sexta-feira, 31 de julho de 2015

A Invenção da Vida (Lourença Baldaque)

No último dia de um ano, um centenário recorda o percurso da sua vida, desde o primeiro impulso de atravessar o oceano tendo como motivo (ou desculpa) a revolução e até aos últimos dias de uma vida nem sempre feliz, mas sempre completa. Percorrendo as suas memórias, recorda épocas, lugares, pessoas, pensamentos. E descobre-se nos outros, ou aos outros no que guarda dentro de si, pesando, talvez, os valores do que viveu contra a marca do que poderia ter sido. Mas o que é a vida senão o que se faz dela?
Apesar da relativa brevidade da narrativa, não se pode dizer que este seja um livro de leitura fácil. Bastante descritivo e introspectivo, reflectindo, talvez, a vastidão das memórias do narrador, este é um livro que se demora na exposição de características de épocas e de lugares, nos pensamentos e meditações das personagens e, acima de tudo, na percepção um tanto ou quanto filosófica do que passa por nós enquanto passamos pela vida. É um livro que vive tanto ou mais de pensamentos do que de acontecimentos e que, por isso, cai inevitavelmente num ritmo bastante pausado.
Há também uma certa repetição de ideias, mas esta acaba por fazer todo o sentido tendo em conta que a história é, acima de tudo, a de alguém que recorda. E o mais interessante é que, apesar do registo introspectivo e da relativa calma que caracteriza toda a narrativa, fica, ainda assim, a impressão de uma vida repleta de experiências. É que, ao ver a vida pelos olhos do narrador, levantam-se questões relevantes, percorrem-se as mudanças operadas pela passagem do tempo, e pondera-se até sobre o sentido da própria existência. Pode não haver grandes acontecimentos - ou até acontecer que estes fiquem para segundo plano ante a experiência pessoal. Mas as ideias ficam, ainda assim, e esse é, sem dúvida, o grande ponto forte deste livro.
Importa ainda referir a escrita. Sendo um livro tão introspectivo, tão centrado em ideias e características, sem grandes diálogos ou momentos de concreta acção, torna-se particularmente relevante a fluidez e a harmonia da escrita, pois esta reforça o impacto das ideias transmitidas. E, num registo que, tendo as suas elaborações, nunca se torna demasiado hermético, sobressai uma certa harmonia quase poética que reforça a impressão de um tom introspectivo, quase intimista, que define toda esta narrativa.
E eis, pois, um livro que, exigindo tempo e concentração, se define tanto pelo que acontece no mundo  exterior como pelo que vai na vida interna dos pensamentos do narrador. E, assim, uma narrativa introspectiva, quase filosófica, que, longe de ser de leitura compulsiva, se revela, ainda assim, como bastante cativante. Uma boa leitura, em suma. 

Título: A Invenção da Vida
Autora: Lourença Baldaque
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidades Planeta (26 de Agosto)

Ao fim de um ano tumultuoso, a relação de Sophie Scaife com o namorado e dominador, o multimilionário Neil Elwood, está mais escaldante e feliz do que nunca. 
O lado dominador de Neil transporta Sophie para novos e desafiadores níveis de submissão e exploração erótica. 
Mas quando o casamento da filha e a celebração dos seus cinquenta anos desencadeiam uma mudança nos planos de vida de Neil, Sophie vê-se perante um futuro muito diferente do que imaginara.
Encurralada num conflito entre a sua nova posição e o desejo por independência, teme ter-se tornado apenas mais uma esposa-troféu da Quinta Avenida. 
Com o fim da sua carreira no jornalismo, e não muito inspirada na tentativa como escritora, Sophie tem de se esforçar mais do que nunca para provar as suas intenções à família e amigos de Neil. 
Sophie não é a única com dificuldades em adaptar-se ao novo estilo de vida. Quando aviões privados e marcas caras ameaçam a ligação com Holli, Sophie dá por si a percorrer a fronteira entre o mundo que agora habita e o passado que teme ter deixado para trás. 
Depois de uma chocante revelação dividir o seu sentido de lealdade, Sophie corre o risco de perder a melhor amiga ou quebrar a confiança do homem que ama.

No jogo do Minecraft, saber construir casas que sirvam de abrigo-base ao jogador é algo fundamental. 
Neste livro, para além de truques e técnicas de construção, arquitectura e decoração de casas, aprende-se ainda a construir coisas tão incríveis como uma casa subaquática ou um zepelim! Um livro cheio de truques práticos e mais de uma centena de print screens. 
Este guia, escrito por um guru do Minecraft, explica todos os truques e técnicas que os jogadores devem conhecer para descobrir todas as possibilidades que oferece o videojogo.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Só Se Ama Uma Vez (Johanna Lindsey)

Com quatro tios demasiado protectores a orientar o rumo da sua vida, Regina Ashton pode ter tido dezenas de pretendentes, mas parece cada vez mais difícil encontrar um marido que corresponda às expectativas de toda a sua família. Mas tudo muda quando Nicholas Eden, visconde de Montieth e famoso libertino, a rapta por engano, pensando estar a levar consigo a sua amante. A situação parece ser bastante inocente - ou tão inocente quanto possível, tendo em conta que envolve Montieth. Mas, quando a notícia se espalha, a reputação de Regina pode ficar arruinada. A não ser que, de alguma forma, o solteiro mais irredutível do mundo aceda a casar com ela.
Tendo como elemento central o romance entre os dois protagonistas e todo um conjunto de mal entendidos pelo caminho, este é um livro que tanto consegue surpreender pelos desenvolvimentos positivos como pelas atitudes perfeitamente imbecis de algumas personagens. Neste aspecto, aliás, é o próprio Nicholas Eden que se destaca, tão capaz de se comportar como o perfeito sedutor, e mais que adequado ao seu papel de personagem atormentada, como de agir como um perfeito cretino. Isto faz com que, por vezes, seja extremamente difícil sentir empatia para com ele... pelo menos até ao momento em que uma mudança de atitude ou uma janela aberta para os seus pensamentos permite ver as coisas de uma forma diferente. É preciso dizer que não se redime por completo dos seus defeitos. Ainda assim, acaba por surpreender pela positiva.
Por outro lado, Regina é uma mulher fora do seu tempo, o que a torna especialmente cativante, já que aceita facilmente o que chocaria muitas outras raparigas, ao mesmo tempo que mantém bem vivo o seu lado romântico. Determinada, bastante teimosa e ciente do que quer - bom, em quase tudo - acaba por ser um bom contraponto a Nicholas, criando uma relação que, longe de ser perfeita, acaba por ser bastante cativante.
Mas, dado que o romance entre os protagonistas se define, em grande medida, por todos os seus encontros e desencontros, há todo um conjunto de personagens que influenciam directamente este percurso. Aqui, destacam-se, claro, os quatro tios de Regina, dos quais fica muita vontade de saber mais. Mas também do lado de Nicholas há personagens relevantes - ainda que bem menos simpáticas - e um segredo que contribui em muito para a intensidade do final.
De tudo isto, resulta uma leitura cativante, com personagens que, apesar de uns quantos defeitos evidentes, acabam por conseguir mostrar o seu melhor lado e uma história que, entre os momentos caricatos e os emotivos, acaba por ficar na memória. Uma boa leitura, em suma.

