sexta-feira, 29 de abril de 2016

Jardim Secreto (Johanna Basford)

Livros de colorir para adultos. Se têm acompanhado este meu espaço nos últimos meses, já conhecem a minha relação com este género de livro: demorei a converter-me, mas fiquei fã. E, da oferta cada vez maior que tem surgido, um dos primeiros livros a chamar-me a atenção foi este Jardim Secreto. 


Porquê? Pela beleza das imagens, principalmente, e também pelas muitas possibilidades que os diferentes graus de dificuldade das várias imagens representam. Imagens que, apesar de se cingirem a um tema - como é, aliás, de esperar - nunca se tornam repetitivas ou aborrecidas, havendo sempre algo de diferente para descobrir. Sejam as pequenas criaturas escondidas nos vários "jardins", seja o ambiente quase mágico que transparece de algumas das imagens, sejam ainda os padrões que se podem construir a partir das diferentes flores de cada desenho.


Outra particularidade deste livro é o facto de não ser apenas um livro para colorir. Há várias páginas em que, ao desenho para colorir, se junta também o desafio de desenhar, acrescentando à imagem algo mais e apelando também à criatividade. Ora, algo que também não me canso de referir é que o meu talento para as artes visuais é limitado e, portanto, a parte do desenhar ficou um pouco de lado. Ainda assim, para pessoas mais confiantes ou mais talentosas nesta área, pode ser um desafio complementar muito interessante. 


Nem tudo é perfeito neste livro. Fica a impressão de que, para um livro do género, o papel ligeiramente escuro e um pouco áspero talvez não seja a escolha mais adequada. Ainda assim, não é uma dificuldade intransponível e continua a ser perfeitamente possível obter bons resultados. E o resto - as imagens bonitas e cativantes, os múltiplos graus de dificuldade que podemos encontrar neste livro, a diversidade de desenhos e de desafios que estes nos apresentam - compensa esta fragilidade.


E, assim sendo, acaba por ser mais um livro a contribuir para a minha total conversão a esta nova aventura dos livros de colorir para adultos. E um livro que recomendo a quem gosta deste tipo de desafio.

Título: Jardim Secreto
Autora: Johanna Basford
Origem: Aquisição pessoal

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Sob o olhar maravilhado e infantil do filho, um casal dança o Mr. Bojangles de Nina Simone. O seu amor é mágico, vertiginoso, uma festa perpétua. Em casa deles só há lugar para o prazer, para a fantasia, para os amigos. Quem dá o tom, quem conduz o baile é a mãe, chama tremeluzente, fugidia e extravagante. Foi ela que adoptou o quarto membro da família, a Menina Sem Préstimo, uma grande ave exótica que deambula no apartamento da família. É ela que não pára de os arrastar, a todos, para um turbilhão de poesia e de quimeras. Mas um dia ela vai longe demais. O pai e o filho farão tudo para evitar o inelutável. Eles querem que a festa continue, custe o que custar. Nunca a expressão «amor louco» foi usada com tanta propriedade. O optimismo das comédias de Frank Capra, aliado à fantasia da Espuma dos Dias, de Boris Vian.

Olivier Bourdeaut nasceu à beira do Oceano Atlântico, em 1980. Recusando compreender o que ele queria aprender, o Sistema de Ensino depressa o devolveu à liberdade. Nessa altura, graças à ausência de televisão em sua casa, pode ler com abundância e vaguear sonhadoramente quanto quis. Durante dez anos trabalhou no imobiliário, indo de falhanços a fiascos com um entusiasmo crescente. Depois, durante dois anos, transformou-se no responsável de uma agência de experts em chumbo, responsável por uma assistente mais diplomada do que ele e responsável de caçadores de térmitas, mas os insectos encarregaram-se de minar e roer a sua responsabilidade. Foi ainda abridor de torneiras num hospital e factótum de uma editora de livros escolares – na mouche – e apanhador de flor do sal de Guérande a Croisic, entre outras coisas. Sempre quis escrever. À Espera de Bojangles é disso a primeira prova disponível.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Divulgação: Novidade Topseller

Dalya é filha de um sapateiro e vive em Berlim, na década de 1930. Apesar de ter apenas 15 anos, sabe que o seu destino é seguir as pisadas do pai e tornar-se também ela criadora de sapatos. Mas quando Dalya é levada para um campo de concentração com a família, a sua vida muda para sempre, e vê-se obrigada a deixar para trás tudo aquilo que conhece…bem como um lindo par de sapatos, o primeiro feito por si.
Esses sapatos fazem uma viagem no espaço e no tempo até aos dias de hoje, indo parar a uma loja de artigos em segunda mão. Nesta loja entram Ray e Pinny, duas raparigas que não podiam ser mais diferentes uma da outra: Ray é órfã, vive numa instituição, mas sonha fugir para Nova Iorque, e Pinny é uma optimista incurável, pois acredita que, apesar de ter síndrome de Down, isso não a impedirá de concretizar os seus sonhos.
Um único par de sapatos cor-de-rosa irá unir estas três vidas, marcadas pela perda, numa história de coragem, amor e memórias e dos acasos felizes que nos interligam a todos.

Suzanne Nelson sempre sonhou ser escritora. Depois de anos a trabalhar como editora de livros infantojuvenis em Nova Iorque, mudou-se para o Connecticut, com o marido e os seus três filhos, e passou a dedicar-se à escrita. Conta já com vários livros publicados.

Divulgação: Novidade Porto Editora

Esta é a biografia de Maria, uma mulher e uma mãe que os católicos acreditam ser santa. O autor visitou lugares sagrados e sítios arqueológicos, consultou textos bíblicos e documentos históricos – incluindo do acervo do Vaticano – e recolheu relatos não reconhecidos pela Igreja Católica. O resultado é um amplo retrato de Maria e a reconstituição dos seus passos – da infância à escolha do marido José, da gravidez controversa à fuga para o Egipto, das pregações do filho adolescente ao milagre nas Bodas de Caná, das visões em Guadalupe às aparições em Lourdes e Fátima. 

Rodrigo Alvarez nasceu no Rio de Janeiro e passou os últimos doze anos entre São Paulo, Nova Iorque, São Francisco e Jerusalém, como repórter e correspondente da TV Globo, destacando-se na cobertura do conflito israelo-palestiniano.
É o autor de No país de Obama, que surge na sequência do trabalho de cobertura das eleições norte-americanas de 2008 e o seu segundo livro, Haiti, depois do inferno, baseia-se na sua experiência nesse país após o devastador terramoto de 2009. É ainda o autor do best-seller Aparecida.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

As Lições do Amor (Lorraine Heath)

Grace Mabry está decidida a casar por amor, mas, com um dote tão grande como o seu, não tem a certeza de conseguir distinguir quais dos seus muitos pretendentes a amam realmente e quais estão apenas interessados em fazer fortuna à sua custa. E não está disposta a arriscar, principalmente porque guarda um segredo que torna ainda mais imprescindível que o seu futuro marido a ame pela pessoa que é. É por isso que decide recorrer ao duque de Lovingdon, que, após uma tragédia pessoal, se retirou da sociedade e que, além de muito experiente em questões de amor (e devassidão), é também uma antiga paixoneta de Grace. Ao arrastá-lo para a sua busca, Grace espera arrancar-lhe conselhos úteis. Mas principalmente salvá-lo de si mesmo. O que não espera é reacender uma paixão antiga... ou será esse o seu objectivo desde o princípio?
História de amor e de sensualidade entre duas almas com sombras nos seus passados, este é um livro que, não sendo propriamente imprevisível na forma como resolve os principais dilemas do enredo, tem, ainda assim, muito de cativante na viagem até esse final. A começar, desde logo, pela relação entre os protagonistas. Lovingdon isolou-se da sociedade - ou, pelo menos, da sociedade respeitável - para aprender a viver com a dor de uma grande perda. Grace espera encontrar no amor a prova de que as imperfeições que esconde são menos repulsivas do que pensa. E, lidando ambos com os seus demónios, acabam por se complementar na perfeição. Claro que a viagem tem tantos mal-entendidos como momentos de paixão, mas é precisamente este equilíbrio - distância e atracção, amor e emoção - que torna tudo tão cativante.
Há também pequenos aspectos a complementar o romance, tornando a história mais intensa e intrigante. Desde logo, a situação de perigo que surge na fase final, e as pistas que, pelo caminho, iam surgindo, contribui em muito para a grande intensidade dos últimos capítulos. Mas há outras pequenas coisas - a relação de Grace com as amigas, as relações familiares (que, ao que parece, foram desenvolvidas numa série anterior da autora) e a discreta, mas certeira, intervenção de Lovingdon na vida de um outro casal - a acrescentar pontos de interesse. E se é verdade nem tudo encontra resposta neste livro, também é certo que todos os pontos essenciais estão lá.
E tudo isto nos é contado num registo leve, em que a narrativa flui com uma muito cativante naturalidade, equilibrando a caracterização das personagens, os detalhes relevantes do passado e as muito, muito interessantes interacções entre os vários intervenientes numa leitura sempre envolvente e com momentos de grande intensidade. Intensidade que atinge um máximo na fase final, como seria, aliás de esperar, mas que se sente também nas pequenas coisas.
O que fica da soma das partes é, portanto, a ideia de um muito interessante início de série, em que a história principal encontra o fim mais adequado, deixando também muita curiosidade para saber o que se segue no caminho de algumas outras personagens. Cativante e muito agradável, uma boa leitura.

