terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Irmã (Rosamund Lupton)

Assim que a mãe lhe telefona para a informar do desaparecimento da irmã, Beatrice Hemming viaja para Londres. O seu objectivo é encontrar respostas, tanto para a localização da irmã como para o que lhe terá acontecido. Mas, à medida que a investigação prossegue, as respostas revelam-se como bem diferentes das que Beatrice teria esperado, levando-a a supor que talvez não fosse tão próxima da irmã como julgara. E, quando todos parecem dar como perdido o caso de Tess, Beatrice permanece, ainda assim, decidida a encontrar uma resposta para o desaparecimento da irmã, acabando por se ver envolvida numa situação bastante mais complexa do que julgara.
O primeiro aspecto a destacar desta leitura, e um dos que fazem com que esta se torne viciante desde as primeiras páginas, é a forma que a autora escolheu para contar a sua história. Toda a narrativa é construída como uma muito longa carta de Beatrice para a sua irmã desaparecida. Isto cria, desde logo, um registo pessoal. É fácil criar empatia para com a mulher que conta uma história difícil e que, ao reviver cada momento, recorre também as memórias partilhadas para reflectir a verdadeira proximidade com a irmã de quem e para quem escreve. Além disso, dentro da carta a Tess, constrói-se ainda uma outra narrativa, a de Beatrice a prestar depoimento sobre as descobertas que terá conseguido alcançar. A conjugação destas duas formas define uma narrativa pessoal, com tanto de introspecção sobre as ligações afectivas como de mistério e de crime. É, aliás, esta peculiar forma de narrar as coisas que permite o desenvolvimento de um crescendo de intensidade que culminará num final intenso e surpreendente.
Junta-se a uma escrita expressiva e de uma beleza marcante a força do enredo e das figuras que o protagonizam. A história apresentada neste livro não é apenas a do desaparecimento de Tess, mas sim a de como essas circunstâncias alteram a vida dos que lhe eram próximos. A evolução na personalidade de Beatrice é particularmente marcante, realçando as diferentes entre as duas irmãs ao mesmo tempo que se abre um caminho de luta para uma mulher habituada a procurar, acima de tudo, segurança. No seu percurso de descoberta e no quase desespero com que procura respostas, Beatrice proporciona momentos de grande dramatismo, aprende mais sobre temas tão controversos como o melhoramento genético ao investigar os últimos passos da irmã e, no culminar de um caminho difícil, descobre, para si própria, uma grande lição sobre medo, solidão e memória.
É, talvez, por isso mesmo, que o final funciona tão bem como conclusão da forma invulgar como a narrativa foi construída. Fica no ar uma certa ambiguidade sobre quanto de verdade há na vida das personagens, e quando de uma desesperada ilusão para atenuar o medo. Mas, mais que a perda e a solidão, mais que o crime cuidadosamente ignorado para afastar a dor, é, acima de tudo, de afectos que vive este livro. Do amor fraternal entre Beatrice e Tess, da aprendizagem de uma vida acima dos preconceitos sociais, da capacidade de compreender as razões dos outros mesmo nas acções menos correctas e do impulso para viver a vida verdadeiramente desejada - antes que seja tarde demais.
De leitura compulsiva, com bastante de mistério, mas feito tanto de emoções pessoais como dos enigmas a esclarecer, este livro é tanto a história de Beatrice e das suas relações como a do desaparecimento de Tess. Fascinante, bem escrito e com grandes momentos de emoção, este é um livro que fica na memória.

Novidade Porto Editora

Cidades perdidas, bairros de lata, favelas: é tudo a mesma coisa. Ou vives aí, ou és um dos responsáveis pela sua existência. Conscientes disso estão Adão Gorozpe − homem ambicioso que passou de estudante de Direito pobretão a figura de destaque  na sociedade mexicana − e Adão Góngora − ministro da Administração Interna, corrupto e violento, que, enquanto finge combater o narcotráfico, não faz mais do que promover uma política que pune inocentes e beneficia criminosos. 
Quando Góngora propõe a Gorozpe uma aliança para que este ocupe a Presidência da República e seja seu testa de ferro, a rivalidade entre os dois transforma-se numa batalha cega pelo poder. Como agir contra Adão Góngora, um adversário tão perigoso? Como deter o remoinho que arrasta o México para o esgoto? Num país em que o Estado, as instituições e a polícia não funcionam,  há somente duas forças que se impõem de maneira implacável: a violência e a fraude. Adão no Éden combina drama e comédia, ficção e crónica jornalística, terror e humor para traçar o mapa detalhado do poder, do narcotráfico e da violência na América Latina do século XXI.

Carlos Fuentes nasceu no México em 1928. Intelectual consagrado e um dos principais expoentes da narrativa latino-americana, é autor de uma vasta obra que inclui romances, contos, teatro e ensaio. Ao longo da sua carreira recebeu numerosos prémios, entre eles o Prémio Cervantes (em 1987) e o Prémio Príncipe das Astúrias (em 1994). Em 2003 foi condecorado com a Legião de Honra pelo governo francês e em 2008 recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica. 
A Porto Editora publicará os seus volumes de contos Cuentos Naturales e Cuentos Sobrenaturales.

Novidade Quinta Essência

Separados por uma guerra e um oceano… conseguirão voltar a juntar-se?

Allie nunca foi suficientemente bonita para agradar à sua deslumbrante mãe, por isso fará qualquer coisa para ter a sua aprovação: até casar com um homem que não ama. Enquanto Allie quase se resigna ao seu destino, o tenente Walter Novak – destemido na cabina de pilotagem, mas sem jeito para as mulheres – vai a casa na sua última licença antes de ser enviado para a Europa, combater pela Royal Air Force durante a Segunda Guerra Mundial.
Walt e Allie conhecem-se e o seu amor pela música junta-os, fazendo-os começar uma correspondência que mudará as suas vidas. Enquanto as cartas vão e vêm entre a base de bombardeiros de Walt, em Inglaterra, e a mansão de Allie, a amizade que cresce entre os dois une-os. Mas serão eles capazes de resolver os segredos, compromissos e expectativas que os separaram?

Sarah Sundin é farmacêutica hospitalar e vive no norte da Califórnia com o marido e três filhos. O seu tio-avô voou com a Oitava Força Aérea dos EUA em Inglaterra. Sarah tem um bacharel em Química pela UCLA e um doutoramento em Farmácia pela Universidade de São Francisco. Este é o seu primeiro romance. 

Novidades Bertrand

Alguém no Paquistão anda a matar os membros de uma unidade de inteligência da CIA que tenta comprar a paz aos inimigos da América. Cabe a Sophie Marx, uma jovem agente, descobrir os culpados e as suas razões. O seu ponto de partida é Londres, mas a investigação não tarda a alargar-se a vários outros pontos do globo.
Sophie parece ter um forte apoio de várias frentes, mas, à medida que se aproxima do cerne da questão, começa a perceber que nesta galeria de espelhos nada é aquilo que parece ser. Encontra-se perante um teatro de violência e vingança, do qual não poderia sequer ter imaginado o último ato.
Um romance inquietante e envolvente em que o preço das políticas adoptadas é pago com sangue e a paz só é possível através da traição.

A vida de Francisco, um jovem emigrante português desesperado por dinheiro, é violentamente abalada quando este se envolve num casamento por conveniência, no submundo da imigração ilegal em Amesterdão.
Mariam, uma egípcia pouco convencional que abandona o mundo islâmico em nome do sonho europeu, desaparece misteriosamente, deixando o caos instalado com a sua partida. É então que Francisco e a namorada, Eva, se lançam numa procura frenética entre Amesterdão e Cairo, em busca da única pessoa que lhes poderá devolver a vida que tinham.
Esta é a história de três personagens que vagueiam entre a demanda espiritual e a necessidade material, a busca de identidade cultural e a perda das origens, numa existência sem fronteiras em que tudo vale para atingir os próprios objectivos.

«Deambulando pelo Cairo, é fácil perdermo-nos pelas ruelas empoeiradas, ao mesmo tempo que esquecemos quem somos. Penetra-se num turbilhão de informação, de coordenadas e regras aleatórias, que regem uma sociedade mergulhada no caos. Pó, essa camada cinzenta e castanha vinda de nenhures, cobria os carros, as ruas, os passeios e espalhava-se magicamente no ar como se fizesse parte dele mesmo.»

