sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O Jogo de Ripper (Isabel Allende)

Amanda Martín não é uma adolescente vulgar. Brilhante, mas invulgarmente tímida, a sua principal ocupação reside em Ripper, um jogo em que, juntamente com outros adolescentes e com a ajuda preciosa do avô, se dedica a reunir factos e a investigar crimes. Mas o mistério é mais vasto do que ela imagina. Enquanto seguem pistas para ocupar o tempo, novos crimes vão acontecendo e uma teoria diferente começa a surgir. É possível que o banho de sangue previsto pela madrinha de Amanda, a astróloga Celeste Roko, seja, afinal, responsabilidade de um único assassino. E, mesmo que tudo pareça distante, e que a maior preocupação de Amanda sejam as relações algo atribuladas da mãe, a sombra da morte pode estar mais perto do que todos julgam.
Tendo em conta a linha geral que serve de base a esta história, com um conjunto de crimes e um mistério a resolver, é expectável, à partida, um certo rumo para a evolução da narrativa. Neste ponto reside a primeira surpresa de O Jogo de Ripper. É que, apesar de se poder considerar como sendo um policial, nem sempre o foco da história está no mistério e há um considerável conjunto de elementos a surgir em simultâneo. Aliás, no início, os crimes nem parecem ser assim tão importantes, quando comparados com o destaque dado à forma de estar de Indiana e às histórias dos que a rodeiam.
Desta forma inesperada de contar a história resulta uma certa estranheza, devida também a alguma - aparentemente deliberada - ambiguidade na caracterização das personagens. Isto é particularmente evidente em Indiana que, decidida a ver o melhor das pessoas, acaba por se deixar levar por atitudes aparentemente contraditórias. Mas acontece também com outras personagens que, pelo passado que têm ou por uma personalidade mais conturbada, parecem oscilar entre comportamentos divergentes. Mas tudo tem uma razão, afinal, e com o evoluir do enredo e o assimilar dos traços essenciais das personagens, a estranheza desvanece-se e o ritmo da narrativa torna-se progressivamente mais envolvente.
Mas voltando ao mistério. Se é certo que há alturas em que os crimes parecem ter pouca relevância, também isto se altera com o decorrer da história. A mudança é, aliás, particularmente interessante, passando de um elemento quase distante para uma situação que é imperioso resolver. O enredo evolui, pois, num crescendo de intensidade, à medida que novas surpresas vão sendo apresentadas e que os elementos de aparente estranheza vão revelando as ligações que os unem. E tudo culmina numa fase final simplesmente viciante, em que todas as respostas são finalmente dadas, mas nenhuma é a esperada, e em que os acontecimentos se concluem de forma memorável.
Surpreendente será, pois, uma boa palavra para definir este O Jogo de Ripper, uma história que, partindo de alguma dispersão e estranheza, evolui num sentido progressivamente mais viciante, repleto de momentos surpreendentes e com um final especialmente bem conseguido. Um bom livro, portanto. Muito bom.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Novidade Asa

Em 1945, enquanto o mundo celebra a vitória sobre o exército nazi, a Alemanha derrotada é dividida. De um lado, a União Soviética. Do outro, os EUA, a Grã-Bretanha e a França. A Guerra Fria está prestes a começar. 
Em Hamburgo, grupos de crianças esfomeadas vasculham os destroços em busca de alimentos, famílias desalojadas lutam por abrigos imundos. É nesta cidade arruinada que o coronel Lewis Morgan é encarregado de repor a paz. O governo inglês requisita uma casa para o acolher a ele e à família. Aos proprietários da mansão resta a indigência. É então que o coronel propõe uma solução inédita: a partilha do espaço.
Mas ao contrário do que o bondoso coronel espera, este pacto vai ser explosivo. A sua mulher, Rachel, vive fechada em si própria. O filho de ambos, Edmund, debate-se com uma solidão extrema e perigosa. A alemã Freda é a adolescente rebelde, filha de Herr Lubert, um homem de elite inconformado com a submissão que lhe é imposta. Entre segredos e traições, a vida na casa é uma bomba-relógio que uma paixão proibida ameaça activar. Todos os seus habitantes são pequenos mundos em colisão perante um conflito maior. Todos eles terão de reaprender a viver e, quem sabe, a perdoar.

Para além de ficção, Rhidian Brook escreve também para o cinema e para a televisão. O seu primeiro romance, The Testimony of Taliesin Jones venceu, entre outros prémios, o Somerset Maugham Award. Os seus contos figuram nas mais variadas publicações, tais como a New Statesman e a Time Out, sendo também transmitidos na rádio. 
Brook mora com a mulher e os filhos em Londres.

Novidade Presença (5 de Março)

Half Bad – Entre o Bem e o Mal
Sally Green
Título Original: Half Bad – The Half Life Trilogy
Tradução: Catarina Gândara
Páginas: 320
Coleção: Via Láctea Nº 114
PREÇO SEM IVA: 15,94€ / PREÇO COM IVA: 16,90€
ISBN: 978-972-23-5219-2

Na Inglaterra dos nossos dias, bruxos e humanos vivem aparentemente integrados. Na realidade, os bruxos têm a sua própria sociedade secreta, as suas regras e a sua guerra, que divide os Bruxos Brancos, considerados «bons», e os Bruxos Negros, odiados e perseguidos pelos Brancos. O herói, Nathan, é filho de uma Bruxa Branca e de um Bruxo Negro e, portanto, considerado perigoso. Nathan é constantemente vigiado pelo Conselho dos Bruxos Brancos desde que nasceu e aos 16 anos é encarcerado e treinado para matar. Mas Nathan sabe que tem de fugir antes de completar 17 anos e a sua determinação é inabalável. Este é o romance de estreia de Sally Green e o primeiro volume de uma nova trilogia do género fantástico.

Sally Green vive no Noroeste de Inglaterra. Teve vários empregos, mas acabou por conseguir dedicar-se a tempo inteiro a escrever as histórias que, até então, só se passavam na sua imaginação. Gosta de ler, passear pelo campo e adora café. Half Bad – Entre o Bem e o Mal é o seu primeiro romance. Este livro tem despertado tanto interesse que, ainda antes da sua publicação, já conta com direitos de tradução vendidos para 42 países. Os direitos cinematográficos foram adquiridos pela Fox 2000.

Para mais informações sobre os livros e a editora, consulte o site da Editorial Presença aqui.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Padeira de Aljubarrota (Maria João Lopo de Carvalho)

Brites de Almeida nasceu sob auspícios nefastos. Figura de parca beleza, muitos a tomam por obra demoníaca, apenas pelo mal destinada a caminhar pelo mundo. Mas, guiada por uma história com um tempo definido, Brites sabe-se diferente e, na diferença, quer ser o melhor que puder. O seu caminho leva-a a acções pouco avisadas, a múltiplas provações e a culpas que terá que carregar. Mas, num reino em mudança, em que tantos interesses se confundem e amores e lealdades se erguem acima da preservação do reino, haverá também um papel destinado a Brites, chamada a Dama Pé de Cabra, donzela guerreira e mulher forte, apesar de todas as tribulações.
Escrito em capítulos relativamente curtos e com um ritmo sempre envolvente, este livro surpreende, em primeiro lugar, pelo facto de, apesar de ter como protagonista a dita Padeira de Aljubarrota, que dá nome ao livro, haver também um conjunto de outros protagonistas que, em relação com Brites, ou na evolução da história global do reino, acabam por ser igualmente relevantes. Na verdade, a história divide-se entre o percurso de Brites e o dessas outras personagens, dando forma a um conjunto que, por ser mais vasto, se torna também sempre mais interessante.
Um outro aspecto que sobressai, relativamente a estas várias personagens, é uma certa ambiguidade moral, já que várias destas figuras, e entre elas a própria Brites, tanto são capazes de gestos de pura generosidade como de acções que dificilmente podem ser vistas como inocentes. Assim, a história é feita tanto do que gera empatia como do que a afasta, revelando as variações do comportamento consoante a dificuldade das circunstâncias. Claro que, para algumas das personagens, o lado bom supera as transgressões, enquanto que, noutros casos, é o contrário que sucede.
Nesta perspectiva, importa ainda mencionar o equilíbrio entre o percurso pessoal das personagens e o contexto histórico global, com a história dos protagonistas a relacionar-se intimamente com as mudanças operadas no reino com os conflitos vigentes e, depois, com a chegada ao poder do Mestre de Avis, num retrato que é também uma perspectiva geral sobre as mudanças operadas sobre o reino, mas, principalmente, a história de uma figura central e de um conjunto de personagens complementares.
O que define este livro é, por isso, tanto o percurso das personagens, entre tribulações, sucessos, tragédias e um toque de magia, como o momento da História em que se movem. Tudo isto numa história envolvente, rica em momentos marcantes e com um ritmo que torna difícil abandonar a leitura. Recomendo, pois.