Título: As Lições do Amor
Autora: Lorraine Heath
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Uma Rapariga é uma Coisa Inacabada (Eimear McBride)

Nasceu depois dele, mas sempre esteve lá. Por entre a fé, durante a doença, em cada um dos muitos momentos em que o muito de disfuncional na sua família se revelada... desde que surgiu e até ao fim. É para isso que servem os irmãos. Mas, quando a vida é dura e nada é certo, não é fácil olhar para a vida com outros olhos que não os da escuridão. E, assim, tropeçando nas ideias, ela vai passando pela vida. À procura não sabe de quê - perdendo algo pelo caminho. Incompleta. Imperfeita. Inacabada. Esta é a sua história.
Se há algo que, desde muito cedo, se torna evidente nesta leitura, é que tudo neste livro é estranho. E que, ao longo desse tudo, há também muito de fascinante. E a estranheza (e, até certo ponto, o fascínio) começam logo pela escrita, que, no que pretende ser a voz única e peculiar da protagonista, adquire uma forma tão invulgar e tão surpreendente que, por um lado, exige máxima concentração para assimilar todas as suas particularidades, ao mesmo tempo que incentiva a descobrir de que forma poderá evoluir um tão estranho registo.
Ora, esta voz estranha parece adaptar-se na perfeição à estranheza do que nos tem para contar, uma vida em que praticamente tudo é disfuncional e em que, em consequência, quase tudo foi quebrado. Sente-se a confusão, o destroço mental que é a vida da protagonista. E, tendo em conta o que emerge das suas estranhas visões, torna-se fácil, uma vez assimiladas as tais peculiaridades, vislumbrar o abismo nessa sua história. O que começa por ser um pouco confuso torna-se depois perturbador, num crescendo de intensidade que, emergindo de um enredo que nunca se torna mais fácil de seguir, abre caminho, ainda assim, para um final fortíssimo.
E há muito a considerar nesta estranha viagem, desde a fortíssima - ainda que também disfuncional - relação entre os dois irmãos, ao peso de presenças como a religião e as expectativas da sociedade na forma como a protagonista conduz a sua vida. Passando pela cada vez mais sombria presença da doença e a impressão de inevitabilidade que é, no fundo, o mais perturbador de todos os aspectos desta história. A teia de complexidades que envolve este livro é, no fundo, imensa. E assimilá-la por inteiro exige máxima atenção.
Complexo e exigente, perturbador, mas estranhamente intenso, dificilmente se poderá ver este livro como uma leitura fácil. Mas, na forma como tudo converge, no retrato disfuncional de tantas experiências - de tantas vidas - numa só pessoa, há motivos mais que suficientes para fazer com que o esforço valha a pena. Estranho. E fascinante. Assim se poderia, pois, definir este livro. Uma viagem que vale a pena fazer.

Título: Uma Rapariga é uma Coisa Inacabada
Autora: Eimear McBride
Origem: Recebido para crítica

sábado, 23 de abril de 2016

Índias (João Morgado)

Partiu em missão de descoberta e com o objectivo de conquistar a glória - para o reino, para o rei e para si próprio. Cruzou mares tormentosos para encontrar no seu destino tanto de potencial como de hostilidade. E regressou em glória, para depois de descobrir relegado para segundo plano. O heroísmo, ninguém lho negaria. Mas também as fúrias, o lado negro, o temperamento feroz desempenharam um papel no seu caminho em busca da glória. E, se o nome de Vasco da Gama ficou para a história, já menos conhecido é o facto de que, tendo embora sido herói, isso não fez dele um homem sem pecado. 
Do muito que este livro tem de interessante, o primeiro aspecto a chamar a atenção é esta premissa base: o retrato de um homem imperfeito (como todos), que gravou o seu nome da história, mas que não deixou por isso de ter as suas fraquezas. E a forma como o autor desenvolve este tema é fascinante, revelando o lado negro do seu protagonista - o temperamento irascível, as crueldades consumadas ou ordenadas, a intriga em nome da glória pessoal - sem retirar o valor aos actos heróicos em que teve intervenção. Herói imperfeito é um termo que vai surgindo - e é, sem dúvida alguma, o mais adequado. Um herói humano, falível, com qualidades tão vincadas quanto os seus defeitos e cujas acções determinam, por vezes, o rumo de grandes acontecimentos.
Também de destacar é a contextualização desta personalidade - e dos actos do protagonista - no seio do pensamento do seu tempo. Nem toda a crueldade advém do carácter intempestivo do protagonista, nem a ele se limita - alguma surge do que é tido como uma necessidade em prol do reino. E há um óbvio cuidado em realçar este facto, em contar as coisas segundo a perspectiva do tempo em que decorrem, o que permite ficar com uma ideia mais vasta e mais clara não só das figuras principais da narrativa, mas do próprio contexto em que se movem.
E depois há a escrita que surpreende, em primeiro lugar, por um forte teor descritivo, mas principalmente pela forma como esta abundância de descrição em nada condiciona a envolvência da narrativa. É tal a fluidez com que tudo nos é contado que tudo parece adquirir a medida certa, seja a descrição de uma complicada manobra naval, seja o diálogo enraivecido de um Gama que se sente desprezado, sejam ainda os preparativos para a glória - ou para a perdição - de alguém. Tudo converge, pois, num equilíbrio perfeito, em que a própria escrita se ajusta aos ritmos daquilo que tem para contar. 
Retrato de uma personalidade forte e complexa, vivendo em tempos igualmente complexos, este é, pois, um livro que, rico em pormenores, envolvente na escrita e muitíssimo interessante na história que apresenta, cativa desde muito cedo e nunca deixa de surpreender. Recomendo.

Título: Índias
Autor: João Morgado
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 22 de abril de 2016

O Homem que Não Tinha Idade (Fernando Correia)

João tem oitenta anos e acaba de ficar viúvo, mas acredita que ainda tem muito para viver. Não pode, por isso, aceitar a decisão dos filhos de o confinarem a um lar onde a sua vida passará a ser regida pelas regras de outros. São muitas as memórias do passado e grande o futuro que ainda quer construir. Por isso, aproveita uma saída normal para fugir para um sítio seguro, onde, com a ajuda dos amigos, poderá continuar a viver com a independência e a juventude que ainda sente como suas. Deixando para trás o abandono a que o pretenderam votar.
Relativamente breve e bastante simples na sua essência, este é um livro em que dois pontos se destacam: a fluidez de uma escrita directa, mas em que as ideias não perdem nenhuma da sua força, e uma série de perguntas pertinentes sobre a sociedade e a forma como a velhice é encarada. Dois pontos que se conjugam para dar forma a uma história cativante e interessante, em que as ideias são o que mais conta, mas o enredo nunca deixa de ser envolvente.
Sendo um livro tão curto para um tema tão vasto, ficam, é certo, algumas perguntas sem resposta. João fugiu dos filhos e reencontrou-se - mas, quanto ao que aconteceu depois à sua relação com os filhos, quase tudo é deixado em aberto. Além disso, se na questão do abandono e do dever dos filhos para com os pais, os julgamentos do protagonista são muito claros e certeiros, há outras facetas da sua história - nomeadamente na ligação de João às várias mulheres da sua vida - em que, por vezes, a desculpabilização é demasiado fácil. Ainda assim, a linha geral da história - começando pela viagem ao passado e estendendo-se depois ao futuro que ainda tem - nunca deixa de ser interessante e há vários momentos bonitos ao longo da narrativa.
Mas, acima de tudo, ficam as ideias e as perguntas que esta história desperta. De qual é a idade limite para uma vida livre e independente. De até que ponto as relações condicionam ou propiciam um futuro mais feliz. De onde começa - e onde acaba - a liberdade de alguém ante as fragilidades da idade. E assim, apesar da brevidade da história, fica muito em que ponderar. E acaba por ser esse, talvez, o traço mais relevante desta história.
Com uma história simples, mas um tema muito relevante, trata-se, pois, de um livro que, apesar de deixar muito em aberto, deixa também muito em que pensar. Breve, mas envolvente, realça, acima de tudo, o valor da vida em todas as idades. E, gostando-se ou não do protagonista (ou gostando-se mais ou menos consoante a fase), essa mensagem nunca perde a sua força. O que claramente basta para fazer com que a leitura valha a pena. 