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil (Leandro Narloch)

Diz-se que, na maioria das vezes, a História é contada pelos vencedores. Mas talvez isto não se aplique apenas aos grandes conflitos, mas a toda uma série de elementos históricos que, por uma ou outra razão, foram sendo transmitidos de uma forma que, por vezes, não é assim tão verdadeira. É desses episódios que, aparentemente definem a História do Brasil, mas que foram sendo perpetuados da forma mais conveniente que o autor constrói este livro, tentando, ao mesmo tempo que constrói uma leitura envolvente e esclarecedora, desmentir alguns desses "factos". 
Um dos primeiros aspectos a destacar-se neste livro é a organização. O autor escolhe uns quantos temas potencialmente controversos e, sobre estes, apresenta as teorias tidas como verdadeiras, para logo apresentar pesquisas que apontam num sentido bem diferente. Não há um desenvolvimento muito aprofundado relativamente aos temas, mas o essencial está lá, permitindo uma visão bastante clara das diferenças entre a história aceite e a verdade histórica.
Surpreende também o tom com que o livro foi escrito. Revelador em muitos aspectos (alguns deles bastante negros), surpreendem a leveza com que as situações são expostas e os momentos de humor que fazem com que, apesar dos temas mais pesados, a leitura nunca deixe de ser envolvente. 
Há, é claro, temas mais interessantes que outros, sendo, naturalmente, mais familiares aqueles que, de alguma forma, envolvam a História de Portugal. Ainda assim, há pontos de interesse em todos os capítulos, sendo de destacar, em particular, o dedicado aos escritores e às suas situações... infelizes.
De leitura agradável, com várias revelações interessantes, este não é um livro que se dedique à divulgação da História em profundidade. Trata-se, ainda assim, de uma interessante visão das divergências na forma como esta pode ser contada. Gostei de ler.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Cura (Robin Cook)

Depois de uma muito longa licença de maternidade, Laurie Montgomery regressa ao seu trabalho no Instituto de Medicina Legal. Com algumas dúvidas sobre o seu desempenho depois da longa paragem, Laurie espera que o seu primeiro caso seja fácil de resolver. Mas não é isso que acontece e o homem asiático de identidade desconhecida não é, afinal, um caso de morte natural, mas uma vítima numa situação complexa que envolve o crime organizado. Laurie é persistente e não desistirá até encontrar as respostas. Mas há quem não queira que ela descubra a verdade e os que lhe são mais próximos poderão estar ameaçados...
Uma importante descoberta médica que resulta num esquema complexo relativo à sua patente, a interacção entre diferentes máfias e a forma como a tecnologia forense serve de base para resolver casos aparentemente inexplicáveis servem como uma base cheia de potencial para esta história. E, de facto, é nestes três elementos que está o mais interessante da narrativa. A forma como os interesses passam para segundo plano ante o aspecto financeiro, mesmo quando a descoberta poderia representar muitas vidas salvas, cria uma interessante visão da prioridade do interesse sobre os princípios. Já o longo desenvolvimento da interacção entre os membros das diferentes máfias (ainda que, neste aspecto, algumas das personagens pareçam estranhamente incapazes de desempenhar o seu papel) mostra uma outra perspectiva dos interesses em jogo: a dos que estão dispostos a fazer tudo para fazer o que querem. E, nestas circunstâncias propícias a uma situação complexa, é a determinação de Laurie em descobrir a verdade (tanto por razões pessoais como pela própria busca da verdade) cria uma situação de inevitável tensão.
Há, é certo, algum desequilíbrio nalguns elementos. O que começa com um grande desenvolvimento a nível do crime organizado, apresentando as perspectivas dos vários envolvidos, acaba por desenvolver, numa fase mais avançada, um rumo em que é a história de Laurie e da ameaça que pende sob o seu filho (ameaça causada pela sua investigação, mas que, ainda assim, deixa os restantes temas algo esquecidos), sendo o restante da situação resolvida de forma algo secundária. Além disso, a introdução de um novo elemento que surge quase sem explicações, mas que vem a ter um papel determinante na conclusão do enredo, deixa a sensação de que haveria um pouco mais a dizer sobre o assunto.
A impressão final que fica desta leitura é, portanto, a de uma história onde alguns elementos poderiam ter sido mais desenvolvidos (tendo ficado para trás no momento em que a história se tornou mais pessoal para Laurie), sendo, apesar disso, uma leitura cativante, com vários momentos muito bem conseguidos e com uma história agradável e envolvente. Gostei.

sábado, 28 de janeiro de 2012

A Viagem do Caminheiro da Alvorada (C.S. Lewis)

Para Edmund e Lucy, as férias em casa do insuportável primo Eustace afiguram-se insuportáveis. Mas, ao iniciar uma discussão diante do quadro de um navio, algo de estranho acontece e, mais uma vez, Lucy e Edmund vêem-se transportados de volta a Narnia, na companhia do seu desagradável primo. Desta vez, a aventura é a bordo de um navio, já que Caspian prometeu descobrir o que existe para lá do território conhecido e saber o que aconteceu aos lordes que eram fiéis ao seu pai. E, assim, Lucy e Edmund vêem-se no centro de novas descobertas...
A principal diferença entre este livro e os anteriores está no facto de haver várias aventuras, mais curtas e mais pequenas, mas com uma evidente ligação, em vez de uma situação principal para resolver. Cada nova paragem no percurso do Caminheiro da Alvorada é o centro de uma nova aventura e as diferentes (e mais ou menos delicadas) situações permitem pôr em evidência diferentes personagens, com as suas forças, mas também com as suas vulnerabilidades.
Encontra-se também, neste livro, um paralelismo interessante com as histórias anteriores. Eustace, que surge desde o início como uma figura intratável, acaba por ser quem mais cresce ao longo da narrativa e parte das suas circunstâncias evocam a situação de Edmund em O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa. Insinua-se, pois, nestas semelhanças a mesma mensagem de redenção possível que já surgira na história de Edmund e que ganha força com as mudanças operadas sobre a personalidade de Eustace.
Apesar da evidente diferença a nível de enredo, nada se perde no que toca à envolvência da história. Na verdade, a sucessão de diferentes aventuras surge como um toque de mudança relativamente ao rumo dos livros anteriores, surpreendendo ao mesmo tempo que cativa com as suas personagens bem definidas e as interessantes situações em que estas acabam por se encontrar. Além disso, com a descoberta das diferentes ilhas surge também a descoberta de diferentes aspectos na natureza das personagens, criando um muito interessante percurso de crescimento para os principais envolvidos.
Cativante e com muito de bom para descobrir, esta é, em suma, uma grande história feita de múltiplas aventuras, onde cada personagem desempenha um importante papel no desenvolvimento de valores como a coragem, a amizade e o altruísmo (porque é, afinal, desse crescimento interior, que vive o melhor da história). Mais um regresso marcante a um mundo cheio de coisas boas.

A Oriente do Silêncio (Rui Rocha)

Evocando, tanto em forma como a nível de temáticas, a poesia oriental, este pequeno livro apresenta, num tom de tranquilidade e de alguma nostalgia, um conjunto de poemas curtos, mas equilibrados, com momentos aparentemente mais descritivos, mas, ainda assim, com uma profundidade de sentimentos bastante pessoal. A evocação de cenários, tal como são captados através dos sentidos, complementa a expressão dos estados de espírito do sujeito poético e o resultado é uma poesia que, independentemente da sua brevidade, facilmente cativa e fica na memória.
Há algo de mistério a surgir na brevidade das composições, como se estas reflectissem um breve momento, um instantâneo para uma vida mais longa e mais complexa. Ainda assim, desta percepção do momento presente resulta uma expressão de serenidade. O sentimento é forte na expressão da vida como uma sucessão de momentos e, entre a beleza das palavras e dos cenários brevemente apresentados, há um toque de proximidade a insinuar-se entre o leitor e o sujeito poético.
Nada se perde, portanto, na brevidade da poesia deste autor. Todo o sentimento está lá e a expressão deste sentimento é belíssima no que reflecte, tanto a nível do que os sentidos captam como no que o coração sente. Fascinante, em suma.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Exílio (R.A. Salvatore)


Dez anos sozinho no Subescuro tiveram consequências para o equilíbrio mental de Drizzt Do'Urden. Dividido entre os princípios que o levaram a deixar Menzoberranzan, o interminável silêncio da quase absoluta solidão e a necessidade de lutar pela sobrevivência contra as criaturas que percorrem os túneis fizeram da consciência de Drizzt um lugar ambíguo: por um lado, o temível caçador que age guiado pelo instinto, por outro o elfo negro que, tão diferente dos outros da sua espécie, se viu forçado a deixar para trás tudo o que conhecia. Mas Menzoberranzan não esquece e, enquanto Drizzt luta com os seus próprios dilemas, também a sua própria família se prepara para o perseguir. É que as suas acções levaram a que os Do'Urden caíssem em desgraça aos olhos da deusa... e só a morte pode reparar esse dano.
Longe, em grande parte, do cenário apresentado no primeiro volume desta trilogia, há, ao longo da narrativa, bastante de novo para descobrir. Menzoberranzan e, particularmente, Malice Do'Urden continuam a ter um papel determinante no rumo de toda a história, mas, mais que a perseguição e a Drizzt e as consequências de um possível fracasso, é o percurso do próprio Drizzt o que mais marca neste livro. De uma solidão cada vez mais insuportável cria-se, à partida, empatia para com o protagonista. E, das suas escolhas e descobertas, com todo o consequente impacto no rumo da sua vida, surgem momentos intensos e de grande força emotiva, potenciando a empatia já existente para com o elfo renegado.
Tal como no primeiro livro, os momentos de acção e a considerável caracterização dos lugares onde esta decorre conjugam-se num bom equilíbrio, o que, associado aos momentos mais emotivos, faz com que a leitura se mantenha envolvente desde o início ao fim. É o protagonista a grande força desta história, mas há outros elementos interessantes a descobrir. Belwar, com as suas próprias sombras e o passado que o liga a Drizzt, e Clacker ,com a inevitável dualidade resultante da sua transformação, complementam bem a natureza do protagonista, dando outra perspectiva aos seus dilemas anteriores. Além disso, a situação em Menzoberranzan contribui para o que se insinua como uma impressão de continuidade: os problemas não acabaram com a partida de Drizzt e todas as escolhas têm as suas consequências.
Uma boa história, com personagens cativantes e um rumo de acontecimentos bastante diferente do de Pátria (ainda que os valores permaneçam iguais), Exílio continua, de forma interessante e com vários bons momentos, uma história que, não sendo um mundo completamente novo, marca, ainda assim, pelas figuras que o povoam.