Novidade 5 Sentidos

Depois de três temporadas em Londres em busca de pretendente, o pai de Daisy Bowman informa-a de que deverá arranjar marido. E depressa. 
E se Daisy não conseguir desencantar um candidato adequado, terá de se casar com um homem da escolha do pai: o cruel e emproado Matthew Swift. 
Daisy está aterrorizada, mas uma Bowman jamais admite a derrota. E, por isso, a jovem decide fazer os possíveis para arranjar outro pretendente que não Matthew. 
Mas Daisy não contava com o charme inesperado de Swift… nem com a sensualidade escaldante que depressa brota entre ambos, acabando por descobrir que, apesar de os segredos e intrigas que o destino teima em impor, o homem que sempre odiou poderá ser aquele com que sempre sonhou.

Lisa Kleypas é autora de meia centena de romances já publicados em 25 línguas. Licenciada em Ciências Políticas, editou o primeiro romance com 21 anos. Os seus livros figuram constantemente em listas de bestsellers como o The New York Times e a Publishers Weekly. Os seus romances conquistaram já vários prémios RITA, o prestigiado galardão da RWA (Romance Writers of America). Figura no panteão da literatura de cariz sensual ao lado de autoras já bem conhecidas em Portugal, como Madeline Hunter, Elizabeth Hoyt, Mary Balogh, Emma Wildes ou Nicole Jordan.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Novidade Porto Editora

Somme, 1916. Sophie vive numa vila ocupada pelo Exército alemão, tentando sobreviver às privações e brutalidade impostas pelo invasor, enquanto aguarda notícias do marido, Édouard Lefèvre, um pintor impressionista, que se encontra a lutar na Frente. Quando o comandante alemão vê o retrato de Sophie pintado por Édouard, nasce uma perigosa obsessão que leva Sophie a arriscar tudo – a família, a reputação e a vida. Quase um século depois, o retrato de Sophie encontra-se pendurado numa parede da casa de Liv Halston, em Londres. Entretanto, Liv conhece o homem que a faz recuperar a vontade de viver, após anos de profundo luto pela morte prematura do marido. Mas não tardará que Liv sofra uma nova desilusão - o quadro que possui é agora reclamado pelos herdeiros e Paul, o homem por quem se apaixonou, está encarregado de investigar o seu paradeiro… Até onde estará disposta Liv a ir para salvar este quadro? Será o retrato de Sophie assim tão importante que justifique perder tudo de novo?

Jojo Moyes nasceu em 1969 e cresceu em Londres. Estudou Jornalismo e foi correspondente do jornal The Independent até 2002, quando publicou o seu primeiro romance, Retrato de Família, e resolveu dedicar-se à escrita a tempo inteiro. Foi uma das poucas autoras a ganhar por duas vezes o prémio Romantic Novel of the Year, primeiro com Foreign Fruit (2003) e com A Última Carta de Amor (2010).

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sedução Irresistível (Elizabeth Hoyt)

Desde que regressou das Colónias, marcado pelo que aconteceu em Spinner's Falls e depois, Sir Alistair Munroe tornou-se um recluso no seu próprio castelo, dedicado apenas ao seu trabalho e resignado a viver longe de toda a companhia humana. Mas a sua paz está prestes a ser perturbada. Fugida do passado e sem outro lugar para onde ir, Helen Fitzwilliam apresenta-se à sua porta, alegadamente enviada por Lady Vale para ser a sua governanta. Claro que a última coisa que Sir Alistair deseja é a presença daquela mulher na sua casa, por mais que o castelo precise, de facto, de uma grande arrumação. Mas Helen tem todos os motivos para conquistar aquele lugar, até porque a distância é a sua maior aliada, se se quer manter escondida do duque de Lister, pai dos seus filhos. Aparentemente, não vai ser fácil para Sir Alistair afastar aquela mulher da sua vida. Principalmente porque, apesar do exterior rude e distante, há algo dentro de si que, na verdade, deseja aquela presença.
Terceiro volume da série A Lenda dos Quatro Soldados, e, sem dúvida, o melhor até agora, Sedução Irresistível retoma os elementos comuns com os livros anteriores para tornar mais próxima uma história que é, no essencial, independente das anteriores. O centro do enredo está na ligação entre os protagonistas e numa história que decorre maioritariamente num cenário algo remoto. Assim, são discretas as ligações às outras personagens, quer pelo lado de Helen, quer pela história de Alistair e do que viveu em Spinner's Falls.
Ainda assim, estas ligações são particularmente relevantes, quer porque criam um elo de ligação à história já conhecida, mas principalmente porque são em tudo relevantes para a caracterização dos protagonistas. De todos os envolvidos em Spinner's Falls, tudo indica que Alistair será o que sofreu consequências mais duradouras. E, quanto a Helen, muita da sua coragem deriva do que viveu antes. Além disso, a intervenção mais ou menos discreta de algumas personagens dos livros anteriores confere ao enredo uma agradável sensação de familiaridade.
Claro que o romance é o elemento central desta história e, neste aspecto, os grandes pontos fortes estão na forma como, igualmente vincadas e definidas, as personalidades dos protagonistas vão evoluindo com a sua história, passando do evidente choque a uma complementaridade tocante. Há vários momentos emotivos ao longo do enredo, que, associados à tensão introduzida pelas acções do duque de Lister e a uma certa descontracção, protagonizada que pelas crianças, quer pelo cão, quer ainda pela peculiar irmã de Alistair, se moldam num equilíbrio especialmente envolvente.
Envolvente e emocionante, Sedução Irresistível é, pois, uma história que vive tanto do romance como dos muitos e interessantes elementos que o complementam. Viciante, com personagens fortes e uma boa história, este é, sem dúvida, um livro que recomendo.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Cartas a um Jovem Jornalista (Juan Luis Cebrián)

Dirigidas a um jovem que aspira a ser jornalista, estas são cartas que, mais que conselhos, que o autor não pretende dar, se definem como uma reflexão sobre os parâmetros essenciais do jornalismo e as mudanças neste meio operadas. A liberdade de expressão e o segredo profissional juntam-se a temas como a evolução dos meios de comunicação e o direito à privacidade, sempre desenvolvidos num tom de proximidade, quase de confidência, mas nem por isso menos esclarecedor. Aliás, é esse, precisamente, o grande ponto forte deste livro.
Com pouco mais de cem páginas e em forma epistolar, este é um livro aparentemente simples. As palavras são simples, apesar de alguns laivos de poesia, todas as cartas se resumem a poucas páginas e os conceitos são desenvolvidos de forma relativamente sucinta (tem em conta todo o seu potencial de discussão). Esta simplicidade, associada ao tom pessoal das cartas, desperta curiosidade e torna a leitura mais acessível, pois torna mais claras as ideias que contém. 
Mas a esta acessibilidade de forma está associada toda uma vastidão de ideias e, nesse aspecto, há muito material a considerar. Os temas são, todos eles, vastos e pertinentes, quer digam respeito a direitos e deveres dos jornalistas, quer se centrem na evolução dos meios, quer ainda considerem o que é ou não notícia. De todas as questões abordadas, muito fica para reflectir, independentemente de se concordar ou não com todas as ideias do autor. Além disso, do conjunto de todos estes temas, fica-se com uma ideia muito clara dos muitos aspectos importantes que envolvem a carreira de jornalista.
No desenvolvimento de alguns dos temas, transparece uma outra questão, que é o facto de este livro já ter sido escrito há alguns anos. Isto é particularmente evidente na abordagem que o autor faz aos desenvolvimentos da era digital, fazendo previsões mais ou menos acertadas, de um futuro que, em alguns aspectos, já chegou. Fica, assim, neste aspecto, a impressão de uma perspectiva mais antiga, que não deixa de ser interessante, mas cujo cerne, com a passagem do tempo, se tornou diferente.
O que há a reter, no final desta leitura, é, essencialmente, um conjunto de ideias relevantes que, juntas, transmitem uma perspectiva esclarecedora - e independentemente do que mudou desde o tempo de escrita - de vários aspectos do jornalismo. De leitura agradável e abordando várias questões pertinentes, trata-se, pois, de um livro breve, mas muito interessante.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

As Mulheres do Marquês de Pombal (María Pilar Queralt del Hierro)

