segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Resultado do passatempo As Trevas de Baltar

E terminou mais um passatempo. Agora, é chegada a altura de anunciar quem vai receber em casa um exemplar do livro As Trevas de Baltar, de Henrique Anders.

E o vencedor é...

42. Inês Agostinho (Benedita)

Parabéns e boas leituras!

domingo, 30 de outubro de 2016

Nujeen (Nujeen Mustafa e Christina Lamb)

Nujeen nasceu com paralisia cerebral, no seio de uma família numerosa em plena Síria. Para que pudesse ter os melhores cuidados possíveis, a sua família mudou-se para Alepo, onde, apesar das dificuldades, Nujeen nunca deixou de aprender através dos programas de televisão. Até ao dia em que a guerra chegou. A partir daí, o medo e as dificuldades foram-se tornando cada vez maiores e a esperança cada vez mais ténue. A única solução era partir. Mas, em plena crise de refugiados, quando tantos se dirigiam para uma Europa cada vez mais relutante em recebê-los, percorrer, numa cadeira de rodas, toda aquela distância nunca poderia ser fácil. Mas possível? Certamente. E esta é a história da sua jornada. 
Uma das coisas que importa, desde logo, realçar sobre este livro é que se trata de um relato pessoal. Com toda a contextualização necessária, é evidente, mas, ainda assim, centrado acima de tudo na vida de Nujeen e no seu percurso até à Alemanha. Assim, é apenas natural que, no que diz respeito ao contexto mais vasto da crise de refugiados e aos problemas por estes enfrentados, haja mais a dizer para além do que aqui é contado. Ainda assim, toda a informação essencial está bem presente e, vincada pela perspectiva pessoal de quem viveu as coisas na primeira pessoa, a imagem que fica é muitíssimo marcante.
Grande parte deste impacto deve-se aos factos que nos são contados. Primeiro, as mudanças ocorridas na Síria, depois as dificuldades da viagem, depois a nova vida após a chegada ao destino, também ela cheia de desafios. Há muitos aspectos relevantes a reter desta jornada, havendo até uns quantos mitos e teorias da conspiração sobre os refugiados que caem por terra neste relato. E é interessante reparar que, apesar da perspectiva pessoal, é fácil ficar com uma ideia mais ampla das dificuldades vividas pelos refugiados - na sua viagem rumo à Europa e depois disso. Às experiências de Nujeen juntam-se as histórias que ouviu das pessoas que conheceu pelo caminho. E, assim, o retrato global pode não ser propriamente exaustivo, mas é, apesar disso, muito esclarecedor.
Quanto a Nujeen, há muito de admirável na jovem que se dá a conhecer neste livro. A perspectiva que tem das coisas, moldada ainda por uma certa inocência, mas também pelo impacto das descobertas que vai fazendo, realça uma mente madura e um grande coração. Mas há ainda outro aspecto interessante, que diz respeito à forma como a própria Nujeen se caracteriza. Nem perfeita, nem invulnerável, nem definida exclusivamente pelas suas qualidades: Nujeen assume-se como humana, com defeitos, pequenas manias e fragilidades. E o facto de retratar também esses seus traços menos positivos torna toda a sua visão mais genuína.
Da soma de tudo isto, resulta um livro interessante, pertinente e esclarecedor. Uma boa leitura para entender melhor a crise dos refugiados vista pelos olhos de quem a viveu bem de perto. 

Título: Nujeen
Autoras: Nujeen Mustafa e Christina Lamb
Origem: Recebido para crítica

sábado, 29 de outubro de 2016

Suspiro (Cleverson Garrett)

Do mundo, da vida, do que nos faz humanos. De tentar, cair e voltar a tentar. Do ser individual e das suas relações com os outros. E de um mundo que, apesar de pessoal, tem muito de universal e de comum com quem o lê. De tudo isto falam estes poemas, num livro que, apesar da brevidade (do livro e de muitos dos poemas) nunca deixa de cativar.
Um dos aspectos que desde muito cedo se destaca neste pequeno livro é a estrutura dos poemas. Ou, melhor dizendo, a ausência de uma estrutura definida. Sem rima, sem uma métrica rígida, os versos fluem à medida do pensamento. E esse pensamento pode dar origem a um poema longo ou a um muito breve. Em comum, a simplicidade dos versos, que dizem o que precisam de dizer sem floreados desnecessários.
Se, por um lado, pode acontecer, nalguns dos textos, que se sinta a falta de um maior desenvolvimento da imagem ou da ideia central do poema, também é curioso notar que muitos dos poemas mais marcantes são precisamente os mais curtos, aqueles em que, concentrada em meia dúzia ou menos de verso, há toda uma ideia essencial resumida - quase como um pequeno provérbio de sabedoria.
Importa ainda realçar, em termos de temas, o interessante contraste entre o eu e os outros, criado pela conjugação de alguns poemas em que é o sujeito poético que se destaca e de outros em que é a visão deste sobre o mundo a sobressair. Cria-se assim uma muito agradável diversidade de temáticas, sem por isso perder a coesão que o lado pessoal confere ao livro.
A impressão que fica é, pois, a de um livro sólido e coeso, em que, apesar da brevidade e da aparente simplicidade, há muito de cativante para descobrir. Uma boa leitura, portanto, e uma bela descoberta. 

Título: Suspiro
Autor: Cleverson Garrett
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Masha e o Urso - Vem Aí o Lobo! (O. Kuzovkov)

Sucedem-se as aventuras. Masha encontra novas brincadeiras, novos "amigos" e novas formas de infernizar a vida ao seu amigo urso. Só uma coisa se mantém igual: a sua energia e traquinice intermináveis. E se é verdade que há perigos na floresta, também o é que Masha tem uma capacidade invulgar para lidar com eles. E com um protector tão grande como o Urso... o que pode correr mal?
É sempre uma lufada de ar fresco passar um bocadinho a ler as aventuras da Masha e do seu amigo Urso. Tal como os livros anteriores, também este é - obviamente - um livro infantil, com todas as características que dele são de esperar. Simples, curto, directo e leve, com uma história (bem, duas, neste caso) relativamente breve, mas sempre interessante e divertida e, desta vez, com uma pequena lição de moral. E inocente, acima de tudo, que é algo que faz sempre lembrar a infância e aqueles tempos em que tudo era mais simples.
Mas falemos das histórias. Ora, o título promete lobos e é, de facto, de lobos que se trata. Lobos que são enganados pela incessante traquinice de Masha e também um lobo capaz de lhe ensinar uma lição. Conhecem a história de Pedro e do lobo? Pois, a segunda história deste livro tem essencialmente a mesma lição de moral - e é uma bela lição, essa.
Mais uma vez, importa realçar o equilíbrio entre o texto e as imagens, nestas histórias que, apesar de completas em si mesmas, ganham uma nova vida com as ilustrações que as acompanham. E, além disso, a tal simplicidade que, além de se aplicar à história, se aplica também a escrita, tornando o texto acessível a todos, mas sem simplificar em demasia.
A soma de tudo isto é, sem surpresas, mais uma boa leitura. Para os mais novos e também para quem quiser regressar por uns instantes àquele tempo em que a mais simples das aventuras bastava para despertar a magia. 