Autora: Johanna Lindsey
Origem: Recebido para crítica

terça-feira, 28 de julho de 2015

Quando os Animais Vão ao Médico (Célia Palma)

Dos pacientes mais improváveis aos mal entendidos que acontecem numa consulta, passando por casos estranhos, enganos sem consequências e todo um conjunto de situações caricatas, este é um livro que reúne episódios peculiares da prática da medicina veterinária. Um livro que, resultando da experiência profissional da autora, reflecte acima de tudo um conjunto de vivências pessoais. Mas que, para quem tem um animal de estimação ou, em particular, para quem tem alguma formação ou experiência na área, poderá resultar, em alguns casos, bastante familiar. E sempre bastante engraçado.
Um dos aspectos mais interessantes neste conjunto de histórias é a diversidade de situações, que tem como ponto comum (bem, na grande maioria...) o facto de terem algo de caricato. Mas que podem ter origem em confusões de clientes, comportamentos invulgares de doentes, lapsos (linguísticos, principalmente) de algum dos envolvidos, ou até situações potencialmente dramáticas que acabam por se resolver da melhor forma. E é interessante porque, desta diversidade de circunstâncias, praticamente todas com algo de invulgar, consegue-se ficar com uma ideia da complexidade da rotina de uma clínica veterinária. Claro que não se faz só de situações bizarras - mas é sempre algo com que vale a pena contar.
Mas, acima de tudo, o objectivo deste livro parece ser fazer uma recolha de histórias divertidas e, com uma ou outra excepção (reconhecidas, aliás, pela autora), o conjunto é, de facto, bastante divertido. Assim, e apesar da ocasional impressão da chamada vergonha alheia, o que fica deste livro é precisamente o que ele pretende ser: um conjunto de histórias engraçadas, que proporcionam uma leitura descontraída e cativante, ao mesmo tempo que abrem uma porta para um mundo que, para muitas pessoas, pode parecer bastante misterioso.
Ora, sendo centrado, acima de tudo, neste lado mais leve e caricato das situações, fica, por outro lado, uma certa curiosidade, já que, para alguns casos - e respectivos protagonistas - fica alguma vontade de saber o que lhes sucedeu no futuro e de que forma prosseguiu a vida tanto dos animais como dos respectivos donos. Ainda assim, essas já são questões que ultrapassam o âmbito deste livro e, assim sendo, faz sentido que a exposição da história termine no ponto onde a faz.
Tudo somado, temos uma leitura descontraída e divertida, capaz de cativar tanto os que conhecem, de alguma forma, o mundo da veterinária como os simples apaixonados por animais de estimação que já presenciaram ou viveram alguma situação semelhante. Uma boa leitura, portanto.

Título: Quando os Animais Vão ao Médico
Autora: Célia Palma
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Divulgação: Novidade Esfera dos Livros

Uma Lisboa desconhecida está à nossa espera num museu, num parque de estacionamento ou até numa improvável casa de banho pública no Largo da Sé. Passear pela Lisboa de hoje é caminhar sobre todo um passado desaparecido. Sob os nossos pés, debaixo de linhas de eléctrico, ruas asfaltadas e túneis de metro, camadas e camadas de terra revelam histórias de quem por aqui passou, viveu e morreu. Contam momentos, eras, séculos de vivência de fenícios, romanos, muçulmanos, cristãos, uma imensidão de pessoas que nestas colinas deixou a sua marca. No Largo da Sé desça à casa de banho pública e depare-se com os vestígios de um prédio anterior ao terramoto de 1755. Na Rua da Prata, embrenhe-se nas galerias romanas e descubra o que resta do complexo subterrâneo de um antigo fórum romano. Na Igreja de Santo António, por entre portas e escadinhas, aceda ao subsolo por baixo do altar-mor, que é o local mais importante de toda a igreja, onde teve início a história do templo e do santo padroeiro de Lisboa. Inês Ribeiro e Raquel Policarpo guiam-nos por uma Lisboa repleta de segredos, através de vestígios arqueológicos que nos desvendam a cidade de outras eras e de outras gentes. Nestas páginas, alguns locais e momentos regressam à luz do dia e partilham o conhecimento de épocas e sítios que muitos desconhecem. Alguns deles desapareceram para sempre, mas outros ainda estão à espera de ser visitados.
 
Inês Ribeiro nasceu a 28 de Abril de 1984. Em 2007, licenciou-se em História, variante de Arqueologia, pela Facudlade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa. É mestre em Arqueologia desde 2008, com especialização em Arqueologia/Época Romana. O seu percurso profissional está sobretudo relacionado com a investigação em Arqueologia, com participação em diversas escavações arqueológicas e co-responsável pelo Projeto Arqueológico dos Fornos Romanos do Morraçal da Ajuda, Peniche. Em 2011, fundou, juntamente com Raquel Policarpo, a Time Travellers, uma agência de animação turística dedicada à divulgação da História, Cultura e Arqueologia de Portugal.

Raquel Policarpo nasceu a 20 de Junho de 1984. Em 2006, licenciou-se em História, variante de Arqueologia, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa. É mestre em Arqueologia desde 2008, com especialização em Arqueologia/Época Romana. O seu percurso profissional está sobretudo relacionado com a Arqueologia Preventiva. É arqueóloga freelancer e  trabalha em vários pontos do país no acompanhamento arqueológico de obras e escavações arqueológicas de emergência. Em 2011, fundou, juntamente com Inês Ribeiro, a Time Travellers, uma agência de animação turística dedicada à divulgação da História, Cultura e Arqueologia de Portugal.

domingo, 26 de julho de 2015

Coração Selvagem (Elizabeth Hoyt)

Todos pensavam que Reynaud St. Aubyn tinha sido morto pelos índios. Por isso, quando, após sete anos de cativeiro, ele aparece de repente, febril e delirante, e com um aspecto completamente selvagem, as opiniões dividem-se entre os que o julgam um impostor e os que acham que está louco. Mas a verdade é uma: Reynaud está bem vivo e voltou, mas está longe de ser o mesmo. A necessidade de sobreviver moldou-o num homem bem diferente do habitual aristocrata inglês. E Beatrice Corning, sobrinha do homem que lhe ficou com o título, pode muito bem ser a única a compreendê-lo... Se Reynaud estiver disposto a deixar-se compreender.
Sendo a alegada morte de Reynaud um dos acontecimentos centrais de toda a série, e parte dos motivos que levam outras personagens a investigar a traição de Spinner's Falls, este é, à partida, um livro de que se esperam grandes revelações. E, ainda que muitas pistas tenham sido dadas nos volumes anteriores - não sendo, por isso, difícil descobrir o culpado - este elemento de intriga é a base de alguns dos momentos mais intensos deste livro. O final, desde logo, é particularmente intenso. Mas também a história de Reynaud nos seus sete anos de cativeiro - devidos, é claro, a essa mesma traição - acaba por ser a fonte dos momentos de maior empatia.
Isto é particularmente interessante tendo em conta que Reynaud está longe de ser o tipo de personagem carismático que facilmente cativa neste tipo de livro. Se as suas circunstâncias despertam, é certo, alguma empatia, o mesmo não se pode dizer do seu comportamento. Aliás, se o passado de Reynaud está na base dos momentos mais marcantes, são também algumas das suas escolhas a definir os momentos de maior distância, nomeadamente na forma como lida com a sua relação com Beatrice.
Porque há, independentemente de tudo o resto, um romance a desenvolver-se. E a verdade é que a relação entre as personagens tem altos e baixos, no que começa por ser uma interacção difícil, mas cativante, evolui para uma sedução algo forçada (e em que as acções de Reynaud têm o seu quê de censurável) abrindo depois caminho para a redenção possível. Redenção que, felizmente, compensa esses momentos mais autoritários, também justificados em parte pelo passado do protagonista.
E ainda uma nota positiva para os momentos de emoção e para os de humor, que, mesmo nos momentos mais tensos, ou, por outro lado, nos mais distantes, conseguem estabelecer um equilíbrio que mantém acesa a vontade de saber o que acontece a seguir.
A soma de tudo isto é uma história que, apesar de algumas vulnerabilidades, consegue, ainda assim, sobressair pelos momentos bons: pela emoção dos episódios mais intensos, pela superação de um passado atormentado e por um romance que, apesar das complicações, acaba por se revelar em toda a sua força. Uma boa leitura, em suma, agradável e cativante. 