Mãe, esposas, protectoras e inimigas, foram várias as mulheres que desempenharam um papel relevante no tempo de vida do Marquês de Pombal. Algumas contribuíram para a ascensão do estadista. Outras para a sua desgraça. De todas elas, a vida justificava, por si mesma, uma biografia. Mas não é esse o objectivo deste livro. Aqui, tendo como ponto comum a existência de uma ligação - de variada natureza - ao Marquês de Pombal, o que a autora apresenta é uma breve perspectiva da vida e das relações dessas várias mulheres.
Sendo este um livro relativamente breve, e com tantas protagonistas, nunca seria possível que fosse uma biografia completa, nem do Marquês de Pombal, nem de qualquer das mulheres aqui referidas. Não parece ser esse o objectivo. O que autora faz neste livro é apresentar uma breve síntese da história de cada uma das várias mulheres referidas ao longo da obra, bem como do papel que desempenharam em relação à vida do estadista. Assim sendo, a visão global é, na verdade, bastante simplificada, mas, quanto às linhas essenciais que definem figuras e acontecimentos, é possível ficar com uma boa ideia.
Ainda que o ponto comum a todas as protagonistas referidas neste livro seja, de facto, o Marquês de Pombal, a autora não se limita a desenvolver as relações existentes. Há o cuidado de apresentar uma caracterização, ainda que sucinta, é certo, a nível de contexto e de posição de cada uma das várias mulheres, não só no papel que desempenharam em relação ao marquês, mas, e principalmente no caso das rainhas, num contexto mais vasto. Claro que mais haveria a dizer sobre o assunto, mas, tendo sempre em vista qual é o tema deste livro, toda a informação essencial está presente.
Ainda um outro ponto interessante é a forma como, a partir da apresentação de cada uma das protagonistas, é possível acompanhar, ainda que com a esperada brevidade, a linha geral do percurso do Marquês de Pombal, desde à ascensão ao poder até à queda em desgraça. Tudo de uma forma bastante resumida, mas muito clara, o que permite adquirir um bom conhecimento das linhas básicas do tempo e dos protagonistas, ao mesmo tempo que desperta curiosidade em saber mais.
Bastante breve e relativamente simples, este não é, pois, um livro particularmente completo em termos de desenvolvimento das vidas dos seus protagonistas. Mas, bastante eficaz na transmissão das informações essenciais e escrito de forma acessível e cativante, não deixa, ainda assim, de ser um interessante ponto de partida. E uma boa leitura.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Era Uma Vez Uma Rosa

São muitos os significados que se podem atribuir à rosa, enquanto símbolo de romance. E, por isso, a rosa, seja como flor, objecto ou nome de pessoa, pode ser a base de muitas histórias. É isso que acontece nos quatro contos deste livro, todos eles com uma aproximação diferente ao tema, mas tendo em comum uma certa aura de conto de fadas... e o romance, é claro.
No primeiro conto, Rosa de Inverno, de Nora Roberts, um príncipe, ferido em batalha e às portas da morte, vagueia, delirante, por caminhos desconhecidos, para tomar, por fim, às portas de um lugar mítico, onde só uma rainha de coração fechado o poderá ajudar. Trata-se de uma história simples, mas envolvente, que cativa, em primeiro lugar, pelo tal ambiente de quase conto de fadas, em que ciúme e engano ditam os ternos de uma maldição. Tendo em conta que se trata de uma história de amor, o tom parece, por vezes, um pouco distante, talvez devido a algumas questões que são deixadas sem resposta. Quanto à relação entre os protagonistas, tem os seus momentos interessantes, mas alguns dos episódios parecem um pouco forçados, pelo que o mais marcante acaba por estar nos ocasionais momentos mais emotivos, no ambiente mágico e, principalmente, no final enternecedor.
Em A Rosa e a Espada, de Jill Gregory, a única sobrevivente da família real de um reino invadido por um feiticeiro descobre, aos 20 anos, que a magia que a protege está prestes a esgotar-se e que, para sobreviver, tem de encontrar o noivo a quem foi prometida e enfrentar o inimigo. Sobressai, deste conto, uma base interessante, mas, principalmente na fase inicial, tudo parece um pouco forçado, e principalmente os diálogos. Além disso, nenhum dos protagonistas desperta empatia, chegando a haver alguns comportamentos irritantes. Com o evoluir do enredo, o passado de Lucius acrescenta algo de emoção, ainda que não chegue para atenuar a atitude geral. Quanto à escrita, é agradável quanto baste, mas falta fluidez no enredo, apesar de uma melhoria considerável na fase final.
As Rosas de Glenross, de Ruth Ryan Langan, apresenta, no rescaldo de uma batalha com um preço demasiado elevado em vidas, o percurso de dois sobreviventes que procuram recuperar de feridas físicas e emocionais. Partindo de um início algo apressado, o enredo acaba por encontrar uma cadência envolvente. As circunstâncias dos protagonistas geram empatia, ao mesmo tempo que o elemento sobrenatural acrescenta mistério. Fica a impressão de que aspectos como os traumas dos protagonistas e o contacto inicial entre ambos poderiam ter sido mais desenvolvidos. Ainda assim, a história não deixa de ser cativante e, apesar de alguns momentos um pouco forçados, uma leitura agradável, com um final bonito.
Por último, em A Rosa Mais Bela, de Marianne Willman, um amor destruído pelo feitiço de uma rainha ambiciosa exige um feitiço de esquecimento para proteger a criança nascida desse amor, até que o seu próprio herói possa surgir. Escrito de forma cativante e com uma história narrada com fluidez, é fácil entrar no ritmo da narrativa, com o prólogo a servir como uma introdução para as circunstâncias da protagonista. Também a aura de mistério relativamente às motivações de Tor desperta curiosidade para uma história que, não partindo de uma ideia particularmente original, evolui, ainda assim, de forma cativante e com a medida certa de emoção. Neste aspecto, sobressai também a evolução da relação entre os protagonistas, mais forte - mas também mais tensa - com o avolumar dos perigos. Envolvente e com um final surpreendente, este é, sem dúvida, o melhor conto do livro.
O que fica, em suma, desta leitura, é a impressão de um conjunto de histórias agradáveis de ler, ainda que nem todas memoráveis, com emoção e romance quanto baste e um toque de magia especialmente cativante. Uma leitura leve, portanto, e envolvente. Gostei.

Novidade Quetzal

Um dia, Kweku Sai, um cirurgião de renome, americano de origem ganesa, abandona a sua família, na América, e regressa ao Gana. É uma família africana da «nova geração» a viver na América. Folásadé Savage (Folá) abandonou a Nigéria e partiu para a Pensilvânia, onde conheceu o seu marido Kweku. O filho mais velho, Olu, segue as pisadas do pai e é um médico brilhante; Kehinde é uma pintora cujos quadros atingem cotações elevadas no mercado de arte; Taiwo, uma aluna brilhante, é uma notável pianista; e Sadie está na lista de espera para entrar em Yale. É esta família que Kweku abandona quando regressa ao Gana, onde morre – à porta de casa, na sua cidade natal, Acra. As notícias da morte de Kweku correm rapidamente mundo fora e acabam por reunir a família. A Beleza das Coisas Frágeis (Ghana Must Go) conta a história destas pessoas – e mostra os caminhos que as reaproximam. 
Neste seu belíssimo e electrizante romance de estreia – o retrato de uma família moderna –, Taiye Selasi desloca-se com elegância através do tempo, mostrando que só a verdade pode curar as feridas escondidas.

Taiye Selasi nasceu em Londres e foi criada no Massachusetts.
Selasi tem um bacharelato de Yale em Estudos Americanos e uma licenciatura de Oxford em Relações Internacionais. 
Com textos que figuram nas melhores publicações de contos e de ficção breve (Granta e Best American Short Stories), Taiye Selasi tem sido fortemente aclamada pelo seu primeiro romance publicado em Portugal e em mais quinze países – Ghana Must Go - A Beleza das Coisas Frágeis. Taiye Selasi vive entre Nova Iorque e Nova Deli e, atualmente, em Roma.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Barba Ensopada de Sangue (Daniel Galera)