Título: Masha e o Urso - Vem Aí o Lobo!
Autor: O. Kuzovkov
Origem: Recebido para crítica

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A Seta do Tempo (Martin Amis)

Diz-se que o tempo não volta para trás. Mas e se, subitamente, a linha do tempo se invertesse? É isso que sucede com Tod Friendly - e com a estranha presença que, dentro dele, parece acompanhar, sem poder intervir, a sua vida. De repente, o mundo parece estar ao contrário. As pessoas andam às arrecuas, ficam mais novas em vez de mais velhas e encontram o fim da vida no momento do nascimento. E Tod? Tod parece ter uma boa vida na América, até ao dia em que a deixa de ter, viajando para Lisboa, e depois para Auschwitz onde desempenha o papel de assistente do "Tio Pepi", um estranho médico. Entretanto, a presença observa e espera que o mundo comece a fazer sentido. Mas não faz. E a percepção que conhece sobre a vida do seu corpo não pode ser outra coisa senão uma realidade também invertida.
Não é fácil falar sobre este livro, como não é fácil lê-lo. Não porque seja algo de demasiado hermético ou imperceptível, porque não é, apesar do ritmo bastante pausado, mas pela forma como, ao inverter a linha temporal, inverte também todas as percepções. E o que isto cria é uma narrativa de sentimentos contraditórios. Tod, a primeira identidade do protagonista, parece ser um homem suficientemente sociável, com uns quantos demónios interiores, mas normal quanto baste. E, assim, a visão que nos é transmitida pela tal presença (consciência?) que dá voz à história é a de uma situação um tanto caricata, a espaços quase divertida e em que, apesar de haver na origem um segredo, parece suficientemente inocente.
Depois, à medida que a narrativa progride, esta percepção vai mudando. Os segredos tornam-se maiores, mais sombrios, mais cruéis. E as facetas mais mórbidas de Tod vão-se revelando. E, quando se chega a Auschwitz, surge a faceta mais impressionante deste livro: a forma como o narrador entende aquilo que está a acontecer. As selecções, o trabalho, as experiências médicas, as câmaras de gás... Imagine-se isto visto ao contrário, a começar a partir da morte. Será assim tão estranho que o narrador inocente (ou esquecido) queira interpretar o que vê como algo bom? E é isto que levanta as grandes questões, realçando a verdadeira meticulosidade, a "natureza da ofensa", de tudo aquilo que foi feito. De uma forma tão organizada que, invertendo os passos, facilmente se veria um processo de cura, em vez de morte. 
Esta é provavelmente a parte mais marcante do enredo e a que mais faz pensar. Mas não é a única. Ao longo de toda a vida de Tod Friendly (ou de qualquer das suas outras identidades) há um percurso de recriação de uma vida. E, neste mundo virado ao contrário, que não faz - nunca fará - sentido para o narrador que assim o vê, há muitas pequenas grandes perguntas a considerar: o valor da vida, a possibilidade (ou não) de uma relativa redenção, a crueldade dos grandes actos e a dos pequenos gestos, o direito "à vida e ao amor" e o cercear deste direito. 
E quanto à inversão do tempo? Bem, é preciso reconhecer que dificulta a leitura, quando há conversas a decorrer ao contrário e actos que, vistos deste ponto de vista, não parecem fazer muito sentido. Mas não deixa de ser uma forma interessante de contar uma história - e uma forma que se ajusta na perfeição à reflexão que lhe está inerente. E, assim sendo, vale bem a pena o esforço suplementar para assimilar as peculiaridades deste livro. 
Não é fácil ler este livro que, com a sua visão peculiar, o lado mais negro do que conta e as muitas questões que desperta, se entranha profundamente na memória. Mas é importante lê-lo. Importante, porque faz pensar, porque lembra o que não pode ser apagado. E porque, apesar de toda a sua estranheza, é um livro que dificilmente se esquece. Vale, pois, a pena fazer esta viagem no tempo.

Título: A Seta do Tempo
Autor: Martin Amis
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

O GUIA DA DAMA VITORIANA PARA O SEXO, CASAMENTO E CONDUTA
No interior deste livro vai encontrar capítulos com títulos tão surpreendentes como estes: «Fazer a corte: como conquistar o coração de um homem sem abrir a boca», «A noite de núpcias, ou um ganso mal afogado» e ainda «O teu útero gordo e preguiçoso precisa de amor».
Este não é um livro de mexericos, é uma viagem à vida quotidiana das mulheres na época vitoriana. É uma obra inteligente que espreita pelo buraco da fechadura. E que se vê do lado de lá da porta? Donzelas trituradas por espartilhos, espigas de milho para limpar as vergonhas, púdicas e quietas virgens na noite de núpcias. E quando a tia Xica descia para lhe fazer uma visita? Um desastre completo! Não chega? Ainda há mais. Camas separadas para evitar a tentação. Cosméticos à base de chumbo. Enfim, um sem número de loucuras inventadas por sisudos doutores, cuja única preocupação era as partes íntimas da pobre mulher vitoriana.
Esta foi uma época retratada romântica e sonhadoramente em filmes, livros e séries de televisão. Com este livro, chega-nos uma visão delirante. Leia e descubra se ainda quer ser uma princesinha adorável enrolada em incontáveis folhos? Pense duas vezes.

Therese Oneill. Vive no Oregão, nos EUA, numa pequena cidade que está na moda, entre muitos amigos e uma adega. Casou-se há mais de uma década e tem dois filhos. Embora viva um casamento feliz, as refeições são feitas em frente da televisão, o que não é motivo de orgulho, diz a autora. Escreve textos de humor e artigos sobre História em diversas publicações, como Mental Floss, The Week, The Atlantic e Jezebel, entre outras. Indecoroso é o seu primeiro livro.

Divulgação: A Reportagem, de Bettina Muradás

Mulher sensual e jornalista competente, Gisele Coelho recebe uma informação e segue seus instintos.
Vai aos Estados Unidos em busca de uma grande história. O advogado Matthew Newman é o agente especializado em perseguir rastros de fraudes financeiras contratado por ela.
Divididos entre a sensualidade superficial e o romance intenso, advogado e cliente mergulham numa relação tempestuosa enquanto enfrentam criminosos e percorrem as ruas de Manhattan e as praias de um paraíso fiscal no Caribe a procura de pistas que comprovem um esquema de lavagem de dinheiro e corrupção.
Nesta busca encontram as peças de um quebra-cabeça que revela segredos da vida pública brasileira.
A investigação se transforma no “Dossiê Cayman” e acaba no Congresso Nacional na capital do Brasil.
Este jogo perigoso resulta numa reportagem que pode derrubar o Presidente da República e jogar na lama a reputação de políticos e nomes importantes no cenário brasileiro.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Divulgação: Novidade Asa

O que acontece quando a magia de um encontro improvável muda radicalmente as vidas de um homem e uma mulher?
Sofia, secretária num escritório de um famoso advogado, casada com André, um bem-sucedido administrador de uma empresa do ramo imobiliário, e eterna sonhadora, sente-se insatisfeita com a confortável vida que leva. Num encontro improvável conhece Bernardo, um fascinante homem de negócios. Apesar do charme inebriante deste e da inesperada atracção que sente não se decide a pôr em causa o seu casamento.
Mas um acontecimento inesperado encarregar-se-á de fazer tremer os pilares da vida monótona que hesita em deixar. Após inúmeros encontros e desencontros, peripécias e reviravoltas, Sofia consegue finalmente fazer uma ruptura total com a vida que levou até aqui, virar a página e entregar-se por completo a Bernardo. Os sonhos e a magia do acaso vencem sempre.

Tiago Rebelo é um escritor que nos faz procurar compreender quem somos através das suas histórias empolgantes e das suas personagens consistentes. Com uma longa carreira de produção literária recheada de êxitos, é um dos autores preferidos do público português, sendo os seus livros uma presença habitual nos lugares cimeiros das principais tabelas de vendas nacionais.  A sua obra está disponível em países como Angola, Brasil, Moçambique, Itália, Suíça, Argentina e Roménia. 

Divulgação: Novidades Planeta

Ana e Nekane gerem um estúdio fotográfico na zona antiga de Madrid. Um dia deflagra um incêndio no seu edifício e, apesar de estarem habituadas a trabalhar com modelos glamorosos, não podem deixar de se surpreender ante aqueles corajosos machões vestidos de azul que não se preocupam por o seu cabelo se encrespar ou por sujarem as mãos.
Quando a objectiva da máquina fotográfica de Ana se centra em Rodrigo, o seu coração indica-lhe que já nada voltará a ser igual. Ele dá-se conta da maneira apatetada como ela está a olhar para ele e, apesar de não simpatizar com ela, iniciam uma estranha amizade.
Tudo se complica quando Ana descobre que está grávida e Nekane a encoraja a cumprir a sua fantasia sexual com o bombeiro antes que a barriga, as estrias e os enjoos matinais se manifestem e o espantem.
No entanto, uma mentira de Ana aos pais dará origem a um sem-fim de enredos e situações alucinantes que deixarão Rodrigo sem fala.