Novidades Papiro

Jardins desertos

Estátuas geladas ao amanhecer
Elas esperam-te nos jardins desertos
Onde nenhuma flor se atreve

Cinzento é o dia e geométricos
Os caminhos inutilmente traçados
Jardins de portões escancarados
Loucura que os humanos temem

Vê a tua pátria – reconhece-la?

Hilda Martins nasceu há muitos anos. Precoce quando criança. Revoltadaquando adolescente. Desadaptada quando adulta. De tanto ter errado conseguiu, finalmente sossegar.


Este é o primeiro número da revista Investigação em Trabalho Social, uma série de publicações de divulgação de estudos no âmbito na investigação social. Exclusão social e políticas sociais contém quatro artigos de especialistas na área.

Vincent de Gaulejac: Sociólogo e professor de sociologia na Université de Paris VII;
Maria Cidália Queirós: Professora auxiliar do ISSSP. Doutorada em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Marielle Christine Gros: Professora auxiliar do ISSSP. Doutorada em Ciências Aplicadas ao Meio Ambiente pela Universidade de Aveiro
Stéphane Rullac: Educador especializado e doutor em Antropologia (EHESS de Paris);
Manuela Pires de Carvalho:Professora auxiliar do Instituto Superior de Serviço Social do Porto. Doutorada em Filosofia pela Universidade do
Porto.
Coord. Adriano Zilhão :Professor auxiliar do Instituto Superior de Serviço Social do Porto. Doutorado em Urbanismo pela Universidad de Valladolid

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Eterna Saudade (Lia Habel)

Em Nova Vitória, os consideráveis avanços tecnológicos conjugam-se com uma sociedade marcada pelas regras de moral e etiqueta da antiga época vitoriana. Mas, para Nora, ainda devastada pela perda do pai, no ano anterior, são mais interessantes as informações sobre a guerra que o comportamento adequado a uma jovem da alta sociedade. Dependente de uma tia que se dedicou a esbanjar a fortuna dos seus pais, Nora julga-se agora numa situação delicada, mas as circunstâncias são bem diferentes das que imagina e, ao ser abruptamente arrancada ao mundo que conhece, Nora irá descobrir o grande segredo da sua sociedade e uma guerra onde os mortos... não estão assim tão mortos.
Seria de esperar uma certa estranheza na leitura de uma obra que tem como premissa a história de amor entre uma humana e um zombie, mas o facto é que isso não acontece. Por várias razões, sendo a primeira e a mais evidente o facto de a referida história de amor estar longe de ser o ponto principal da narrativa. Mais que a história de Bram e Nora, esta é a história de duas potências em conflito, e também a história de uma doença que, mantida em segredo por demasiado tempo, acabou por resultar numa situação potencialmente apocalíptica. 
O sistema tem muitos pontos de interesse. Começando pelo sistema neovitoriano, com a peculiar conjugação de regras conservadoras e avanços tecnológicos, e prosseguindo pela interacção entre vivos e mortos, com todas as inevitáveis dificuldades de convivência (que reflectem, em certa medida, os preconceitos para com a diferença que, de uma ou outra forma, se evidenciam também no nosso mundo), e pela própria abordagem à doença e aos múltiplos, e mais ou menos globais, conflitos em curso (punks e neovitorianos, Cinzentos e Companhia Z, Dearly e Averne). Além disso, ao escrever na primeira pessoa, mas percorrendo os pontos de vista de diferentes personagens, a autora consegue mostrar, de forma mais próxima, as circunstâncias das diferentes personagens.
Mas há, ainda, a tal estranha história de amor e também aqui a autora conseguiu construir as coisas de forma bastante interessante. Ainda que haja uma relativa atracção entre os protagonistas, não se trata, de forma alguma, do romance quase instantâneo que muitas vezes surge neste tipo de história. A relação entre Bram e Nora cresce de forma gradual e fundamenta-se tanto da assimilação das inevitáveis diferenças como no crescimento emocional que decorre ao longo da narrativa. Há tanto de amizade como de amor e estes afectos desenvolvem-se aos poucos, numa história que é muito mais que o romance e onde as restantes relações são tão importantes como as do casal protagonista. Há, aliás, momentos particularmente tocantes na relação de Nora com o pai.
Com boas personagens, um sistema muito interessante e uma história que se estende muito para lá do romance, Eterna Saudade foi, em todos os aspectos, uma boa surpresa. Cativante, emotivo e muito bom.

Novidade Clube do Autor

Nicolas Creel é um homem com uma missão. A sua empresa de armamento enfrenta uma crise e ele arrisca tudo para assegurar o negócio por muitos e muitos anos. Creel põe em marcha um ambicioso jogo, criando e manipulando eventos e conflitos, contando com a ajuda do experiente Dick Pender, «gestor da percepção».
Os dois lançam na Internet o vídeo de um homem a ser torturado, que desencadeia uma série de eventos à escala internacional. De repente, não se fala de outra coisa e o mundo é confrontado com uma nova ameaça, relegando o terrorismo islâmico e outros conflitos para o esquecimento.
Alheio aos jogos que manipulam as principais nações, Shaw só tem um desejo: abandonar a agência secreta para a qual trabalha para se casar. De uma forma inesperada, a sua vida pessoal colide com os planos de Nicolas Creel. E enquanto as nações se aproximam cada vez mais de um conflito aberto, Shaw não descansará enquanto não descobrir toda a verdade, naquela que poderá ser a batalha mais perigosa de todas…

David Baldacci nasceu em 1960, na Virgínia, onde reside actualmente. Exerceu advocacia durante nove anos em Washington, dedicando-se depois à escrita. Do seu currículo faz parte um impressionante número de bestsellers, entrando frequentemente no primeiro lugar da lista dos mais vendidos do New York Times. As suas obras estão traduzidas em mais de 45 idiomas e presentes em cerca de 90 países, sendo Baldacci um dos mais populares escritores em todo o mundo.
Baldacci é também o cofundador, juntamente com a sua mulher, da Wish You Well Foundation, uma organização não lucrativa dedicada à promoção da literacia nos Estados Unidos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Aprendizes de Xamã (Géraldine Correia)

A busca por um equilíbrio pessoal, um longo percurso de aprendizagem e os fundamentos de uma espiritualidade completamente diferente dos rumos mais conhecidos são o que Géraldine Correia apresenta neste livro. Uma viagem ao mundo das plantas psicotrópicas e às diferentes possibilidades no mundo do xamanismo, contada de forma bastante pessoal, mas, ao mesmo tempo, explicando bases e conhecimentos adquiridos ao longo da aprendizagem. E o primeiro impacto é, inevitavelmente, de estranheza, já que aquilo que aqui é explicado é, em muitos aspectos, diferente e contrastante com muitas outras formas de espiritualidade. Para quem não tiver conhecimentos prévios do tema (como foi o meu caso), a impressão inicial deixada por este livro é a de muito para assimilar em muito pouco tempo, já que se trata de um livro relativamente curto, mas onde as muitas experiências vividas pela autora se cruzam no seu relato de aprendizagem.
Passada esta confusão inicial, a leitura torna-se muito interessante. Ainda que a sensação de entrar num mundo completamente desconhecido nunca se desvaneça, é fácil, depois de assimilado o estilo de escrita da autora, diferenciar os princípios que definem a experiência vivida dos relatos da experiência pessoal. E estes dois elementos constroem um equilíbrio interessante: ao acompanhar a história da autora, desperta-se curiosidade em saber mais da sua evolução e do que a terá despertado, enquanto que, ao ver as regras associadas aos retiros e às diferentes plantas, surge o interesse em saber de que forma os seus efeitos se manifestam em cada um. 
Resulta disto uma obra interessante, onde é, apesar de tudo, o registo pessoal o que mais cativa, dando a conhecer uma forma diferente e pouco conhecida de viver a espiritualidade. Para mim, era um mundo completamente novo. Ainda assim, gostei de ler.

Novidade Sextante

Nas vésperas da revolução de Abril, uma rapariga de família burguesa apaixona-se por um idealista radical, antigo amigo de infância, que transformará a sua percepção da vida social e política.  
Envolvem-se ambos na luta contra a ditadura e formam um comando terrorista que terá por missão sequestrar um agente da PIDE. Este caso, e um mistério familiar a ele ligado, vai mudar a vida pessoal de Sophia.  
Em Paris cruza-se com outro português, desertor e vivendo de esquemas, cuja amizade a acompanhará por toda a vida.  
Ambos atravessam os dias da revolução de Abril com  paixão, vivendo a ilusão desses tempos em que o «impossível foi possível». 

Escritor, tradutor e crítico literário, Manuel Moya nasceu em 1960 em Fuenteheridos (Huelva), onde reside. Como poeta tem uma obra já vasta, distinguida, entre outros, pelo Prémio Ciudad de Córdoba, o Prémio Ciudad de Las Palmas e o Prémio Fray Luis de León. É autor de livros de contos e de vários romances. Além do  Livro do desassossego, de Fernando Pessoa, traduziu autores como José Saramago, Miguel Torga, Lídia Jorge e Mia Couto. Cinzas de Abril, o seu mais recente romance, obteve em 2010 o Prémio Fernando Quiñones.