Título: O Homem que Não Tinha Idade
Autor: Fernando Correia
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Esfera dos Livros

Durante a última década do poder filipino em Portugal, Manuel Bocarro, um médico cristão-novo, é chamado à corte de Madrid para tentar salvar a vida de D. Baltasar de Zuñiga, conselheiro de Filipe IV e figura grada da nobreza de Castela. Segue consigo o neto que ele muito ama, o jovem João, a quem o avô pretende assim oferecer alguma experiência do mundo. Em Madrid, porém, João não só encontra Miguel de Vasconcelos, que em rapaz retirara das águas do Tejo, como também trava conhecimento com D. Antão Vaz de Almada, que o alicia para a conjura da Restauração portuguesa. João regressa, pois, a Portugal e envolve-se numa série de intrigas que farão dele um dos heróis desconhecidos da revolução de 1 de Dezembro de 1640.

O príncipe Charles-Philippe d’Orléans, duque de Anjou, vive em Portugal e é descendente em linha directa dos reis de França, onde nasceu.
Primo do actual chefe da Casa Real Portuguesa, Dom Duarte, duque de Bragança, é casado com Diana de Cadaval e tem laços familiares ou de amizade com todas as Casas Reais europeias. Estudou Ciências Políticas, Relações Internacionais, Comunicação Institucional e Inteligência Económica em Madrid, Paris e Genebra.
Actualmente, a luta contra as minas antipessoais e a problemática da água norteiam a sua actividade caritativa internacional.
Pel’A Esfera dos Livros, editou Reis no Exílio.

Divulgação: Novidade Topseller

Jovens apaixonados com demasiadas verdades escondidas. Porque há segredos que não devem ser revelados.
Auburn Reed tem toda a sua vida planeada. Não há espaço para erros ou imprevistos. Até que, um dia, entra num estúdio de arte e conhece Owen Gentry, o enigmático artista dono do estúdio. Auburn sente, de súbito, que algo muda dentro dela e decide deixar-se levar pelo coração.
Owen, contudo, guarda segredos que não quer ver revelados. As escolhas do seu passado não parecem permitir-lhe um futuro livre, e Auburn tem demasiado a perder se decidir lutar por ele. A única forma de não pôr em risco tudo o que é importante para si é deixar Owen. Confessar é tudo o que ele tem de fazer para salvar a relação de ambos. Mas, neste caso, a confissão pode ser muito mais destrutiva do que o próprio pecado. Será o amor capaz de sobreviver à verdade?
Confesso é uma história de imenso amor e coragem, que nos faz acreditar em segundas oportunidades.

Colleen Hoover cresceu numa quinta, no Texas, casou-se aos 20 anos e tirou uma licenciatura em Serviço Social. Trabalhou nos Serviços de Proteção a Crianças, antes de voltar aos estudos para concluir a sua formação em Educação Especial e Nutrição Infantil.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Eve e o Caos (Sylvia Day)

Desde que foi marcada, Evangeline Hollis teve de aprender a viver com o perigo - e com a presença sempre perigosa e sedutora dos irmãos Caim e Abel. Mas os perigos são agora mais do que nunca. Há uma recompensa pela sua cabeça, o que faz com que haja ainda mais Infernais por perto. Raguel continua desaparecido e Caim não parece estar a lidar muito bem com a sua nova posição de arcanjo. E, como se não bastasse tudo isto, todos parecem ter algo a propor ao príncipe do Inferno - algo que implica que uma outra pessoa se torne dispensável. Isto pode muito bem ser o fim do mundo. Mas, habituada como está à sua nova e atribulada vida, para Eve, é só mais um dia de trabalho.
Dando continuidade aos volumes anteriores e, até certo ponto, pondo fim à linha principal da história, este é um livro com muitas respostas - e que deixa também umas quantas perguntas em aberto. E, sendo este o final da trilogia, é especialmente cativante a forma como a autora constrói o final desta aventura - ou, pelo menos, desta batalha em concreto - deixando, ainda assim, a possibilidade de haver mais a dizer sobre estas personagens. Cria-se, assim, um equilíbrio interessante, em que há coisas deixadas à imaginação do leitor, mas também uma resolução intensa - e inesperada - para uma longa e atribulada missão.
Há muitas surpresas ao longo do caminho, não só na forma como certos acontecimentos são explicados, mas principalmente nas consequências dessas possíveis teorias. Há também muitos interesses em colisão, o que faz com que a história se expanda para as acções de mais personagens, dando forma a um enredo mais complexo, mas igualmente viciante, em que nada é exactamente o que parece.
E há ainda um triângulo amoroso, que, sendo, mais uma vez, imprevisível, está na base de vários dos momentos mais fortes do enredo. Eve e Caim, Eve e Abel, Caim e Abel... há entre eles uma ligação atribulada e a forma como lidam com as dificuldades - e com todas as implicações que a situação que têm em mãos tem nessa relação - dá origem a vários momentos surpreendentes.
Tudo isto é construído num registo em que é a acção a dominar, sendo que o romance, a sensualidade e, claro, o humor muito característico das personagens, acrescentam também algo mais ao enredo. E, assim sendo, tudo contribui para o equilíbrio de uma história em que a acção e a intriga são tão interessantes como as personagens que a protagonizam. O que significa muito interessantes.
Trata-se, portanto, de mais uma boa história, em que as personagens revelam os seus traços mais carismáticos e a acção incessante abre caminho para novas surpresas. Intenso, cativante e surpreendente, um final à altura para uma aventura fascinante. 

Título: Eve e o Caos
Autora: Sylvia Day
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Os Amores Proibidos de Suas Majestades (María Pilar Queralt del Hierro)

Movidos mais por interesses políticos do que propriamente por sentimentos, raramente houve nos casamentos da realeza lugar para o amor. Mas, se o não havia nos casamentos, nas relações extra-matrimoniais o caso tornava-se bastante diferente. E se aos reis, ou pelo menos a alguns, era tolerada, se não mesmo aceite incondicionalmente, a existência de favoritas, desde que estas não se esquecessem do seu lugar, já para as rainhas a existência de um caso amoroso era um claro prenúncio de desgraça. E é destes casos - dos aceites, dos censurados, dos que levaram à desgraça, dos que perduraram por uma longa vida - que fala este livro.
Percorrendo a História - e as histórias - desde o longínquo mito Arturiano aos nossos dias, este é um livro que, em poucas páginas, consegue transmitir uma ideia muito clara, e completa quanto baste, das mais relevantes histórias de amor da História. E é este percurso no tempo que primeiro cativa para este livro, pois, além da apresentação sucinta de cada caso - e cada um deles é fascinante em si mesmo - fica-se com uma ideia muito clara do que mudou e do que persistiu através dos tempos nas relações amorosas da realeza. O equilíbrio entre o amor e os interesses, a forma como esses amores eram vistos pelas diferentes cortes, as consequências por vezes terríveis de misturar amor e política... tudo isto está presente e tudo isto é fascinante. E a soma de tudo isto é, claro, interessantíssima.
Também muito interessante é a forma como a autora conta todas estas histórias, resumindo-as ao essencial mas não deixando de fora nenhuma informação relevante. Ora, isto permite ficar a conhecer a história geral em poucas páginas, sem que fiquem demasiadas perguntas em aberto. E, para quem quiser saber mais, há uma boa lista de referências bibliográficas no fim, o que aponta caminhos para quem quiser aprofundar conhecimentos.
Ainda sobre a forma de contar as histórias, importa também realçar a própria escrita, que, ajustada ao tal registo sucinto, é sempre directa e fluída, reforçando as informações essenciais e acrescentando, por vezes, uma ou outra impressão pessoal. Claro que é inevitável, nalguns casos, uma ou outra lista de nomes e datas, mas há, acima de tudo, um equilíbrio entre a visão geral que se pretende transmitir e a apresentação dos pormenores que são realmente necessários.
Cativante e equilibrado, trata-se, pois, de um livro que desenvolve na medida certa a muita informação que tem para transmitir, permitindo conhecer um pouco melhor várias figuras centrais da história mundial e, ao mesmo tempo, também a história do amor na realeza através dos tempos. Muito interessante e agradável de ler, um livro muito bom.