Krzysztof Charamsa era Monsenhor e funcionário da Santa Sé (onde tinha substituído o padre Georg Gänswein, que se tornara secretário pessoal do Papa Bento XVI).
Em Outubro do ano passado, assumiu publicamente a sua homossexualidade. Foi suspenso pelo Vaticano, por quebra do voto de celibato.
O caso foi notícia nos principais meios de comunicação em todo o mundo.
Este livro é a sua história, contada na primeira pessoa.
Uma autobiografia honesta e absolutamente invulgar que relata o que é ser homossexual por debaixo de uma batina. Charamsa decidiu denunciar ao mundo a hipocrisia da Igreja Católica, uma instituição que, considera, há séculos utiliza o sexo com a finalidade de impor o seu poder.
O autor debruça-se – com profundo conhecimento – sobre a posição da Igreja Católica sobre o tema ao longo dos últimos anos, apontando incongruências baseadas em factos que ele próprio viveu ou testemunhou.
Charamsa sustenta que mais de metade do clero é homossexual; defende que os evangelhos e a mensagem de Jesus não são homofóbicos; afirma que a homossexualidade é o dom de Deus para os homossexuais, como a heterossexualidade é para os heterossexuais; considera que a Igreja, que diz ser feita de homossexuais reprimidos, tem demonizado a homossexualidade para consolidar o seu próprio poder.
Tudo isto sedimentado na sua experiência pessoal no seio da estrutura da Igreja Católica, onde chegou a membro da Congregação para a Doutrina da Fé.
Num registo íntimo, tocante e incomum, Monsenhor Charamsa fala aberta e pungentemente de um tema tabu para a Igreja, num livro raro e incontornável que não vai deixar ninguém indiferente.
Com A Primeira Pedra, Charamsa pretende agitar consciências e criar as bases para uma necessária renovação da Igreja Católica, instituição na qual ainda hoje deseja acreditar.
Uma Igreja que, para continuar a existir como guia espiritual – como escreveu no dia em que se assumiu numa carta ao papa Francisco, publicada na íntegra pela primeira vez neste livro –, deve começar a respeitar cada pessoa na sua orientação sexual, encetando um diálogo profícuo com a ciência. A Igreja Católica do futuro.

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Até 1945, os seus pais eram heróis. Depois da derrota alemã, o mundo passou a chamar-lhes carrascos. Gudrun, Edda, Niklas, entre outros, são filhos de Himmler, Göring, Hess, Frank, Bormann, Höss, Speer e Mengele, apelidos que são sinónimos do terror nazi. Estas crianças alemãs passaram a II Guerra Mundial no meio do luxo, acarinhados por pais afectuosos, que ao fim do dia regressavam a casa após uma jornada de morte. Para eles, o fim do III Reich foi um desastre. Inocentes, tiveram de lidar com os crimes perpetrados pelos pais: uns condenaram-nos, outros continuaram a reverenciá-los. Crianças assombradas por uma herança que não puderam repudiar. Que ligações mantiveram com os seus pais? Como se vive com um nome diabolizado pela História e pela Humanidade? Sentir-se-ão responsáveis pelas atrocidades nazis? Setenta anos depois, quando a memória se começa a perder, este é um documento perturbador, um documento apaixonante, um documento essencial.

Tania Crasnianski. Foi advogada penalista em Paris. Hoje, vive entre a Alemanha, Londres e Nova Iorque. Os Filhos dos Nazis é o seu primeiro livro. De origem russa, francesa e alemã, o seu avô materno foi oficial da Força Aérea Alemã no tempo do nazismo. Sempre se recusou a falar sobre esse período negro. Foi uma das razões para a autora escrever este livro, e assim procurar compreender as implicações presentes deste passado negro.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Como Vento Selvagem (Sveva Casati Modignani)

Mistral Vernati é uma força da natureza. A caminho do seu quinto título mundial de Fórmula Um, não está disposto a permitir que ninguém o detenha. Mas há outros na pista tão ambiciosos como ele e um acidente inesperado provocado pelo seu colega de equipa deixa-o entre a vida e a morte. Enquanto Mistral luta pela sobrevivência, convergem em seu redor as grandes figuras da sua vida. A mulher, que, tendo-se recusado a conceder-lhe o divórcio, está agora disposta a tudo para lhe ficar com o património. A actual companheira, com quem tem em comum um passado atribulado. Os filhos, os amigos, os elementos da sua equipa. E, enquanto todos esperam pela possibilidade de um futuro, o passado começa a vir à superfície...
Com uma história em que o passado dos protagonistas é tão ou mais importante que o presente, este é um livro que vive inevitavelmente das memórias. É, aliás, também este o grande ponto forte desta história: a forma como a autora consegue percorrer, da mesma forma envolvente, o passado e o presente das suas personagens, projectando-as, conforme o momento, à luz da revelação ou nas sombras de um mistério ainda por desvendar. É isto que mantém sempre acesa a vontade de saber o que acontece a seguir, ou então o que aconteceu para levar as personagens àquele ponto. E esta vontade de saber mais prende e nunca mais larga, até ao fim.
Isto é também particularmente interessante se tivermos em conta a construção das personagens. Mutáveis, contraditórias, por vezes difíceis de compreender, é tão fácil sentir por elas uma total empatia como uma distância quase absoluta. E isto para com a mesma personagem, consoante as circunstâncias e aquilo que dela é revelado. Ora, isto humaniza-as, é verdade, mas também revela as suas faltas. E, por isso, a tal sensação de haver sempre algo de novo a descobrir contribui em muito para lhes manter a envolvência.
Ainda um outro aspecto curioso é a forma como a autora entrelaça os dois temas centrais deste livro: as corridas, por um lado, e o mundo das organizações criminosas. Ambos os temas são relevantes e ambos são desenvolvidos de uma forma sempre interessante, realçando os pontos de maior fascínio, sem por isso lhes atenuar o lado negro. E isto leva-me ao ponto, talvez, menos bom: é que (como parece, aliás, ser habitual) a autora deixa umas quantas pontas soltas, o que deixa sentimentos ambíguos. Por um lado, faz sentido que assim seja, pois deixa o futuro à imaginação do leitor.Por outro, fica a sensação de alguns aspectos por explorar e, assim sendo, algumas perguntas deixadas sem resposta.
Haveria mais a dizer sobre estas personagens e a sua história? Provavelmente. Mas, apesar disso, o essencial está bem presente. E a soma de tudo é uma história cativante, com muitos momentos intensos e uns quantos laivos de ternura que ficam na memória bem depois de lidas as últimas palavras. Vale bem a pena, portanto. Gostei.

Autora: Sveva Casati Modignani
Origem: Recebido para crítica

Passatempo As Trevas de Baltar

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com o autor Henrique Anders, tem para oferecer um exemplar do livro As Trevas de Baltar. Para participar basta responder às seguintes questões:

1. No seio de que raça cresceu Dutsan, protagonista deste livro?
2. Como se chama a saga a que este livro dá início?

Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 30 de Outubro. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por e-mail e o resultado será anunciado no blogue;
- O blogue não se responsabiliza pelo possível extravio do livro nos correios;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

Resultado do passatempo O Poder da Ação

Terminou mais um passatempo. Agora, é chegada a altura de anunciar quem vai receber um exemplar do livro O Poder da Ação.

E o vencedor é...

7. Alexandra Guimarães (Cascais)

Parabéns e boas leituras!