Novidades BIS

Quando o narrador – um escritor frustrado e hipocondríaco – se desloca a Budapeste para um encontro literário, está longe de imaginar até onde a literatura o pode levar. Planeando uma viagem rápida e sem contratempos, acaba por conhecer um escritor italiano mais jovem, mais enérgico e muito pouco sensato,
que o convence a ir com ele até Sabaudia, em Itália, onde o famoso produtor de cinema Don Metzger reúne um leque de convidados excêntricos numa casa escondida no meio de um bosque.
Neste romance absorvente e magnificamente narrado, com alguns dos melhores diálogos da literatura portuguesa, João Tordo coloca a sua arte ao serviço de uma história carregada de suspense, em que o amor e a literatura se misturam com sexo, crime e metafísica, agarrando o leitor da primeira à última página.

João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Formou-se em Filosofia e estudou jornalismo e Escrita Criativa em Londres e Nova Iorque. Em 2009 ganhou o Prémio Literário José Saramago com o romance As Três Vidas (2008) depois de, em 2001, ter vencido o Prémio Jovens Criadores na categoria de Literatura. O seu primeiro romance, O Livro dos Homens Sem Luz, já reeditado pela Dom Quixote, foi publicado em 2004 e o segundo, Hotel Memória, em 2007; todos os seus livros foram sucessos de crítica. Trabalha como guionista, tradutor, cronista e formador em workshops de ficção. Escreveu contos para diversas colectâneas, bem como séries de televisão e uma longa-metragem. Os seus textos apareceram em publicações como o Jornal de Letras, Elle, Egoísta, Semanário Económico, Diário de Notícias e O Independente. Anatomia dos Mártires, publicado em Novembro de 2011 pela Dom Quixote, é o seu mais recente romance.

O narrador, um jovem professor primário, está apaixonado por Sumire, uma rebelde que conheceu na Universidade. Um dia, num casamento, Sumire conhece Mil, uma mulher fascinante e misteriosa, de meia-idade, por quem se apaixona loucamente, acabando por se transformar na sua secretária. Partem para a Europa, numa busca que as empurra para uma estranha e mútua descoberta, e também para um desenlace assombrado.

Haruki Murakami nasceu em Quioto em 1949. Estudou teatro grego antes de gerir um bar de jazz, em Tóquio, entre 1974 e 1981. Referido, ainda e sempre, como forte candidato ao Prémio Nobel da Literatura, Murakami é, cada vez mais, um autor de culto, lido por todas as gerações e procurado com especial curiosidade pelos jovens leitores. É um dos escritores japoneses contemporâneos mais divulgados em todo o mundo sendo, simultaneamente, aplaudido pela crítica, que o considera um dos «grandes romancistas vivos» (The Guardian) e a «mais peculiar e sedutora voz da moderna ficção» (Los Angeles Times).

Neste terceiro volume da trilogia Millennium, Lisbeth Salander sobreviveu aos ferimentos de que foi vítima, mas não tem razões para sorrir: o seu estado de saúde inspira cuidados e terá de permanecer várias semanas no hospital, impossibilitada de se movimentar e agir. As acusações que recaem sobre ela levaram a polícia a mantê-la incontactável. Lisbeth sente-se sitiada e, como se isso não bastasse, vê-se ainda confrontada com outro problema: o pai, que a odeia e que ela feriu à machadada, encontra-se no mesmo hospital com ferimentos menos graves e intenções mais maquiavélicas… Os elementos da SAPO continuam as suas movimentações; Mikael Blomkvist tenta de todas as maneiras ilibar Salander; Dragan Armanskij, o inspector Bublanski e Anita Giannini unem esforços para que se faça justiça; Erika Berger sente-se também ameaçada; e quem é Rosa Figuerola, a bela mulher que seduz Mikael Blomkvist?

Stieg Larsson (1954-2004) foi jornalista e editor da revista Expo. Foi um dos maiores peritos mundiais no estudo de movimentos antidemocráticos, de extrema-direita e nazis. Morreu subitamente pouco tempo depois de entregar à editora sueca os três volumes da trilogia Millennium.
Tragicamente, não viveu para assistir ao fenómeno mundial em que a sua obra se tornou.

Numa época em que vivemos obcecados com o físico, a verdade é que pouco sabemos sobre o fascinante funcionamento do nosso corpo. Conscientes disso, os médicos Michael F. Roizen e Mehmet C. Oz juntaram-se para escrever um dos mais populares guias de saúde de que há memória. Ambos partiram do princípio de que mais vale prevenir do que remediar. E chegaram à conclusão de que o primeiro passo nesse sentido é o autoconhecimento – quanto mais soubermos sobre os nossos órgãos e a química que nos move, mais poder teremos para desenvolver um modo de vida saudável.
O que sabemos, realmente, sobre o nosso corpo? Que mitos devem ser quebrados? Quais os segredos do nosso coração, cérebro, sistema digestivo e reprodutor? Como cuidar de cada um deles?

Dr. Michael F. Roizen – há 12 anos que faz parte da lista dos melhores médicos dos EUA. Especialista em Medicina Interna, preside ao Departamento de Anestesia da Universidade de Chicago. É o criador de um conceito inovador chamado RealAge, através do consegue determinar a idade real (ou seja, biológica) dos seres humanos.
Dr. Mehmet C. Oz é considerado um dos mais cotados cirurgiões cardiovasculares, mas prefere prevenir as doenças cardíacas a ter de operar. Desde 2009 que tem o seu próprio programa de televisão, The Dr. Oz Show, com enorme sucesso.

Novidade Clube do Autor

A Matemática está em todo o lado. Às vezes completamente às claras, outras vezes bem escondida, disfarçada e oculta, mas, se soubermos olhar, lá a encontraremos.
Na primeira parte deste livro, tentaremos mostrar como a Matemática influencia a nossa forma de estar no mundo. Trazendo-a ao de cima em várias situações, permite-nos ficar com uma visão mais rica da realidade. Certos capítulos correspondem a artigos publicados na revista Educação e Matemática, da Associação de Professores de Matemática. Outros capítulos abordam questões que foram apresentadas em conferências de divulgação científicas.
Iremos percorrer e analisar diversas questões e situações. Como ganhar à roleta? Como podem as casas de apostas garantir que têm lucro? Que problemas sociais se escondem na distribuição de idades da população portuguesa? Como se distribuem as classificações dos exames nacionais de 12º ano e porquê? Por que não há prémio Nobel da Matemática? E prémio IgNobel, haverá? Por que vale a pena pôr os alunos (e toda a gente) a resolver problemas?
A segunda parte do livro é constituída por 50 Desafios propostos no jornal Público, com as respetivas resoluções. O critério seguido foi ordená-los dos mais fáceis para os mais difíceis. A Matemática necessária para os resolver é a elementar, embora os raciocínios e os métodos possam ser, em certos casos, bastante elaborados.
Conseguir descobrir a Matemática escondida em muitos fenómenos naturais ou sociais permite entendê-los, interpretá-los, prevê-los e controlá-los. Para uma vida sem problemas.

José Paulo Viana nasceu em Angola e vive em Lisboa, onde é professor de Matemática na Escola Secundária Vergílio Ferreira. Foi desde sempre um entusiasta das probabilidades, das matemáticas recreativas, dos problemas e da magia matemática. Faz sessões e conferências de divulgação por este país fora, tentando mostrar os aspetos lúdicos, divertidos ou insólitos duma ciência que tão mal-amada é por uma parte significativa dos portugueses. Mantém há mais de vinte anos a secção semanal de Desafios no jornal Público.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Lado Negro da Lua (Sherrilyn Kenyon)

Em tempos uma das melhores jornalistas de investigação, Susan acabou, devido a um escândalo que lhe arruinou a carreira, a trabalhar num jornal de reputação duvidosa. Mas nem tudo é falso nas estranhezas do seu emprego e uma pista aparentemente surreal sobre um homem que se transforma em felino e anda pela noite a caçar vampiros acaba por a colocar num caminho que mudará para sempre a sua vida. É que, quando a sua amiga a convence a adoptar um gato, Susan está longe de imaginar que este se pode transformar num caçador de vampiros numa situação delicada. Em Ravyn, cujo passado tenebroso fez com que se transformasse num Predador da Noite, e cujas actuais circunstâncias arrastarão Susan para um mundo completamente diferente.
Um dos aspectos mais cativantes deste livro é, tal como nos volumes anteriores, o facto de haver bastante mais na história para lá do romance e da sensualidade. Aliás, este é um elemento que se desenvolve de forma mais secundária neste livro, havendo (comparativamente aos outros livros) um menor desenvolvimento de cenas sensuais (que estão presentes ainda assim), em grande parte devido à complicada situação que é, afinal, a base do enredo deste livro. Há atracção e romance, claro, mas surgem de uma forma mais gradual, entre a confusão de todo um mundo novo para assimilar (no caso de Susan) e a necessidade de resolver a difícil situação em que se encontram os Predadores da Noite (para Ravyn e companhia).
A história é bastante interessante, com alguns desenvolvimentos curiosos tanto do lado dos "vilões" (com o envolvimento de humanos a dar um toque de diferença ao enredo) como na relação entre os Predadores da Noite (e aqui destacam-se tanto a invulgar situação de Cael como os desenvolvimentos na história de Nick). Ainda assim, continuam a ser as personagens o maior dos pontos fortes. Susan, com o seu humor negro e personalidade sarcástica, mas com uma inerente necessidade de pertencer, contrasta, na sua situação complicada, com o passado tenebroso que definiu a personalidade sombria, mas lutadora de Ravyn. São, por isso, os pontos em comum que vão sendo revelados a definir os fundamentos da sua relação, mais que a atracção física que, de facto, existe. E isto faz com que essa relação se torne mais interessante, proporcionando momentos comoventes e também algumas situações divertidas.
Cativante, divertido e com bastante acção, este é um livro onde o romance é uma parte essencial, mas não a única, criando um agradável equilíbrio entre acção, sensualidade e emoção, numa história que apresenta novos pontos de interesse no mundo dos Predadores da Noite. Muito bom.