Autora: Elizabeth Hoyt
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Perigo Irresistível (Becca Fitzpatrick)

Quando Britt planeou aquelas férias na companhia da melhor amiga, esperava que fossem uma oportunidade de reconquistar o ex-namorado. Estava longe de imaginar os perigos que iam enfrentar - e o que iria descobrir. Apanhadas no meio de uma tempestade, batem à porta de uma cabana, em busca de abrigo. E acabam como reféns de dois homens atraentes e que, à primeira vista, tinham parecido inofensivos. São criminosos em fuga e apenas os alegados conhecimentos que Britt tem daquelas montanhas lhe conferem alguma utilidade aos olhos dos seus captores. Mas há uma estranha dinâmica entre eles e, aos poucos, Britt começa a suspeitar que Mason tem motivos ocultos para estar ali. E, quando os seus gestos de bondade a levam a pensar em síndrome de Estocolmo, uma descoberta perigosa poderá pôr em causa tudo aquilo que julga saber.
Partindo de uma situação um tanto complicada e com uma protagonista com muito pouco de forte e de carismática, este é um daqueles livros que cativam aos poucos. Isto deve-se, em grande parte, ao início um tanto ou quanto vacilante, em que o que sobressaem são principalmente os defeitos das personagens. Britt é uma rapariga demasiado dependente dos homens da sua vida, a melhor amiga é o tipo de melhor amiga que mais facilmente ataca pelas costas e até os raptores parecem, à primeira vista, não saber muito bem o que estão a fazer. Acrescente-se a isto o ex-namorado com um ego gigante e digamos que, à primeira vista, a empatia não abunda.
Mas o curioso é que, com o evoluir dos acontecimentos, há grandes melhorias na história - e, em certa medida, nas próprias personagens. Em primeiro lugar, a situação de perigo, associada ao mistério das intenções dos raptores e ao grande enigma da situação narrada nas primeiras páginas, desperta a curiosidade em saber o que acontecerá a seguir. Além disso, a necessidade de lutar pela sobrevivência faz com que Britt cresça, reconhecendo e superando alguns dos seus defeitos, o que a torna gradualmente mais interessante. Mas, acima de tudo, há uma revelação que coloca as coisas sob uma nova perspectiva, fazendo com que as interacções que, ao princípio, parecem algo inverosímeis, ganhem um novo sentido. E despertando empatia, sim, ainda que nos aspectos mais improváveis.
Há ainda um outro aspecto a compensar as fragilidades da fase inicial: a escrita. Simples quanto baste, o que seria de esperar, tendo em conta que a história é narrada por Britt, tem, ainda assim, uma harmonia cativante, e alguns momentos, principalmente nas descrições, particularmente belos. Isto ajuda a manter a envolvência nos momentos em que a história tem menos de cativante. E, quando o ritmo se torna realmente envolvente, então a beleza das palavras potencia o impacto da situação.
O que fica, então, de tudo isto é a impressão de um livro que, com um início algo vacilante, não passa a melhor das primeiras impressões. Mas que, com o evoluir dos acontecimentos e o crescimento das personagens, acaba por cativar para os mistérios e relações que se vão desenrolando. E isto, associado a uma escrita envolvente e a alguns momentos realmente brilhantes, faz com que a leitura acabe por valer a pena. Gostei.

Autora: Becca Fitzpatrick
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Karuna (Sandra Ramos e Jorge A. Ramos)

Baseado num percurso de constante aprendizagem, fundamentado nas raízes do Reiki e de outros tratamentos complementares, este é um livro que, partindo de um ponto zero - que não exige ao leitor grandes conhecimentos prévios - apresenta um percurso de ascensão e de descoberta. Uma viagem pela espiritualidade para a qual pretende ser, acima de tudo, um guia acessível e, tanto quanto possível, completo.
Uma das primeiras coisas que importa dizer sobre este livro e sobre o sistema que apresenta é que está mais orientado para aqueles que pretendem acompanhar o seu percurso - usando-o como guia - do que propriamente para os curiosos. Quero com isto dizer que, ainda que os fundamentos estejam explicados, e bem, há bases históricas, origens, teorias, que são desenvolvidas apenas na medida em que são necessárias à compreensão do método, deixando, principalmente para os que lêem mais por curiosidade do que, propriamente, no seguimento do percurso completo, a curiosidade em saber mais.
Mas também não parece que o objectivo do livro seja essa exposição de bases e origens, mas antes o de representar uma orientação. Claro que, neste aspecto, é necessária uma certa medida de crença - seja qual for - ou de vivência espiritual para assimilar o tipo de percurso que um livro como este representa. Ainda assim, há um aspecto curioso: é que, ao longo da leitura, e em particular nas meditaginações, há um conjunto de ideias e de exercícios que, independentemente da maior ou menor espiritualidade de quem lê - acabam sempre por mostrar algo de interessante, seja um pensamento especialmente marcante ou uma simples sequência de ideias que desperta um certo relaxamento.
Ainda um outro ponto interessante - e, mais uma vez, independentemente do grau de espiritualidade de quem lê - e a organização do livro, que, mesmo deixando aos curiosos algumas perguntas sem resposta, permite ficar com uma ideia muito clara do sistema que apresenta. Sistema que vive tanto das ideias, como das chamadas meditaginações, como ainda dos símbolos que definem o percurso e que, recorrentemente, surgem ao longo do livro, contribuindo, na sua componente visual, para uma visão mais ampla do todo.
Junte-se tudo isto e o resultado é um livro que será provavelmente mais útil àqueles que estejam predispostos a seguir integralmente o percurso que apresenta, mas que não deixa de ser interessante mesmo para os simples curiosos. Bem organizado, escrito de forma cativante, e bastante acessível na exposição das suas ideias, um bom livro.

Título: Karuna
Autores: Sandra Ramos e Jorge A. Ramos
Origem: Recebido para crítica

terça-feira, 21 de julho de 2015

Sonhos de Deuses e Monstros (Laini Taylor)

Parece ter sido noutra vida que Akiva e Karou partilharam um sonho. Um sonho em que eram o princípio de um mundo diferente, para lá de uma guerra interminável. Desde então, ambos fizeram coisas que julgaram ser imperdoáveis e passaram por mais separações que as que julgaram conseguir suportar. Mas agora, as cinzas do sonho parecem poder despertar para uma nova oportunidade: a de travar a derradeira batalha e, assim, impedir o apocalipse e renovar a esperança. Mas, mesmo que sejam capazes de o fazer, há ainda outros segredos à espreita. E será possível conseguir a paz... e também a felicidade para ambos?
De tudo o que de mágico existe nesta série, um dos aspectos mais marcantes é a capacidade de emocionar. É este, também, um dos grandes pontos fortes deste livro, em que tudo se encaminha para um final - ou para um novo princípio - e em que, acima de tudo, as histórias das personagens e do que as define se abrem para novas revelações. Nesta história, há momentos de humor e de leveza, de escolhas impossíveis que criam grandes tensões, de perdas e de verdades de partir o coração. Há todo um leque de emoções que, além de prender à história, prende o leitor ao destino das personagens, despertando não só a vontade de saber mais, mas a capacidade de sentir com elas. E de sonhar com elas.
Outro aspecto particularmente memorável neste último livro é a forma como a autora conjura um conjunto de possíveis finais, expandindo sempre um pouco mais a história para lá deles. O conflito central pode ser com Jael, mas há segredos e sombras a surgir no meio desse conflito, e um conjunto de revelações que, inevitavelmente, resultam na abertura de outro caminho. E isto é particularmente marcante na fase final, em que o que parecia ser o final perfeito - talvez demasiado perfeito - se expande um pouco mais, para abrir um novo caminho para as personagens, ao mesmo tempo que encerra a sua história de uma forma menos fácil, mas mais emotiva e, sem dúvida alguma, mais intensa e mais adequada.
Depois há a escrita, brilhante como habitual no seu equilíbrio entre uma beleza quase poética e a capacidade de resumir ao essencial o que não precisa de mais elaborações. E todo um conjunto de acontecimentos, do mais leve e divertido ao mais devastador, que, povoados por personagens fortes e carismáticas, mas imensamente humanas, facilmente se gravam na memória. E um mundo onde há tanto de impressionante que, mal se acaba de ler as últimas frases, fica logo uma impressão de saudade.
E, eis, pois, a conclusão de uma viagem maravilhosa, onde anjos e bestas se encontram e se completam, numa história que é de amor e mais que amor, num mundo fascinante, repleto de criaturas marcantes e em que o impacto da emoção é ilimitado. Belíssimo, em suma.

