Um piloto despenha-se no deserto e, ao abrir os olhos, depara-se com uma criança singular. Não sabe de onde veio nem como foi ali parar, mas um pedido inocente - desenha-me uma ovelha - serve de ponto de partida para grandes revelações. É que o principezinho não é apenas um rapaz. Veio de um planeta muito especial e deixou para trás algo de igualmente especial, que molda tudo o que faz...
Todos conhecemos esta história. Estudamo-la na escola, ouvimos falar dela muitas vezes, apaixonamo-nos por ela - ou não, mas mesmo assim lembramo-nos. E, sendo algo tão conhecido, é quase irresistível a curiosidade de saber o que tem esta adaptação de diferente, que impacto novo pode ter, que formas pode assumir que não venham já do original. Bem, tem o suficiente de diferente, o impacto surpreendentemente forte de uma versão condensada e uma componente visual que, sendo ao mesmo tempo nova, contém rasgos de familiaridade.
Parte do encanto deste livro vem, aliás, deste equilíbrio entre o novo e o familiar. A história é muito mais concisa, e até frases cruciais do original que estão ausentes desta versão. E ainda assim, toda a essência está presente, é fácil reconhecer este principezinho e a ternura da história que tantos leitores cativou. Já nas ilustrações, há um mundo de diferença e uma imensidão de pormenores deliciosos. Ainda assim, reconhecemos as expressões e as figuras familiares. E quanto ao elo emocional... bem, é curioso como, sendo muito mais conciso, consegue até despertar emoções mais fortes - como uma dose de ternura concentrada em poucas, mas poderosas, páginas.
É, de certo modo, um caso singular, pois o original já era perfeitamente adequado para leitores de todas as idades. Esta adaptação, contudo, acrescenta uma simplicidade que talvez torne a história mais acessível a leitores mais novos, proporcionando um bom ponto de partida para quem ainda não conhece a história que lhe serve de base. E para quem já a conhece... bem, é uma mistura de reencontro e descoberta particularmente enternecedora.
Visualmente magnífico, carregadinho de ternura e com um equilíbrio perfeito entre o familiar e o novo, trata-se, em suma, de um novo olhar à mesma história, que ora a simplifica, ora a expande, transformando-a sem lhe retirar a essência. Resume-se numa palavra, portanto: lindo.