Novidade Guerra e Paz

«Soljas» é um relato chocante, baseado em factos reais, escrito por Graham Johnson, jornalista de investigação e editor do Sunday Mirror. Depois de três anos infiltrado no submundo dos ganges, Johnson escreve este livro, em que a ficção revela toda a verdade. 
Em «Soljas», as armas são tão comuns nas mãos dos adolescentes como os telemóveis. Do crescente crime organizado à distorcida cultura de celebridades, aqui está retratado um mundo em queda livre. Uma narrativa explosiva, com uma linguagem sem pudor. E se este retrato já estiver às portas das cidades portuguesas?

Graham Johnson nasceu a 4 de Maio de 1968, é jornalista de investigação e editor do Sunday Mirror desde 1999. Considerado repórter do ano por três vezes, Johnson foi descrito no parlamento como «um repórter de investigação supremo». Cobriu várias histórias reais: tráfico de droga na Grã-Bretanha, tráfico de pessoas na Europa, escravatura infantil na Índia e no Paquistão e ainda a Guerra nos Balcãs.

Novidade Sextante

"Em 2003, regressando do Afeganistão, tive de parar em Baku, no Azerbaijão. Fiquei num hotel chamado Apcheron, nome da península sobre a qual a cidade foi construída. Escrevia na Suite no Hotel Crystal, um livro composto por umas quarenta histórias passadas em quartos de hotel do mundo inteiro. O nome Apcheron, tão próximo do do rio dos mortos grego, sugeriu-me a ideia de aí encenar o meu próprio suicídio. A nota  biográfica na capa do livro viria a mencionar a minha data de nascimento e de morte: Boulogne-Billancourt, 1947 – Baku, 2009. A partir de 2004, eu tinha pois morrido em Baku em 2009, no quarto 1123 do Hotel Apcheron. 
À medida que esse fatídico ano de 2009 se ia aproximando, as recomendações dos amigos tornavam-se mais insistentes: se fores convidado para ir a Baku em 2009, não vás! Estes alertas fizeram naturalmente nascer em mim a ideia de que, pelo contrário, devia mesmo ir a Baku, para honrar uma espécie de promessa e aí permanecer o tempo suficiente para dar à ficção da minha morte à beira do Cáspio uma razoável hipótese de se concretizar. Este livro é, em certa medida, o diário da minha estada na cidade onde era suposto morrer. Retratos, coisas vistas, sonhos, leituras, notas de viagem, evocação de figuras do passado, etc. Claro que se tratava de um jogo, iniciado por um jogo de palavras, mas esse jogo dava um certo colorido aos meus pensamentos, orientava até certo ponto as minhas imaginações e mesmo os meus olhares. "
Olivier Rolin

Olivier Rolin nasceu em França, a 17 de maio de 1947, e passou parte da sua infância em África.  
Deu-se a conhecer com o romance  Phénomène futur  (1983), sendo hoje um dos nomes mais respeitados do panorama literário francês. Em Portugal estão traduzidos os  seus romances O bar da ressaca, A invenção do mundo, Porto-Sudão (Prémio Femina 1994),  O cerco de Cartum,  Tigre de papel (Prémio France Culture 2003 e finalista do Prémio Goncourt), Suite no Hotel Crystal, o relato de viagem  O meu chapéu cinzento  e o ensaio  Paisagens originais. Olivier Rolin escreve também reportagens para vários jornais e é actualmente editor. 
Um caçador de leões, publicado pela Sextante em 2009, foi finalista dos Prémios Goncourt e Renaudot no ano anterior. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Contos Memórias

Reflexões sobre a condição humana... É assim que são apresentados os três contos que fazem parte deste livro e, de facto, é da condição humana e das suas mudanças com o decorrer do tempo que trata cada uma das histórias. Os nomes dos autores são sobejamente conhecidos e são diferentes as abordagens ao tema. Ainda assim, todos os contos têm algo de bastante interessante.
O primeiro conto é também o melhor do livro. Putois, de Anatole France, trata de como a descrição de uma figura imaginária se torna num ritual familiar, bem como da transição dessa figura da ficção para a realidade. Intrigante, algo caricato, marca deste conto a reflexão filosófica sobre o ser real e o ser imaginário. Apresenta também uma boa visão de como pode ser ténua a linha que separa o real do fictício. Um conto pausado, mas muito interessante, que marca, principalmente, pela fascinante construção da personagem.
Segue-se Aquele Sol Poente, de William Faulkner. A história é, essencialmente, a de uma mulher com medo, mas, pausado e algo ambíguo, marca mais a caracterização do cenário (físico e de mentalidades) em que a história decorre que propriamente a estranha história de Nancy. Trata-se, apesar disso, de um conto envolvente e, na globalidade, interessante.
Por último, A Cigarra e a Formiga, de W. Somerset Maugham, trata de um homem de prioridades duvidosas e de como a moral da fábula que dá título ao conto pode ser questionada e mesmo subvertida. Breve, nas preciso na mensagem de que a vida não é justa, um conto muito bom.
A impressão final que fica destes contos é, em suma, a de textos em que, mais que a história, marca a visão da humanidade e da vida, com todas as suas dificuldades e injustiças. Interessante e de leitura agradável, um bom livro para reflectir.

Novidades Esfera dos Livros para Janeiro

Quando o médico português Rodrigo Lopes chega a Londres, logo após a ascensão ao trono da nova rainha de Inglaterra, estava longe de imaginar que o seu destino se cruzaria com o da poderosa Isabel I. Filha de Henrique VIII e da controversa Ana Bolena, a jovem princesa foi obrigada a percorrer um longo e árduo caminho até ao trono de Inglaterra.
Com a morte de D. Sebastião em Alcácer Quibir e o trono português a ser ocupado por Espanha, os olhos do mundo voltam-se para Portugal. E quem melhor do que Rodrigo Lopes para levar à rainha e aos seus conselheiros privados informações sobre o reino onde tudo se joga. Entre os dois nasce uma enorme cumplicidade, mas cedo o médico judeu se vê envolvido nas teias do poder, da traição e da ambição, e nem a rainha o conseguirá salvar de um destino trágico.
A jornalista Isabel Machado, no seu romance de estreia, leva-nos até à luxuosa corte de Isabel I. A rainha astuta que casou com o seu reino e que muitos garantem que morreu virgem. Sem marido, nem descendência, marcou para sempre a História de Inglaterra ao impor uma Igreja Anglicana moderada e ao conseguir um longo período de paz e prosperidade económica, abrindo o país às artes e ao mundo.
Isabel soltou o seu último suspiro aos 69 anos de idade. Melancólica e saudosa de todos os que partiram antes dela. No pensamento, Robert Dudley, o homem que amou durante toda a vida…

Isabel Machado é jornalista, nasceu em Lisboa, concluiu o 12º ano nos Estados Unidos e é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Nos anos 80 venceu o primeiro prémio nacional de um concurso europeu de dissertação, promovido pela Alliance Française de Paris e, em 2003, foi-lhe atribuído um prémio de jornalismo da fundação Roche e da Liga Portuguesa Contra o Cancro, por uma reportagem publicada na revista LuxWoman sobre cancro infantil. Durante 11 anos foi pivot e jornalista da Televisão de Macau, colaborando regularmente com publicações locais. Em Portugal, foi pivot do Canal Parlamento desde 2003 até Janeiro de 2011.

George Stilwell, veterinário e professor universitário, desvenda-nos o misterioso mundo da vida afectiva dos animais. Ficamos a saber que existe instinto maternal, amor e amizade no mundo animal, bem como sentimentos nobres de abnegação, companheirismo e sentido de comunidade.
Sabia que o louva-a-deus arrisca literalmente a sua própria cabeça quando se mete com a sua parceira, que recompensa o prazer da cópula comendo o parceiro durante ou logo após o serviço terminado?
Que os genitais dos zangões, depois de uma cópula disputada com a concorrência, explodem e se partem no interior da abelha-rainha, para assim entupir o caminho para novas cobrições e para a entrada de genes adicionais?
Que os pardais cantores têm um repertório entre 4 e 13 tipos de melodias e que as fêmeas solicitam mais cópulas aos machos com maiores repertórios?
Que também entre os animais como os elefantes e as orcas existe a figura das tias, que são figuras cruciais na educação dos novos rebentos do grupo?
Que a mãe foca, ao fartar-se de dar de mamar a um matulão que não faz mais nada do que se espraiar, o persegue quando este se aproxima para mais uma refeição de leite, na tentativa de convencer o anafado descendente a entrar no oceano e a mudar a dieta para peixe ou marisco?
Uma divertida viagem, recheada de humor, ao mundo das formigas, abelhas, pardais, macacos, minhocas e outros animais… Por falar em minhocas, sabia que os seus casamentos são capazes de ser bem mais estáveis do que os dos seres humanos?

