas perguntas em aberto, ainda que nenhuma delas essencial para a resolução dos mistérios. As vantagens, claro, são um ritmo tão intenso que se torna difícil parar de ler e um percurso de acção que proporciona vários picos de intensidade emocional.
Mas, se os casos essenciais deste livro ficam realmente resolvidos, continuam a estar bem presentes as questões globais que transitam de uns volumes para os outros. Tommy, claro, com as suas jogadas cada vez mais maquiavélicas e o aspecto pessoal que estas implicam, mas também Justine e a estranha relação que tem com o protagonista. E o próprio Jack que, a cada livro, parece revelar-se um pouco mais, tornando-se assim mais interessante. Tudo isto culminando num novo ponto de viragem, que deixa grandes expectativas para o que se seguirá.
A soma de tudo isto é, como já seria de esperar, um livro de puro entretenimento, que conduz personagens e leitor de mistério em mistério, sem nunca se tornar demasiado óbvio e mantendo sempre viva a vontade de saber o que acontece a seguir. Intenso, cativante e surpreendente em todos os momentos certos, trata-se, pois, de um livro que não desilude.

Título: Private - Las Vegas
Autores: James Patterson e Maxine Paetro
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 18 de março de 2016

Divulgação: Novidade Esfera dos Livros

A História demonstra que os casamentos de reis e rainhas resultaram quase sempre de interesses políticos. Infantes e princesas eram o lacre que selava pactos com objectivos estratégicos e, uma vez que estas uniões preveniam confrontos entre as respectivas coroas, os futuros noivos aceitavam-nas com complacência e a convicção de que cumpriam o seu dever. No entanto, as consequências de um casamento de estado, contraído por obrigação e nunca por amor, afectavam os próprios cônjuges. Como tal, se os reis procuravam a paixão em alcovas alheias, era perfeitamente natural que as rainhas – ou pelo menos algumas delas – também o fizessem. E assim aconteceu com Salomão e a Rainha do Sabá, Henrique VIII e Ana Bolena, Maria Antonieta e os seus chevaliers servants, Victoria de Inglaterra e John Brown, Carlos de Gales e Camila Parker Bowles, e tantos outros… Os Amores Proibidos de Suas Majestades conta-nos as verdadeiras histórias de amor de reis e rainhas do mundo inteiro, do passado e do presente, e dá-nos a conhecer aqueles que reinaram nos seus corações e influenciaram o curso da História.

MARÍA PILAR QUERALT DEL HIERRO é autora de Eu, Leonor Teles, Memórias da Rainha Santa, As Mulheres de D. Manuel I e As Mulheres do Marquês de Pombal, publicados com grande sucesso pela Esfera dos Livros. Nascida em Barcelona, Espanha, editou em 1984, Balaguer, uma biografia do poeta e político catalão sobre o qual incidiu a sua tese de licenciatura. Este livro significou o início de uma carreira dedicada ao romance biográfico de personagens históricas como Fernando VII, que retratou nos livros La Vida y la Época de Fernando VII (1997) e Los Espejos de Fernando VII (2001). Em 1995, publicou o seu primeiro volume de relatos, Cita en azul, uma obra que a crítica espanhola qualificou de «obra-prima absolutamente recomendável». María Pilar Queralt del Hierro licenciou-se em História Moderna e Contemporânea pela Universidade Autónoma de Barcelona. Foi professora de História da Espanha Contemporânea, na Faculdade de Ciências da Informação da Universidade Autónoma de Barcelona. Colabora com a revista Historia y Vida, desde 1974. Escreve artigos para outras publicações, como a edição espanhola da National Geographic e realiza numerosos trabalhos em obras colectivas sobre temas de arte, cultura e história contemporânea.

Divulgação: Novidade Porto Editora

Eva Gatsby interrogou-se inúmeras vezes sobre o passado do avô, Lawrence Fox, e o que teria exactamente acontecido na Birmânia, quando ele ainda jovem ali viveu. Eva dedica-se à restauração de antiguidades e os patrões propõem-lhe uma viagem de trabalho àquele país – sobre o qual o avô desde sempre lhe contara histórias fascinantes. É então que Lawrence decide quebrar o silêncio e finalmente falar-lhe do grande amor da sua vida, Maya, a mulher que nunca esqueceu. Numa tentativa de sarar as feridas do passado, confia a Eva uma missão que se revelará de contornos imprevisíveis. Eva inicia, assim, uma jornada que irá reconstruir o mosaico da história da família e que em simultâneo a obrigará a confrontar-se com sua capacidade de voltar a acreditar no amor.

Rosanna Ley é professora de Escrita Criativa e é autora de inúmeros artigos e histórias publicados em diversas revistas no Reino Unido. Os seus romances estão publicados em 15 países.
Rosanna Ley passa férias em locais que lhe servem de inspiração e quando não está a viajar, vive no West Dorset, junto ao mar.
Regresso a Mandalay é o seu primeiro romance publicado em Portugal.