Título: Sonhos de Deuses e Monstros
Autora: Laini Taylor
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Powerstation - Lyric Meets Life (Priska La Perra)

Palavras simples para temas complexos: esta podia ser uma breve descrição do conteúdo deste livro. Um livro em que cada poema tenta abordar uma questão relevante – da vida espiritual, do amor, dos estereótipos sociais, entre outros assuntos. E que é, acima de tudo, um reflexo dos pontos de vista pessoais da autora sempre estes temas.
Tendo isto em vista, há dois aspectos a considerar: a poesia em si e a mensagem que contém. Quanto à mensagem, como referido, é facilmente visível que reflecte a visão que a autora tem do mundo e, assim sendo, é possível uma maior ou menor identificação com essa visão. Neste ponto, a diversidade de temas é o principal ponto forte, pois é fácil discordar de uma ideia em específico – principalmente quando surge exposta de uma forma tão breve – mas também é possível concordar. E, assim, gostar ou não de um poema em particular não faz gostar ou desgostar dos restantes.
Quanto à poesia em si, é escrita sem qualquer tipo de rima ou estrutura fixa, numa forma muito simples e com uma brevidade que, por vezes, deixa a impressão de que muito mais haveria a dizer. Como se algo faltasse na abordagem a tema. Mas há também alguns versos memoráveis, e esses acabam por ser o melhor do livro.
Este é, portanto, um livro que tem as suas forças, mas também as suas fragilidades. Com ideias e versos memoráveis, mas com muitas coisas deixadas por dizer. Podia ter sido uma abordagem muito mais ampla aos temas de que fala. Mas não deixa de ser uma leitura interessante, ainda assim.

Título: Powerstation – Lyric Meets Life
Autor: Priska La Perra
Origem: Ganho num passatempo

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Divulgação: Joaninha e o Jardim Encantado, de Cristina das Neves Aleixo

Joaninha estava a estudar quando, de repente, se deixa adormecer e transportar para um jardim mágico, onde todos os animais falam e vivem em harmonia. Aqui encontra o melro Sebastião, que a introduz nos mistérios daquele esplendoroso universo. Quando sabe que, dentro da bonita casa que se ergue no centro do jardim, vive um menino impedido de sair dela, Joaninha toma a corajosa decisão de o resgatar. Mas o que retém Carlinhos dentro de casa é muito mais do que a doença que o obriga a deslocar-se numa cadeira de rodas e Joaninha terá de utilizar todas as suas forças para atingir os seus objectivos.
Neste seu primeiro livro, Cristina Das Neves Aleixo debuta na ficção infantil com uma história que demonstra que os maiores fantasmas vivem, afinal, dentro de nós próprios.

Divulgação: Convite


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Divulgação: A Morte e os Seis Mosqueteiros, de Anatole Jelihovschi

Em seu novo romance policial, Anatole Jelihovschi mergulha fundo no quotidiano das infâncias perdidas, dos relacionamentos partidos, das oportunidades que tantos ainda acreditam distantes demais da realidade.
A morte e os seis mosqueteiros é a história de seis garotos muito amigos de uma favela. Quando crianças, tudo era uma grande brincadeira. Os meninos gostavam de se imaginar nos mundos de capa e espada, ou na peça ‘O fantasma da ópera’, mas na verdade moravam em uma favela violenta, com bandidos e policiais trocando tiros e matando gente. Ainda quando a infância sequer os havia deixado, a violência e o tráfico na comunidade em que viviam, de uma forma ou de outra, acabariam por envolvê-los em uma teia de morte, assassinando seus sentimentos, valores e, principalmente, sua amizade.

“A favela não seria um lugar ruim de morar não fossem os bandidos e policiais trocando tiros ou fazendo arruaças, a gente tem de manter distância dos dois. Às vezes passam muitos meses na maior calma. De repente se ouve uma chuva de tiros à noite. Gritos, injúrias, súplicas. Cheiro de pólvora, cheiro de carne queimada. De madrugada volta o silêncio. No dia seguinte lá estão os corpos no chão, cercados de poças de sangue; sangue escuro, endurecido, cheio de moscas.Mas o mais assustador são as execuções dos dedos-duros.”

Anatole Jelihovschi publicou Aves Migratórias (Planetário, 2005), Rio Antigo (Rocco, 2009) e A gorda (Ímã Editorial, 2012). 
Em 2003, foi um dos finalistas do Concurso de Contos do Prosa & Verso, caderno literário do jornal O Globo. Anatole nasceu em 1950, no Rio de Janeiro e ainda guarda 10 livros inéditos. Em seu site e nas fanpages gosta de contar como a literatura nasceu dentro dele, antes mesmo que o amor e a vocação para as ciências exactas.

Divulgação: Novidade O Castor de Papel

Os diálogos entre o autor e o seu Mestre e Guia Lucas, neste reencontro, assim como os que mantém ao longo desta obra com outras formas de Energia, não são pura imaginação, e, sim, uma porta para o outro lado da consciência. 
As onze experiências iniciáticas aqui narradas são também reais, lembrando o que é ser alma, vida para além da vida. O seu culminar? 
A oferenda do Diamante da Cura, não só pelo trabalho realizado pelo autor neste seu caminho cheio de desafios, mas também graças à sua luta diária enquanto Curador Espiritual, aliviando os seus pacientes dos seus dramas e dores.
Embarque, por isso, numa viagem inesquecível e reveladora que lhe permitirá acompanhar as partilhas e descobertas do autor e do grupo dos seus jovens iniciados, para que também o leitor possa experienciar mais sabedoria, consciência e amor.

CARLOS CAMPOS nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1945. Depois de uma grande mudança na sua vida, passou por um período de interiorização e revelação, em que foi ao fundo do seu âmago fazer a sua busca pessoal e intransmissível. Essa busca intensa levou-o a aprofundar o ser humano na sua verdadeira essência. 
É Professor de Meditação com Visualização Criativa e Curador Espiritual. Dá aulas em Cascais. É também autor de vários workshops temáticos.Reencontro com o Meu Guia é o seu quarto livro, depois de ter publicado Contacto com o Meu Guia (2001), Avatar - A Energia Pura do Amor (2010) e Reiky e Energia de Cura pelo Amor (2012). Editou ainda os CDs de Meditação Cura o teu Corpo; Cristal de Cura; Libertar o Passado e Fechar Amorosamente Círculos de Vida, em 2008 e 2009.




Divulgação: Novidade Presença

Rick Yancey
Título Original: The Infinite Sea
Tradução: Miguel Romeira
Páginas: 272
Colecção: Via Láctea Nº 123
PREÇO SEM IVA: 15,00€ / PREÇO COM IVA: 15,90€
ISBN: 978-972-23-5588-9

Segundo volume da trilogia A 5.ª Vaga. Com a espécie humana quase extinta e com a quinta vaga em marcha, Cassie Sullivan e os seus companheiros têm de tomar uma decisão crucial: enfrentar o duro inverno e ficar à espera que Evan Walter, que nem tão-pouco sabem se ainda está vivo, regresse ou partir à procura de mais sobreviventes, porque o próximo ataque de os Outros é mais do que possível, é inevitável…

Rick Yancey nasceu em 1962, em Miami. Os seus livros foram já publicados em mais de vinte línguas e ganharam inúmeros prémios em todo o mundo. A 5.ª Vaga, o primeiro volume desta trilogia, lançada em 2013, recebeu o Red House Children’s Book Award, foi finalista dos Goodreads Choice Awards, na categoria de Fantasia e Ficção Científica, e também dos Children’s Choide Book Awards na mesma categoria. Os direitos cinematográficos de A 5.ª Vaga já foram adquiridos. A trilogia encontra-se publicada em 25 países.


Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Mesmo Antes da Felicidade (Agnès Ledig)

Julie já sofreu muito. Mas a sua vida está prestes a mudar. Tudo começa com mais um cliente a passar pela sua caixa de supermercado, um homem que lhe diz bom dia e que se comove com ela, apesar de não a conhecer. Habituada ao sofrimento e, por isso, desconfiada da bondade de estranhos, Julie começa por ver a simpatia de Paul como uma base para segundas intenções. Mas a verdade é que tem muito pouco a perder - e tudo a ganhar. Por isso, quando Paul a convida para umas férias na Bretanha, Julie acaba por aceitar, sem saber que esses dias idílicos são apenas o início de uma mudança radical.
Se fosse preciso definir este livro numa única palavra, por mais redutora que tivesse de ser, essa seria, sem dúvida alguma, surpreendente. E surpreendente desde as primeiras páginas e por vários motivos. O primeiro, desde logo, é a forma como o tom da narrativa se adequa aos acontecimentos, começando pelo que parece ser um simples e leve romance sobre a descoberta do amor como porta de saída para sofrimento, mas evoluindo para algo de mais profundo, de mais complexo, sem por isso perder a leveza. E este primeiro ponto é também um dos aspectos mais cativantes, pois, o que começa por ser uma mistura de estranheza e bom humor, acaba por ser um infindável poço de emoção. De emoções que todos conhecemos.
O que me leva à segunda surpresa: a capacidade das personagens de comover e de despertar empatia. Olhando para os primeiros capítulos - e para as primeiras interacções entre as diferentes personagens - não são propriamente as qualidades o que sobressai.Mas a parte interessante é que, apresentando em primeiro lugar as estranhezas e os defeitos das personagens, a autora permite-nos conhecê-los pelo que têm de pior, para depois nos surpreender com as suas mais belas facetas. Isto é particularmente cativante no caso de Jérôme, em que o seu lado rabugento - e um pouco preconceituoso - contrasta com a capacidade de confortar, bem como com a sua própria necessidade de conforto.
Ora, não é difícil deduzir, a partir daqui, que é a emoção o elemento dominante nesta história. Mas um mar de emoções, tão diferentes e tão intensas, que é quase impossível não reagir de alguma forma. Seja à ternura dos bons momentos ou ao aperto de coração perante uma tragédia iminente, há na história destas personagens tanto de comovente que, mesmo nas coisas mais simples, a empatia é quase inevitável.
E, por último, a escrita, também ela construída num ritmo de contrastes que acaba por se adequar na perfeição à história. Simples e directa, nos diálogos, quase poética nos momentos introspectivos, intensa na forma como dá voz aos sentimentos, ajusta-se, em cada ponto e em cada palavra, às circunstâncias que narra. E, por isso, consegue transmitir, com a mesma mestria, a complexidade das situações mais duras e a leveza dos momentos divertidos.
A soma de tudo isto é - mais uma vez - surpreendente. Cativante na história e na forma como a conta, marcante no equilíbrio com que aborda os momentos mais sombrios e os mais leves, e enternecedor na forma como reflecte as emoções das personagens, pode não ser a mais complexa das obras literárias. Mas não deixa por isso de ser, em tudo, memorável. Muito bom.

Título: Mesmo Antes da Felicidade
Autora: Agnès Ledig
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Porto Editora

Os caminhos de Richard e Kahlan separaram-se: forçado a submeter-se aos desejos da Madre Confessora, o portador da Espada da Verdade encaminha-se para o Palácio dos Profetas, em Tanimura, a fim de aprender a controlar o seu dom, antes que este o mate. Por outro lado, a última das Confessoras, enredada numa trama de mentiras piedosas cujo único objectivo é salvar a vida do homem que ama, dirige-se para a Fortaleza dos Feiticeiros, em Aydindril, onde espera encontrar Zedd e, juntos, ajudarem Richard a cumprir o seu destino.
Todavia, num mundo em que a magia é, simultaneamente, uma bênção e uma maldição, e em que qualquer um pode ser um agente do Guardião disfarçado, distinguir aliados de inimigos revela-se uma tarefa hercúlea. Através dos seus próprios erros, o seeker e a Madre Confessora vão descobrir, da forma mais dolorosa, que a maior das bondades e a melhor das intenções podem constituir um caminho insidioso para a destruição.

Terry Goodkind nasceu em 1948 em Omaha, no Nebrasca. Em 1994 publicou o primeiro livro da série de fantasia épica A Espada da Verdade, que viria a ter um sucesso retumbante, com mais de 26 milhões de exemplares vendidos e traduções em mais de 20 línguas.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Divulgação: Novidade Esfera dos Livros

"Sou veterinária de animais de companhia, sobretudo de cães e gatos. Mas a porta está aberta para todos os outros. Hamsters, coelhos, porquinhos da Índia, papagaios, canários, tartarugas, ovelhas, furões, ratazanas e até raposas passam pelo meu consultório. E vêm sempre acompanhados dos respetivos tutores. Ambos, mascote e seu amigo humano, preenchem a minha vida, fazem-me rir, chorar e acreditar que o meu pequeno contributo poderá, de alguma forma, mudar o mundo para melhor… O meu dia é pleno de experiências gratificantes, quando consigo salvar animais, apaziguar o seu sofrimento e contribuir para os manter saudáveis. E quando isto acontece sinto-me imensamente feliz. Mas também me deparo com histórias insólitas, simplesmente divertidas ou hilariantes, que aliviam a tensão inerente a uma profissão naturalmente desgastante:
. Uma operação a um furão que infestou o consultório, durante dias, com um cheiro pestilento.
. Uma cadela supostamente em trabalho de parto e que acabou por «dar à luz» apenas gases.
. O estranho pedido do dono de uma cadela que, depois de eu destartarizar a sua mascote, me pediu para lhe fazer o mesmo.
. Uma pergunta chocante, colocada depois de tratar durante imenso tempo uma ferida grave na perna de uma ovelha: «Agora, quanto tempo é que tenho de esperar até a carne poder ser consumida? É que a Páscoa está a chegar e tinha pensado vendê la para o talho!»
. Uma ratazana atropelada, transportada numa caixa de sapatos."

Estas são algumas das histórias que a veterinária Célia Palma nos conta neste livro recheado de humor, emoções, alegrias, tristezas e que nos apresenta o mundo dos animais e seus tutores, na sua verdadeira essência.

Célia Palma nasceu a 27 de Junho de 1968, em Setúbal, cidade onde passou toda a infância e adolescência. Desde muito cedo sentiu uma forte empatia por todos os animais, tomando precocemente a decisão de ser veterinária. Durante o Ensino Secundário, destacou-se na área da escrita criativa, recebendo alguns prémios literários. Terminou o curso de Medicina Veterinária, na Universidade Técnica de Lisboa, em 1993, iniciando de imediato a sua carreira profissional. Trabalha, desde 1994, na Liga Portuguesa dos Direitos do Animal, na área da medicina e cirurgia de animais de companhia. É casada com um colega de profissão, mãe de duas filhas, de 16 e 6 anos. Actualmente é tutora de 4 gatos, 1 cão, 1 cabra anã e 3 tartarugas, mas no passado, porquinhos da India, coelhos e até um bode fizeram parte do seu agregado familiar.