George Stilwell nasceu em Lisboa em 1963. Licenciado em Medicina Veterinária em 1986, trabalhou como clínico de campo durante mais de 15 anos na zona de Penafiel e Montemor-o-Velho. No ano de 2001 ingressou novamente na universidade (Faculdade de Medicina Veterinária – Universidade Técnica de Lisboa) onde ensina Clínica de Espécies de Pecuária e ainda Bioética. Doutorou-se em Ciências Veterinárias com estudos sobre dor e bem-estar animal e é diplomado pelo European College on Bovine Health and Management.

Esta é uma história de ficção, em todos os pormenores semelhante à mais dura realidade portuguesa.
Esta é a história de Maria. Um relato na primeira pessoa de uma mulher que sonhou com um casamento perfeito e uma vida feliz ao lado de Rui e viveu um verdadeiro pesadelo, entre quatro paredes, durante décadas. Em silêncio, marcada no corpo e na alma pelas mãos, pontapés e palavras malditas do marido, assistindo à violência contra as suas filhas, incapaz de reagir, demasiado assustada, demasiado dependente... Até ao dia em que a coragem suplanta a dor e a vergonha, em que pega numa arma, que mais cedo ou mais tarde a iria matar, e assassina o marido, o pai das filhas, o homem que, no cimo de um altar, jurou respeitá-la e amá-la. 
Esta é a história da Maria, mas poderia ser da Ana, da Sofia, da Francisca, etc., etc., etc... De Janeiro a Novembro de 2011 morreram 23 mulheres vítimas de violência doméstica em Portugal, tendo-se verificado 39 tentativas de homicídio.                 
As jornalistas Ana Isabel Fonseca e Tânia Laranjo lidam diariamente com casos de violência doméstica que acontecem todos os dias no nosso país. Esta é uma viagem a um mundo de dor e sofrimento, de sentimentos e vergonha que não pode deixar ninguém indiferente.

Tânia Laranjo
Ana Isabel Fonseca, 24 anos, trabalha desde 2009 na redacção do Porto do Correio da Manhã, onde se dedica à área da justiça.

Para muitos de nós, o supermercado é um mundo misterioso onde nos sentimos perdidos. Queremos alimentar-nos de forma mais saudável, racional e económica, mas perante as prateleiras cheias de ofertas atractivas, e faltando-nos informação simples e apropriada, não sabemos qual é a escolha mais acertada.
A especialista em nutrição e dietista Patrícia Almeida Nunes traz-nos um guia de compras completo e prático para que descubra toda a verdade sobre aquilo que come. Pela sua mão, percorremos os diversos corredores do supermercado, dos legumes, à carne, passando pelo peixe, os iogurtes, refeições congeladas, as bebidas e os sumos, e ficamos a conhecer as características nutricionais de cada alimento, aprendemos a ler os rótulos das embalagens, a procurar as verdades escondidas e as regras que nos devem conduzir em cada compra.

Gosta de comprar cereais ricos em fibra, mas já reparou na quantidade de gordura e/ou açúcar que o rótulo da embalagem indica? 
Gosta de comprar iogurtes magros/light para manter a linha, mas já reparou na quantidade de açúcar que têm? Existem no mercado iogurtes magros que podem ter quatro pacotes de açúcar por embalagem. Escolha antes os que apresentam a designação «Magro com baixo teor de açúcar» ou «0% de açúcar adicionado». 
Compra tostas que na embalagem anunciam «sem colesterol». Na realidade as tostas não têm colesterol, logo não representam uma mais-valia… Compra leite rico em cálcio? Mas o leite por si já é rico em cálcio. Não se prenda a alegações. Ou acha que as bolachas digestivas facilitam a digestão. Já reparou no valor calórico e de gordura indicado no rótulo? Quatro bolachas Maria têm em média 110 calorias, já as digestivas podem fornecer 270.
Um guia indispensável para uma alimentação mais saudável e económica.

Patrícia Almeida Nunes é dietista, especialista em Dietética e Nutrição, desde 1993. Coordena o Serviço de Dietética e Nutrição do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Mestre em Gestão de Saúde. Pós-Graduação em Doenças Metabólicas e Comportamento Alimentar, pela Faculdade de Medicina de Lisboa. Ao nível do ensino, é responsável por vários estágios e leccionou disciplinas na área da alimentação, dietética e nutrição. É Membro da Associação Portuguesa de Dietistas e da Ordem dos Nutricionistas.

Nos momentos de grande mudança surge a incerteza, a insegurança, a angústia. A sombra do desemprego, a instabilidade financeira e social, as poucas perspectivas de futuro para os seus filhos, as notícias sempre negativas. Os planos que tinha já não fazem sentido. Não encontra objectivos que o estimulem. Não sabe como enfrentar as adversidades. Perdeu as certezas sobre quase tudo. Sente-se perdido E acha que o melhor é fechar-se no seu «espaço de conforto».
No entanto, é nos momentos de maior adversidade que podemos romper com estas fronteiras que impusemos a nós próprios e ganhamos coragem para enfrentar as mudanças de forma positiva. A crise é uma oportunidade única de mudança. Quem o garante são os psicólogos Maria do Carmo Oliveira e Manuel de Oliveira que, ao longo destas páginas, nos explicam como nos libertarmos dos nossos padrões normais de funcionamento e comportamento, para vivermos uma nova vida, cheia de entusiasmo, alegria, sonhos, coragem e paixão.

Com histórias reais, exercícios práticos e estratégias claras, os autores utilizam os mecanismos da psicologia positiva e da neurociência para ajudarem a despertar o nosso enorme potencial. Chega de lamentos e de queixas. Em vez de cruzar os braços, arregace as mangas. Olhe para a vida de forma positiva. Trabalhe a sua autoestima e a sua autoconfiança.

Maria do Carmo Oliveira é formada em Psicologia, mestre com tese defendida na área do optimismo. É membro fundador da Associação Portuguesa de Estudos e Intervenção em Psicologia Positiva e fundadora do Clube do Optimismo. É coautora de programas de intervenção no âmbito do desenvolvimento do optimismo e da resiliência. É formadora desde há largos anos, dinamizando formações nas temáticas da criatividade, optimismo, resiliência, felicidade, autoconfiança e motivação em instituições ao longo do país.
Manuel de Oliveira é licenciado em Psicologia, membro fundador da Associação Portuguesa de Estudos e Intervenção em Psicologia Positiva. Fundador e director do Clube do Optimismo. Reconhecido como motivador entusiasta e criativo, desde há largos anos tem sido responsável pela realização de formações e de workshops sobre as temáticas que se enquadram no âmbito da Psicologia Positiva (Optimismo, resiliência, felicidade, motivação, autoconfiança e criatividade). É coautor de programas de desenvolvimento do optimismo e da resiliência. Tem colaborado com alguma regularidade em programas televisivos e de rádio.

Novidade Guerra e Paz

«Por Acaso - Casos de Vida, Casos de Morte» e é um livro surpreendente que mostra como a doença e a cura estão na própria vida, na vida e nas mãos de cada um. A psicóloga Lara Morgado centra-se em quatro casos de vida ou de morte: uma jovem é abandonada pelo namorado na semana do casamento; um talentoso estudante tem um acidente e fica paraplégico; um casal descobre que afinal o primeiro filho que espera está morto, dentro da barriga da mãe, e uma mãe com dois filhos, logo após a morte do marido, é despedida. Quem os pode ajudar? Salvam-se ou afundam-se sem remissão?

«Não conseguimos entender que estamos nas mãos do aleatório e que tudo pode acontecer. Todos temos momentos em que nos sentimos sozinhos, completamente sozinhos, momentos em que achamos que não há ninguém que nos deite a mão» Lara Morgado

Lara Morgado nasceu em 1981 no Porto. É licenciada em Psicologia pela Universidade do Porto, no ramo de Psicologia do Comportamento Desviante. Começou por trabalhar em contexto prisional, desenvolvendo o seu trabalho a nível individual e em grupo com a população reclusa. Mais tarde, a sua acção profissional viria a estender-se a outras áreas, participando em projectos de intervenção comunitária. Ainda como estudante, foi fundadora do grupo de teatro X-Acto, assinando tanto os textos como a encenação das doze peças de teatro realizadas, ao longo de dez anos. Paralelamente ao acompanhamento individual e à psicoterapia, na sua acção como psicóloga, o teatro e a escrita foram sempre utilizados como estratégias de intervenção.