Já nas livrarias!

quarta-feira, 16 de março de 2016

Stalker (Lars Kepler)

Primeiro, o vídeo é enviado para a Polícia Criminal. Depois, a mulher no vídeo aparece morta. O culpado é alguém que observa as vítimas de bem perto, que estuda o seu comportamento e cuja obsessão se revela fatal. Mas quem é? Ninguém sabe. E, uma vez que a única pista que talvez possa ajudar está presa na mente do marido traumatizado de uma das vítimas, Erik Maria Bark, psiquiatra e hipnotista, é chamado a ajudar. O que Erik descobre, contudo, preocupa-o o suficiente para guardar segredo. E, à medida que novos casos surgem, as mentiras do hipnotista começam a revelar-se perigosas. É possível que ele tenha uma ligação mais próxima ao assassino do que todos julgavam. E as consequências podem ser terríveis.
Sendo este o quinto livro de uma série - da qual não li nenhum dos volumes anteriores - ter lido este Stalker sem nenhum conhecimento prévio da série e das suas personagens, pôs-me numa posição um bocadinho diferente para olhar para a história. Por um lado, há as ligações ao passado e as relações já existentes entre as personagens, que deixam algumas perguntas em aberto sobre aquilo que vem de trás. Por outro, há um caso que é, em grande parte, independente e em que, no que tem de elementos passados, todas as explicações necessárias tão presentes. E, do equilíbrio de tudo isto, fica, desde logo, uma impressão: é perfeitamente possível acompanhar e apreciar esta história sem ter lido os anteriores. E fica também uma enorme curiosidade em ler os outros volumes da série.
Porquê? Porque a verdade é que este é um livro cheio de qualidades, da escrita à construção das personagens, passando por um enredo intenso e cheio de surpresas que culmina num final impressionante. E todas estas qualidades são perfeitamente perceptíveis mesmo faltando algum conhecimento da história prévia das personagens. Mas vamos por partes.
Escrito num registo viciante, com capítulos curtos e um ritmo que equilibra acção, descrição, emoção - sim, porque há-a em todos os momentos certos - e um toque de bizarria, este é um livro que cativa desde os primeiros capítulos. É fácil entrar no ritmo da história, começar a conhecer as personagens e os acontecimentos que tem para nos contar. E, a partir desse ponto, torna-se difícil interromper a leitura, pois estamos já no centro de um enredo em que - conhecendo ou não o que vinha antes - é absurdamente fácil entrar no papel das personagens.
E é precisamente das personagens que surge o grande ponto forte. Erik, principalmente, é um indivíduo fascinante e, mesmo havendo um passado que fica por conhecer (pelo menos para quem, como eu, começou por este livro) é incrivelmente fácil sentir empatia para com as suas circunstâncias. Mas mais interessante ainda é que esta sensação de familiaridade, de conhecer - ou reconhecer - uma personagem não surge só com Erik. E, quando não se conhece totalmente o passado destas figuras, encontrar essa proximidade é algo de impressionante.
E quanto ao enredo... Bem. Aí, tudo é surpreendente, desde os mais peculiares momentos à intensidade de uma fase final em que a tensão é quase palpável, passando ainda pelo facto de, aos elementos do caso propriamente dito, se acrescentarem fragmentos da vida pessoal das personagens. E, das primeiras pistas às últimas revelações, tudo é interessante. Tudo cativa. E isso faz com que, apesar de ser um livro relativamente grande, seja muito difícil parar de ler antes do fim. 
A soma de tudo isto é, inevitavelmente, impressionante. Intenso, surpreendente, com personagens fortes e um enredo cheio de momentos inesperados, este é um daqueles livros em que apetece parar o mundo só para podermos continuar a ler até ao fim. E é por isso também que fica a grande curiosidade em continuar a seguir esta série - e claro, também em ler a parte da história que está para trás. Recomendo sem reservas.

Título: Stalker
Autor: Lars Kepler
Origem: Recebido para crítica

terça-feira, 15 de março de 2016

Divulgação: Novidade Topseller

A maioria das mulheres prestaria atenção aos avisos. Beth decidiu ignorá-los…
Por toda a sociedade londrina correm rumores de que Lorde Ian Mackenzie é louco, que terá passado a sua juventude num asilo, e que não é de confiança, especialmente com senhoras.
Beth é uma jovem viúva, herdeira de uma fortuna, que está outra vez noiva e que deseja voltar a ser tão feliz quanto foi com o primeiro marido. Quando é apresentada a Lorde Ian Mackenzie, este apaixona-se imediatamente e não tem dúvidas de que a quer para si. Procura, então, convencê-la a deixar o noivo e a casar-se consigo.
Beth acaba por se deixar seduzir e decide fazer tudo para ajudar Lorde Ian a superar o sofrimento que carrega, devido a um passado tormentoso.
A partir de então, só uma coisa faz sentido na vida de Beth… a loucura de Lorde Ian Mackenzie.

Jennifer Ashley é uma autora norte-americana, bestseller do New York Times e do USA Today, que já conta com mais de 80 obras publicadas.
Os seus livros têm-lhe garantido vários elogios e prémios, incluindo o Prémio RITA para Melhor Romance, atribuído pela Associação Americana de Escritores de Romance, o Prémio Romantic Times Reviewer’s Choice, entre muitos outros.
Com mais de cinco milhões de livros vendidos, e traduzida em mais de dez línguas, Jennifer Ashley é hoje uma das autores preferidas no género Romance.

Divulgação: Novidade Porto Editora

Depois de ter perdido a corrida para o lugar de procurador distrital, Mickey Haller, advogado de defesa em Los Angeles, antevê o fim da sua carreira. A relação com a sua ex-mulher é cada vez mais distante e a filha de ambos recusa-se a falar com um pai que defende sempre o mau da fita. Mas quando recebe uma mensagem no telemóvel, «Liga-me depressa – 187», aludindo ao artigo do código penal da Califórnia que contém a definição de homicídio, Mickey não pensa duas vezes e aceita um caso que, espera, o trará de novo para os grandes palcos das salas de audiência. Rapidamente descobrirá que a vítima era uma antiga cliente sua, uma prostituta que em tempos defendera e julgara ter resgatado das ruas, naquele que será apenas o primeiro indício de um jogo de sombras entre a DEA e o mais temível dos cartéis mexicanos: o de Sinaloa.