Título: Os Amores Proibidos de Suas Majestades
Autora: María Pilar Queralt del Hierro
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidades Planeta

As relações entre os dois casais Eric Zimmerman e Judith Flores, e Bjorn e Mel vão de vento em popa. 
Nada parece fora do lugar, até que de súbito, pessoas e surpresas do passado irrompem nas suas vidas e põem tudo de pernas para o ar. 
Serão capazes de superar esta reviravolta inesperada? 
Ou mudarão os sentimentos para sempre?

Apesar das discussões que as diferentes personalidades provocam, o empresário Eric Zimmerman e Judith Flores continuam tão apaixonados como no dia em que os seus olhares se cruzaram pela primeira vez. Juntos formaram uma linda família que adoram e pela qual são capazes de fazer qualquer coisa. 
Flyn, o menino que Judith conheceu ao chegar a Munique, é agora um adolescente, e como acontece na maior parte dos jovens, a sua vida complica-se e afecta todos à sua volta. 
O advogado Björn e a ex-tenente Mel continuam a bonita história de amor, junto da pincesa Sami. Sem dúvida que a convivência os beneficiou muito. Mas há algo que Björn não consegue de Mel: que se case com ele.

A mãe de Natasha Fennell recebe o diagnóstico de uma doença crónica e incurável, o que faz com que Natasha se confronte, pela primeira vez, com o cenário da morte da sua mãe. 
Ela reflecte sobre a relação entre ambas, aquilo que lhe falta dizer, que lhes falta fazer. Decide escrever um livro e contacta Róisín Ingle, uma jornalista que escreve uma coluna semanal, onde aborda frequentemente a relação que tem com a sua mãe. 
As duas procuram outras mulheres que aceitem o desafio de revelar tudo sobre as suas relações com as mães – e sobre os seus sentimentos. 
Com outras sete mulheres fundam uma espécie de clube – o Clube das Filhas – dedicado a partilhar as suas experiências e pontos de vista, e a jizar planos de acção para melhorar ou recuperar aquela que sublinham ser a mais duradoura e intrincada relação da vida de todas as mulheres. 
O livro contém os testemunhos pungentes e honestos dessas nove mulheres, que abrangem praticamente todos os tipos de relação mãe-filha, das amistosas e amorosas, às distantes e crispadas, passando pelas dependentes. 
Uma coisa há em comum entre todas: o sentimento de culpa. E nem todos os finais são felizes.

sábado, 16 de abril de 2016

Numa Floresta Muito Escura (Ruth Ware)

Nora nunca superou completamente aquilo que lhe aconteceu dez anos antes, mas conseguiu construir uma vida para si - solitária, mas bem sucedida. É, por isso, com espanto que recebe o convite para a despedida de solteira de Clare, uma amiga de infância que não vê desde esse tempo. A festa deverá durar um fim de semana inteiro e terá lugar numa casa de vidro isolada em plena floresta. Mas o que deviam ser uns dias de diversão entre amigos - ainda que aceites com relutância - cedo se revela como uma escalada de tensões e de revelações dolorosas. Que se encaminha para algo de ainda mais grave...
Uma das primeiras coisas a cativar para este livro é a aura de mistério, que se sente desde muito cedo, com o enigma do convite inesperado e das suas motivações, e se prolonga até aos capítulos finais de uma história em que não só o ambiente se vai revelando sempre um pouco mais sinistro, mas também o que move as personagens. Mistério esse que não vive só das grandes revelações - e há uma grande e maquiavélica revelação à espera na fase final do enredo - mas também de pequenas coisas, como a relação de Clare com as amigas do passado, aquilo que aconteceu a Nora e que ela não consegue superar e até mesmo as pequenas discussões que vão acontecendo ao longo do fim de semana na casa de vidro.
Para esta aura de mistério, e para a consequente intensidade do enredo, contribuem também as características das várias personagens e a forma como estas moldam as interacções entre elas. O segredo de Nora, a obsessão de Flo, o temperamento de Nina... Tudo serve para proporcionar momentos de tensão, que, além de despertarem desde muito cedo a sensação de que algo vai correr mal, levantam suspeitas quanto a possíveis explicações para alguns dos acontecimentos posteriores.
E tudo isto é contado pela voz de Nora, que, além de estar entre os envolvidos no que aconteceu na casa de vidro, está, em consequência disso mesmo, a lidar com algumas falhas de memórias. Isto torna a narrativa mais pessoal, transportando para a história as dificuldades de Nora em recordar-se e as dúvidas sobre se a sua versão dos factos - ou da parte que recorda dos factos - é ou não inteiramente real. E, além disso, torna tudo mais intenso, pois a sensação de descobrir a verdade ao mesmo tempo que a protagonista reforça também o impacto das últimas revelações.
Intrigante, misterioso e intenso, este é, pois, um livro que cativa desde muito cedo e não para de surpreender até ao fim. Com várias personalidades fortes, um enredo muitíssimo interessante e todo um percurso de surpresas e revelações para percorrer, uma história que fica na memória. E, por tudo isto, um livro muito bom.

Título: Numa Floresta Muito Escura
Autora: Ruth Ware
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Um livro essencial para quem se preocupa com o português e, ao mesmo tempo, não quer ficar preso a mitos e ideias-feitas sobre a nossa língua.
Sabia que andam a circular por aí erros que não são erros? 
Sabia que as crianças precisam de muitas palavras para crescer bem? 
Sabia que há uma relação entre o acordo ortográfico e a guerra na Ucrânia? 
Sabia que a palavra «saudade» não é impossível de traduzir? 
Sabia que todos os portugueses têm sotaque? 
Sabia que o português e o galego estão tão próximos que, às vezes, se confundem? 
Sabia que os palavrões fazem bem (mas não convém abusar)? 
Num estilo claro e bem-disposto, o autor desmonta mitos e revela segredos da língua, com algumas histórias curiosas à mistura — e sem esquecer uma ou outra dica para escrever cada vez melhor.

