O cinzento está farto de ser excluído. Só porque não faz parte do arco-íris, isso não significa que tenha de ser visto como aborrecido, mas o que é certo é que as outras cores estão sempre a deixá-lo de fora. Por isso, decidiu escrever um livro. Um livro cinzento, para provar que a sua cor também serve para contar uma história. Só que as outras cores não estão lá muito satisfeitas com isso. E, quando se começam a intrometer no projeto do cinzento, ele começa a sentir-se novamente desprezado... e à beira de uma explosão.
É inevitável que seja a mensagem a sobressair neste livro: temos uma cor que é excluída porque os outros a veem como diferente e, por isso, a deixam de parte ou entendem como negativa. Parece familiar, certo? Mas é interessante como este livro cinzento pode servir de base para múltiplas abordagens: desde logo, a questão de que não há cores menores aproxima-se de um tema muito pertinente na atualidade. Mas as diferentes cores servem também de ponto de partida para uma visão mais estrita - a aplicação das diferentes cores, primárias, secundárias e por aí adiante, ao mundo da arte - e também para uma visão mais ampla, a de que nenhum tipo de exclusão faz sentido. E assim, mais uma vez, é a mensagem que sobressai: em múltiplas facetas, todas elas relevantes.
Quanto à história, é naturalmente muito simples, como seria de esperar, mas também surpreendente. Até porque, de certa forma, acabamos por ter duas histórias: a do cinzento e a que o cinzento quer contar. E embora sejam ambas muito breves, têm ambas os seus momentos singulares e divertidos e um toque de ternura bastante eficaz.
Naturalmente breve, mas bonito e relevante, trata-se, pois, de uma história cheia de matizes - sim, de cinzento e não só - e com uma mensagem muito forte. Capaz de servir de ponto de partida para questões complexas e para transmitir mensagens de igualdade, diversidade e amizade.