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A Célebre Rã Saltadora do Condado de Calaveras / Rikki-Tikki-Tavi (Mark Twain / Rudyard Kipling)

Histórias de animais... ou com animais. São assim os dois contos que formam este livro e, no entanto, não podiam ser mais diferentes. Na escrita, nas ideias subjacentes, na forma como os animais ou os humanos assumem diferente protagonista. Na própria voz dos autores. E, contudo, este conjunto faz todo o sentido, pois as ligações, por mais ténues e de puro acaso que possam ser, estão, ainda assim, lá.
Antes de falar dos contos propriamente ditos, há dois aspectos que importa destacar. E o primeiro é, desde logo, o aspecto desta edição. Começando, desde logo, pelo amarelo característico desta colecção, mas expandindo-se depois para um interior surpreendente, muito bonito, e em que cada elemento contribui para tornar o todo mais interessante, este é um livro muito apelativo do ponto de vista visual.
É também um livro muito completo. Além dos dois contos, em edição bilingue, temos ainda as biografias dos dois autores e um conjunto de explicações (à falta de melhor palavra) sobre as origens e os possíveis significados destes contos, escritas por Manuel S. Fonseca. E este é também um aspecto que importa realçar, não só porque permite uma percepção muito mais completa do todo, mas principalmente porque estes textos são também eles interessantíssimos. Tão cativantes como os próprios contos e muito esclarecedores na informação que contêm, são também eles um contributo essencial para fazer deste livro uma tão boa leitura.
Mas, falando dos contos. Comecemos por A Célebre Rã Saltadora do Condado de Calaveras, de Mark Twain, história de um estranhamente bem-sucedido viciado em apostas e de como alguém mais esperto lhe passou a perna. É um conto breve, mas principalmente estranho, contado num registo como que de comédia caricata e, apesar de toda a sua bizarria, estranhamente cativante. Lê-se rapidamente, prende do início ao fim e, apesar de funcionar quase como um fragmento da vida do protagonista, diz sobre ele o suficiente, mesmo não dizendo tudo.
Quanto a Rikki-Tikki-Tavi, de Rudyard Kipling, história de um mangusto corajoso e da sua luta contra as cobras, trata-se um conto mais sério, mais dramático, mas com ténues laivos de humor a realçar a peculiaridade da história. Sempre envolvente, cheio de surpresas, é todo ele uma lição de coragem e de lealdade animal. E é precisamente isso que o torna tão belo.
Poder-se-ia então definir este Livro Amarelo como uma obra que, partindo de dois contos muito diferentes (mas com laivos comuns) constrói um todo harmonioso. Cativante, interessantíssimo e (sim, porque neste caso importa) muito bonito, este é um daqueles livros que vale a pena descobrir. E que não posso, claro está, deixar de recomendar. Muito bom.

Título: A Célebre Rã Saltadora do Condado de Calaveras / Rikki-Tikki-Tavi
Autores: Mark Twain / Rudyard Kipling
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: As Trevas de Baltar, de Henrique Anders

Embarque nesta aventura e descubra um mundo onde ter esperança é o maior pecado e estar vivo a pior das maldições.

Os antigos doze Reinos há muito colapsaram e as terras eram agora regidas por um novo soberano que decidiu destruir tudo e todos. Movido por vingança e sede de sangue, Baltar rodeou-se de poderosas forças negras e construiu-se a si mesmo. Sem misericórdia, transformou a fé e a esperança em lamentos e descrença e mergulhou o mundo no mais opaco breu. Porém, os dias e as noites são cheios de segredos e até no meio da escuridão e da secura uma vida pode nascer. Os desígnios dos deuses são misteriosos e Dutsan nasceu com algo especial. 
Para protegê-lo, a sua família foi obrigada a fugir e ele cresceu no meio dos Canimatas, uma raça conhecida por não gostar de humanos e a quem chamavam de os guardiões de dragões. O jovem Dutsan terá de enfrentar os seus medos e descobrir as suas próprias verdades. Na companhia dos seus amigos estranhos vai embarcar numa aventura que poderá mudar as suas vidas.

Maratona Literária de Halloween 2016


Está a chegar o Halloween e, entrando nas celebrações da época, juntei-me à Iara (do Uma Página e 1/2), à Ana  Beatriz (do Dream Pages), à Marisa (do Faces de Marisa) e  à Ana (do The Booktarian) na minha primeira maratona literária. 

Estas são as regras: 

A maratona decorrerá entre dia 20 de Outubro e 6 de Novembro. Não há desafios obrigatórios. Por cada livro  lido, ganha-se 1 ponto e, se este se inserir num ou mais  desafios, somam-se ainda os pontos referentes a esse  mesmo desafio. O objectivo é, assim, ler o máximo de  páginas e conseguir o máximo de pontos possíveis durante  o período da maratona!

Desafio 1 - Ler um livro com as cores laranja, vermelha ou preta na capa (+1 ponto)
Desafio 2 - Ler um livro que está há mais de um ano esquecido na estante (+1 ponto)
Desafio 3 - Ler um thriller/policial (+2 pontos)
Desafio 4 - Ler um livro com um tema sobrenatural (+2 pontos)
Desafio 5 - Ler um livro de um autor português (+2 pontos)
Desafio 6 - Ler um livro cujo tamanho já assuste - mais  de 400 páginas (+3 pontos)

Para estes dezoito dias, tenho uns quantos livros que considero prioritários e que espero adiantar. Mas, como nunca se sabe, fiquem para ver no final como correu! 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Desde a Sombra (Juan José Millás)

 Desde que perdeu o emprego, Damián parece viver uma vida confusa, como que olhando de fora para si mesmo. Na sua cabeça, construiu um programa de televisão onde é ele o protagonista e em que o público delira com a narrativa da sua história. E, um dia, numa feira de antiguidades, julgando ter encontrado o presente perfeito para o seu interlocutor, comete um pequeno furto. A este, segue-se uma fuga apressada, que o leva a esconder-se dentro de um armário. Armário que, por sua vez, é vendido, fazendo com que Damián acabe por dar por si numa casa estranha sem que ninguém saiba que ele lá está. Fugir é  possível? Provavelmente. Mas Damián dá por si a atrasar a partida, a deixar-se ficar. E aí começa a reconhecer uma nova vida, mais invisível do que nunca e, apesar disso... perfeita para si.
Partindo de uma premissa improvável e, apesar disso, fazendo-a soar perfeitamente natural, este é um livro que cativa, em primeiro lugar, pela estranheza. E estranheza é o que mais abunda neste livro, desde as conversas de Damián no seu programa imaginário à forma como vai parar à casa de Lucía, passando ainda pela revelação das peculiaridades do protagonista e pelo novo papel que assume na sua nova casa. Tudo nesta história é peculiar, nas pequenas coisas como nas grandes revelações e, contudo, nada parece demasiado estranho. E, assim, esta história improvável torna-se quase credível na forma como acompanha o percurso do seu protagonista.
Para isso contribui em muito a escrita. Fluída, envolvente, com rasgos de introspecção e momentos de choque, retrata na perfeição o estranho mundo em que as personagens que movem. Realça-lhes os sentimentos, as pequenas crueldades, a estranha e disfuncional harmonia em que parecem viver. E torna-as mais próximas, o que acaba por ser particularmente importante se se tiver em conta que nenhuma das personagens (e muito menos Damián) é, à partida, do género que desperta grandes empatias.
Nem tudo é explicado nesta história. Parece ser, aliás, esse o objectivo, na medida em que a ambiguidade serve para tornar as coisas mais naturais. Não há grandes razões para que, com todos os comportamentos de Damián, nunca haja grande perigo de exposição, apesar da crença de Lucía. E a forma como tudo termina deixa, na verdade, muito em aberto, ficando assim uma espécie de curiosidade insatisfeita. Mas também é certo que esse fim, tão improvável e natural como tudo o resto, acaba por fazer sentido tendo em conta o todo da história. E, mesmo não sendo completamente satisfatório, acaba por ser bastante adequado.
Bizarro, mas cativante. Estranho, mas surpreendentemente leve. Improvável, mas tão natural quanto ambíguo. Assim se poderá definir este Desde a Sombra. E, por tudo isto e o equilíbrio que isto forma, uma boa leitura. 

Título: Desde a Sombra
Autor: Juan José Millás
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Divulgação: Novidade Presença

A guerra secreta de Pio XII contra Hitler
Mark Riebling
Coleção: Biblioteca do Século no 44
Tema: Não Ficção e Ensaio
Título Original: Church of Spies: The pope's secret war against Hitler
Tradução: Paulo Pires
ISBN: 978-972-23-5892-7 
Páginas: 424

A suposta impassividade do Vaticano perante as atrocidades dos nazis na Segunda Guerra Mundial continua a representar uma das maiores controvérsias da actualidade. A história apelidou Pio XII de «O Papa de Hitler» e considerou-o conivente com a política e ideologia nazi. Contudo, mais do que manter-se distanciado ou cúmplice dos acontecimentos ocorridos num dos períodos da história mais negros, o Papa teve um papel fundamental nos eventos que levaram à derrota nazi. O historiador Mark Riebling, baseado em documentos recentemente abertos pelos arquivos secretos do Vaticano e pelo British Foreing Office, apresenta a versão que ao longo de décadas foi encoberta, abrindo as portas do Vaticano para revelar factos surpreendentes na história do pontificado. Lê-se como um romance policial baseado na figura do espião alemão Josef Müller, embora seja um relato histórico rigoroso O resultado é um livro magistral que vem contribuir para uma nova visão dos acontecimentos.