Depois do anunciado suicídio do pai, um homem decide afastar-se da família e da vida que levou até então e mudar-se para um lugar diferente. Quase por impulso, parte para Garopaba, lugar onde o avô terá morrido misteriosamente, e tenta levar aí a sua vida. Leva consigo a cadela do pai e algo que, de certa forma, torna cada novo encontro em algo de novo, pois é incapaz de memorizar rostos. Mas a nova vida, com os amigos que vai fazendo e as relações ocasionais, não chegam para afastar a obsessão que se instalou. Precisa de saber o que aconteceu ao avô e porque é que, naquele lugar, todos evitam as suas perguntas. Mas as respostas, essas, podem trazer mais problemas que soluções.
Feito tanto da busca essencial do protagonista por respostas como dos pequenos episódios da sua vida ao longo desse caminho, este é um livro de ritmo relativamente pausado, não só por se dispersar entre diferentes circunstâncias, mas principalmente pelos vários momentos mais descritivos que vão surgindo ao longo do enredo. Isto vem, em parte, da natureza introspectiva do protagonista, pelo que acaba por se adequar ao caminho da personagem. Ainda assim, acaba por exigir mais tempo e mais concentração para assimilar todos os passos e divagações.
Também o percurso do protagonista, com a sua forma algo distante de estar na vida, acaba por ser, a princípio, difícil de compreender. Na fase inicial, são muitas as perguntas sem resposta e grande parte das razões do protagonista permanecem também envoltas em mistério. Mas tudo muda com o evoluir dos acontecimentos e as sombras do passado, quer do do protagonista, quer, e principalmente, do mistério em torno da morte de Gaudério, contribuem também para conferir à narrativa uma aura de intriga que torna a leitura progressivamente mais interessante, ao ritmo do desenvolvimento do enredo.
Mas o que mais impressiona neste livro não está tanto no percurso pessoal do protagonista, mas no que certos episódios da sua história - e das suas reflexões - representam, numa perspectiva global, com ênfase na banalização da indiferença, quando não mesmo da violência, num meio que, durante uma parte considerável do ano, quase morre. E, no meio disto, ou apesar disto, a tentativa de viver ou de sobreviver, com o passado ou apesar dele, e sem buscas por qualquer espécie de perdão.
O que fica então, deste livro, é a impressão de uma leitura cativante, ainda que longe de compulsiva, com um protagonista com uma vida complicada (mas com laivos de simplicidade) e um enredo que é tanto história pessoal de uma personagem como retrato de um cenário maior. Interessante e com alguns pontos especialmente marcantes, uma boa leitura.

Novidade Porto Editora

Daniel Hunter é um experiente advogado londrino que dedicou anos da sua vida a defender causas perdidas. No entanto, a sua vida altera-se quando conhece Sebastian, um jovem de onze anos acusado de matar Ben, de apenas oito, com quem brincava no parque pouco antes do assassinato. 
À medida que vai conhecendo a difícil vida familiar de Sebastian, o advogado recorda-se da sua própria infância, passada em casas de acolhimento, e de Minnie, a mulher que o adoptou e salvou com o seu amor, até que também ela o traiu, causando-lhe tanto sofrimento que Daniel a afastou para sempre da sua vida. 
Qual terá sido o crime de Minnie, para que a evitasse durante quinze anos? E poderá a forte empatia que sente com Sebastian fazê-lo questionar tudo aquilo em que acreditara até então? Para Daniel, chegou a altura de se confrontar com os fantasmas do passado.

Lisa Ballantyne nasceu em Armadale, na Escócia, e estudou Literatura Inglesa na Universidade de St. Andrews. Trabalhou durante vários anos na China, na área do desenvolvimento internacional, educação e mais recentemente para pequenas revistas chinesas e inglesas. Regressou ao Reino Unido em 2002. Trabalha actualmente na Universidade de Glasgow. 
Este é o seu primeiro livro.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Novidade Asa

"As histórias são como bonecas russas: abrem-se e em cada uma encontra-se uma nova.
As histórias neste livro são um pouco assim. Embora ao princípio não pareçam estar relacionadas, os leitores descobrirão que elas estão ligadas de várias maneiras, umas com as outras e também com os meus romances.
Para mim, as histórias são como mapas de mundos ainda por descobrir. Espero que estas vos levem a avançar um pouco mais por esse território inexplorado."
Joanne Harris

Crianças de vida difícil e coração vibrante, fantasmas domésticos, velhas senhoras em busca de aventura, uma paixão impossível sob os céus de Nova Iorque, a improvável magia de uma sanduíche, as extravagâncias a que a saudade obriga…
O universo romântico, místico e sempre especial de Joanne Harris está de volta em dezasseis histórias que são como bombons: deliciosas, tentadoras e irresistíveis. 

Joanne Harris nasceu no Yorkshire, de mãe francesa e pai inglês. Estudou Línguas Modernas e Medievais em Cambridge e foi professora durante quinze anos. Durante este período publicou três livros: Maligna (1989), Valete de Copas e Dama de Espadas (1993) e o marcante Chocolate (1999), um retumbante sucesso internacional que a adaptação ao cinema(com Juliette Binoche e Johnny Depp) veio intensificar.
A sua obra está atualmente publicada em quarenta países e foi galardoada com inúmeros prémios literários internacionais.
Joanne Harris vive com o marido, Kevin, e a filha, Anouchka, a cerca de vinte quilómetros do sítio onde nasceu.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Uma Duquesa em Fuga (Jennifer Haymore)

Simon Hawkins, o duque de Trent, tem levado toda a sua vida a combater a reputação de excentricidade que as acções dos pais lançaram sobre a sua família. Isso significa ter um comportamento imaculado em todos os aspectos, correspondendo em tudo às exigências da sociedade. Mas um novo escândalo ameaça aproximar-se no momento em que a mãe desaparece sem deixar rasto. Todos os seus esforços, bem como os dos irmãos, são direccionados para descobrir o que aconteceu, mas, apesar disso, é preciso manter as aparências. Por isso, Simon volta para Londres e para os eventos sociais da temporada. E tudo será diferente, desta vez. Leva consigo a irmã, e com ela, como dama de companhia, Sarah Osborne, filha do jardineiro, mas educada quase como parte da família. Mas há algo de forte entre ambos, algo que nenhum deles quer admitir, pois as diferenças sociais são demasiadas. E, à medida que a paixão se torna mais forte, e as barreiras mais ténues, um novo segredo se avoluma, para pôr em causa todos os planos.
Centrado no romance entre os protagonistas, e tendo como premissa uma relação entre personagens de diferente posição na sociedade, esta é uma história que, considerando a linha geral dos acontecimentos, tem, à partida, um rumo bem definido. Não é no romance que se encontram as grandes surpresas - ainda que elas existam, de facto - nas pequenas coisas - e não é muito difícil adivinhar de que forma terminará a relação entre os protagonistas. Ainda assim, entre o ponto de partida e a conclusão há uma evolução, em termos da relação entre o casal, que é muito rica em momentos interessantes, desde a forma como a perspectiva das diferenças sociais vai sendo alterada à passagem de transgressão temporária a algo de mais forte na interacção entre os dois. No meio de tudo isto, há momentos emotivos, sensualidade quanto baste e um agradável toque de descontracção.
Ora, isto seria mais que suficiente para proporcionar uma leitura agradável. Mas há ainda outros aspectos que sobressaem, talvez mais até que o romance propriamente dito. O primeiro é o elemento de mistério e perigo, primeiro em torno do desaparecimento da duquesa, depois no segredo que Simon tem de preservar, seja qual for o preço. Todas estas situações contribuem em muito para a envolvência do enredo, quer porque complementam o romance com a existência de uma história mais vasta para lá dos protagonistas, quer porque colocam perigos e ameaças no caminho dos protagonistas, servindo de ponto de partida a alguns dos momentos mais marcantes. Além disso, a presença de algumas personagens especialmente odiosas torna mais fácil a empatia para com aquelas que não o são.
O outro ponto interessante é a relação de Simon - e, ainda que em menor grau, de Sarah - com a família. Sendo este o primeiro volume de uma trilogia, ficam, é claro, bastantes questões em aberto, mas a relação familiar, especialmente entre irmãos, com atritos e diferenças, mas em que também algo de afecto transparece, torna-se particularmente cativante, quer nos momentos mais tensos, quer no ocasional episódio mais divertido.
Com uma história envolvente, um conjunto de personagens interessantes e um enredo que, apesar de centrado no romance, o complementa com as medidas certas de mistério, emoção e humor, Uma Duquesa em Fuga proporciona uma leitura agradável e sempre cativante. Recomendo, pois.

Novidade Topseller

Sylvain, um jovem parisiense que está a caminho dos trinta, sofre de um caso grave de síndrome de Peter Pan: recusa-se a entrar na idade adulta. Embora possua inúmeras virtudes — é perspicaz, simpático, inteligente e versado em várias línguas —, tem também muitos defeitos: é incapaz de seguir em frente quando se trata de amor. 
A ideia de crescer assusta-o de morte, o que o leva a aceitar um trabalho mal remunerado em Madrid, para estar mais perto de Heike, a antiga namorada que ele não consegue esquecer. Sylvain traz consigo um plano para reconquistar Heike, mas, entre tantas outras pessoas incríveis com quem se cruza, alguém muito especial irá levá-  -lo a fazer uma escolha.
E quando descobre acidentalmente um manuscrito que contém toda a saga da família do seu vizinho Metodio Fournier, revela-se diante dos seus olhos uma história maravilhosa e excitante, cheia de estranhas coincidências, que muda para sempre a sua visão do amor e do mundo. No final desse ano inesquecível em Madrid, Sylvain regressará a casa, onde abraçará o seu destino.