Divulgação: Novidade Quetzal

Centauros, dragões, esfinges, gnomos, fadas, lémures, ninfas, quimeras, sereias, valquírias: um repositório fantástico de seres criados pela imaginação humana.
Produto de uma vasta cultura e da assombrosa erudição de Jorge Luis Borges, este livro peculiar é uma espécie de bestiário moderno em que se reúne uma grande parte de «os estranhos seres que, ao longo dos tempos, foram engendrados pela fantasia dos homens». 
Provenientes de fontes muito diversas, cuja linguagem é transformada e enriquecida pelo inimitável estilo do mestre argentino, nestas páginas desfilam criaturas iluminadas pelas mitologias e doutrinas que deram forma – ao longo dos séculos – aos sonhos, desejos e medos dos homens, bem como as que foram criadas por autores como Kafka, Lewis Carroll, Wells ou Flaubert.

Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires, em 1899. Viveu alguns anos com a família na Europa. Regressou a Buenos Aires em 1921 e, em 1923, publica o seu primeiro livro.
A par da poesia, Borges escreveu ficção, género que praticou com grande originalidade e lucidez. A sua obra é como um mise en abîme de uma enorme biblioteca, uma construção fantástica e metafísica que cruza todos os saberes, e a súmula dos grandes temas universais: o tempo, o «eu e o outro», Deus, o infinito, o sonho.
Borges dirigiu a Biblioteca Nacional de Buenos Aires, entre 1955 e 1973. Morreu em Genebra em Junho de 1986.

sábado, 11 de julho de 2015

Que Esperam os Macacos (Yasmina Khadra)

Quando o cadáver de uma jovem é encontrado perto de Argel, a comissária Nora Bilal é encarregada de investigar. As primeiras pistas apontam para um caso misterioso - mas cuja resolução poderá ser mais simples do que se espera, pois há um noivo com um historial duvidoso e algumas pistas claras a servir de base para a investigação. Mas tudo se complica quando, dessas primeiras pistas, emerge um cenário mais perigoso: um que envolve os figurões da sociedade, aqueles que estão dispostos a tudo para manter os seus segredos. É então que mais cadáveres começam a aparecer. E que a incapacidade de Nora de fugir aos seus princípios a põe também em perigo.
Tendo como ponto de partida um crime e a sua investigação, este é um livro que surpreende pela forma como, partindo de um registo algo diferente, consegue, ainda assim, revelar os mesmos pontos fortes de outras obras do autor. E o mais relevante de todos estes aspectos é, mais uma vez, um olhar muito perspicaz sobre a sociedade que retrata. Aqui, a história é tanto a do mistério da jovem morta como a da teia de intrigas e interesses que movimenta a sociedade corrupta de Argel. E, através da investigação, o autor consegue reforçar - individualizando-os, mas sem perder de vista a sua influência global - os aspectos mais perniciosos da forma como essa mesma sociedade opera.
Cria-se, neste aspecto, um equilíbrio muito interessante, pois, ao acompanhar as diferentes personagens, o autor desenvolve tanto a história particular do caso que Nora tem em mãos, como as repercussões mais vastas da sua investigação. Nora, Ed Dayem, Zine, Guerd e todos os outros, todas as personagens que povoam esta impressionante história, têm, ao mesmo tempo, um papel individual nas circunstâncias, e uma posição que reflecte a globalidade. E aqui destacam-se, é claro, Nora e Zine, divididos entre a rectidão dos seus valores e um sistema que está, à partida, viciado.
A própria escrita contribui para realçar estes contrastes. Envolvente, fluída, mas demorando-se nas reflexões pertinentes, evoca todo um conjunto de questões que, no seu todo, põem em causa o tecido da sociedade que pretendem retratar. A própria posição hierárquica de Nora - e a forma como os seus subalternos a vêem - reflecte uma mentalidade bem definida. Mas esta é só uma de muitas questões relevantes, que, ao longo de todo o livro, vão surgindo e que são também uma parte fundamental naquilo que o torna memorável.
Junte-se este lado mais pensativo a um conjunto de acontecimentos que, a cada novo desenvolvimento, apresentam uma nova surpresa, e o resultado é uma história que, não sendo de leitura compulsiva, não deixa nunca de ser cativante. E que, de surpresa em surpresa, abre caminho para um final particularmente intenso... E, tendo em conta todos os acontecimentos, estranhamente adequado.
Quase um policial, mas mais que isso, este é, portanto, um livro que parte de um crime em particular para questionar as falhas e transgressões de toda uma sociedade, realçando, ao mesmo tempo, através delas, valores e princípios tantas vezes subestimados. Cativante, muitíssimo bem escrito e cheio de surpresas, é, sem dúvida alguma, um livro que vale a pena ler. Recomendo.

Título: Que Esperam os Macacos
Autor: Yasmina Khadra
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 10 de julho de 2015

The Man Who Remembered the Moon (David Hull)

Dizem que nunca existiu. Mas ele lembra-se. O grande círculo no céu, a lua. Ele via, e depois ela já não estava lá. E, à medida que começa a fazer perguntas, a perguntar se alguém se recorda, ele descobre que tudo desapareceu. Ninguém sabe do que está a falar, todas as referências conhecidas desapareceram. E todos pensam que está louco. Ainda assim, ele sabe. Mas quanto vale esse conhecimento quando está sozinho e ninguém acredita no que ele diz?
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é o facto de, apesar da brevidade, apresentar uma vasta jornada pelas complexidades da mente humana. As possíveis teorias que explicam os delírios do protagonistas – se podem ser descritos como tal - , a solidão de acreditar nalguma coisa que todos os outros julgam absurda, os efeitos das nossas tribulações naqueles que mais amamos. Há todo um conjunto de questões importantes nesta história relativamente breve – e essa é uma das razões que a tornam tão fascinante.
Há também uma estranha proximidade para com o protagonista. É fácil sentir o que ele sente, partilhar da sua confusão com o que sabe mas mais ninguém recorda. E, ao usar a sua voz para contar a história, o autor confere ao livro um maior impacto, pois faz-nos querer saber o que aconteceu à lua – e o que aconteceu a Daniel. E, ao mesmo tempo, faz-nos compreender o que ele sente.
Quanto às explicações, é interessante reparar nas várias teorias que Daniel constrói para explicar a sua alegada condição. A pesquisa, as perguntas, a crença continuada, tudo isto o torna mais humano, e mais complexo. E, ao mesmo tempo, o mistério do desaparecimento da lua mantém a intriga. Isto vai também expandir o impacto das revelações finais, que culminam numa brilhante – e muito surpreendente – conclusão.
O resultado de tudo isto é que, apesar de ser um livro bastante breve, contém, em todos os aspectos relevantes, uma grande história. Cativante, surpreendente, intensa – e com um final brilhante – não poderia ser menos que memorável. E impressionante em todos os aspectos.