Marco Neves. Tem sete ofícios, todos virados para as línguas: tradutor, revisor, professor, leitor, conversador e, agora, autor. Não são sete? Falta este: há três anos que é também pai, com o ofício de contar histórias. Para lá das profissões, os amigos sempre lhe reconheceram a pancada das línguas. Nasceu em Peniche e vive em Lisboa. Tem licenciatura em línguas (quem diria?) e mestrado na área da literatura. É director do escritório de Lisboa da empresa de tradução Eurologos e docente de várias disciplinas de prática da tradução na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. 
Escreve no blogue Certas Palavras(www.certaspalavras.net), sobre línguas, livros e outras manias.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Divulgação: Novidade 4 Estações

Neste livro OSHO analisa uma das principais obras do filósofo Friedrich Nietzsche, Assim Falava Zaratustra, um dos livros mais importantes alguma vez escrito e muito discutido, e resgata-o da mácula de apropriação nazi, fruto de incompreensão e má-fé. Também ajuda o leitor a aprender muito acerca do misterioso e revolucionário místico persa Zaratustra (Zoroaster) que Nietzsche escolheu como porta-voz neste texto. Nietzsche é o maior filósofo que o Mundo conheceu e igualmente grandioso porque nasceu místico. É assim natural que outro místico e filósofo, contemporâneo, com a grandeza de OSHO, possa explicar com extraordinária clareza e relevância para os leitores do séc. XXI não só o texto como todo o pensamento profundo do seu autor. O resultado é uma viagem encantadora por um mundo onde a vida é celebrada, não rejeitada, e onde as verdades intemporais triunfam sobre as mentiras e as distorções que continuam a incapacitar os nossos esforços de nos tornarmos seres saudáveis e completos.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Divulgação: Novidade Topseller

Lady Grace Mabry tem tudo o que uma donzela debutante pode desejar: é bonita, inteligente, vem de boas famílias e possui um dote bastante valioso. No entanto, Grace desconfia dos inúmeros pretendentes que a cortejam, pois acredita que muitos estão apenas interessados na sua riqueza.
Para a ajudar a perceber se os interesses dos seus apaixonados são genuínos, Grace procura o seu amigo de infância, o Duque de Lovingdon. Sem qualquer fé no amor desde que perdeu a família, Lovingdon vive uma vida de libertinagem e prazer. Conhecedor dos jogos e estratagemas para conseguir a atenção de uma mulher, Lovingdon só tem de ensinar a inocente Grace a diferenciar as emoções falsas das verdadeiras.
Mas mal as lições começam, Lovingdon depara-se com um jogo demasiado perigoso, que parece não conseguir controlar…
Conseguirá o Duque abrir o seu coração inteiramente ou irá perder aquela que descobriu que ama?

Lorraine Heath é uma autora norte-americana, bestseller do New York Times e do USA Today, que conta com mais de 60 romances publicados.
Quando se licenciou em Psicologia pela Universidade do Texas, Lorraine não fazia ideia de que tinha acabado de ganhar uma base valiosíssima que lhe permitiria criar e descrever personagens consideradas quase «reais». Por essa razão, os seus livros já foram nomeados e contemplados com inúmeros prémios, entre os quais o Prémio RITA para Melhor Romance e, por duas vezes, o prémio All About Romance (AAR) para a mesma categoria.

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

PODE UM ROMANCE SER UM GRITO DE ALERTA? 
O Homem Que Não Tinha Idade é um grito de revolta e um grito de amor.
Este é o romance que todos os pais e todos os filhos, todos os avós e todos os netos têm de ler. 
João, o herói deste livro, pode ser velho e pode ser viúvo. Mas João não quer ser abandonado num depósito de trapos e sombras. João quer ter direito a uma vida livre, quer ter direito a amar e ser amado, quer fazer coisas e ser útil com as próprias mãos. 
Um grande romance de Fernando Correia. O romance em que o autor revela o mais íntimo e pessoal de si mesmo.

Fernando Correia. Jornalista, comentador de rádio e televisão, professor, nasceu em 1935 e dividiu a sua infância entre a Mouraria, o Alto de Santo Amaro e São Domingos de Benfica. Entrou para a Emissora Nacional em 1958. Trabalhou depois na RDP, Rádio Clube Português, Rádio Comercial e TSF. Foi director do Diário Desportivo e redactor e colaborador dos jornais Record, A Capital, O Diário, Gazeta dos Desportos, Jornal de Notícias e Diário Popular.Actualmente colabora na Rádio Amália e é comentador residente da TVI.
Sportinguista assumido, colabora com a Sporting TV, depois de ter sido director adjunto e director do jornal do clube. É casado, pai de cinco filhos e avô de dez netos. Nascido num dia quente de Verão, é Caranguejo de signo. É autor de Piso 3, Quarto 313, editado pela Guerra e Paz.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Reunião de Heróis (Ricardo Formigo)

Vivem-se tempos conturbados em Morlômbia. O rei foi morto em batalha e o seu sucessor parece disposto a impor aos seus súbditos um conjunto de leis que lançará quase todos na pobreza e na escravidão, impondo a todos a sua autoridade. Mas nem tudo está perdido. A irmã do rei, Annabelle, parece ser a esperança de muitos, principalmente tendo em conta que há um segredo desagradável nas origens do rei Fallow. Mas, para reclamar o trono, Annabelle precisa primeiro de fugir e de conseguir aliados. Não está sozinha - e sabe disso. Mas precisa de se tornar na líder de que o seu povo precisa, para retomar o que é seu por direito - e acabar ainda com uma outra guerra que já dura há gerações.
Com claras influências de A Guerra dos Tronos, mas com uma história que, aos poucos, começa a assumir a sua própria identidade, este é um livro que, sendo uma estreia, evidencia ainda algumas fragilidades, mas também um vasto potencial. É também o primeiro livro de uma série o que significa que, além das naturais perguntas sem resposta que despertam curiosidade para o que seguirá, há também muito espaço para evolução. Mas vamos por partes.
As fragilidades prendem-se essencialmente com dois aspectos. Primeiro, alguns lapsos no texto que, não sendo muito frequentes, quebram, ainda assim, um pouco o ritmo da leitura. E, principalmente, a forma algo apressada como certos aspectos do enredo são desenvolvidos, deixando por vezes a sensação que tudo acontece demasiado facilmente, ou deixando partes por explicar, ou de forma ligeiramente forçada. Fica, por isso, a impressão de mais haver a dizer sobre certos aspectos do enredo e do que move algumas das personagens, ficando também a expectativa de ver mais sobre esses aspectos nos livros seguintes.
Quanto aos pontos fortes, sobressai a capacidade de manter o leitor intrigado, alternando entre diferentes pontos de vista para desenvolver o que se passa com os vários envolventes, e a forma como o autor consegue dar vida a alguns dos momentos do enredo. A batalha da fase final é provavelmente o ponto alto, já que é o pico de intensidade do enredo. Mas o conjunto de revelações e de intrigas que, aos poucos, vão sendo desenvolvidas, revela uma base de grande potencial e a promessa de muitas possibilidades a explorar.
A impressão que fica é, portanto, a de uma estreia promissora, em que a envolvência do enredo compensa o que é deixado por dizer e as perguntas que ficam em aberto criam boas expectativas para os volumes seguintes. Um interessante ponto de partida, em suma, e uma aventura a acompanhar.

Título: Reunião de Heróis
Autor: Ricardo Formigo
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 11 de abril de 2016

A Vingança Serve-se Quente (M.J. Arlidge)

Três incêndios na mesma noite, nenhum deles acidental. Um deles, ateado numa residência, deixou dois membros de uma família a lutar pela vida, outro com ferimentos consideráveis e o último sem saber o que fazer. E, apesar de tudo indicar que os vários incêndios têm de estar relacionados, não há nenhuma pista, nenhuma ligação evidente. Depois de uns quantos meses de relativa tranquilidade, a detective Helen Grace vê-se mais uma vez a braços com um grande caso. E, mais uma vez, com os demónios pessoais a pairar por perto e as peculiaridades de uma nova chefia para assimilar, Helen terá de pôr em acção todos os meios e descobrir o responsável... antes que ele volte a atacar.
Um dos aspectos mais cativantes desta série - e escusado será dizer que este quarto livro não é excepção - é a forma como o autor conjuga uma estrutura aparentemente simples, com capítulos curtos e a acção e o mistério a dominarem a narrativa, com um enredo onde não só nada é o que parece, mas também há complexidades insuspeitas a espreitar em cada esquina. Sendo Helen a maior de todas, pois claro, com o seu passado a pairar sobre quase tudo o que faz.
Para esta impressão de equilíbrio entre a fluidez envolvente da narrativa e as complexidades que lhe estão subjacentes contribui em muito a forma como o autor desenvolve o enredo, alternando entre diferentes pontos de vista, sem se cingir às personagens mais relevantes, mas antes percorrendo todas as que têm algo de pertinente a acrescentar. Isto abre, desde logo, duas grandes e interessantes possibilidades: a de entrar na cabeça das personagens, seguindo pistas e compreendendo motivações como que de dentro da sua própria pele; e a de conduzir o leitor de surpresa em surpresa, pois, por vezes, são os próprios pensamentos e acções das personagens a apontar num sentido diferente.
Também muito cativante é a forma como um caso essencialmente independente se conjuga com uma série de pequenas coisas vinda de trás - ou, quem sabe, até dando pistas para o que se seguirá - para moldar uma história que é completa em si mesma, mas que mantém bem firmes as relações com a história passada das personagens. Mais uma vez, Helen é o caso mais evidente, mas não o único. Charlie, em particular, ocupa uma posição bastante interessante neste aspecto, pois o que viveu anteriormente molda a sua forma de agir.
E, claro, tudo no caso é muitíssimo interessante, desde os passos em falso à revelação final, passando por todas as pequenas pistas - falsas e verdadeiras - seguidas ao longo do percurso. Tudo - por mais pequeno que pareça - contribui para a intensidade do enredo e para o ritmo cada vez mais viciante que parece ser característico dos livros deste autor.
A soma de tudo isto é, claro, um livro que corresponde inteiramente às expectativas. Intenso, surpreendente, com a mistura certa de tensão, intriga e emoção, prende desde as primeiras páginas e não larga até ao final, deixando, inclusive, já uma pista para algo do que poderá vir a seguir. Elevam-se, assim, ainda mais as expectativas para mais um livro que se quer tal como este: muito bom.