USE LAHOZ, um dos mais talentosos escritores espanhóis do momento, nasceu em Barcelona em 1976 e é licenciado em Humanidades.  Durante os seus estudos académicos viveu em Portugal, Alemanha, Itália, Uruguai, Cuba e França. 
A sua carreira literária teve início com Leer del Revés,  distinguido no Festival do Primeiro Romance de Chambéry (França). Em 2009 publicou Los Baldrich, obra aplaudida pela crítica. A sua maturidade literária confirmou-se com o seu terceiro livro, La Estación Perdida  que foi reconhecido com o Prémio Ojo Crítico 2012. A sua primeira incursão pela narrativa juvenil deu-se com Volverán a por Mí.  Venceu, então, o Prémio La Galera Jóvenes Lectores.
O Ano em Que Me Apaixonei por Todas é a sua mais recente obra, vencedora do prestigiado Prémio Primavera de Romance 2013.

Novidades Planeta

Após provocar o seu despedimento na empresa Müller, Judith está disposta a afastar-se para sempre de Eric Zimmerman, e para isso decide refugiar-se na casa do pai em Jerez. 
Angustiado pela partida, Eric segue-lhe o rasto. O desejo continua latente entre ambos e as fantasias sexuais estão mais vivas do que nunca, mas desta vez é Judith quem impõe as condições, que ele aceita em nome do amor que professa. 
Tudo parece voltar à normalidade, até que um telefonema inesperado os obriga a interromper a reconciliação e a deslocarem-se a Munique. 
Longe do seu ambiente, numa cidade hostil e com o aparecimento do sobrinho de Eric, um contratempo com o qual não contava, a jovem terá de decidir se lhe deve dar uma nova oportunidade ou, pelo contrário, começar um novo futuro sem ele. 

Megan Maxwell é uma reconhecida e prolífica escritora do género romântico. Filha de mãe espanhola e pai americano publicou vários romances. 
Em 2010 ganhou o Premio Internacional Seseña de Novela Romántica; em 2010, 2011 e 2012 recebeu o Premio Dama de Clubromantica.com; em 2013 o Aura Galardão do Encuentro Yo Leo RA. 
Vive numa encantadora aldeia nos arredores de Madrid, na companhia do marido, dos filhos, do cão Drako e do gato Romeo. 
Encontrará mais informação sobre a autora e a sua obra em www.megan-maxwell.com

O ex-SAS Ben Hope encontra-se a descansar na sua casa na Normandia quando recebe a pior notícia da sua vida. 
A ex-namorada Brooke Marcel foi raptada. 
Correndo contra o relógio, a busca frenética de Ben por Brooke leva-o da Irlanda às montanhas espanholas e florestas tropicais do Peru.
Qual é a ligação misteriosa entre o rapto e o resgate de um navio de guerra espanhol afundado do século XVI e as actividades secretas do homem que o descobriu?
Como o rasto de destroços e caos se intensifica, Ben descobre uma teia de intrigas, corrupção e assassínio brutal. 
Mas será tarde de mais para encontrar Brooke com vida? 

Cresceu em St. Andrews, na Escócia. Estudou Línguas Modernas em Oxford e começou a trabalhar como tradutor, depois como músico profissional, instrutor de tiro de pistola e jornalista freelancer antes de se tornar escritor a tempo inteiro. 
Após ter passado vários anos em Itália e em França, Scott descobriu o seu porto de abrigo isolado para escrever nas zonas remotas do Gales ocidental, uma casa de campo de 1830 completa com bosques para passeios campestres e uma passagem secreta. 
Quando não está a escrever, Scott desfruta de jazz, filmes, motocicletas clássicas e astronomia.

Coração de Fogo é agora um guerreiro do Clã do Trovão, mas o perigo ainda espreita na floresta...e mais perto do que ele pensa! 
Com o frio do Inverno a instalar-se, os gatos do Clã do Rio, seus rivais, estão a ficar inquietos; e o Clã do Vento encontra-se enfraquecido, cercado de ameaças por todos os lados... 
À medida que a tensão vai crescendo em direcção a um desfecho inevitável, Coração de Fogo terá de enfrentar não só a iminência de uma batalha mas também a traição que vem de dentro do seu próprio Clã.

Vencedor do passatempo O Oceano no Fim do Caminho

E chegámos ao fim de mais um passatempo, desta vez com 141 participações. E, como habitual, é tempo de anunciar quem vai receber em casa um exemplar de O Oceano no Fim do Caminho.

E o vencedor é...

91. Susana Henriques (Lisboa)

Parabéns e boas leituras!

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Wasteband (Patrícia Portela)

Definida como uma experiência de virtualidade em que o produto oferecido tem a ver com a espera e o tempo perdido, a Wasteband, projecto de um conjunto de cientistas/alquimistas em plena era da exploração espacial é, no fundo, um espaço de momentos e de percepções partilhadas. E dessa experiência virtual se constrói esta estranha história, em que figuras se cruzam num real improvável, enquanto o leitor segue passos e fragmentos, como que experimentando as componentes do programa. Um mundo pouco possível e um núcleo de elementos divergentes dão forma, pois, a uma viagem através da espera. E é dessa viagem que se define este livro.
Se fosse preciso definir este livro numa única palavra, essa seria, sem dúvida, peculiar. Porque é, no fundo, essa palavra que define todos os aspectos deste livro, desde a estrutura à ideia que lhe serve de base, passando pelo ritmo da escrita e pelas interacções entre as figuras que povoam a história. Tudo é estranheza neste livro. Entre os conceitos improváveis, a base construída para explicar o sistema Wasteband e a simples associação de ideias que leva o leitor a percorrer os diferentes níveis, nada é exactamente aquilo que se espera. E, por isso mesmo, tudo é uma surpresa.
Dito isto, é precisamente esta unicidade que torna esta leitura tão interessante. É que todos os muitos elementos que se conjugam para dar forma à narrativa confluem para um equilíbrio muito delicado, que mantém sempre viva a curiosidade em saber mais. Nada do que é contado parece provável, mas a forma como todo o universo é construído confere-lhe a aparência de algo quase simples.E, assim sendo, apesar de toda a ciência desenvolvida para explicar o sistema, de todos os elos que se confundem e misturam na mais improvável das formas, é fácil ocupar o papel do leitor que entra no sistema Wasteband. Tudo é estranho, mas tudo é familiar, e essa impressão é algo de fascinante.
E, de toda esta diferença, de todas as peculiaridades, sobressai ainda algo de universal. É que, por entre os meandros complexos da Wasteband, dois conceitos se destacam. O primeiro é o da espera, de tudo o que esperamos ao longo da vida. O segundo é o amor, personificado nas duas figuras que, surgidas não se sabe bem de onde, assumem o papel de quase protagonistas de toda esta história. Na verdade, estes dois elementos funcionam como ligações à realidade, contribuindo em muito para tornar real a virtualidade do mundo da Wasteband. Também essa ligação acaba por ser um aspecto especialmente interessante.
O que define, pois, este livro é tanto o que torna estranho como o que o aproxima do real. Peculiar, inesperado, mas fascinante, a impressão que passa é, primeiro de estranheza, mas cedo se torna envolvente, com todas as suas surpresas. Vale, pois, muito a pena ler este Wasteband. Muito bom.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A Bibliotecária de Auschwitz (Antonio G. Iturbe)

Entre a miséria, o medo e a atrocidade, nasce o refúgio da normalidade possível, pelo menos aos olhos dos mais inocentes. O cenário é o inferno de Auschwitz-Birkenau. Aí, no campo familiar, lugar que poucos conseguem explicar, mas em que o fantasma da morte se afigura como um pouco, apenas um pouco mais distante, cria-se algo de proibido: uma escola. Dir-se-ia que é algo de relativamente inofensivo, mas onde os livros são proibidos, ensinar pode ser um crime punível com a morte. E é nessas circunstâncias que uma jovem corajosa combate os seus medos para defender o mais secreto e sagrado tesouro que conhece: os poucos e velhos livros que servem a escola clandestina no bloco 31.
Tendo em conta o tema que serve de base a este livro, não será, de forma alguma, surpreendente que este não seja um livro fácil de ler, pelo menos do ponto de vista emocional. Medo, morte, angústia e miséria são companheiros constantes das personagens deste livro e a forma como os acontecimentos são narrados, sempre de forma próxima aos seus protagonistas, confere a toda a narrativa uma nitidez impressionante.
Mas é precisamente isto que torna este livro memorável. É que, conhecendo a verdade por detrás deste romance, a forma como o autor narra as muitas atrocidades cometidas, associando-lhes nomes, rostos e histórias pessoais, torna ainda mais perturbadora a noção do sucedido. E, no meio de tudo isto, os rasgos de quase normalidade, o apego ao que resta da vida passada e a mistura de inocência, esperança e coragem que transbordam de figuras como Dita, mas não só, aumentam ainda mais o impacto dos acontecimentos.
Há, de facto, um cuidado em contar tudo, desde os momentos mais negros às alegadas razões para a existência do campo familiar, passando pelas esperanças e pelo desespero das personagens. Tudo é descrito, sem elaborações, mas também sem eufemismos, com precisão absoluta. E se isto torna mais pausado o ritmo da narrativa, torna-a também mais completa, mais perturbadora. E mais esclarecedora, em certa medida.
E, mais uma vez tendo em conta o cenário, também não é difícil sentir empatia para com as personagens. Mas há ainda algo que sobressai, em histórias mais discretas, como a de Viktor, o oficial SS que desertou, mas também da ideia geral. É a aproximação às consequências do preconceito racial, elevada à sua mais tenebrosa expressão, e a noção de como, mesmo de entre um sistema de ódio estabelecido, rasgos de diferença podem surgir.
No fundo, o que este livro apresenta é uma história de coragem ante a mais negra adversidade. E, quer pelas suas personagens cativantes e corajosas, quer pelo relato preciso e completo - e perturbador - dos factos, quer ainda pelo que há a retirar desta tão impressionante narrativa, fica na memória, bem depois de lida a última página, a história de A Bibliotecária de Auschwitz. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O Hóspede de Job (José Cardoso Pires)