Anjos na Guerra (Susana Torrão)

Inicialmente, a ideia de tal grupo parecia inexequível, mas, ainda assim, existiu: as enfermeiras paraquedistas, um grupo de mulheres formadas para prestar assistência em cenário de guerra. Contra a desconfiança dos mais conservadores e as próprias dificuldades do cenário em que se encontrariam, as mulheres deste grupo prestavam o auxílio necessário em condições extremas. O que este livro apresenta é a sua história.
É interessante notar que, sendo este um livro relativamente curto, permite, ainda assim, ficar com uma visão muito completa do assunto que trata, mesmo para quem não tenha qualquer conhecimento prévio do assunto (como era o meu caso). Através da história dos vários elementos deste grupo, a autora transmite com clareza as regras de funcionamento, as dificuldades e a forma como a situação era encarada. É fácil imaginar o que é descrito pelas palavras das várias mulheres que integraram o grupo. E isto aplica-se tanto às situações vividas em cenário de guerra como ao que as levou até lá e ao que foi a sua vida depois disso.
Outro aspecto que se consegue ao mostrar os diferentes testemunhos é construir uma ideia bem clara do que terá sido o impacto emocional dessas experiências. Tanto no relato da aprendizagem como dos episódios mais marcantes vividos por cada uma das mulheres, há um evidente cuidado em mostrar não só os acontecimentos mas a marca que estes terão deixado na vida de quem os viveu, o que contribui para tornar mais interessante uma leitura que, só pelos factos, já daria bastante para descobrir.
Trata-se, portanto, de um livro interessante, que apresenta um lado, talvez, menos conhecido da guerra, e que, de forma envolvente e esclarecedora, consegue mostrar não só os actos das enfermeiras paraquedistas, mas a marca que essas acções deixaram nelas e nos outros. Muito interessante.

Novidades Planeta para Janeiro

Madeline May, a jovem viúva Lady Bewer, encontra-se num terrível dilema.  Vítima de chantagem,  que se transforma em homicídio, torna-se claro que só um homem a pode ajudar: Luke Daudet,  o mal-afamado visconde Altea, que está habituado a lidar com homens de reputação duvidosa  e que ela despreza com todas as suas forças. 
Luke reconhece a atracção que Madeline exerce sobre ele  e o perigo que representa. Desde o momento em que se conheceram  – e após uma inesquecível noite de paixão –, que sabe que é diferente.  
E quando recebe o fatídico pedido que lhe enviou, apercebe-se  de que não conseguirá manter-se afastado...

Emma Wildes cresceu a devorar livros e a escrita nasceu naturalmente. A autora costuma dizer que adora escrever porque adora ler.  
Estudou na Universidade de Illinois é e licenciada em Geologia. Vive em Indiana com o marido e três filhos. 
Foi a autora n.º 1 do Fictionwise, WisRWA Reader’s Choice Award, vencedora na categoria de Romance Histórico em 2006, do  Lories Best Published, e em 2007 vencedora do Eppie para o melhor romance erótico.  

Para muitos, o amor é um fardo pesado, uma doce e inevitável dor ou uma cruz que carregam às costas, porque não sabem, não podem ou não querem amar de uma forma saudável e inteligente. 
Para quê um amor assim?, pergunta o psicólogo Walter Riso.  
A verdade é que nem todas as pessoas fortalecem e desenvolvem o seu potencial humano com o amor; muitas enfraquecem, anulam-se e deixam de ser elas próprias, na ânsia de querer manter uma relação tão irracional quanto angustiante. 
Para amar não é preciso morrer de amor, sofrer, perder o norte,  ou alterar a sua identidade: isso é intoxicação afectiva. 
Não morrer de amor é rejeitar qualquer vínculo afectivo que nos sujeite a uma relação doentia e castrante. 
Que podemos fazer, então?  
É possível amar sem nos enganarmos tanto e de modo a que o sofrimento seja a excepção e não a regra?  
É possível amar sem sofrer e, mais do que isso, amar com prazer e sentir a sua sempre arrebatadora paixão? 
Para dar resposta a todas estas perguntas, o reconhecido psicólogo  e especialista em relações de casais, Walter Riso dá-nos as soluções  e as ferramentas para ajudar a superar os desgostos amorosos e a mudar  o conceito de amor tradicional por um mais inovador e saudável. 

Walter Riso nasceu em Itália, em 1951. Era ainda muito jovem, quando  a família emigrou para a Argentina e aí cresceu num bairro multiétnico, no seio de uma comunidade de emigrantes italianos.  
Estudou psicologia na Universidade de Colômbia, movido pela sua constante curiosidade e inquietação. Especializou-se em terapia cognitiva e fez um mestrado em bioética. Desde há trinta anos, exerce psicologia clínica, actividade que alterna com o exercício da cátedra universitária e a realização de publicações científicas e de divulgação em diversos meios. 
Os seus livros cumprem o objectivo a que se propôs: o de criar uma vacina contra o sofrimento humano, ao propor estilos de vida saudáveis nas diferentes etapas da vida. O êxito dos livros de Walter Riso é esmagador. 
Actualmente reside em Barcelona.  

«Este livro fez-me rir com gosto [...] Acresce que sexo e humor são companheiros privilegiados de viagem, despertar o sorriso – e não o casquinar javardo, infelizmente habitual entre nós… –, despertar o sorriso, dizia, individual ou colectivo, estilhaça barreiras que impedem a simples troca de pontos de vista, a tão necessária informação ou até, objectivo mais ambicioso, a formação. [...]
Considero este um livro de formação em Sexologia? Não. Estou de acordo com toda a informação contida nas vinhetas? Não, aqui e ali é demasiado a preto  e branco, mas nunca abafa a dúvida ou cala a necessidade de recorrer a quem de direito. Logo, tudo bem. O livro pode ser útil, como a Maleta Vermelha  o é, de resto, para quem decidir acolhê-la. (Porque lhe apetece! Nada pior do que transformar uma hipótese válida em moda seguida em piloto automático…) 
Conta a história de alguém que se bateu por um sonho e não se deixou abater pelos escolhos inevitavelmente encontrados; recusou tabus; permaneceu mulher como as outras, sem receio de legendas e rótulos que sabia à espreita em cada esquina. Gosto disso. Ninguém é sexualmente livre através do aumento do número das posições experimentadas ou «truques» aprendidos  na revista berrante à venda no quiosque do bairro. A liberdade vem de dentro  e é uma tarefa de pessoa inteira. O erotismo virá depois. E repararão que escrevi erotismo e não sexo, há um mundo a descobrir entre eles. Se a Maleta e o livro vos ajudarem nessa aventura, terão cumprido – e até ultrapassado! –  as expectativas da autora.» 
Júlio Machado Vaz, Prefácio

Alexandra Campos Leal não acredita numa biografia de feitos académicos. «Não são os títulos que me definem como pessoa!» Mãe de duas crianças que pretende que sejam úteis à sociedade e detentora dum projecto  de acredita estar a mudar a vida das mulheres.  
Tem trabalhado por uma mentalidade mais livre de preconceitos e pelo fim dos tabus sexuais. 

Paula Cosme Pinto é jornalista no jornal Expresso, onde assume  a co-autoria do blogue A Vida de Saltos Altos, cujas crónicas sobre  o universo feminino foram publicadas em livro no fim de 2011.  
Conheceu A Maleta Vermelha em 2008, ao fazer a Grande Reportagem SIC/Expresso «Donas de Casa Desinibidas».  
Mais do que escritora ou jornalista, assume-se como uma mulher seriamente... atrevida. E sem tabus. 

Muito mais do que um livro de receitas, o nutricionista Alexandre  Fernandes propõe um autêntico manual de boas práticas ecológicas, nutricionais e de higiene e segurança alimentar para adoptarmos  no dia-a-dia, com conselhos para a organização da cozinha,  a racionalização dos gastos e ensinamentos úteis para melhor prepararmos e conservarmos os alimentos frescos.  
Um livro de cozinha indispensável para todos e ideal para cozinheiros principiantes, com instruções detalhadas, tabelas  de conversão e mesmo um pequeno dicionário da alimentação.  

Alexandre Fernandes é licenciado em Nutrição e Engenharia Alimentar (2002) e em Ciências da Nutrição (2010). Realizou várias pós-graduações em diferentes áreas ligadas à saúde e nutrição e é orientador em diversas formações.                                                                
Presença habitual nos meios de comunicação social, tem sido convidado, ao longo dos últimos anos, a participar em programas                      de rádio e televisão. A sua colaboração estende-se a jornais e revistas. 
A par da sua actividade clínica, Alexandre Fernandes é autor de vários livros sobre saúde e nutrição.

Novidade Oficina do Livro

Até se cruzar com D. Manuel, Isabel era uma noviça que devotava o seu amor apenas a Deus. Um dia, traída pelo coração, cede ao desejo do futuro monarca. Desta relação nasce Teresa, que crescerá longe dos pais.
Anos mais tarde, já com D. Manuel no trono, Teresa, viúva e com duas filhas, conta com o apoio do pai para refazer a sua vida com Rodrigo, escrivão da Fazenda. Dará, então, início a uma saga familiar que se irá prolongar por mais de um século, marcado por intrigas palacianas, campanhas militares, jogos de política internacional e pela sincera devoção a um Reino.
Reconstruindo de maneira rigorosa o quotidiano social da época e com uma trama brilhante onde coexistem lealdade e cobiça ou amor e perdão, O pecado e a honra é uma obra apaixonante, que não deixará de prender o leitor mais exigente.