Título: A Vingança Serve-se Quente
Autor: M.J. Arlidge
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Topseller

Se pudesse deixar uma carta a despedir-se de quem mais ama… o que escreveria?
Noite após noite, Stella Carey, enfermeira num centro de cuidados paliativos, dedica-se a escrever cartas de despedida em nome de doentes, contendo desejos finais e, muitas vezes, segredos guardados ao longo de uma vida, prometendo enviá-las aos seus entes queridos após a sua morte.
Ninguém sabe que o casamento de Stella está prestes a desmoronar-se. O seu marido, Vincent, regressou da guerra marcado física e psicologicamente, e já não é o mesmo homem por quem se apaixonara. As noites dão a Stella a tranquilidade que não encontra em casa e a esperança de poder fazer a diferença na vida dos seus doentes através das cartas que escreve.
Até que, um dia, Stella escreve uma carta que contém uma revelação capaz de mudar o rumo de uma vida, e sente o dever de a enviar quanto antes para conceder a alguém uma última oportunidade de reconciliação e de um final feliz.

Rowan Coleman é autora bestseller do Sunday Times e do New York Times. Além de tentar acompanhar o crescimento dos filhos e as aventuras de uma família alargada, Rowan dedica-se à escrita, sendo autora de mais de uma dezena de romances.
Os seus livros já foram traduzidos em países como Alemanha, França, Itália, Polónia, Rússia, Sérvia ou Turquia. O seu romance The Memory Book foi seleccionado para o Richard and Judy Book Club, e Runaway Wife foi o romance vencedor do Best Romantic Read 2012.

Divulgação: Novidade Quetzal

Neste romance violento e apaixonado, Claudio Magris confronta-se com a obsessão da guerra, a guerra de todos os tempos, a guerra universal: vermelha como o sangue, negra como os navios de escravos, profunda como o mar que engole tesouros e destinos, cinzenta como o fumo dos corpos calcinados no forno crematório de Risiera de San Sabba, branca como a cal que cobre o sepulcro. 
Uma Causa Improcedente é a história de um grotesco museu de guerra pelo advento da paz, das suas salas e armas; a história do homem que sacrifica a vida à sua maníaca construção para resgatar, no fim da renhida luta, uma verdade escondida; é a história de uma mulher, Luisa, herdeira do exílio judaico e da escravatura dos negros.
Magris explora com ferocidade o inferno desapiedado da nossa culpa e relata a empolgante epopeia das tragédias e dos silêncios do amor e do horror.
Uma narrativa total, precisa e visionária.

Claudio Magris nasceu em Trieste, em Abril de 1939, filho de um corretor de seguros e de uma professora primária. É romancista, ensaísta, germanista, e colabora regularmente com revistas e jornais europeus. Depois de uma passagem pela Universidade de Freiburg, foi professor de Língua e Literatura Germânicas na Universidade de Turim. Actualmente dá aulas na sua cidade natal. Magris exerceu também o cargo de Senador entre 1994 e 1996. Os seus livros contribuíram para o conhecimento literário da cultura europeia, e em 2013 foi-lhe atribuído o Prémio Helena Vaz da Silva Europa Nostra para a divulgação do património cultural europeu. Claudio Magris é um dos candidatos permanentes ao Prémio Nobel da Literatura.

domingo, 10 de abril de 2016

Atracção Magnética (Meredith Wild)

Erica Hathaway já teve as suas dificuldades no passado... mas está decidida a construir um futuro de sucesso. É isso que a leva a apresentar-se perante um painel de investidores com o seu site de moda, na esperança de conseguir um financiamento que ajude o seu negócio a avançar. O que não espera é que um desses potenciais seja Blake Landon, bilionário e, em tempos, hacker. E, menos ainda, sentir-se atraída por ele de uma forma que é tudo menos profissional. Ao que parece, o sentimento é mútuo. Mas ambos têm segredos no passado que podem pôr tudo em causa... e uma necessidade de controlo e de independência que nem sempre é fácil de controlar.
Não tendo uma premissa propriamente nova, esta é uma história em que é fácil reconhecer o potencial. Por um lado, o passado de Erica, cujas revelações cativam não só pelo inesperado, mas principalmente por ser visível a forma como lhe moldaram a personalidade, cria uma certa medida de empatia para com a protagonista, o que é especialmente interessante tendo em conta a forma como, apesar de suficientemente bem sucedida, Erica revela as suas inseguranças. Por outro lado, também o passado de Blake tem muito de intrigante, ainda que grande parte permaneça um mistério no que diz respeito a este primeiro livro. 
Além disso e, apesar do erotismo sempre presente, há uma história para além do sexo. São, aliás, esses elementos complementares o mais interessante da história - as amizades de Erica, as rivalidades de Blake e Max, as ligações ao passado que, apesar de insinuadas ficam ainda por desvendar - e o que mais desperta curiosidade para saber o que se segue.
O que me leva às fragilidades da história. Sendo um primeiro livro, é natural que sejam deixadas coisas em aberto para o que virá a seguir. Mas, quanto às revelações que são feitas, fica, por vezes, a sensação de serem desenvolvidas de forma demasiado apressada, como que deixando algo por dizer. E, por outro lado, há algo de desconfortável na história dos protagonistas: por um lado, Erica quer afirmar-se como dona das suas próprias escolhas, mas parece ceder demasiadas vezes. E quanto a Blake, a obsessão pelo controlo vai, por vezes, longe de mais.
Ficam, ainda assim, vários traços cativantes. A escrita, simples quanto baste, consegue manter a envolvência do enredo - mesmo quando a escolha de algumas palavras, principalmente nos momentos de erotismo, parece não ser a mais adequada. As personagens, longe de serem perfeitas, têm, apesar disso, vários traços redentores. E o grande mistério que fica no ar no final deixa muitas possibilidades em aberto.
A soma de tudo isto é, pois, um princípio de série com alguns pontos fracos, ainda que também com motivos mais que suficientes para querer continuar a seguir a história. O potencial está lá e os bons momentos também. Agora, fica a curiosidade em ver de que forma tudo isto evolui.

Título: Atracção Magnética
Autora: Meredith Wild
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Viagem a Itália (Johann Wolfgang Goethe)