Retrato de um Alentejo povoado de miséria, esta é a história dos homens que buscam trabalho e que, humilhados na sua dignidade, se revoltam, para se verem consumidos sob uma nova opressão. É a história de uma autoridade a quem muito é permitido, inclusive olhar apenas para onde pretende e impor-se a todos os que não a podem contestar. É a história, ainda, de um velho cheio de sonhos e de uma jornada em direcção à dura realidade. História de um tempo, em suma, e das suas gentes, na sucessão de episódios e rotinas que lhes definem as vidas.
Relativamente breve, mas com um conjunto bastante vasto de personagens, este não é um livro que se defina por uma linha narrativa precisa, com um único protagonista, mas antes por um conjunto de episódios em que várias personagens se destacam. A história é, no fundo, a de um lugar num ponto definido do tempo e, por isso, o rumo da narrativa oscila entre diferentes personagens em diferentes circunstâncias, sendo o ponto comum a origem e o cenário, mas com diferenças entre si. Assim, o que é apresentado é uma sequência de acontecimentos relativos a diferentes personagens, aparentemente com poucas relações entre si, mas que, no fim, se conjugam para formar um retrato global, que é o da miséria do lugar e da forma como esta se reflecte nas diferentes almas que o povoam.
Ora, com todas estas personagens e acontecimentos diferentes, não surpreende que nem todas as circunstâncias encontrem uma conclusão definitiva. Não parece, aliás, ser esse o objectivo. Ao deixar em aberto partes da história, cria-se uma impressão de continuidade, de que a história (ou histórias) narradas é simplesmente uma parte da mais vasta realidade. E, apesar da curiosidade que fica por satisfazer, esta impressão acaba por ser, na verdade, parte do que torna a leitura tão interessante. É que, marcantes pelo que são, mas também pelo que representam no todo, todos os episódios contribuem para esse retrato de tempo e lugar que é, no fim de tudo, o que fica na memória. A história das gentes passa, mas a terra continua lá e, por isso, haveria sempre mais para contar.
A ideia que fica, então, deste O Hóspede de Job é a de uma história de contrastes, em que a brevidade e a simplicidade das situações se opõem à vastidão do lugar e das complexas relações a ele associadas. Por isso, bem como pelo impacto dos momentos que dão forma a este retrato global, vale a pena, sem dúvida, ler este livro.

Novidade Esfera dos Livros

Por detrás de um grande homem de Estado como Sebastião José de Carvalho e Melo não está uma grande mulher, mas sim várias. Umas unidas por laços de sangue, como a sua mãe Maria Teresa Luiza de Mendonça e Melo, outras por laços afectivos como as suas duas esposas. A primeira, dez anos mais velha que o jovem Sebastião, foi a viúva Teresa de Mendonça e Almada. O namoro não foi bem aceite, mas Sebastião José não hesitou, raptou a noiva e casou em segredo, escandalizando tudo e todos. Amor ou ambição por um casamento com uma mulher de uma classe superior à sua? O casamento foi curto, a mulher morreu de doença enquanto o jovem ascendia na carreira diplomática. Primeiro Londres, depois Viena. Foi aqui que conheceu a sua segunda mulher, companheira de uma vida e mãe dos seus quatro filhos, Maria Leonor Ernestina Daun. Mas Sebastião José era um homem inteligente, frio, mais dado às suas ambições políticas que às artes do coração. Há uma mulher que fica na história como a grande protectora e responsável pela sua ascensão ao poder: a rainha Maria Ana de Áustria que o colocou ao lado de D. João V e depois do filho D. José I. Mas também foram as mulheres as responsáveis pela sua queda. O seu confronto com a Marquesa de Távora, D. Leonor, o processo sangrento daquela família e o desafecto de D. Maria I por este homem levaram-no à desgraça. A autora bestseller María Pilar Queralt del Hierro traz-nos a história destas mulheres que, de uma forma ou de outra, estiveram presentes na vida do Marquês de Pombal, o estadista ilustrado que soube fazer com que Lisboa renascesse das cinzas em 1755. Viajamos pela sua escrita através do século XVIII, pelos palácios reais, pelas intrigas da corte, pelos salões onde se reuniam escritores, artistas, políticos unidos pelos ventos do Iluminismo, é aqui neste ambiente que conhecemos Teresa Margarida da Silva ou Leonor de Almeida Lorena, Marquesa de Alorna

MARÍA PILAR QUERALT DEL HIERRO é autora de Eu, Leonor Teles, Memórias da Rainha Santa e As Mulheres de D. Manuel I publicados com grande sucesso pela Esfera dos Livros. Nascida em Barcelona, Espanha, editou em 1984, Balaguer, uma biografia do poeta e político catalão sobre o qual incidiu a sua tese de licenciatura. Este livro significou o início de uma carreira dedicada ao romance biográfico de personagens históricas como Fernando VII, que retratou nos livros La Vida y la Época de Fernando VII (1997) e Los Espejos de Fernando VII (2001). Em 1995, publicou o seu primeiro volume de relatos, Cita en azul, uma obra que a crítica espanhola qualificou de «obra-prima absolutamente recomendável». María Pilar Queralt del Hierro licenciou-se em História Moderna e Contemporânea pela Universidade Autónoma de Barcelona. Foi professora de História da Espanha Contemporânea, na Faculdade de Ciências da Informação da Universidade Autónoma de Barcelona. Colabora com a revista Historia y Vida, desde 1974. Escreve artigos para outras publicações, como a edição espanhola da National Geographic e realiza numerosos trabalhos em obras colectivas sobre temas de arte, cultura e história contemporânea.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Soberba Tentação (Andreia Ferreira)

Saber da existência real das criaturas sobrenaturais não ajudou em nada à tranquilidade de Carla. Mesmo tendo absoluta confiança na protecção de Caael, a entrada de demónios, vampiros e similares no seu mundo teve já um preço elevado. Mas a história está longe de terminada. Caael tem de se ausentar para atender a um problema no Brasil e, entretanto, Carla fica sozinha, ainda que atentamente vigiada. E, mesmo que a ausência do anjo caído pareça trazer-lhe uma nova lucidez, também as parcas revelações que vai conseguindo acarretam novos perigos. É que ninguém o que parece. Nem aqueles em quem mais confia.
Seguindo na senda do primeiro volume, este é um livro que tem essencialmente os mesmos pontos fortes do anterior. A história mantém a envolvência, reforçando um pouco mais a identidade própria que se foi desenvolvendo na fase mais avançada do volume anterior, e acrescentando aos elementos de romance a mesma componente sombria que torna as coisas mais intensas. Há, aliás, uma evolução neste aspecto, com o romance a ficar para um claro segundo plano, dando destaque aos perigos e aos segredos ocultos, tanto pelos inimigos de Carla como pelos seus pretensos aliados. O que acontece, então, é uma evolução da história num sentido progressivamente mais negro, com mais momentos de tensão e alguns pormenores especialmente perturbadores. 
Esta mudança reflecte-se também no desenvolvimento das personagens, quer por alterações na sua natureza, quer por elementos que permaneciam escondidos, quer ainda, no caso de Carla, pela simples percepção do que se passa em seu redor. Neste aspecto, sobressai uma certa medida de manipulação que, tendo origem principalmente nos elementos sobrenaturais, altera, ainda assim, as circunstâncias da protagonista. Desta forma, as suas acções mais estranhas tornam-se, em certa medida, justificadas, o que coloca parte dos acontecimentos sob uma nova e mais interessante perspectiva.
Em relação à escrita, notam-se, por vezes, as mesmas fragilidades que no volume anterior, com algumas frases mais estranhas e palavras que parecem ser usadas num contexto diferente do do seu verdadeiro significado. Ainda assim, e apesar destes lapsos pontuais, o ritmo é, no geral, agradável e cativante. Além disso, o rumo da história, com todas as sucessivas revelações, mantém viva a curiosidade em saber mais sobre o que está a acontecer e o que se seguirá.
O que fica, então, deste segundo volume, é a impressão de uma história mais sombria, com alguns momentos particularmente intensos e que, na forma como termina, desperta interesse para o que falta contar. Cativante e agradável de ler, uma interessante sequela para Soberba Escuridão.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Moon Over Alcatraz (Patricia Yager Delagrange)