Título: The Man Who Remembered the Moon
Autor: David Hull
Origem: Ganho num passatempo

quinta-feira, 9 de julho de 2015

O Cavalheiro Inglês (Carla M. Soares)

Vivem-se tempos conturbados em Portugal. O Ultimato inglês fez com que muitos perdessem tudo o que tinham e, por isso, não há grandes simpatias para com eles no país. Entre os que mais aversão lhe nutrem está o visconde Silva Andrade, cabeça de uma família quase arruinada, mas firmemente agarrada às ideias do passado. E é para salvar a família da ruína que Sofia, filha do visconde, se vê pressionada a casar com o duque de Almoster, a quem, por razões que lhe são desconhecidas, parece ter chamado a atenção. Mas o duque pode ser um bom partido aos olhos do pai, mas está longe de ser uma boa pessoa. E quando os verdadeiros problemas se começam a manifestar, Sofia pode ver-se, mais uma vez, perante uma escolha impossível.
De todas as coisas que este livro tem de bom, a mais cativante e a que primeiro chama a atenção é a escrita da autora. Fluída, harmoniosa, poética nos momentos certos, mas directa quando tal é necessário, adequa-se em todos os pontos à história que quer contar. E se, em comparação, por exemplo, com o outro livro da autora, Alma Rebelde, há um ritmo claramente mais pausado, também é verdade que este abrandamento em nada prejudica à história.
É que há uma razão de ser para esta evolução mais lenta dos acontecimentos e também ela tem muito de cativante. Pois há um evidente cuidado em contextualizar a história, retratando o contexto histórico em todos os seus aspectos, das mentalidades às ideologias políticas, sem esquecer os hábitos do quotidiano e ainda as diferenças entre as várias classes sociais. O resultado é um livro que exige ao leitor mais tempo e mais concentração - mas que compensa amplamente essa exigência, por ser delicioso em todos os pormenores.
Mas passemos às personagens e, em particular, ao cavalheiro que dá nome ao livro. Pois, se é certo se há um amplo conjunto de personagens a dar vida a este enredo, e todas elas - nas qualidades ou nos defeitos - com algo de interessante, grande parte da história gira, ainda assim, em torno de Sofia e Robert. E é aqui que se encontra um dos grandes pontos fortes desta história: na complexidade e na evolução das personagens. Sofia é uma jovem decidida, mas presa, até certo ponto, às normas sociais, e o seu percurso de mudança é, na globalidade, muito interessante. Quanto a Robert, é uma personagem complexa, que tanto consegue cativar pelo seu lado quase inocente, como intrigar pela faceta mais sombria que o torna, em certos aspectos, misterioso. Juntem-se a estes dois todos os outros intervenientes - de papel mais ou menos discreto, mas todos capazes de despertar emoções fortes - e o que fica é um conjunto de personalidades fortes e complexas. E uma boa base para uma história cativante.
Quanto à evolução da história em si, sobressai, acima de tudo o equilíbrio construído em torno de um enredo que tem como base a relação entre os protagonistas, mas que se expande para todo um conjunto de temas e de situações, criando uma narrativa complexa, mas sempre cativante e cheia de surpresas. E em que nem tudo tem respostas claras. Fica a curiosidade em saber mais sobre a situação de Sebastião e o tal misterioso passado de Robert. Ainda assim, e tendo em conta a forma como tudo termina, a ambiguidade com que estas questões são tratadas acaba por reflectir o conhecimento da própria protagonista, sendo, por isso, adequado que fiquem em aberto.
A soma de tudo isto é um livro cheio de qualidades. Envolvente, magnificamente escrito, com personagens cativantes e um equilíbrio magistral entre as muitas facetas que compõem a narrativa - e o carácter das personagens - , cativa desde cedo e, até ao fim, nunca deixa de surpreender. Não posso, por isso, deixar de o recomendar. Muito bom.

Título: O Cavalheiro Inglês
Autora: Carla M. Soares
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Bertrand

Há anos, Meghann Dontess fez uma escolha terrível que lhe custou tudo, incluindo o amor da irmã, Claire. Agora Meghann é uma advogada de sucesso que não acredita no amor... até encontrar o único homem que a pode fazer mudar de ideias. 
Claire Cavenaugh apaixonou-se pela primeira vez na vida. À medida que a data do casamento se aproxima, ela prepara-
se para enfrentar a obstinada irmã. Reencontram-se depois de mais de duas décadas afastadas e estas duas mulheres que parecem não ter nada em comum vão tentar finalmente ser uma família.
Um livro terno e comovente, que explora as alegrias e tristezas partilhadas pelas irmãs, os erros cometidos em nome do amor e a promessa de salvação.

Kristin Hannah é autora de inúmeros sucessos de vendas do New York Times. Nasceu em 1960 no sul da Califórnia, cresceu a brincar na praia e a fazer surf. Aos oito anos, a família mudou-se para o estado de Washington. Trabalhou em publicidade, licenciou-se em Direito e exerceu advocacia em Seattle. Quando a gravidez a obrigou a ficar de cama durante vários meses, Kristin retomou alguns textos antigos que tinha escrito em parceria com a falecida mãe, que sempre dissera que ela seria escritora. O marido encorajou-a e, assim que o filho nasceu, Kristin abandonou a anterior actividade profissional e dedicou-se à escrita a tempo inteiro. O primeiro êxito surgiu em 1990 e desde então que a sua profissão é escrever. 
Já publicou 19 romances e ganhou prestigiados prémios como um Rita Award, em 2004, e o National Reader’s Choice. A sua obra está traduzida em várias línguas. Vive com o marido e o filho na costa noroeste dos Estados Unidos.

Divulgação: Novidade Porto Editora

Mike Ford alcançou o sonho americano. Depois de ter finalmente entrado nos eixos, a vida sorri-lhe. Tem uma noiva fantástica, uma casa soberba e o seu próprio negócio. Mais importante, conseguiu-o de uma forma honesta. Porém, enquanto decorrem os preparativos do casamento, não pode deixar de sentir uma certa nostalgia pela vida emocionante que está prestes a deixar para trás. É então que o irmão Jack volta a entrar em cena.
Enredado numa poderosa teia conspirativa para roubar segredos no valor de biliões de dólares da mesa de negociações do Banco da Reserva Federal de Nova Iorque – e obrigado a escolher entre uma vida honesta e a vida do irmão –, Mike Ford mergulha no passado criminoso e alia-se a velhos contactos, num perigoso jogo de corrupção e poder contra os tubarões de Wall Street. A parada é elevada, os riscos ainda maiores. E a recompensa?

Matthew Quirk estudou História e Literatura na Universidade de Harvard. Após a licenciatura, trabalhou durante cinco anos na conceituada revista The Atlantic, onde fez reportagem criminal e escreveu artigos sobre a indústria militar privada, o tráfico de ópio, terrorismo e gangues internacionais. É autor de Os 500, já publicado pela Porto Editora, que foi nomeado para o Edgar Award e agraciado com o International Thriller Writers’ and Strand Critics Award, para melhor romance.

Divulgação: Novidades Planeta

Estela, Mia, Valesca, Benedita e Matilde. Cinco amigas de trinta e poucos anos, modernas, emancipadas, coquetes e senhoras de si; cinco histórias que se cruzam numa busca comum – o amor, sempre o amor! 
Entre ilusões e desilusões, todas elas têm umas nas outras o porto seguro e cúmplice de partilha de aventuras, esperanças, alegrias e neuras. Por isso, quando Estela vai viver para o Rio de Janeiro, em busca de respostas para o seu passado e o seu presente, é inevitável que as amigas a visitem, e a loucura saudável se instale na noite carioca... 
De regresso a Lisboa, procurando curar as feridas de uma relação intensa e duradoura com o ambicioso Diogo, Estela encontra no trabalho a estabilidade que lhe falta a nível sentimental, onde os flirts se sucedem mas as certezas são cada vez menos...
Entre o apoio do calmo, giro (e comprometido?) Rodrigo, que lhe oferece bem mais do que um ombro para desabafar, e o arrependimento de Diogo, que atravessa o oceano para a reconquistar, Estela navega num mar de dúvidas, sobre os homens e sobre si própria. 
São as famosas dúvidas dos 30, que as cinco amigas resolvem melhor ou pior, cada uma com a sua personalidade distinta e peripécias a condizer, mas sem nunca, nunca perderem o estilo! 
Um livro que termina com um brinde ao futuro e algumas certezas – entre as quais a de que o grão de loucura que nos faz arriscar é fundamental para dar sabor à vida!