Mark Riebling nasceu em Los Angeles e vive em Nova Iorque. Historiador, ensaísta e analista político, é director do Manhattan Institute for Policy Research. Foi cofundador do Center for Tactical Counter-terrorism e investigador no Center for Policing Terrorism/National Counter-terrorism Academy. Escreve para o New York Times e para o Wall Street Journal sobre temas relacionados com a segurança nacional. É considerado um autor inovador em temas relacionados com informação secreta e espionagem. Os Espiões do Papa está traduzido para várias línguas e é o seu segundo livro.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

Divulgação: Novidade Quinta Essência

Era uma vez, numa livraria de Londres em ruínas, uma rapariga chamada Posy Morland que passava a vida perdida nas páginas dos seus romances preferidos. Quando Lavinia, a excêntrica dona da Bookends, morre e deixa a loja a Posy, ela tem de largar os livros e entrar no mundo real, pois Posy não herdou apenas um negócio com problemas, mas também as atenções indesejadas do neto de Lavinia, Sebastian, também conhecido como «o homem mais rude de Londres». Posy tem um plano astuto e seis meses para transformar a Bookends na livraria dos seus sonhos – se ao menos Sebastian a deixasse em paz para conseguir trabalhar. Enquanto Posy e os amigos lutam para salvar a sua querida livraria, Posy é arrastada para uma batalha com Sebastian, com quem começou a ter algumas fantasias bastante escaldantes...
Como as suas heroínas românticas preferidas, irá também ela ter o seu «felizes para sempre»?

Annie Darling vive em Londres num pequeno apartamento a abarrotar de livros amontoados em torres oscilantes. As suas duas grandes paixões na vida são os romances de amor e Mr. Mackenzie, o seu gato de pelo curto inglês. Este é o seu primeiro romance.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Crónicas de André e Vicente - A Cidade das Brumas (Anita dos Santos)

André e Vicente são dois jovens druidas a quem, em tempos, uma profecia atribuiu grandes feitos... e grandes responsabilidades. Os seus poderes permitem-lhes comunicar com a Rainha da Luz, podendo por isso prestar aos feéricos o auxílio de que eles tanto necessitam. Mas outras responsabilidades os chamam. Na Cidade das Brumas, há algo de negro à espreita e é bem possível que haja um traidor entre os druidas. André e Vicente são por isso chamados de volta, na esperança de que possam ajudar a afastar o perigo que, ao ameaçar a Cidade das Brumas, os ameaça também a todos. E, para isso, vão precisar de toda a ajuda que conseguirem obter.
Em muito semelhante ao anterior O Bosque dos Murmúrios e dando, em grande medida, continuidade à história anterior, este é um livro em que se destacam dois aspectos: a manutenção das forças e uma certa evolução em termos das fragilidades anteriores. E é precisamente por aqui que vou começar.Comparativamente ao anterior, a escrita parece ganhar mais fluidez, talvez porque já não estão presentes as ocasionais gralhas, mas também porque há um maior equilíbrio no desenvolvimento do contexto. Continua a ser a acção a dominar, mas há novos desenvolvimentos em termos de poderes, natureza e capacidades dos diferentes tipos de personagem. E esta visão mais ampla torna a história mais intrigante e mais complexa, sem lhe retirar nenhuma das qualidades anteriores.
Quanto a essas qualidades, nunca é demais repeti-las. A história continua a ser relativamente simples, mas sempre cativante, com um enredo em que há sempre alguma coisa a acontecer e que, por isso, mantém sempre acesa a vontade de saber o que se segue. Além disso, à medida que as personagens se tornam mais familiares, as suas melhores facetas tornam-se mais nítidas, sendo particularmente cativantes as curiosas personalidades dos feéricos. Quanto à história em si, sobressai desde logo o tal ritmo de acção constante, mas também a forma como, ao acompanhar os passos de diferentes personagens, a autora permite uma visão mais abrangente do que se está a passar, o que contribui para realçar a intriga, os pontos de conflito e as dificuldades da missão que é preciso cumprir.
Ficam algumas perguntas em aberto e, por isso, uma certa sensação de curiosidade insatisfeita. Mas fica também a impressão de que as aventuras de André e Vicente não devem terminar por aqui. E, assim sendo, o mistério que fica no ar e as respostas que ficam por dar acabam por fazer um certo sentido, pois criam (boas) expectativas para o que se poderá seguir.
Da soma de tudo isto, fica uma ideia muito clara: a de uma história leve e simples, envolvente e intrigante, em que a aventura domina e as personagens nunca deixam de cativar. Uma boa história, portanto, e uma boa leitura.

Título: Crónicas de André e Vicente - A Cidade das Brumas
Autora: Anita dos Santos
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Divulgação: Novidade Oficina do Livro

Cristina Norton surpreende-nos, mais uma vez, com um romance em que mistura realidade com ficção, numa história passada entre os anos 1930 e 1958. O leitor é conduzido pela voz de um rapaz judeu, com humor e ironia, num universo repleto de momentos de desalento, ternura e amor à vida. As personagens à volta dessa criança não têm nome nem identidade e vivem em lugares não definidos, porque representam todas as pessoas que passaram por uma das maiores injustiças de todos os tempos.
Quando Cristina Norton teve a ideia de escrever sobre um rapaz que encontra num pombo o seu consolo e refúgio, achou que não podia excluir o que uma mulher lhe revelara em Buenos Aires, no fim dos anos 50. Sentiu que tinha o dever de escrever e denunciar o que por vergonha as mulheres que haviam passado por esse género de escravatura não ousavam contar.
Destaca-se também uma adolescente alemã (personagem que retrata uma amiga da autora e um testemunho real), porque ela, a mãe e a irmã sofreram as consequências de um regime e de uma guerra com que não concordavam, apesar de serem arianas puras.
Os caminhos dos protagonistas deste romance cruzam-se nos países onde decorrem as suas vidas: Alemanha, Holanda, Itália, Suíça, Espanha, Brasil, Argentina e também Portugal.
Foi em memória deles e de todos os que não tiveram voz para narrar o inenarrável que este livro foi escrito.

O novo romance será apresentado por Henrique Monteiro, esta sexta-feira, pelas 18h30, na Casa da América Latina, em Lisboa.

Cristina Kas Norton nasceu em 28 de Fevereiro de 1948, em Buenos Aires, Argentina, e reside em Portugal há mais de 40 anos. Desde os 17 anos que colabora em revistas e jornais literários de diversos países. A sua obra está publicada em Portugal, no Brasil, no Chile e em Espanha; engloba a poesia, o romance e o conto. Dos vários títulos que publicou destacam-se O Segredo da Bastarda, O Afinador de Pianos, O Lázaro do Porto, O Barco de Chocolate (contos infantis, Prémio Adolfo Simões Müller, 2002), A Casa do Sal e O Guardião de Livros. 

Passatempo O Poder da Ação

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a 4 Estações, tem para oferecer um exemplar do livro O Poder da Ação, de Paulo Vieira. Para participar basta responder às seguintes questões:

1. Por que universidade é que o autor fez o seu doutoramento?
2. Como se chama o método criado por Paulo Vieira?

Convidamo-los também a visitar e seguir a página de Facebook http://facebook.com/castordepapel e o blogue da editora http://castordepapel.blogspot.com/ 

Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 23 de Outubro. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por e-mail e o resultado será anunciado no blogue;
- O blogue não se responsabiliza pelo possível extravio do livro nos correios;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

Resultado do passatempo O Poder do Amor

Chegámos ao fim de mais um passatempo e está na altura de anunciar quem vai receber em casa um exemplar do livro O Poder do Amor, de Osho.

E o vencedor é...