O sonho de Brandy Chambers estava prestes a realizar-se, com o iminente nascimento da sua filha. Mas correu tudo mal. A bebé, Christine, morreu ao nascer e, com ela, todas as esperanças de Brandy. Agora, cabe-lhe lidar com a depressão, com um apoio da parte do marido que é bem menos do que devia ser. E é nessa fase conturbada que se encontra com Edward, um amigo dos tempos do liceu que se tornou num homem muito atraente. E que compreende que o seu coração não está onde devia. Deveria ter sido apenas uma noite de amor sem consequências, mas as coisas estão destinadas a outro caminho. E é nesse percurso, entre medo e tristeza, que Brandy terá de descobrir para onde pende o seu coração.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é que, para além de ser uma história de amor, trata também de um percurso de superação de problemas pessoais. Brandy não é propriamente uma protagonista forte, pelo menos não inicialmente, mas alguém que cresce a cada dificuldade, tornando-se uma pessoa melhor na sua busca de uma vida mais feliz. O mesmo sucede com as personagens com quem ela se relaciona. No princípio, não é propriamente fácil sentir empatia para qualquer dos dois homens na vida da protagonista. Edward regressa à vida dela com demasiada hostilidade, enquanto que o comportamento de Weston se define pela indecisão. O que acontece, por isso, é que, a princípio, as escolhas das personagens se tornam difíceis de compreender, mas, felizmente, a evolução do enredo traz mudanças neste aspecto e as experiências vividas pelas personagens – romanticamente e não só – revelam as suas verdadeiras naturezas, justificando, assim, muitas das suas acções.
Também interessante é o desenvolvimento dos dilemas interiores das personagens, quer no que diz respeito ao trabalho de Edward, quer as indecisões de Brandy. Na verdade, estas dúvidas e dificuldades de escolha são a base de alguns dos momentos mais intensos e também dos mais emotivos. E, sendo a emoção o que mais cativa para esta história, são, naturalmente, um ponto especialmente importante.
Ainda uma nota para referir a perspectiva de Brandy enquanto escritora. Não é um elemento muito desenvolvido ao longo do enredo, e não se centra muito nas motivações pessoais – ainda que as circunstâncias sejam uma condicionante. Ainda assim, ao centrar-se especialmente nas partes do trabalho que transcendem o acto de escrever, proporciona um ponto de vista interessante para esse importante elemento da vida da protagonista.
A impressão que fica deste livro é, em suma, a de uma leitura agradável, com uma história interessante, personagens que crescem e,  ao crescer, se tornam mais fortes, e uma boa medida de emoção a manter viva a curiosidade em saber o que se seguirá. Uma boa leitura, portanto. Gostei.

Novidade Porto Editora

Indiana e Amanda Jackson sempre se apoiaram uma à outra. No entanto, mãe e filha não poderiam ser mais diferentes. Indiana, uma bela terapeuta holística, valoriza a bondade e a liberdade de espírito. Há muito divorciada do pai de Amanda, resiste a comprometer-se em definitivo com qualquer um dos homens que a deseja: Alan, membro de uma família da elite de São Francisco, e Ryan, um enigmático ex-navy seal marcado pelos horrores da guerra. 
Enquanto a mãe vê sempre o melhor nas pessoas, Amanda sente-se fascinada pelo lado obscuro da natureza humana. Brilhante e introvertida, a jovem é uma investigadora nata, viciada em livros policiais e em Ripper, um jogo de mistério online em que ela participa com outros adolescentes espalhados pelo mundo e com o avô, com quem mantém uma relação de estreita cumplicidade. Quando uma série de crimes ocorre em São Francisco, os membros de Ripper encontram terreno para saírem das investigações virtuais, descobrindo, bem antes da polícia, a existência de uma ligação entre os crimes. No momento em que Indiana desaparece, o caso torna-se pessoal, e Amanda tentará deslindar o mistério antes que seja demasiado tarde.

Isabel Allende nasceu em 1942 no Peru. Viveu no Chile entre 1945 e 1975, com largos períodos de residência noutros locais, na Venezuela até 1988 e, desde então, na Califórnia. 
Começou por trabalhar como jornalista, no Chile e na Venezuela. Em 1982, o seu primeiro romance, A casa dos espíritos, converteu-se num dos títulos míticos da literatura latino-americana. Seguiram-se muitos outros, todos eles êxitos internacionais. A sua obra está traduzida em trinta e cinco línguas. 
Em 2010, foi galardoada com o Prémio Nacional de Literatura do Chile.

Primeiras páginas de O Jogo de Ripper aqui.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Queda de Artur (J.R.R. Tolkien)

Única incursão de Tolkien no mito arturiano, este é mais um dos seus trabalhos inacabados e, como o filho refere, um dos mais lamentáveis entre os seus abandonos. Escrito na chamada poesia aliterativa, A Queda de Artur percorre os elementos essenciais do mito, aproximando-se em muitos aspectos das fontes antigas, mas conferindo-lhe uma identidade particular. E é, como foi dito, um poema inacabado. Mas, apesar de incompleta, a obra construída é muito interessante.
Apesar de haver neste livro bastante mais material, basta considerar o poema propriamente dito para encontrar os aspectos mais interessantes da leitura. Até porque é o poema em si o foco de tudo o resto. E falando do poema, nos cinco cantos que o compõem, tudo nele é interessante, desde o ritmo e a métrica, à construção dos elementos do mito que nele são abordados. As figuras que nele surgem são, claro, sobejamente conhecidas. Não é tanto o papel que aqui lhes é atribuído. Mas é precisamente desta conjugação entre o expectável e o inesperado, associadas a uma forma de escrita cativante e cuidada ao extremo, que deixa a fascinante impressão de um regresso à origem fundido com uma nova perspectiva, da qual só fica mesmo a pena de que tenha sido um trabalho deixado por terminar.
Mas o poema acaba por ser apenas uma parte do livro, já que outros ensaios se lhe seguem. Nestes ensaios, Christopher Tolkien explica a evolução da sua descoberta do poema, das fases de criação que lhe atribui. Desenvolve também as possíveis fontes para esta abordagem ao mito, terminando ainda com uma interessante explicação sobre este tipo de poesia. Ora, tudo isto acrescenta uma nova perspectiva à leitura do poema, já que permite não só uma mais clara contextualização, mas também algumas ideias sobre o rumo da história que ficou por contar. Não são propriamente textos de leitura fácil, é certo. Mas, interessantes e esclarecedores, são, ainda assim, um bom complemento à leitura do poema.
Considerando tudo isto, o que este livro proporciona é, em suma, uma leitura que, não sendo exactamente fácil, apresenta, ainda assim, muito de interessante e um trabalho que, mesmo incompleto, não deixa de ser belíssimo. Vale a pena ler, pois.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Anjos Solares - Os Agnishwâttas (Mataji Gitanjali)

Todos temos um anjo da guarda. É esta a ideia central que a autora deste livro nos apresenta. E, tendo por base esta convicção, será possível comunicar com ele. Assim sendo, a base deste pequeno livro é uma muito simples orientação nesse sentido, associada a alguns conceitos de diversas formas de espiritualidade, mas baseada numa perspectiva muito pessoal - a da autora. O resultado tem alguns aspectos interessantes.
O principal ponto forte neste muito breve livro é a associação das imagens às ideias desenvolvidas. Neste sentido, importa referir o trabalho da autora enquanto pintora de anjos e outras figuras de arte sacra, já que as imagens estão muito ligadas às ideias do livro. E estas imagens, por si só, tornam a edição especialmente bonita, mesmo sendo um livro pequeno, ao mesmo tempo que chamam a atenção para o conteúdo.
Quanto ao conteúdo, o que sobressai é, precisamente, a perspectiva pessoal, já que muito do conhecimento transmitido parece derivar da própria experiência da autora. Tanto é que, por vezes, os termos referidos surgem no texto com uma naturalidade que parece dispensar explicações.
E é aqui que se notam as consequências da brevidade do livro. É que esses conceitos e ideias apenas serão familiares a quem já tiver algum conhecimento prévio em matérias de espiritualidade. Faltaria, por isso, um maior desenvolvimento em termos de bases, para tornar as ideias mais claras ao leitor comum. É fácil compreender o essencial, é certo. Mas há ideias e origens para certas ideias que poderiam ter sido melhor exploradas.
A impressão que fica, portanto, é a de um livro que, muito breve e bastante simples, apresenta algumas orientações interessantes, mas partindo do princípio de que exista algum conhecimento prévio da matéria. Interessante e com uma edição bonita, poderia ter sido, ainda assim, algo de muito mais vasto.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O Oceano no Fim do Caminho (Neil Gaiman)