Admirado por Stephen King e com 50 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, Michael Connelly é um dos nomes incontornáveis da literatura policial moderna e uma presença constante nos tops de vendas mundiais. Autor da série de livros protagonizados pelo detetive Harry Bosch, alguns dos quais já adaptados ao cinema, está traduzido em 36 línguas e recebeu alguns dos mais importantes prémios literários, quer nos Estados Unidos, quer em diversos países estrangeiros. No catálogo da Porto Editora figuram já os seus livros O Veredicto e A Reviravolta, também protagonizados pelo advogado Mickey Haller e o famoso detetive

segunda-feira, 14 de março de 2016

O Filho Dourado (Pierce Brown)

Para realizar o sonho de Eo, Darrow tornou-se Dourado. Ultrapassou as grandes barreiras da sua natureza e conquistou um lugar de honra entre os poderosos. Pelo caminho, ficou parte daquilo que o definia, mas descobriu também novas forças e novas ligações. Agora, é tempo de dar o próximo passo no combate aos males da Sociedade. E a única forma de estilhaçar o equilíbrio dos Dourados é lançá-los da guerra civil. Darrow tem um plano e sabe que, para o concretizar, vai ter de pôr de lado muitos dos seus escrúpulos. Mas, se for bem sucedido, não será em vão. E, cercado por adversários temíveis, mas rodeado também de amigos em quem crê poder confiar, Darrow não está disposto a desistir até conseguir aquilo que o levou ao lugar que agora ocupa.
Se há algo de especialmente fascinante neste livro - em que tudo é fascinante - , é a forma como o autor conduz a história de surpresa em surpresa, numa teia incrivelmente complexa de intrigas e de traições, sem numa perder nem a intensidade emocional dos grandes momentos nem a linha que define a identidade das suas personagens. A intensidade, porque nunca nada é o que parece e a cada nova reviravolta, o autor consegue surpreender, impressionar e, nalguns casos, até partir o coração de quem está a seguir a história. E a identidade, porque, apesar de todas as escolhas difíceis, as personagens mais relevantes mantêm-se, em tudo o que verdadeiramente importa, fiéis à sua verdadeira natureza.
E é em Darrow que tudo isto é mais evidente. Darrow tornou-se Dourado e, para o fazer, teve de deixar para trás tudo o que conhecia e também alguns dos seus valores. Para conquistar a glória, ficou com as mãos manchadas de sangue por várias vezes. Mas é na forma como o autor constrói estes contrastes - entre o que se quer e o que é preciso fazer - que a verdadeira identidade de Darrow se manifesta. Nos dilemas, nas dúvidas, nas escolhas menos seguras, mas que são as correctas. Na forma como vive o sucesso, mas também os fracassos. Na própria voz que conta a história, mostrando tanto em palavras como em acções as emoções e pensamentos que movem o protagonista.
Mas, se Darrow é, de facto, a alma desta história, há ainda muito mais de fascinante para descobrir. O mundo, com a sua estranha e intrincada construção, assente, até certo ponto, nalgumas semelhanças com o império romano, mas em que a identidade própria é cada vez mais evidente. A intriga, cada vez mais complexa e, ainda assim, tecida a uma intensidade inacreditável, em que todos os pormenores importam, mas, mesmo assim, não custa nada assimilá-los. E a escrita, que dá ao seu protagonista uma voz praticamente perfeita, em que é possível reconhecê-lo em toda a sua complexidade, com tudo o que tem de bom e também com todas as suas fragilidades. 
E tudo pode mudar a qualquer momento. Por várias vezes, o rumo da história parece definido. E então algo acontece, e a perspectiva muda por completo. Tudo é inesperado e, por isso, tudo é mais intenso. E a forma como tudo termina, essa, deixa a maior das expectativas para saber o que se segue e de que forma - tendo em conta os acontecimentos finais - poderá o sonho (ou o fracasso desse sonho) resolver-se.
Não há muito que se possa dizer, sem contar demasiado, capaz de fazer justiça a este livro. Por isso, ficam as características essenciais: uma história intensa, com uma intriga incrivelmente complexa, mas, mesmo assim, absolutamente viciante, e um protagonista que é, em todos os aspectos, tão fascinante como a história da qual é o centro. Perfeito, em suma. Simplesmente perfeito. 

Título: O Filho Dourado
Autor: Pierce Brown
Origem: Recebido para crítica

Para mais informações sobre o livro O Filho Dourado, clique aqui.

Divulgação: Novidade Topseller

Quem nunca sonhou poder recomeçar a sua vida?
Emma Tupper é uma jovem advogada, prestes a alcançar o sonho de se tornar sócia da sociedade de advogados onde trabalha. Após a morte da mãe, Emma decide desfrutar de uma prenda que esta lhe deixa: uma viagem a África. Mas o que era para ser um mês de férias depressa se transforma em seis meses de ausência forçada, quando Emma adoece e um terrível terramoto a deixa retida e sem contacto com o exterior.
Para sua surpresa, quando finalmente regressa a casa, Emma constata que a família e os amigos acreditavam que estava… morta, e que a sua antiga vida desaparecera: o apartamento onde vivia acabara de ser alugado a um novo inquilino, o misterioso Dominic; na sociedade, a sua rival Sophie apossara-se não só dos seus clientes e da sua sala, mas também do seu namorado, Craig.
Enquanto tenta resolver o caos em que se transformou a sua vida, Emma questiona-se: Seria feliz antes da viagem a África? Teria valido a pena sacrificar-se tanto em nome do trabalho? Amaria Craig de verdade? Quereria mesmo aquela vida de volta?

Catherine McKenzie é uma autora canadiana que conta já com seis livros bestsellers, publicados em diversas línguas: Spin, Spun, Smoke, Em Segredo, Amor por Encomenda e Regressar.
Advogada, escreve regularmente para o Huffington Post. É uma obstinada corredora e esquiadora. Vive com o marido em Montreal, no Canadá.