28. Tiago Afonso (Alenquer)

Parabéns e boas leituras!

domingo, 16 de outubro de 2016

A Casa da Morte (James Patterson e David Ellis)

Dizem que quem entra naquela casa não volta a sair com vida. Alguns, dizem que está assombrada. Outros recusam-se a acreditar. Mas o que é certo é que foi na casa que aconteceram várias mortes macabras e agora acabam de acontecer mais duas. Um casal é encontrado morto no quarto principal da casa e as suspeitas não tardam a centrar-se no antigo namorado de uma das vítimas. Mas a detective Jenna Murphy recusa-se a aceitar a solução mais simples. Há qualquer coisa naquela história que não bate certo. E quando, contra tudo e contra todos, começa a aprofundar a investigação, a sua teoria começa a fazer sentido. Há segredos mais antigos escondidos na Casa da Morte. Mas revelá-los pode ter consequências...
Com muito em comum com os outros romances policiais de James Patterson (a começar, desde logo, pela habitual escrita directa em capítulos curtos), este é um livro em que o primeiro aspecto a sobressair é a diferença. E a diferença é que, apesar de, principalmente na fase inicial, muita coisa acontecer em poucos capítulos, a impressão geral é a de uma história que cresce a um ritmo mais pausado e em que as pistas, com as suas múltiplas possibilidades, encaixam de uma forma mais complexa, mas também mais lenta.
Isto retira envolvência ao enredo? Nenhuma. É, aliás, particularmente interessante ver como, de uma teoria aparentemente simples (quase demasiado simples, aliás) emerge um conjunto de revelações inesperadamente complexas, o que, além de proporcionar bastantes surpresas ao longo do enredo, traça um caminho bastante mais tortuoso (e, por isso, mais intrigante) em direcção à verdade. Acompanhar a investigação de Jenna Murphy é uma montanha russa de descobertas, em que todos são potenciais suspeitos e a verdade pode estar em qualquer lado.
Também particularmente marcante é a forma como as personagens evoluem, despertando sentimentos diferentes consoante as circunstâncias. Noah, no papel de um (possivelmente) inocente condenado, Jenna, a detective determinada em descobrir a verdade, mas tão capaz de descobrir o elo que falta como de errar clamorosamente, o chefe da polícia, com a vertente política das circunstâncias a condicionar-lhe os passos... E os Dahlquist, com todo o mistério que lhes está associado. Em todas estas personagens há tanto potencial para o bem como para o mal e, por isso, qualquer um pode ser o verdadeiro culpado. 
Tudo isto contribui para adensar o mistério. A empatia (ou falta de, nalguns casos) para com as personagens, as respostas que se transformam em perguntas para depois apontarem numa direcção diferente, o ritmo de um enredo que, sendo um pouco mais pausado que o habitual, é também mais complexo e, por isso, mais intrigante e o percurso de revelação em revelação até à descoberta final. Tudo se conjuga num equilíbrio fascinante, abrindo caminho para um final tão intenso quanto surpreendente. 
Com uma história cheia de surpresas, uma protagonista carismática, mas falível e um mistério com muito de inesperado, este é, pois, um livro que não desilude. Intenso, surpreendente e sempre intrigante, um livro que vale bem a pena descobrir. E que recomendo, portanto.

Título: A Casa da Morte
Autores: James Patterson e David Ellis
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Finda a Guerra Civil Americana, a família March prepara o casamento de Meg. Passaram três anos desde que se fechou a cortina sobre Mulherzinhas, as irmãs Meg, Jo, Beth e Amy estão mais crescidas e o pai regressou a casa, tornando-se pastor numa paróquia. As irmãs March enfrentam agora a vida adulta, trilham os seus próprios caminhos, longe da casa dos pais, e lutam pelos seus sonhos, numa viagem de autodescoberta. Em Boas Esposas, acompanhamos os bons e maus momentos desta etapa de crescimento, os problemas, as provações, as aprendizagens. Meg lida com os desafios da vida de casada, Jo procura vingar como escritora, Beth luta contra a doença, Amy viaja. A presente edição deste grande clássico da literatura inclui as ilustrações originais, de 1869, uma cronologia biobibliográfica da autora, uma caracterização das personagens, excertos do diário de Louisa May Alcott e uma carta ao seu editor, a propósito da edição de Boas Esposas.

Louisa May Alcott. Nasceu a 29 de Novembro de 1832, na Pensilvânia, Estados Unidos da América. Começou a vender histórias com o objectivo de ajudar a família financeiramente, tendo publicado o primeiro livro, Flower Fables, em 1854. Trabalhou como enfermeira durante a Guerra Civil Americana, experiência que serviu de base à obra Hospital Sketches (1863). O seu livro mais conhecido, Little Women / Mulherzinhas, foi escrito por encomenda da editora Roberts Brothers, que lhe pediu «uma história para raparigas», em 1868. Baseou-se nos Alcott para dar vida aos March, a família que compõe o núcleo central da obra. Face ao êxito imediato, escreveu um segundo volume no ano seguinte: Little Women, Part Second / Boas Esposas. A história da família March prosseguiu ainda nas obras Little Men (1871) e Jo’s Boys (1886). A escritora faleceu a 6 de Março de 1888, dois dias depois do pai. Para além dos livros para crianças e adultos, ficou conhecida como abolicionista e defensora dos direitos das mulheres.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Aamir - Um Pária em Lisboa (Ricardo Gomes)

Aamir deixou a Índia em busca de uma vida melhor, longe da pobreza inevitável do lugar onde vivia. Mas não foi isso que encontrou.  Agora, vagueia por Lisboa, ganhando a vida entre esquemas e trabalhos pouco lícitos, conseguindo apenas o suficiente para sobreviver. E não aspira a muito mais. Mas um dia tudo muda, quando, quase que por acaso, se cruza com uma brasileira que lhe prende a atenção e o coração. Então, Aamir começa a sonhar com uma família, mesmo sabendo que precisa de ganhar dinheiro para a conseguir. Está nas suas mãos mudar o destino - mas será possível, quando tudo o que conhece são pessoas e comportamentos duvidosos?
Relativamente breve, bastante simples e muito interessante, este é daqueles livros que se lêem em menos de nada. A escrita cativante e a forma como o autor expõe a mente do protagonista e as particularidades das suas circunstâncias mantêm sempre viva a curiosidade em saber o que acontece a seguir e de que forma irá Aamir concretizar ou não as suas aspirações. E, além disso, sendo um livro tão curto, há sempre algo de relevante a acontecer. Não há espaço para grandes introspecções ou descrições complementares, resumindo-se tudo ao realmente essencial para a história. O resultado é uma história breve, mas intrigante e surpreendente.
A grande surpresa desta pequena história prende-se precisamente com Aamir. Enquanto protagonista, está longe de ser o tipo de personalidade que desperta simpatias imediatas. Muito pelo contrário. Mas a forma como o autor o caracteriza, justificando através de acções e experiências o que faz com que Aamir seja tudo menos um herói, cria, ainda assim, uma certa proximidade. Não é o tipo de personagem de que se goste à partida, mas tem as suas qualidades. E, acima de tudo, tendo em conta o rumo da história, tem defeitos que não o tornam num vilão, mas apenas num ser humano e falível.
E depois há a evolução. Ao longo da história, a perspectiva que se tem sobre Aamir vai mudando. No início, parece ser o clássico exemplo de um espertalhão sem escrúpulos, mas acaba por se revelar algo diferente. É como se a sua vida tivesse duas facetas diferentes, o "trabalho" e o amor, que, quando se cruzam, criam complicações imprevistas. E a forma como tudo termina confere a uma história que, de início, se afigurava leve e caricata, um tom bem mais sério e um impacto mais forte. 
Fica a curiosidade em saber um pouco mais? Sim, por vezes. Mas, tendo em conta o rumo da história e a forma como o protagonista percorre os acontecimentos, a forma como a história é contada acaba por ser bastante adequada. Deixando ver Aamir pelo que é no tempo presente e o passado apenas como uma vaga (mas capaz de condicionar) recordação.
Breve, simples e interessante, portanto. Uma história intrigante, de leitura agradável e com um final surpreendente. A soma de tudo isto é, claro, uma boa leitura. Gostei.