Depois de um funeral, e em busca de respostas a perguntas que nem ele compreende, um homem volta ao lugar onde cresceu. A casa da sua infância já não existe. Mas, ao fim do caminho, continua a quinta das Hempstock e um lago artificial que o parece chamar. É aí que se encontram as suas memórias, partes de si que esqueceu quando se afastou daquele lugar. E a recordação de Lettie, a amiga que o acompanhou numa aventura cheia de medos e de impossíveis, e que, sem que ele o saiba, o empurra, mais uma vez, para aquele lugar.
Relativamente breve e narrado na primeira pessoa pelo protagonista, o que primeiro cativa neste livro é a impressão de inocência que parece transbordar das palavras do narrador. Inocência, porque durante grande parte da história - a realmente marcante - o protagonista é uma criança de 7 anos, mas também porque a sua jornada cruza uma experiência mais vasta que a do mundo real. 
E é esta inocência o ponto de partida para o que é o ponto mais impressionante desta história: o equilíbrio entre este lado mais ingénuo e um cenário em que a componente mágica tem um lado muito negro. É que, sendo uma criança, o protagonista tem todos os comportamentos que dele seriam de esperar - e, curiosamente, admite-os na sua narração. Mas as circunstâncias em que se vê envolvido têm um lado especialmente sombrio, que, mesmo não sendo desenvolvido em todos os pormenores, cria um contraste especialmente interessante. A ingenuidade evoca ternura. Os perigos e dificuldades - e a reacção a eles - despertam empatia. A conjugação de tudo mantém viva a curiosidade em saber o que se seguirá.
Este contraste estende-se também à forma como a história é contada, com simplicidade quanto baste, mais com laivos de uma observação mais profunda, reforçando a ideia de que o narrador é, essencialmente, um adulto que recorda. É fácil, por isso, ver o homem e a criança, e o que um e outro têm de comum. Além disso, e sendo esta uma história relativamente curta, a escrita relativamente simples (mas com todos os elementos necessários à percepção da história) acaba por se adequar da melhor forma ao ritmo do enredo.
Mas falta, é claro, falar na tal componente mágica da história. Neste aspecto, o que mais cativa é, sem dúvida, a naturalidade com que esses elementos encaixam no rumo de uma história que, inicialmente, parece assentar exclusivamente no mundo real, mas cujas ramificações se tornam mais vastas, com o invulgar e improvável a ganhar dimensão, sem que nunca pareçam demasiado rebuscados. Além disso, o que o protagonista recorda em cada momento, o que esqueceu e o que tem presente de uma forma diferente do realmente sucedido, evocam uma interessante reflexão sobre a memória, enquanto repositório do passado, mas principalmente enquanto refúgio interior.
Envolvente desde o início e com um muito interessante contraste entre sombras e luz interior (e não só), este é, portanto, e apesar da relativa brevidade, um livro repleto de momentos marcantes e surpreendentes. Com um enredo intrigante, personagens interessantes e uma magia especial, uma história que fica na memória. Recomendo.

Para mais informações sobre o livro O Oceano no Fim do Caminho, clique aqui.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Ínclita Geração (Isabel Stilwell)

Única mulher entre a chamada Ínclita Geração, a Isabel foi profetizado que seria a Estrela do Norte, a que levaria Portugal ao mundo. A forma de o fazer seria um casamento com o duque de Borgonha, tornando-a numa figura influente e abrindo a Portugal as portas de uma aliança poderosa. Mas ser a duquesa de Philippe de Borgonha está longe de ser um sonho de harmonia. Lidar com as infidelidades do marido, com a morte dos primeiros filhos e gerir os conflitos do ducado, ao mesmo tempo que intervêm e influencia as acções dos irmãos são actos que exigirão de Isabel todas as suas forças. Dama influente e mulher do mundo, esta história é, acima de tudo, o retrato de uma mulher que nunca esqueceu o legado que lhe foi transmitido. E o relato de um percurso fascinante.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é a forma como a autora consegue traçar um retrato para a sua protagonista que reflecte tanto a duquesa como a mulher. As acções de Isabel prendem-se tanto com os interesses e influências nos conflitos em curso como com a sua história pessoal, da sua relação com o marido, os filhos e os irmãos. Assim, o que se cria neste livro é um muito bom equilíbrio entre o desenvolvimento dos conflitos globais, com guerras e intrigas de corte mais que suficientes, e a história individual e familiar de Isabel.
Deste equilíbrio resulta também um retrato especialmente cativante do lado humano da duquesa, para o qual contribuem também os fragmentos narrados na primeira pessoa. Se é verdade que tudo na história de Isabel é interessante, também o é que são os momentos mais intensos, de maior impacto emocional, os que mais marcam ao longo da leitura. Momentos que são sempre contados com a medida adequada de emoção, sem excessos dramáticos, mas sem esquecer a faceta de vulnerabilidade que gera empatia.
Porque é também a empatia um dos grandes pontos fortes deste livro. O contexto histórico é, naturalmente, um ponto importante, já que, ao longo do enredo, há muito para descobrir, quer sobre a história de Portugal, quer sobre os conflitos que, de uma forma ou de outra, envolveram a Borgonha. Também a escrita, fluída, apesar de algumas gralhas, contribui para a envolvência do enredo. Mas é, acima de tudo, o facto de Isabel surgir como uma personagem forte e carismática, mas com todas as vulnerabilidades que a humanizam, que torna a sua história tão cativante, tornando memoráveis os momentos de maior impacto.
Retrato de uma protagonista forte, mas humana, este é um livro que conjuga uma boa base histórica com uma história pessoal marcante, numa leitura sempre envolvente e com vários momentos especialmente impressionantes. Recomendo, pois.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O Principezinho Põe a Gravata (Borja Vilaseca)

Não há um único funcionário na consultora SAT que se sinta satisfeito com a sua situação laboral. O ambiente é de tensão constante e não há tempo para nada a não ser para um trabalho que nem sequer é valorizado. Mas uma experiência de quase morte mudou ponto de vista do presidente, que agora quer tornar a sua empresa um lugar melhor. É por isso que contrata Pablo Príncipe. Centrado em objectivos de melhorar o conhecimento pessoal e a felicidade no trabalho dos seus colegas, Pablo está determinado a revolucionar a empresa. E, para isso, tem algumas lições a dar...
Apesar de nos contar uma história, este livro não é propriamente o que se pode considerar um romance. Aliás, é o próprio autor que o diz, no início. Mas isso não se deve apenas à conjugação de elementos reais na construção da quase fábula que é, afinal de contas, esta história. Há, acima de tudo, um conjunto de ideias a transmitir, ideias que se elevam acima da história - sendo particularmente evidente a dominância da mensagem nos capítulos dedicados ao breve curso de Pablo - e que acabam por ser o centro de todo o livro. Disto resulta que a história acaba por ser mais um meio de transmitir as ideias do que um objectivo em si. E, por isso, é evidente que alguns dos momentos foram concebidos em função da mensagem, parecendo, talvez, um pouco exagerados.
Mas também há várias vantagens nesta forma de transmitir a mensagem. A primeira é, desde logo, que, ao construir um enredo para as ideias, a leitura se torna bem mais cativante. Além disso, o conjunto de figuras e de experiências por elas vividas propicia o aparecimento de vários exemplos práticos para as ideias apresentadas, tornando-as mais facilmente perceptíveis. É, ainda, possível, se considerarmos a história pela história, destacar alguns momentos especialmente cativantes, já que, ao conferir uma história às suas personagens, o autor justifica as suas formas de estar na vida, humanizando-as. Assim, torna-se mais fácil reter as ideias, porque, exageros à parte, vê-las aplicadas à vida das personagens torna-as mais reais.
O que define, então, este breve, mas cativante livro, é a conjugação de um conjunto de ideias relevantes, abordadas sob a forma de uma história que, sem ser completamente surpreendente, transmite, ainda assim, na perfeição, a mensagem que pretende desenvolver. Trata-se, pois, de uma boa leitura, leve e agradável, mas rica em matéria para reflexão.