Divulgação: Novidade Planeta

Apesar dos modos controladores de Blake, o jovem e abastado hacker acabou por ganhar a confiança da mulher que ama.
A empresária da Internet Erica Hathaway deitou abaixo as muralhas que a impediam de abrir o coração e o negócio a Blake.
Pronta para começar este novo capítulo da vida, Erica encontra-se determinada em não deixar que algo se interponha entre eles, mesmo que signifique dar a Blake algum do controlo que ele deseja, dentro e fora do quarto.
Mas quando demónios do passado ameaçam o futuro da relação, Erica toma uma decisão que pode mudar a vida do casal para sempre.

Meredith Wild é a autora best-seller do do New York Times e do USA Today. 
Vive nas em New Hampshire com o marido e três filhos, Meredith define-se como techie, apreciadora de uísque e romântica incurável. 
Quando não está no mundo de fantasia das suas personagens, Meredith pode ser encontrada em: www.facebook.com/meredithwild
Pode saber mais sobre os seus projectos em: www.meredithwild.com

sexta-feira, 11 de março de 2016

Divulgação: Novidade Topseller

Seis incêndios em vinte e quatro horas, dois mortos e vários feridos…
Na calada da noite, três violentos incêndios iluminam os céus da cidade. Para a detective Helen Grace, as chamas anunciam algo mais do que uma coincidência trágica – este cenário infernal de morte e destruição revela uma ameaça nunca antes vivenciada.
No decurso da investigação, descobre-se que aquele que procuram não é apenas um incendiário em busca de emoções fortes – os actos criminosos denunciam um assassino meticuloso e calculista. Alguém que pretende reduzir as suas vítimas a cinzas…
Uma nuvem negra de medo e desconfiança estende-se sobre a cidade, à espera de faísca que provocará a próxima tragédia. Conseguirá Helen descobrir a tempo quem será a próxima vítima?

M. J. Arlidge trabalha em televisão há mais de 15 anos, tendo-se especializado em produções dramáticas de alta qualidade. Nos últimos anos produziu um grande número de séries criminais passadas em horário nobre na ITV, rede de televisão do Reino Unido. Está neste momento a criar novas séries para canais de televisão britânicos e americanos.
Os três primeiros livros do autor, Um Dó, Li, Tá, À Morte Ninguém Escapa e Casa de Bonecas, foram também publicados pela Topseller. Traduzidos para várias línguas, resultaram em êxitos de vendas e têm recebido críticas excelentes de todos os meios de comunicação social internacionais.

Divulgação: O Título, de Thomas J. Bogg

“(Esta escrita – esta concretamente feita, não essas abstraidamente referidas – é apenas uma leitura variada do mundo, uma leitura incompatível consigo própria. Um exemplo possível do realmente possível. A perspetiva que se deseja transmoderna, para concentrar, ainda se por extratos e ambiguidades que saltitam paragraficamente, a possibilidade de O Texto, tornando-o possivelmente alucinável, na concentração completamente impensável aqui. A possibilidade de um livro que faz precisamente este trabalho, em si. A transmodernização é uma perspetiva completamente inventada: a esperança de uma ficção que consiga cativar o sujeito intencional no seu ato recreativo do mundo. Na intensidade e intensificação do seu processo significativo. Isto que é agora uma sinopse ainda por ser escrita, possivelmente.)”

O Título ainda não é um livro. É uma colecção de escritos à procura da sua leitura possível e, consequentemente, à espera deste leitor pronto a realizá-la. Talvez nunca virá a ser um livro, pois, talvez, na sua forma presente, esteja a reconhecer, e a chamar por, o futuro errado. De qualquer modo, se pela concentração da nova verdade, ou por uma demonstração do erro contínuo de certo pensamento humano, está na intenção desta obra fazer parte do trabalho de trabalhar o próximo. Ainda que seja, para já, um princípio partido.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Fazer do Medo Coragem (Teresa Marta)

O medo faz parte da vida. É inevitável. E até certo ponto, é útil, caso contrário seria demasiado fácil pôr a própria vida - e a dos outros - em perigo. Mas há medos que, assentes em bases emocionais, condicionam a forma como conduzimos a nossa vida, levando-nos a ciclos de mau estar e infelicidade. São esses medos que, segundo a autora deste livro, é preciso transformar em coragem. E fazê-lo pode muito bem ser um caminho de mudança para melhor.
À semelhança de muitos outros livros deste género, também Fazer do Medo Coragem tem, desde logo, um ponto de interesse a destacar-se, que é a capacidade de transmitir boas ideias sem que, para isso, seja necessário concordar com a totalidade de um método ou de uma filosofia. E há um método neste livro, que, através de vários passos, traça uma forma de combater os medos. Mas, mais que o método como um todo, são todas as pequenas ideias e dicas que o compõem que tornam o livro tão útil, pois, mesmo que se discorde do resto, é sempre possível encontrar algo que se pode utilizar. 
Também muito interessante é a forma como a autora recorre a várias histórias para dar exemplos dos tipos de medo que é preciso combater - e de como lhes fazer frente. Histórias mais ou menos dramáticas, em que o ponto de viragem é, por vezes, bastante extremo, mas outras nem tanto, e em que tudo culmina com uma mudança. Mas é também aqui que surgem os sentimentos ambíguos. Se, por um lado, as histórias pessoais permitem assimilar melhor as causas e consequências do medo, o facto de, a partir do ponto de viragem, o percurso ser demasiado resumido faz com que algumas das possíveis soluções pareçam demasiado fáceis. Não é que as ideias deixem de ser válidas, mas ver o percurso depois da viragem, tal como é contado o anterior, talvez tornasse mais fácil a assimilação dessas ideias.
Há, ainda assim, muito de relevante a retirar desta leitura, não só em termos de formas de combater o medo, mas sobre o que está na origem desses mesmos medos. E é, talvez isso, mais até do que o método específico, que torna a leitura interessante: é possível escolher as ideias que nos dizem alguma coisa e, a partir delas, encontrar um método próprio. Ou, simplesmente, pensar um pouco mais sobre o tema - o que é também, por si só, bastante útil. 
Interessante e acessível, trata-se, pois, de um livro que, apresentando um método próprio, mas, acima de tudo, um conjunto de questões relevantes, pode ser uma boa ferramenta para ponderar no papel que o medo assume nas nossas escolhas. E que, por isso, concordando-se com o todo, ou apenas com parte, proporciona, desde logo, uma boa base para reflexão. Ficam perguntas em aberto? Ficam, é verdade. Mas as respostas que dá são mais do que suficientes para fazer com que a leitura valha a pena. 