Título: Aamir - Um Pária em Lisboa
Autor: Ricardo Gomes
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Gritos Silenciosos (Angela Marsons)

Em tempos, reunidos à volta de uma campa rasa, eles fizeram um pacto. Todos tinham segredos que precisavam de guardar e, por isso, o preço a pagar para os manter a salvo parecia pequeno. Mas agora o passado voltou. Primeiro, uma mulher é encontrada afogada numa banheira. Depois, um homem é morto em sua casa e a única relação entre ambos é o orfanato onde em tempos trabalharam. E, quando as atenções se voltam para Crestwood, uma descoberta macabra é feita junto ao local. Surge então a evidência de um mistério com muitos anos - e sabe-se lá quantas vítimas. Mas a pergunta a que Kim Stone precisa de responder não tem resposta fácil: quem é o culpado?
Intenso, intrigante e, no global, cheio de qualidades, este é um livro que cativa desde as primeiras páginas e agarra até ao fim. Desde os primeiros laivos de intriga às grandes revelações do final, passando pelo percurso de pista em pista, pelos novos crimes que vão surgindo e pelas revelações pessoais sobre as várias personagens, tudo se conjuga numa teia de acção e mistério que é pouco menos do que irresistível. 
Há três aspectos principais que importa referir sobre este livro: escrita, enredo e construção de personagens. Todos igualmente relevantes e todos muitíssimo bem desenvolvidos, conjugam-se num equilíbrio perfeito, para dar voz a um mistério viciante, cheio de surpresas e em que tudo - grandes revelações e pequenas coisas - se conjuga na perfeição. 
Mas vamos por partes. Parte do que faz com que esta história prenda desde as primeiras páginas é a forma como está escrita. Capítulos curtos e um estilo de escrita bastante directo, mas em que há espaço para uma visão dos sentimentos e pensamentos das personagens, para momentos de inesperada emoção e ainda para laivos de um humor muito agradável, fazem com que a leitura flua com total naturalidade. As páginas passam-se sem esforço e fica sempre a vontade de ler mais um capítulo, para saber logo o que acontece a seguir. 
O que me leva ao enredo. Não há praticamente nada de previsível nesta história e, porém, depois de saber a resposta, é incrivelmente notório que as pistas estavam lá. Isto torna-se particularmente interessante porque permite acompanhar um pouco mais de perto os percursos mentais da protagonista, realçando as dificuldades da sua posição. Além disso, ao cruzar o caso principal, que é todo ele cheio de surpresas, com a história da própria protagonista, cria-se também uma maior proximidade. É possível compreender Kim Stone na sua ânsia de encontrar o culpado.
E isto leva-me às personagens. Kim Stone é uma protagonista fascinante. Pouco sociável, quase desajeitada na intervenção com as pessoas, mas, apesar disso, com uma sensibilidade acima da média, surge como uma personalidade complexa, carismática e com a qual é fácil sentir proximidade. É diferente, é inesperada... e, por isso mesmo, é fascinante. E o mesmo se pode dizer do resto da sua equipa, todos eles com os seus traços característicos e formando uma unidade sólida e muito, muito eficaz. 
Tudo isto converge num equilíbrio perfeito. O resultado é uma leitura viciante, com uma história surpreendente, personagens muito fortes e uma escrita tão cativante como o enredo a que dá voz. A soma das partes é um início de série brilhante. E que recomendo sem reservas. 

Autora: Angela Marsons
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

As Mulheres que Fizeram Roma (Carla Hilário Quevedo)

Dizem que Roma não se fez num dia e é verdade que foram muitas as figuras relevantes na fundação, ascensão e queda de um dos maiores impérios da História. Mas, se pensarmos nos nomes mais conhecidos da história de Roma, repararemos que a grande maioria das figuras de relevo são homens. Ou será que não? Este livro apresenta-nos a história de catorze mulheres que, por diferentes razões e com diferentes características, desempenham um papel crucial na história de Roma. Histórias de poder e de influência num tempo em que o papel das mulheres era, em muitos aspectos, diminuto.
Relativamente sucinto, mas com um bom equilíbrio entre a história individual de cada protagonista e o contexto em que a sua vida decorreu, este é um livro que cativa, desde logo, pela forma como está construído. Cada uma das catorze histórias apresentadas é-nos narrada de uma forma muito simples e sintética, mas sem deixar de fora nada de essencial. Além disso, ao percurso de cada uma das mulheres retratadas acrescenta-se uma visão ampla e clara (e, mais uma vez, sucinta) do contexto histórico, com as leis, os costumes e o papel tradicional da mulher a contribuírem também para realçar a unicidade de cada uma das mulheres apresentadas. 
Ora, isto é mais do que suficiente para tornar a leitura interessante, pois, do percurso destas mulheres, é possível retirar toda a informação relevante sobre a época, incluindo os conflitos e conspirações em curso, bem como ficar com uma ideia muito clara de quem era cada uma destas mulheres - e do papel que desempenhou. Mas há ainda uma outra faceta a destacar: é que, do conjunto destas catorze histórias, sobressai também uma visão mais ampla do que terá sido a história de Roma, da fundação até à queda. Uma visão que, não sendo completa (nem o poderia ser, havendo muitas outras personalidades que, distanciando-se do âmbito deste livro, ficam para segundo plano), é, ainda assim, bastante precisa na forma como retrata a evolução de hábitos, regras e mentalidades, bem como as sempre presentes lutas pelo poder. Tudo isto contado num tom bastante simples, em que o essencial da vida das protagonistas se conjuga com o essencial do contexto. O resultado é um texto acessível, agradável de ler e de muito fácil compreensão.
Cativante, bem estruturado e muito esclarecedor. É esta, pois, a impressão que fica deste  livro, que, além de ter muito de bom para descobrir, deixa ainda a curiosidade em saber sempre um pouco mais. Muito interessante, portanto, e muito bom. 

Título: As Mulheres que Fizeram Roma
Autora: Carla Hilário Quevedo
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Porto Editora

Com uma vida difícil desde criança e um passado no mundo dos negócios de que não se orgulha, Charlie Finn vive agora tranquilamente de trabalhos pouco transparentes que faz com o seu barco ao largo da costa de Miami.
Charlie procura levar um dia de cada vez, sem grande agitação, no entanto, quando os seus actos têm consequências devastadoras para aqueles que mais ama, sente-se obrigado a reparar todo o mal que causou.
Decidido a trazer para casa são e salvo o filho do seu melhor amigo, viaja para a América Central. A viagem leva-o inesperadamente até León, um lugar a que outrora virara costas pelas piores razões, onde reencontra aqueles que pagaram pelas decisões cegas do seu passado, entre eles Paulina e a filha. Poderá o confronto com o passado conceder a Charlie a redenção de todos os males que provocou e ajudá-lo a encontrar um amor como nunca julgou possível?

Charles Martin licenciou-se em Literatura Inglesa na Florida State University.
Tem um mestrado em Jornalismo e um doutoramento em Comunicação pela Regent University. Foi professor no Departamento de Inglês, na Hampton University. Em 1999, dedicou-se exclusivamente à escrita.
É autor bestseller do New York Times. Água do meu coração é o seu 11.º romance e as suas obras estão traduzidas em 17 línguas. Vive com a mulher, Christy, e os seus três filhos, Charlie, John T. e Rives, a poucos passos de distância do St. John's River, em Jacksonville, Florida,

Divulgação: Novidade Quinta Essência

Uma amante nunca deve ter a ingenuidade de se apaixonar pelo seu protector nem de lhe confiar o seu futuro financeiro. Mariah Desmond fez as duas coisas e o seu amado protector morreu e deixou-a sem nada. Obrigada a procurar outro protector, está decidida a agora guiar-se pelo  instinto de sobrevivência e não pelo coração. Mas quando assiste a uma das escandalosas festas de Vivien Manning, o rosto familiar do melhor amigo do seu falecido amante apanha-a desprevenida.
Um passado doloroso ensinou John Rycroft que não tem tendência para ser o príncipe encantado de ninguém. O seu fraco por Mariah – melhor dizendo, o seu forte – é precisamente o motivo por que se manteve à distância. Contudo, ao vê-la namoriscar com um enxame de homens que competem por se tornarem o seu próximo amante, algo dispara no seu íntimo.
Quando John a arranca aos seus pretendentes, a indignação de Mariah derrete-se no calor da ardente química entre os dois. Mas rapidamente descobre que não é fácil navegar nas tempestuosas águas emocionais de John. Sobretudo quando a violenta perseguição do pai para recuperar o domínio do filho coloca a sua vida em perigo.