Num conjunto de cartas e diários enviados aos seus amigos, Goethe foi-os mantendo ao corrente dos progressos da sua inesperada viagem a Itália, iniciada em segredo e guiada, em grande parte, pela vontade de permanecer incógnito. É essa viagem que é relatada neste texto que tanto revela do destino como do homem que empreende a viagem. E é precisamente por ser assim - não um ensaio sobre Itália e muito menos um guia, mas antes o conjunto das impressões e experiências vividas pelo autor durante a sua viagem - que este livro se torna tão interessante.
Não é fácil entrar no ritmo desta leitura. Sendo o diário de uma viagem, é apenas natural que os temas centrais sejam os lugares visitados, as pessoas que o autor conheceu, aquilo que viu - na paisagem como na arte e nos costumes. Mas há todo um conjunto de pormenores, que se estendem a detalhes tão precisos como as ponderações do autor sobre as condições meteorológicas, e que exigem tempo e concentração para assimilar todos os aspectos desta viagem tão meticulosamente descrita.
Ora, o facto da leitura não ser fácil não lhe retira nenhum do seu interesse. E é certo que há muito de interessante para descobrir neste livro. Desde as descrições da paisagem às pequenas histórias vividas pelo autor, passando pelas suas impressões da arte e pelos ocasionais momentos de perigo, há, ao longo deste livro, todo um conjunto de momentos e de impressões pertinentes, que permitem não só ficar com uma ideia muito precisa da Itália vista por Goethe, mas também do próprio Goethe. E isto, em particular, é muito interessante, pois permite conhecer melhor as suas ideias, a sua obra, inclusive o seu processo criativo - e ficar com uma ideia muito mais clara do homem por detrás da obra.
E depois, claro, há a mestria da escrita e a forma como quase nos transporta para essa viagem por terras e tempos diferentes. É fácil imaginar o autor a contemplar, fascinado, o Vesúvio, ou a correr para a casa de um governador autoritário para o impedir de ficar de mau humor. E, acima de tudo, se é verdade que os detalhes exigem muita atenção, já a ideia do todo forma-se quase que inconscientemente. Como se a viagem se fizesse, da mesma forma, através das páginas deste livro.
A soma de tudo isto é, pois, um livro que, exigindo o seu tempo e atenção, compensa também amplamente essa exigência. E que, através dos olhos do autor, nos leva a outro tempo e outro lugar... para ver o mundo de uma forma algo diferente. Gostei.

Título: Viagem a Itália
Autor: Johann Wolfgang Goethe
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Razões para Viver (Matt Haig)

Aos vinte e quatro anos, no que devia ser um ponto de viragem positivo na sua vida, Matt Haig deu por si a afundar-se na depressão. Os meses que se seguiram seriam passados no fundo do poço, à procura de motivos para reagir, para superar, para viver. Foram tempos negros e é desses tempos que este livro fala. Mas também de como, depois do abismo, veio a longa subida em direcção à vida. E de tudo - desde as soluções mais aparentemente óbvias às mais difíceis de prever - o que o ajudou a suportar esse caminho.
Este não é propriamente um livro de auto-ajuda, apesar de apresentar uma boa quantidade de conselhos úteis. Também está muito longe de ser um estudo científico, ainda que se debruce, a espaços, sobre algumas das teorias existentes sobre a depressão. O que este livro é, acima de tudo, é um testemunho pessoal de alguém que foi ao inferno e voltou. E é isso precisamente que o torna tão marcante, pois, para quem já passou por lá, ou conhece alguém numa situação parecida, a forma como o autor fala da sua depressão é tão próxima, tão familiar, tão incrivelmente verdadeira que é como se as portas do pensamento se abrissem para dar voz a uma certeza muito simples: não somos os únicos a sentir o que sentimos.
É precisamente esta proximidade, tão eloquentemente escrita, que faz com que este livro cative, literalmente, desde as primeiras páginas. Ao falar dos seus momentos mais negros, a autor descreve algo relativamente ao qual é fácil sentir um certo reconhecimento. E descreve-o com imagens tão certeiras que a empatia e a identificação com o que nos está a contar são quase instantâneas. É tudo tão intenso e tão real, principalmente quando fala dos seus tempos mais negros, que a verdade das palavras é quase palpável.
Mas há mais de cativante neste livro para além da clareza dos factos. A forma como o autor constrói o livro, num registo muito próprio, em que a sua experiência pessoal se conjuga com os factos científicos conhecidos e uma análise muito clara, ainda que sucinta, à que é, ainda, a posição de muita gente sobre a depressão, permite transmitir um panorama muito claro sobre a doença. Além disso, ao partir do colapso para descrever a sua caminhada em direcção à recuperação, transmite também uma mensagem muito positiva: há vida para além da depressão. As coisas vão melhorar. Também isto passará.
Claro que não aponta respostas nem soluções universais - até porque, se elas existem, não são propriamente conhecidas. O que faz é contar-nos aquilo que funcionou na sua experiência pessoal e o que daí resultou em termos de futuro. E é talvez isso o mais importante neste livro que é todo ele memorável: a ideia de futuro e de vida depois do abismo. A compreensão de que, chegados ao fundo, há sempre a possibilidade de subir.
Este é, portanto, um livro corajoso, em que o autor abre as portas da sua experiência pessoal para transmitir uma mensagem muitíssimo pertinente: a de que há sempre razões para viver. Por isso, e por todas as pequenas coisas que lhe dão forma, tudo neste livro é uma lição. E uma daquelas que é imperioso assimilar. Recomendo sem reservas.

Autor: Matt Haig
Origem: Recebido para crítica

terça-feira, 5 de abril de 2016

Divulgação: Novidade 5 Sentidos

Quando Evangeline Hollis cedeu a uma noite ardente com o sedutor Alec Caim, ela não fazia ideia de que, anos mais tarde, seria punida pela transgressão. Amaldiçoada por Deus, é obrigada a tornar-se caçadora de demónios para expiar os seus pecados.
Para Eve, viver com a Marca de Caim já é tão complicado que não quer arranjar mais problemas. Infelizmente, Satanás está demasiado furioso para lhe fazer a vontade.
Exasperado com a perda do seu animal de estimação, pôs a cabeça de Eve a prémio e os habitantes do Inferno estão a responder em massa. Algo que, para além de dificultar as caçadas de Eve, também traz o caos à sua vida.
Entretanto, Caim está cada vez mais distante. Apesar de ainda desejar Eve, a sede de poder está a dar-lhe a volta à cabeça. Eve acredita que o Caim que conhecia ainda existe, mas a frieza com que a trata está a aproximá-la mais de Abel, o irmão irreverente.
Eve poderá encontrar uma solução para os seus problemas... desde que faça um pacto com o próprio Diabo. Mas será assim tão fácil?

Sylvia Day é autora n.o 1 nas listas do New York Times e bestseller internacional de cerca de 20 romances premiados e publicados em mais de 40 países. Autora de eleição para seguidores de vários géneros, é bestseller em 28 países e conta já com dezenas de milhões de livros impressos em todo o mundo.
Os direitos para televisão da série Crossfire foram adquiridos pela Lionsgate.

Divulgação: Novidade Porto Editora

António Galvão, o homem mais importante de uma pequena vila do interior, decide dar o mesmo nome a todas as filhas. Elas eram apenas a espera, o desgosto, o antes, as vidas que apenas existiam para que o homem chegasse. Mas a natureza não colaborou com os seus planos e António viu nascer sete Brancas. 
Uma macabra tragédia abate-se sobre a família Galvão e um inesperado fenómeno começa a ser construído naquela pequena localidade. Da palidez do nome daquelas meninas, da ferida de toda a insignificância daquelas irmãs nasce uma revolução sem precedentes que deixará Galvão, para sempre, na história dos homens.

Lara Morgado nasceu em 1981, no Porto.
Licenciada em Psicologia, desde cedo se dedicou à escrita literária. No ano 2000, fundou o grupo de teatro X-Acto e, desde então, assinou a dramaturgia e encenação de dezenas de peças de teatro, apresentadas em salas de espectáculos de todo o país. 
Em 2012, lançou o seu primeiro livro, Por Acaso - casos de vida casos de morte, e, em 2013, o romance Sete Minutos.
Participou ainda em vários projetos televisivos, sendo autora e guionista da série Dentro, com estreia na RTP1 em 2016.

Divulgação: Novidade Presença

A Rainha de Tearling
Erika Johansen
Título Original: The Queen of the Tearling
Tradução: Miguel Romeira
Páginas: 400
Coleção: Via Láctea Nº 133
PREÇO SEM IVA: 18,82€ / PREÇO COM IVA: 19,95€
ISBN: 978-972-23-5793-7

Durante dezoito anos, o destino de Tearling ficou nas mãos do Regente, manipulado pela Rainha Vermelha, uma feiticeira implacável que governa o reino vizinho de Mortmesme. Porém, Kelsea Glynn, sobrinha do Regente, é a legítima herdeira do trono. Quando completa dezanove anos, está pronta para reclamar o que é seu – e assim regressa do exílio com o objetivo de tornar Tearling um reino livre de pobreza, opressão e escravatura. Mas Kelsea é jovem, ingénua e cresceu longe da corrupção e dos perigos que assolam o reino. Cedo lutará pelo trono e pela própria sobrevivência, num caminho de crescimento em que aprende a lidar com uma herança muito pesada.
Será Rainha se sobreviver para reclamar o trono.