Título: Fazer do Medo Coragem
Autora: Teresa Marta
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 9 de março de 2016

Divulgação: Novidades Bizâncio

Título: Os Usurpadores - Como as empresas transnacionais tomam o poder
Autor: Susan George
Págs.: 224
Preço: Euros 14,15 / 15,00
Colecção: Temas de Hoje

Política / Economia
Lobistas ao serviço de uma empresa ou de um sector industrial, presidentes executivos de empresas transnacionais, instâncias quase estatais dotadas de redes tentaculares que se estendem muito para lá das fronteiras nacionais: uma multidão de indivíduos cujo único objectivo é a acumulação de lucros, está a tomar o poder e a orientar em seu benefício as grandes decisões políticas.
Estes usurpadores ingerem-se nos grandes temas mundiais à força de financiamentos e de trocas de favores, infiltram-se nas Nações Unidas e trabalham para construir um mundo à sua imagem.
Susan George descobriu e revelou o plano de acção que as empresas transnacionais estão a utilizar para conquistar o nosso sistema político.
Neste livro fundamental, a autora levanta o véu dos inúmeros mecanismos através dos quais as grandes empresas compram políticos e manipulam a política global. 
                                          
Título: Aïcha - A Bem-Amada de Maomé
As Mulheres do Islão - 3º volume
Autor: Marek Halter
Págs.: 288
Preço: Euros 15,09 / 16,00
Colecção: Ilhas Encantadas

Romance Histórico
«Chamo-me Aïcha bint Abi Bakr.
Há cerca de sessenta anos que me chamam Aïcha, Mãe dos Crentes. Sei que Allah, o Clemente e Misericordioso, não tardará a julgar a minha vida.
Quis que ela fosse longa, bela e terrível.
Quis que a minha memória fosse incomparável, a fim de a pôr ao serviço da Sua vontade e do Seu Enviado»
«Aïcha» encerra a trilogia «As Mulheres do Islão».
Este último volume mostra o aparecimento de um Islão conquistador, que afastou as mulheres, apesar da oposição de Muhammad e que conduziu à divisão entre sunitas e xiitas, que ainda hoje ensanguenta o mundo árabe e o Ocidente.

terça-feira, 8 de março de 2016

Alex Cross - Fogo Cruzado (James Patterson)

As coisas parecem estar um pouco mais calmas na vida do Detective Alex Cross, que parece poder finalmente concentrar-se nos preparativos para o seu casamento. Mas, mais uma vez, a calma  é temporária e esgota-se quando Alex é chamado a investigar um novo caso. Duas grandes - e com falta de escrúpulos - personalidades da cidade foram abatidas por um atirador furtivo e já há quem veja o assassino como um herói. Mas, sendo-o ou não, uma coisa é certa. A sua eficácia não deixa grandes pistas que a polícia possa seguir. E é assim que Alex se vê obrigado a colaborar com Max Siegel, agente do FBI e personalidade não muito simpática. Ao mesmo tempo que o seu fantasma de sempre - Kyle Craig - volta para o assombrar mais uma vez. Com tanto que resolver e a ameaça de Kyle mais próxima do que alguma vez imaginou, Alex tem muito para enfrentar. E falhar não é uma opção.
Há nas várias séries deste autor um conjunto de pontos em comum que são garantia quase certa de uma leitura intensa e viciante. Os capítulos curtos e a escrita directa, enfatizando a intensidade de cada momento, juntam-se a um enredo em que há sempre algo de novo a acontecer, uma revelação pronta a surgir ou uma intriga a desvendar para proporcionar uma leitura que cativa desde muito cedo e prende até ao fim. Sempre com uma ou várias personagens fortes no cerne dos acontecimentos.
Esta série não é excepção e a verdade é que, de muitas personagens interessantes construídas por este autor, Alex Cross é, provavelmente, a mais memorável. Porquê? Porque, ao longo dos vários livros, vai sendo desvendada uma história pessoal da qual emerge um carácter fascinante. Alex Cross não é propriamente um indivíduo ingénuo - nem poderia, tendo em conta a sua história - mas é, apesar de tudo, um homem com o coração - e os princípios - no sítio certo. É isso, aliás, que torna tão intensa a estranha relação que - ao longo de vários livros - o une ao seu inimigo, Kyle Craig, reforçando também o impacto dos momentos mais intensos.
E Craig está em destaque neste livro, o que faz com que seja particularmente interessante conhecer pelo menos alguma da história passada das personagens. Ainda assim, não é estritamente necessário ter lido todos ou alguns dos livros anteriores. A informação essencial é referida ao longo da narrativa. Além disso, se o caso Kyle Craig já vem de um passado distante, a linha essencial do enredo deste livro define-se como uma história completa, não ficando, por isso, demasiadas questões em aberto. Só as que fazem sentido.
No fim, todos os pontos convergem para um final intenso e que, ainda que não totalmente inesperado - afinal, o confronto entre inimigos era inevitável - , parece abrir caminho para uma nova fase na vida - e nos casos - do protagonista. E, assim, fica também a expectativa de novas e emocionantes aventuras nos livros que se seguirão. E a curiosidade em saber mais sobre o futuro desta personagem tão interessante.
Intenso e surpreendente, com acção e intriga em abundância e um toque certeiro de emoção, trata-se, pois, de mais uma leitura viciante e quase impossível de largar antes do fim. A ideia que fica é, por isso, a de mais uma aventura à altura do seu protagonista. E que se recomenda, naturalmente.