Jess Michaels escreve desde o dia fatídico em que o marido lhe disse: «Só és realmente feliz quando estás a escrever. Porque não fazes isso?» Em Novembro de 2003, o seu trabalho (e vários baldes de lágrimas) compensaram quando ela fez a sua primeira venda à editora Red Sage. Jess tem sido apelidada de «estrela do romance sensual», e o seu trabalho foi descrito como «demasiado ‘quente’ para largar». Também escreve romances históricos como Jenna Petersen. Jess vive no Midwest dos Estados Unidos.

sábado, 8 de outubro de 2016

O Segredo do Escritor (Liz Nugent)

Oliver e Alice parecem ter uma vida feliz. Ele é um escritor de sucesso, ela é a ilustradora dos seus livros. Dão-se bem, ainda que as ideias fixas que Oliver tem para o que quer da vida pareçam impor uma certa desilusão. Mas, de repente, tudo muda. Uma noite, num acto inexplicável, Oliver espanca violentamente a mulher, deixando-a em coma. Não parece haver nada capaz de justificar um tal acto e o próprio Oliver parece não entender bem porque o fez. Mas, à medida que todos - vizinhos, antigos colegas, familiares - recordam o passado, um padrão começa a emergir: o de alguém que fez que a vida e as suas próprias escolhas o transformassem num monstro. 
Contado na primeira pessoa, mas por um vasto conjunto de personagens, este é um livro que quase funciona como um puzzle, na medida em que, através de cada ponto de vista, é possível recolher mais uma peça para a descoberta da verdadeira natureza de Oliver e da sua história. O que acontece, por isso, é que a história parece construir-se através de um conjunto de momentos que se vão encaixando num todo, revelando não só os mistérios do passado, mas também as bases da personalidade de Oliver e daquilo que o levou aos seus mais terríveis actos. Do que resulta uma aura de mistério sempre presente, sempre intrigante, e que, passo a passo, vai abrindo caminho a novas e surpreendentes revelações.
Tudo isto acontece de forma gradual, a um ritmo que, não sendo propriamente compulsivo, cativa desde muito cedo e nunca deixa de prender. E para isso contribui em muito a construção das personagens e a forma como a autora as retrata, realçando, de diferentes perspectivas, tanto as qualidades como as imperfeições.Oliver é o máximo exemplo disso, com a história do seu passado a moldá-lo no homem do presente, mostrando-o tanto como a pessoa capaz das coisas mais terríveis quanto como o menino isolado e rejeitado sem saber porquê. 
Isto desperta sentimentos ambíguos, não para com a história, mas para com as personagens, que tanto conseguem despertar compaixão como repulsa, consoante o que fazem, o que pensam ou a forma como quem está a contar a história nesse momento as vê. E isto acaba por ser um dos traços mais fascinantes desta história, pois, em toda a inocência como em toda a crueldade, ninguém é inteiramente perfeito nem inteiramente monstruoso, tendo todas as personagens uma base que os leva ao que são. E assim tudo converge numa história cheia de segredos e de surpresas, em que os porquês são mais importantes que o quem. 
Intrigante, muito bem construído e com uma construção de personagens fascinante, trata-se, pois, de um livro que cativa desde muito cedo. E que, de memória em memória até à revelação final, nunca deixa de surpreender. Recomendo.

Título: O Segredo do Escritor
Autora: Liz Nugent
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Divulgação: Novidade Saída de Emergência

Harry August não é um homem normal. Porque os homens normais, quando a morte chega, não regressam novamente ao dia em que nasceram, para voltarem a viver a mesma vida mas mantendo todo o conhecimento das vidas anteriores. Não interessa que feitos alcança, decisões toma ou erros comete, Harry já sabe que quando morrer irá tudo voltar ao início. Mas se este acumular de experiências e conhecimento podem fazer dele um quase semideus, algo continua a atormentar Harry: qual a origem do seu dom e será que há mais pessoas como ele? A resposta para ambas as perguntas parece chegar aquando da sua décima primeira morte, com a visita de uma menina que lhe traz uma mensagem: o fim do mundo aproxima-se.
Esta é a história do que Harry faz a seguir, do que fez anteriormente, e ainda de como tenta salvar um passado que não consegue mudar e um futuro que não pode deixar que aconteça.

Claire North é um dos dois pseudónimos de Catherine Webb – uma autora britânica nascida em 1986. Estudou História na London School of Economics e Teatro na RADA. A sua estreia, Mirror Dreams, foi publicada quando tinha apenas 14 anos. O livro foi publicado em 2002 e granjeou comparações a Terry Pratchett e Phillip Pullman. Webb publicou mais sete romances, conquistando as críticas, o público e mais duas nomeações para a medalha Carnegie. Sob o pseudónimo Kate Griffin, publicou seis obras de fantasia. Em 2014 publicou o primeiro romance de ficção científica sob o pseudónimo de Claire North, As Primeiras Quinze Vidas de Harry August, tendo sido um bestseller. Em 2015 e 2016, publicou Touch e The Sudden Appearance of Hope.

Passatempo O Poder do Amor

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a 4 Estações, tem para oferecer um exemplar do livro O Poder do Amor, de Osho. Para participar basta responder às seguintes questões:

1. Antes de O Poder do Amor, a 4 Estações publicou outro livro do autor. Qual é o título?
2. Em que país nasceu Osho?

Convidamo-los também a visitar e seguir a página de Facebook http://facebook.com/castordepapel e o blogue da editora http://castordepapel.blogspot.com/ 

Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 16 de Outubro. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por e-mail e o resultado será anunciado no blogue;
- O blogue não se responsabiliza pelo possível extravio do livro nos correios;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Os Filhos de Salazar (António Breda Carvalho)

Tudo começa com um mistério, na noite em que o avião do major Reinaldo Varela se despenha no rio. Por acidente ou propositadamente? Ninguém sabe ao certo, ainda que haja quem tenha as suas teorias. Pouco depois, o país muda com o golpe que dá origem ao Estado Novo, e as regras da moral e dos bons costumes tornam-se ainda mais estritas. E, enquanto uns as aceitam sem hesitar, outros há que insistem em revoltar-se, da maneira que lhes for possível. É neste ambiente que crescem Mariana e Mariano, em tudo opostos. Ela, teimosa e rebelde, decidida a afirmar o seu direito à independência. Ele, piedoso e bem comportado, pronto a dedicar a vida a Deus. Só que a vida nunca é só o que planeamos e as escolhas de Mariana e Mariano levá-los por caminhos inesperados... mudando tudo o que julgavam ter como certo. 
Centrado, até certo ponto, no percurso de vida dos dois protagonistas, mas, acima de tudo, no retrato de um tempo e das mentalidades então vigentes, este é um livro que, mais que por grandes acontecimentos, cativa principalmente pelas pequenas coisas. Sim, há grandes pontos de viragem na história, momentos dramáticos de graves consequências, mas, no fundo, são as pequenas mudanças e as percepções graduais que ditam o rumo da história. E isto é interessante precisamente porque, além de Mariano e Mariana, fica-se com uma ideia muito clara do que poderia ter sido viver naquele tempo.
Nem sempre é fácil gostar das personagens. Não parece sequer que seja esse o objectivo. Isto porque reflectem em grande medida o espírito da época e, assim sendo, é difícil simpatizar com certos pontos de vista que, por estarem associados a personagens relevantes, vão sendo vincados ao longo do enredo. Mas estes pontos de vista servem um objectivo, pois permitem ver a progressiva mudança de mentalidades. O pensamento de Leandro de Albuquerque não é bem o mesmo de Mariano e, quanto a este, a evolução é claríssima. 
Quanto ao percurso dos protagonistas, sobressaem dois aspectos: primeiro, a forma como, através deles, é possível ver as duas formas de encarar o regime, com submissão ou rebeldia. E depois, a forma como a vida e os acontecimentos mudam a firmeza das suas convicções, levando-os a seguir caminhos diferentes e até mesmo opostos às ideias iniciais. Nem sempre é fácil compreender estas mudanças e, na fase final, fica a sensação de uma passagem algo apressada, principalmente no caso de Mariana. Ainda assim, não deixa de ficar uma ideia em mente: nem sempre as certezas absolutas são assim tão absolutas.
Cativante, bem escrita e sempre agradável de ler, trata-se, portanto, de uma história que é, ao mesmo tempo, a do crescimento dos seus protagonistas e o retrato da época em que estes se movimentam. Uma boa história, em suma, e uma boa leitura.

Autor: António Breda Carvalho
Origem: Recebido para crítica