Maria João da Câmara nasceu em Lisboa, em 1964. Estudou História na Universidade Nova de Lisboa, é mestre em História Moderna e doutoranda em Arquivística Histórica.
Autora de vários trabalhos científicos na área da História, dedica-se actualmente à escrita e à investigação, tendo publicado os romances históricos Um Príncipe Quase Perfeito e Crónica de Amor e Mar e os ensaios Pedro de Figueiredo (1657-1722) – Uma Biografia, João Branco Núncio (1901-1976), História do Desporto Equestre Português, Orey, Uma Família, Uma Empresa – 1886-2006 e Cristo Rei, Espiritualidade e História.
O Pecado e a Honra é a sua primeira obra na Oficina do Livro.

domingo, 22 de janeiro de 2012

O Medo do Homem Sábio - Parte I (Patrick Rothfuss)

Começa o segundo dia e Kvothe continua a narrar ao Cronista a sua história. A história do seu percurso pela Universidade, com todas as atribulações resultantes da rivalidade com Ambrose (e, em certa medida, do seu próprio orgulho), com a evolução da sua aprendizagem, com as suas pequenas aventuras... e com as grandes mudanças condicionadas pelos acontecimentos do passado. De Imre a Vintas, em busca de um futuro que lhe permita investigar as raízes do passado que lhe marcou a existência, esta é a história de um crescimento que continua, de um mundo que muda e que muda a perspectiva de um dos seus mais interessantes habitantes. Uma história com muitas histórias para contar...
Estabelece-se, nesta segunda narrativa da história de Kvothe, um ritmo bastante mais pausado que o do livro anterior. Não abundam os grandes acontecimentos nesta primeira parte e é, em grande medida, esta a razão para o abrandamento no ritmo da narrativa. Apesar disso, não se perde qualquer envolvência. Até a mais simples (ou aparentemente simples) situação em que Kvothe se vê envolvido proporciona momentos de interesse, seja no lado emocional, seja na construção da intrigante personagem que é o protagonista deste livro. Não tendo grandes pontos em comum com a versão idealizada do herói, Kvothe é, ainda assim, uma figura com quem é fácil criar empatia e as suas vulnerabilidades, quando surgem, ganham mais evidência pela personalidade orgulhosa que o define.
Trata-se da figura central deste livro, é certo, mas há mais para descobrir para além de Kvothe. Com a sua algo delicada situação na Universidade, é possível ver mais sobre o funcionamento do sistema em que esta se enquadra. E, com a mudança para Vintas, tudo muda, apresentando-se um cenário diferente, onde um sistema de protocolo invulgar e uma série de intrigas vêm aumentar as potencialidades desta história. Mas também das personagens que interagem com o protagonista se define algo de muito importante nesta história, já que as ligações e afectos que se criam entre personagens são uma importante parte deste livro. As amizades, a saudade dos que partiram, a lealdade para com amigos (e, por vezes, para com superiores) e aquele toque de amor desesperado definem, tanto quanto o próprio passado, a empatia evocada para com Kvothe.
Ainda de referir um toque curioso que se torna mais evidente com o evoluir da narrativa: a forma como, sendo Kvothe o narrador de (quase) toda a história, lhe compete decidir o que desenvolver e o que abordar de forma superficial. Isto é recordado ao leitor quando momentos que parecem ser os grandes pontos da sua história (segundo as lendas que despertaram o interesse do Cronista) acabam por ser apresentados com uma perspectiva completamente diferente.
Eram as melhores as expectativas para este livro, e é certo que não desiludiu. Cativante, com um mundo com vários pontos de interesse e boas personagens, das quais se destaca um protagonista carismático e invulgar, este é um livro que recomendo sem reservas.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Lágrimas na Chuva (Rosa Montero)

Tudo começa quando uma das suas vizinhas entra na casa da detective Bruna Husky e, após um discurso de aparente loucura, a tenta assassinar, suicidando-se em seguida. Cedo, o que parece um caso de loucura se revela como algo mais, com o surgir de outros casos semelhantes. Para Bruna, detective tecno-humana, o caso é pessoal, principalmente a partir do momento em que ganha contornos de uma possível conspiração contra os replicantes. E, enquanto conta os dias para o fim da sua curta vida, Bruna irá encontrar-se no centro de uma situação complexa, tendo de lidar ao mesmo tempo com o ódio dos humanos, a necessária convivência com aliados que lhe causam suspeita e a eterna solidão que é, em suma, o que sempre definiu a sua existência.
Passa-se no ano 2109, mas há muito neste livro que se adequaria aos nossos tempos. Os preconceitos estabelecidos entre humanos e replicantes, e até a aversão para com as figuras alienígenas, representam claramente os mesmos preconceitos racistas e xenófobos que, demasiadas vezes, se evidenciam. A indiferença reinante, as potencialidades de um ódio global que facilmente explode ao mínimo conflito, as perdas inevitáveis ao longo de um percurso de vida, são temas que, independentemente do cenário, nunca deixam de ter algo familiar. E, dos humanos aos replicantes, a imensa solidão de uma vida em contagem decrescente para um fim anunciado, a resignação a uma memória falsa, a vontade de viver num caminho que é, muitas vezes, demasiado difícil, são temas que dão muita matéria para reflectir.
Com toda esta diversidade de temas que dão forma ao retrato completo de uma sociedade que, em muitos aspectos, se aproxima da real, é interessante notar que a vastidão de conteúdos não impede que a obra seja uma leitura compulsiva. A escrita é de uma expressividade belíssima e é fácil sentir empatia para com a protagonista e os seus sentimentos. Mas, mais que isso, o lado de reflexão e de alguma introspecção é complementado com um enredo cheio de mistério e com grandes momentos de acção, com a criação de um cenário pleno de elementos interessantes e, em suma, com uma sociedade que apela às emoções do leitor - e isto acontece no vasto espectro de emoções que vão da empatia à revolta.
É poderoso, pois, o impacto final desta leitura. Intenso e cativante, mas com muito sobre que reflectir, Lágrimas na Chuva fica na memória tanto pela linha principal do enredo, como pela vulnerabilidade humana de uma protagonista que o não é, como ainda pela vastíssima quantidade de material para reflexão sobre temas como o racismo, a política, a ecologia... e a vida, em suma, em todos os seus aspectos. Profundo, intenso e envolvente... belíssimo.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Um Toque de Sangue (Charlaine Harris)

Muitas atribulações e uma certa tendência para se cruzar com tudo quanto é problema no mundo sobrenatural são parte do que define a história de Sookie Stackhouse. Mas nem só das grandes aventuras se define a vida da telepata e também nos pequenos mistérios o seu dom tem um papel a desempenhar. É destas aventuras mais simples, mas igualmente agitadas, que se constitui este livro de contos, onde a mesma escrita simples e envolvente define histórias mais curtas, mas que acrescentam vários detalhes cativantes para quem quer saber mais sobre as personagens já familiares da saga do Sangue Fresco.
O primeiro conto é Pó de Fada e, aqui, Sookie recebe uma proposta de trabalho da parte de Claudine: a sua irmã foi assassinada e tanto ela como Claude precisam da capacidade de Sookie de ouvir os pensamentos das pessoas para descobrir quem terá sido o responsável. Com a escrita directa e simples que parece ser característica da autora, este é um conto cativante, leve e divertido, sendo particularmente interessante a forma como Sookie conhece Claude, bem como a forma de vingança das fadas. Não é um conto particularmente surpreendente, mas não deixa de ser uma leitura agradável.
Em Noite de Drácula, Sookie é convidada para a festa de aniversário organizada por Eric e pelo pessoal do Fangtasia para o príncipe Drácula. Aqui, destaca-se a relação de Drácula com a criação dos vampiros modernos, bem como a expectativa e quase veneração que se cria em volta da possível visita do príncipe. Também é interessante a descrição da forma como os vampiros foram "acolhidos" depois da revelação da sua existência. Também este não é um conto que tenha muito de imprevisível, sendo, apesar disso, uma leitura leve e divertida, que culmina num final bem conseguido.
Segue-se Resposta de uma Palavra Só. Aqui, Sookie recebe a visita do advogado da rainha, que lhe comunica a morte da sua prima. Num tom mais sério, mas igualmente cativante, destaca-se nesse conto o mistério que se cria em volta de Hadley, bem como as possíveis explicações para o que a terá conduzido à sua condição. De ritmo mais pausado, mas intrigante, uma boa história.
Sorte conta como Sookie e a sua companheira de casa ajudam um amigo cuja companhia de seguros talvez esteja a ser alvo de sabotagem. Inicialmente mais centrado nas capacidades de Sookie e menos nos sobrenaturais em seu redor, uma história relativamente simples, mas leve e envolvente, ganhando intensidade com o surgir das figuras vampíricas (ainda que o seu papel permaneça secundário). Com bons momentos de humor, também uma leitura agradável.
Por último, Presente Embrulhado mostra uma véspera de Natal muito especial para Sookie Stackhouse. Com um início em tom de nostalgia, recordando as pessoas importantes na vida da protagonista, cedo a acção surge com a descoberta de um lobisomem caído no bosque. Cativante e de leitura agradável, com um final surpreendente e que realça a importância dos afectos, este é, sem dúvida, o melhor conto do livro.
Histórias mais simples e de menor impacto global, estes contos são, ainda assim, um interessante complemento para a leitura dos restantes livros da série, já que apresentam respostas para alguns detalhes mais enigmáticos, dando também a conhecer um pouco mais das personagens. Leve e descontraída, uma boa leitura.