Título: Alex Cross - Fogo Cruzado
Autor: James Patterson
Origem: Aquisição pessoal

segunda-feira, 7 de março de 2016

Bonecas de Papel (Afrocat)

Livros de colorir para adultos: há-os para todos os gostos. Mas se há forma de voltar por alguns momentos às boas recordações de infância, é através deste Bonecas de Papel. Trata-se de um livro em que a grande maioria das ilustrações são - como o nome indica - bonecas. As bonecas da infância, que conhecemos em tempos, que abriam caminho a histórias e momentos construídos no pensamento. Lembram tempos mais inocentes. E isso basta para cativar. Mas vamos por partes.


Parte do que este livro tem de interessante é que, apesar de bastar olhar para a capa - e para algumas imagens coloridas no interior - para ficarmos com uma ideia muito clara do que eram estas bonecas, o facto de ser um livro de colorir permite uma certa medida de reconstrução. E basta mudar as cores para o resultado ser diferente. 

Além disso, e isto é particularmente importante se tivermos em conta a minha já muitas vezes referida falta de jeito para as artes visuais, há desenhos mais elaborados, e outros que são bastante simples, o que significa que tanto podemos escolher seguir para uma imagem mais desafiadora ou começar simplesmente a colorir um desenho simples - e deixar a mente vaguear.


E depois há, claro, o tal lado das memórias de infância, já que há muito neste desenho - desde as próprias bonecas, até à forma como algumas partes do livro são construídas - evocando acessórios e outros objectos de brincadeira - a fazer lembrar os tempos de criança. Tudo com desenhos bonitos e com a tal variedade entre o simples e o desafiador.


Trata-se, pois, de um livro que acrescenta ao muito agradável mundo das imagens para colorir o lado da nostalgia, das recordações de infância. É isso que o torna diferente . E é também isso que faz com que seja um livro especialmente interessante para quem gosta deste género de livros. Como é, cada vez mais, o meu caso.

Título: Bonecas de Papel
Autor: Afrocat
Origem: Recebido para crítica

domingo, 6 de março de 2016

Mais Um Dia (David Levithan)

Rhiannon namora com Justin há mais de um ano e habituou-se à ideia de que os seus dias se dividem entre os mais ou menos bons e os maus. Até que, um dia, tudo muda. Justin parece estranho - e não de uma maneira má. Por impulso, decidem os dois fugir da escola por um dia e ir até à praia, onde Rhiannon vive o momento romântico que, na verdade, nunca teve. Mas a mudança é momentânea. No dia seguinte, Justin parece ter voltado à triste normalidade. E, pior, não se lembra de quase nada do que aconteceu. Rhiannon começa a duvidar. E, sem saber o que se passa, dá por si ainda mais confusa quando um estranho lhe diz que o Justin que lhe deu aquele momento inesquecível não era Justin. Era ele - no corpo do seu namorado.
Contando essencialmente a mesma história de A Cada Dia, mas do ponto de vista de Rhiannon em vez do de A, este é um livro do qual se esperaria, à partida, alguma previsibilidade. Afinal, a linha geral da história é a mesma de A Cada Dia. Mas uma das coisas mais interessantes deste livro é precisamente o facto de, mesmo sabendo o que vai acontecer, haver uma perspectiva diferente para quase tudo, desde a forma como Rhiannon lida com a estranha situação de A às tribulações das suas amizades e da relação com Justin e até mesmo às inseguranças e sentimentos que guarda para si. Assim, a história não é tanto uma repetição como um complemento. E, ao conhecer os dois lados, as coisas tornam-se muito mais interessantes.
Também muito interessante é a forma como, mantendo as mesmas características essenciais de A Cada Dia - a aparente simplicidade, a escrita directa quanto baste e o foco na perspectiva pessoal - há pequenas diferenças de registo que mostram que a voz de Rhiannon é diferente da de A. A forma como se analisa a si mesma, os traços peculiares na sua maneira de organizar pensamentos e, claro, as diferenças da sua própria história pessoal, criam um muito agradável equilíbrio entre o que há de comum entre os dois livros e aquilo que os diferencia. Também isto torna a leitura mais cativante, pois permite ver as mesmas coisas por outros olhos, e também o contexto que o outro lado desconhece.
Ainda um outro ponto curioso é o papel de Justin em tudo isto, principalmente pela forma como o autor o caracteriza. Justin não é propriamente uma personagem simpática, tanto visto pelos olhos de A como pelos de Rhiannon. Mas há um óbvio cuidado em não o transformar num típico vilão, revelando todos os seus defeitos, claro, mas também as óbvias vulnerabilidades que o humanizam. Não é que isto redima a personagem - nem parece que seja esse o objectivo - mas torna-a certamente mais real.
E tudo se conclui da mesma forma que em A Cada Dia, deixando perguntas em aberto e, por isso, a ideia de que há mais história para contar, mas fechando a narrativa num momento que, tal como é, parece perfeitamente adequado às circunstâncias das personagens. Provavelmente continua, é verdade. Mas podia muito bem acabar assim.
Com uma história já conhecida, mas que se transforma em algo de novo, este é, pois, um livro que demonstra que há sempre muito mais numa história do que aquilo que julgamos saber. Cativante desde o início, emotivo em todos os momentos certos e surpreendente naquilo em que realmente precisa de ser, um complemento à altura das expectativas geradas por A Cada Dia. Muito bom.