Erika Johansen nasceu em São Francisco. Estudou Direito no Swarthmore College. Tirou o mestrado no Iowa Writers Workshop. Exerceu advocacia mas sempre quis ser escritora. A Rainha de Tearling é o seu primeiro romance, encontrando-se em tradução para mais de 25 países. Os direitos cinematográficos foram adquiridos pela Warner Brothers. Erika Johansen vive em Inglaterra.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Uma Chama Entre as Cinzas (Sabaa Tahir)

Laia pertence aos Eruditos. Subjugado pelo Império Marcial, o seu povo habituou-se a viver no fio da navalha, desempenhando tarefas menores e obedecendo para sobreviver. Mas ficar quieta deixa de ser suficiente quando o irmão é preso, os avós mortos e, no caos do momento, Laia acaba por fugir para salvar a vida. Tendo perdido tudo, a única opção que lhe resta é encontrar uma forma de salvar o irmão. Isso leva-a à Resistência, a uma missão perigosa... e a Blackcliff, onde o seu caminho se cruza com o de Elias Veturius, um Marcial que anseia por se libertar do Império, mas que parece ter um destino maior do que ele a pesar-lhe sobre os ombros. Juntos, serão uma chama entre as cinzas - a promessa de libertação. Mas a que preço?
Narrado pela primeira pessoa na voz dos dois protagonistas, e acompanhando o caminho de ambos em direcção ao objectivo que os move, este é um livro que surpreende, em primeiro lugar, pela aparente simplicidade. E aparente, deveras, porque, sob o registo pessoal, centrado nos obstáculos, dilemas e emoções dos protagonistas, esconde-se um contexto surpreendentemente complexo em que tudo é incrivelmente impressionante, mas, ao mesmo tempo, incrivelmente fácil de assimilar.
Esta é só a primeira de muitas qualidades que sobressaem neste livro. E que se prendem basicamente com todos os aspectos que moldam o livro. Desde a escrita cativante, em que todos os momentos ganham vida no texto, à fascinante construção do mundo, e sem esquecer, claro, a forma como a magia se vai entretecendo no enredo para assumir um papel cada vez mais relevante, há em tudo, dos grandes momentos aos pequenos pormenores, uma força tão fascinante que se torna difícil parar de ler antes do fim.
Mas há, neste equilíbrio delicado, dois aspectos particularmente fortes: as personagens e os valores que lhes estão associados. Laia e Elias têm muito em comum, apesar de virem de mundos completamente diferentes. E, cada um no seu papel, são, à sua maneira, complexos, fascinantes, falíveis, humanos. Principalmente humanos. O que se torna particularmente impressionante se tivermos em conta um mundo em que se movem, cheio de intriga e de brutalidade, onde algumas vidas valem mais que as outras e o destino justifica (quase) tudo. É, por isso, particularmente marcante a forma como tanto Laia como Elias assumem o que são, apesar das consequências terríveis que isso pode implicar. E é isso também que confere à história uma intensidade cada vez maior, que culmina num final simplesmente brilhante.
Intenso, brutal, surpreendente, emotivo. Parece que as palavras não chegam para descrever o impacto deste livro que, a partir da sua aparente simplicidade, constrói uma história tão forte e equilibrada que é quase impossível não nos sentirmos na pele - e no pensamento - de Elias e Laia. É isso também que torna tudo tão memorável. E que torna este mundo tão impressionante. 

Autora: Sabaa Tahir
Origem: Recebido para crítica

Para mais informações sobre o livro Uma Chama Entre as Cinzas, clique aqui.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

O Aprendiz de Gutenberg (Alix Christie)

Peter Schoeffer tem um futuro promissor à sua espera no ofício de escriba e tudo para fazer jus ao seu lugar. Mas tudo muda quando o pai adoptivo o chama de volta a casa. Johann Fust conheceu um homem invulgar e a invenção revolucionária que este lhe apresentou promete mudar o rumo da produção de livros. Por isso, e já que vai investir nessa invenção, quer o filho envolvido no processo. Peter não tem escolha. O dever exige-lhe que cumpra a vontade do pai. Mas o que começa por ser uma resignação relutante rapidamente se converte em assombro ao ver as verdadeiras potencialidades do engenho de Gutenberg. O caminho será duro, ainda assim, e o sucesso é uma meta distante. E Peter pode muito bem estar no meio de uma terrível tribulação.
Não é fácil explicar o que tem este livro que tão facilmente se torna fascinante. Talvez a evolução dos acontecimentos, talvez a forma como a autora dá vida à história que tem para contar... Talvez até a soma de todas as partes. Mas há um aspecto que fica da leitura que é particularmente impressionante e que, por isso, é o primeiro que quero destacar neste livro cheio de qualidades: a posição do protagonista perante a história de que é o centro. Peter Schoeffer não se torna aprendiz de Gutenberg por vontade própria e, muitas vezes, o seu caminho é imposto em vez de escolhido. Ora isto, este percurso guiado por deveres e imposições desperta, desde logo, uma certa empatia para com o protagonista, principalmente tendo em conta os traços mais desagradáveis daqueles que lhe orientam os passos.
Esta situação é, claro, um bom ponto de partida para despertar curiosidade. Relutante em aceitar o seu destino, mas forçado a isso, Peter é uma personagem que se revela, desde logo, na forma como lida com as suas circunstâncias e isso torna-o especialmente intrigante. Além disso, o evoluir dos acontecimentos realça as suas melhores características, a força escondida nas suas circunstâncias, e isso é uma parte muito importante da alma desta história.
Mas nem só do protagonista vive o livro, nem mesmo das personagens que o rodeiam. Claro que há muito de interessante nessas personagens, a começar, desde logo, pelo estranho temperamento de Gutenberg e pela luta constante que define a sua sociedade com Fust. Mas há também todo um contexto histórico, um percurso de mudança... E uma longa e penosa jornada rumo a um objectivo, jornada essa em que tudo é fascinante - as tentativas, os planos, os fracassos, os sobressaltos. E as pequenas grandes traições.
E toda esta história é construída num equilíbrio também fascinante, em que tudo é desenvolvido na exacta medida em que é importante para a história. O contexto histórico, os avanços e retrocessos na produção da Bíblia, a posição de Peter em tudo isto e o turbilhão emocional em que, por vezes, a sua vida se transforma. Afectos, anseios, acções... Tudo se conjuga num equilíbrio perfeito, abrindo caminho para um final que é também fortíssimo... e mais que adequado.
Eis, pois, um livro em que tudo é memorável. Muitíssimo bem escrito, com um protagonista fascinante e uma história onde tudo se enquadra na perfeição, cativa desde muito cedo e não deixa de surpreender até ao final. E é isso - bem como a soma de todas as pequenas coisas que formam parte desse todo - que me leva a recomendar este livro tão fascinante. Sem hesitar.

Autora: Alix Christie
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Porto Editora

Trinta anos depois de O Jornalista Desportivo, a que se seguiram O Dia da Independência e A Pele da Terra, Richard Ford traz-nos de volta o icónico Frank Bascombe, ex-agente imobiliário agora à beira dos setenta anos e a viver em Haddam, um subúrbio de New Jersey, no rescaldo do furacão Sandy.
E é através de Bascombe - um tipo irónico, blasfemo, sábio e não raro politicamente incorrecto - que mergulhamos nas aspirações, pesares, sucessos e fracassos da vida americana nos primórdios de um novo século.
Fazendo renascer uma das personagens mais indeléveis e provocadoras da literatura americana contemporânea e tendo como pano de fundo a desolação plantada pelo Sandy, que varreu casas, zonas costeiras e colheu inúmeras vidas, Richard Ford traça um perfil da América do nosso tempo, desde o racismo ao colapso do mercado imobiliário.

Autor de oito romances e três coletâneas de contos, Richard Ford nasceu em Jackson, Mississípi, em 1944. Reconhecido pela crítica como um dos grandes retratistas dos temas estruturantes da sociedade norte-americana, mantém o recorde de ter sido o único autor distinguido em simultâneo com os prémios Pulitzer e Pen/Faulkner parauma mesma obra. Publicado originalmente em 2013, Canadá foi agraciado com o Prix Femina Étranger em França e o Andrew Carnegie Medal for Excellence.