Título: Mais Um Dia
Autor: David Levithan
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 4 de março de 2016

Fernando Pessoa - O Romance (Sónia Louro)

Há casos em que a loucura e o génio parecem estar intimamente relacionados. E um bom exemplo disso é o da figura de Fernando Pessoa - o poeta que foi muitos poetas, que tinha cinquenta coisas diferentes para saber e parecia nunca conseguir acabar nenhuma e que não queria a vida banal de todos os outros. Esta é a história da sua vida, dos primeiros anos até aos últimos momentos. E é também, acima de tudo, uma porta de entrada para os labirintos do que poderá ter sido a sua mente.
De tudo o que este livro tem de cativante, o primeiro aspecto a sobressair e aquele que, até às derradeiras linhas, não deixa de impressionar, é a forma como a autora constrói a narrativa, recorrendo à obra do seu protagonista - e, até certo ponto, daqueles que com ele conviveram - para traçar um retrato íntimo e elaborado de todas as suas complexidades. Há factos na base da história, mas há, acima de tudo, um estado mental. E é a capacidade de autora de nos transmitir a infinita estranheza da mente de Pessoa que realmente marca nesta leitura, pois é possível imaginá-lo, como que no próprio pensamento, a acontecer: conversas com heterónimos, medos, dúvidas, anseios e realidades. Tudo é estranho - e tudo é possível.
Claro que tudo isto, esta visão labiríntica da mente do protagonista, não pode proporcionar uma leitura fácil. Há muito para assimilar, principalmente quando os factos se misturam com as ideias e as múltiplas personalidades parecem ganhar vida própria. Mas é também isto que torna tudo tão interessante. O acto de percorrer o labirinto, como se estando também na mente do protagonista, torna tudo mais forte, mais vivo, mais intenso. E assim, também as emoções ganham outra força, num percurso tão peculiar quanto memorável.
E, se é verdade que a história vive tanto do pensamento do protagonista como dos factos da sua vida, não deixa, por isso, de haver todo um conjunto de episódios memoráveis no percurso que a autora lhe constrói. Dos mais bizarros episódios, como, por exemplo, os vividos na companhia de Aleister Crowley, à simples mas dura experiência de ver os amigos partir, há na forma como a autora constrói esta história uma fluidez que, à imagem da figura que lhe serve de base, tem também algo de muito fascinante.
Trata-se, pois, de um livro que exigirá tempo e concentração para assimilar todos os pequenos pormenores. Mas que, na sua estranha fusão entre interior e exterior, entre os labirintos da mente e a crueza dos factos, facilmente se torna memorável. Cativante, surpreendente e muitíssimo bem escrito, é, pois, um livro em tudo semelhante ao slogan que o próprio Pessoa escreveu: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Recomendo.

Autora: Sónia Louro
Origem: Recebido para crítica

quinta-feira, 3 de março de 2016

Divulgação: Novidade Presença

Sabaa Tahir
Título Original: An Ember in the Ashes
Tradução: Isabel Nunes
Páginas: 384
Colecção: Via Láctea Nº 132
PREÇO SEM IVA: 17,83€ / PREÇO COM IVA: 18,50€
ISBN: 978-972-23-5777-7

Elias pertence aos Ilustres, as famílias da elite do Império. Desde os seis anos que treina na Academia Militar de Blackcliff para se tornar um dos soldados mais implacáveis ao serviço dos Marciais. 
Laia pertence aos Eruditos, um povo oprimido pelo jugo firme dos Marciais. Quando o seu irmão é preso e acusado de traição, Laia procura a ajuda da Resistência. Em troca, tem de se infiltrar como escrava em Blackcliff.
Quando se conhecem, Elias e Laia percebem que as suas vidas estão interligadas — e que as escolhas de ambos podem mudar o destino do Império.

Sabaa Tahir cresceu no deserto de Mojave, na Califórnia. Devorava romances fantásticos, os livros de banda desenhada do irmão, e tocava guitarra. Começou a escrever Uma Chama entre as Cinzas enquanto trabalhava à noite na redacção de um jornal. Actualmente vive em São Francisco com a família. Uma Chama entre as Cinzas integrou as listas de bestsellers do New York Times e USA Today, encontra-se vendido para 30 países e os direitos cinematográficos foram adquiridos pela Paramount.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

Divulgação: Novidade Bertrand

Quando um lobo sabe que o seu tempo está a terminar e que já não é útil à alcateia, muitas vezes escolhe afastar-se. Morre assim isolado da sua família, do seu grupo, preservando até ao fim todo o orgulho que lhe é próprio e mantendo-se fiel à sua natureza.
Luke Warren passou a vida inteira a estudar lobos. Chegou inclusivamente a viver com lobos durante longos períodos. Em muitos sentidos, Luke compreende melhor as dinâmicas da alcateia do que da sua própria família. A mulher, Georgie, desistiu finalmente da solidão em que vivia e deixou-o. O filho, Edward, de vinte e quatro anos, fugiu há seis, deixando para trás uma relação destruída com o pai. Recebe então um telefonema alarmante: Luke ficou gravemente ferido num acidente de automóvel com Cara, a sua irmã mais nova. 
De repente, tudo muda: Edward tem de regressar a casa e enfrentar o pai que deixou aos dezoito anos. Ele e Cara têm de decidir juntos o destino deste. Não há respostas fáceis, e as perguntas são muitas: que segredos esconderam Edward e Cara um do outro? Haverá razões ocultas para deixarem o pai morrer... ou viver? Qual seria a vontade de Luke? Como podem os filhos tomar uma decisão destas num contexto de culpa e sofrimento? E, sobretudo, terão esquecido aquilo que todo e qualquer lobo sabe e nunca esquece: cada membro da alcateia precisa dos outros e, às vezes, a sobrevivência implica sacrifício.
Lobo Solitário descreve de forma brilhante a dinâmica familiar: o amor, a protecção, a força que podem dar, mas também o preço a pagar por eles.

Jodi Picoult nasceu e cresceu em Long Island. Estudou Inglês e Escrita Criativa na Universidade de Princeton e publicou dois contos na revista Seventeen enquanto ainda era estudante. 
O seu espírito realista e a necessidade de pagar a renda levaram a autora a ter uma série de empregos diferentes depois de se formar: trabalhou numa corretora e numa editora, foi copywriter numa agência de publicidade e professora de inglês. 
É uma das autoras mais populares da actualidade. Em 2003, foi galardoada com o New England Bookseller Award for Fiction.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Divulgação: Novidade Alfaguara

- Quantas delas te responderam?
- Dezoito.
- E agora vais começar a corresponder-te com dezoito mulheres?
O Pai apontou para o bolso, onde tinha escondido a carta.
- Ela é a verdadeira.
- Como sabes?
- Simplesmente sei.

Em Julho de 1945, depois de sobreviver ao campo de concentração de Bergen-Belsen, Miklós, um jovem húngaro de vinte e cinco anos, é enviado para um campo de refugiados na Suécia. Pele e osso, desdentado, doente, o médico dá-lhe poucos meses de vida. Mas morrer depois de sobreviver a uma guerra não está nos planos de Miklós. Ele não se sente sozinho. Sabe que que há 117 mulheres da sua terra a viver em campos de refugiados na Suécia. Ignorando a sentença de morte da febre que o atormenta todas as manhãs, envia uma carta a cada uma delas. Alguma haverá de sucumbir à sua veia poética e sedutora caligrafia.
A centenas de quilómetros, Lili responde. Assim começa uma história de amor redentora e inesquecível entre dois sobreviventes que eram também sonhadores. Baseada na história real dos pais do autor e narrada a partir das cartas trocadas entre os dois, o romance de Péter Gárdos relembra-nos que o amor é uma força de vida, capaz de vencer a própria morte.

Nascido em Budapeste em 1948, Péter Gárdos é realizador de cinema e encenador. As suas produções foram distinguidas com mais de vinte prémios internacionais em diversos festivais de cinemas, nomeadamente com o Prémio Especial do Júri no Festival de Cinema de Montreal e o Golden Hugo no Festival de Cinema de Chicago. Baseado na história verídica dos seus pais, sobreviventes dos campos de concentração nazis, Carta à mulher do meu futuro é o seu primeiro romance, que deu origem ao filme Fever at Dawn.

Corrupção (Flávio Capuleto)

O Douro Vinhateiro é uma região de grande beleza... mas também de enormes desigualdades. Bem o vê Imaculada, filha de pais de poucos recursos que, para lhe poderem pagar o curso superior, se decidem a ir pedir trabalho a Ana Francisca, a empresária mais rica da zona. Mas o trabalho demasiado exigente e as condições miseráveis têm o seu preço e, quando dá por si sozinha no mundo, Imaculada tem que pôr os estudos de parte e encontrar uma solução. Solução que quase lhe parece cair no colo por milagre, quando um outro empresário surge com uma proposta de casamento. Mas, sem sentimento e motivada apenas por interesse e desespero, essa união nada tem que possa resultar. E o que parecia ser o fim de todos os problemas pode ser antes o ponto de partida para novas tribulações.
Narrado, em grande parte, do ponto de vista da protagonista, mas entrando, apesar disso, nos pensamentos e emoções de outras personagens, este é um livro em que a vontade de contar uma história se conjuga com uma mensagem que se pretende passar. A existência da desigualdade e a necessidade de a combater são assuntos bem presentes neste livro e as diferenças de posição entre as várias personagens reflectem-nas muito bem. E é daqui que surge o ponto forte de uma história que, apesar de algumas fragilidades, acaba por conseguir cativar.
E cativa essencialmente por dois aspectos. Primeiro, pelos momentos mais emocionais, que, além da intensidade do próprio momento, acabam por revelar também os momentos mais fluídos nas peculiaridades da escrita do autor. E, além disso, por, apesar de umas quantas perguntas deixadas sem resposta, haver um maior equilíbrio no enredo, desenvolvendo um pouco mais as personagens, o que contribui para tornar as suas acções um pouco mais naturais.
Quando às fragilidades, são também essencialmente duas: o facto de haver pouco desenvolvimento relativamente a alguns aspectos, o que, além de deixar várias perguntas sem resposta, faz com que algumas personagens pareçam ser caracterizadas de forma um pouco exagerada, e os diálogos que, talvez também devido à relativa brevidade, parecem surgir ainda como um pouco forçados.
Felizmente, o impacto dos bons momentos - e há alguns verdadeiramente memoráveis - compensa os menos bons. E, por isso, apesar de algumas convicções mais vincadas - que, em caso de discordância, criam uma maior sensação de distância para com as personagens - o enredo acaba por nunca perder o interesse, pois, mesmo quando é fácil adivinhar o que se segue, há pequenas coisas a aparecer para dar mais vida às coisas.
A soma de tudo isto acaba por ser um livro que, mesmo não sendo perfeito, consegue, ainda assim, cativar pelos seus vários momentos fortes, pelas ideias que tem na base e pelo impacto emocional que, nas situações realmente importantes, consegue atenuar a distância que fica de outros momentos. Um livro interessante, portanto. Gostei.

Título: Corrupção
Autor: Flávio Capuleto
Origem: Recebido para crítica