Grávida, desempregada e caída em desgraça, Sophie Scaife tem a vida virada do avesso. A sua relação com o milionário Neil Elwood está destruída. A carreira da melhor amiga ascende rapidamente. E Sophie receia ter de tomar uma das mais difíceis decisões da sua vida sozinha... 
Quando um diagnóstico devastador obriga Neil a regressar a Londres, Sophie deita a cautela para trás das costas para seguir o coração para o outro lado do Atlântico.
Manter uma escaldante relação dominador/submissa na doença como era na saúde é um desafio, mesmo para dois amantes tão inventivos como Sophie e Neil. 
Mas Sophie está mais do que disposta a experimentar qualquer coisa que o seu senhor lhe ordene, e as fantasias de controlo transformam-se num refúgio para o stress diário da doença. 
Embora o dinheiro e privilégios de Neil tornem mais fácil adaptar-se à nova situação, Sophie dá por si a reconstruir a vida em torno de um futuro incerto. 
E, mesmo que ambos enfrentem as mudanças de cabeça levantada, têm noção de que a felicidade pode ser fugaz... e que Sophie pode perder Neil para sempre.

Para os milhares de seguidores da saga este livro é a oportunidade de reviver os momentos inesquecíveis e deliciar-se com a espectacular aventura de Star Wars.
O livro reúne, pela primeira vez, os seis episódios, num livro de grande qualidade e com as cores mais brilhantes da galáxia. 
Está tudo aqui: desde o fatídico encontro de Qui-Gon Jinn e Obi-Wan Kenobi com Darth Maul até à vitória de Luke Skywalker sobre os Sith e a redenção de Darth Vader. 
Este volume de 600 páginas inclui as versões redesenhadas ou resmasterizadas das adaptações da Edição Especial, e a lista de guionistas e desenhadores que participaram, assim como uma de personagens do mundo da banda desenhada.

terça-feira, 7 de julho de 2015

O Olhar e a Alma (Cristina Carvalho)

Do nascimento atribulado até à morte precoce, a vida de Amedeo Modigliani foi, em grande parte, feita de ânsias e de insucessos, abrindo caminho por entre as dificuldades de uma existência miserável e de um génio desconhecido, para construir o percurso de um homem que a morte elevaria a mito. Dos pormenores da sua história, pouco mais se sabe que fragmentos. Mas é a partir desses fragmentos que se constrói o retrato traçado neste livro. Retrato do artista... ou do homem?
Uma das primeiras coisas que importa dizer sobre este livro é que não é - nunca poderia ser - um relato completo da vida do protagonista. Nem pretende sê-lo. Se os factos conhecidos são poucos, nunca poderiam, nesta história, ser demasiado expandidos. Mas também não parece ser esse o objectivo. Porque, mais que de acontecimentos, este é um livro feito de impressões - de imagens, de emoções, de traços de experiência. E, a partir dessas impressões, uma história de fragmentos, em que o que fica por dizer é tão ou mais importante que o que é contado. Mas em que o todo - o equilíbrio entre a resposta e o mistério - consegue, ainda assim, ser bastante cativante.
Para isso contribui também a beleza da escrita da autora. Evocativa, fluída, poética, por vezes, mas sem perder de vista o rumo das coisas que tem para contar, dá à reconstrução dos passos do protagonista um tom introspectivo que dificilmente poderia ser mais adequado. Além disso, alternando entre a voz do próprio Modi, a de algumas das mulheres da sua vida, e a sua própria voz, a autora equilibra a impressão de proximidade da narração na primeira pessoa com a multiplicidade de perspectivas que permite saber um pouco mais.
Claro que ficam perguntas sem resposta, coisas por dizer, possibilidades por explorar. Mas o mais interessante é que, entre os momentos de distância e a quase proximidade que evoca a compaixão, há todo um percurso de sentimentos que, mais pelas impressões que pelos factos, acaba por ficar na memória. E uma vaga tristeza que, por se fazer sentir, mostra que a evocação da figura central foi bem sucedida.
E, assim, o que fica desta leitura é, acima de tudo, a ideia de uma história de impressões e de emoções. Não uma biografia nem um percurso completo através da vida do seu protagonista, mas como que um recordar de sentimentos, expressos com tal beleza e fluidez que, inevitavelmente, ficam na memória. E, às vezes, isso chega.

Título: O Olhar e a Alma
Autora: Cristina Carvalho
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Porto Editora

Britt Pheiffer sonha há mais de um ano com umas férias repletas de aventura.
Treinou vários percursos pelas Montanhas Rochosas, comprou equipamento especial e até se sente confiante para levar consigo a melhor amiga, mais adepta de centros comerciais do que do ar puro das montanhas.
Poucas horas após o início da viagem, um nevão inesperado obriga-as a refugiarem-se numa cabana abandonada, aceitando a hospitalidade dos seus dois estranhos ocupantes: dois homens jovens, atraentes e… em fuga.
Feita refém, Britt é obrigada a guiá-los pela montanha e espera conseguir aguentar-se tempo suficiente até Calvin - o ex-namorado que ainda não conseguiu esquecer - poder encontrá-la.
Nada é o que parece nesta aventura nas paisagens inóspitas do Wyoming. Mason, um dos raptores, é estranhamente simpático para Britt. Já Shaun é claramente um homem perigoso.
Mas será Britt capaz de resistir à perigosa atracção que Mason parece exercer sobre ela e, por fim, sobreviver?

Primeiras páginas aqui.

Becca Fitzpatrick (1981) é uma escritora norte-americana.
Depois de se ter licenciado em Saúde em 2001, exerceu a profissão de professora numa escola secundária em Provo, Utah. A sua vida muda de rumo em 2003, quando o marido lhe oferece a inscrição num curso de escrita criativa por ocasião do seu vigésimo quarto aniversário. A partir deste momento a fantasia e amor pelos contos tornar-se-á uma profissão a tempo inteiro, juntamente com o papel de mãe.

Divulgação: Novidade Elsinore

O cientista Marcos Trelles prepara-se para publicar um artigo numa importante revista da especialidade, mas terá de anexar uma curta biografia de trezentas palavras. Nas duas semanas de que dispõe para a escrever, viaja com a esposa até à casa da sogra, falecida um ano antes, para resolver de vez o problema da herança.
Na mesma altura, regressa a Espanha Abel, o cunhado, que pretende vender a casa da mãe e desfazer-se da última coisa que o liga ao país onde nasceu. Célebre comediante já reformado, foi ele quem, anos antes, empreendeu uma campanha política que elegesse um manequim para o Congresso, como forma de desmascarar o teatro político que nos subjuga.
Quem sou eu? Esta interrogação desafia Marcos a encontrar, no caos do nosso quotidiano de austeridade e desemprego, uma possibilidade de ordem dentro de sim, mas igualmente dentro de um país despedaçado. Neste romance,  a prosa limpa de Andrés Barba esconde a navalha com que se escalpeliza o espectáculo da política.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Beijo Fatal (Jeff Abbott)

Enquanto juiz de paz de Port Leo, Whit Mosley nunca teve grandes chatices e sempre tentou levar o emprego - arranjado pelo pai após uma longa sucessão de falhanços - de forma descontraída. Mas há um mistério à sua espera e um caso que o fará revelar o seu melhor lado. Quando o filho de uma senadora é encontrado morto e quase todas as pistas apontam para um suicídio, Whit está entre os primeiros a reparar nas incongruências. Mas, quando todos se esforçam para esconder os seus próprios podres tentando moldar o rumo da investigação, Whit começa a reparar nas perguntas sem resposta. E, sejam quais forem os meios que usem para o tentar guiar para o caminho adequado, Whit não está disposto a abdicar da justiça.
De tudo o que este livro tem de cativante - e tem bastante - o aspecto que mais se destaca e o que realmente torna esta leitura memorável é a forma como o autor caracteriza o seu protagonista. Whit Mosley surge-nos como um indivíduo descontraído, quase demasiado despreocupado, e em tudo diferente da ideia que normalmente se faz de um juiz. Ora, este retrato peculiar desperta curiosidade, pois, posto perante um caso invulgarmente complexo, surge desde logo a dúvida de como se irá Whit safar. Mas ainda mais interessante é a forma como a personalidade de Whit se revela, gradualmente, ao longo do livro, indo para lá da superfície descontraída para revelar um indivíduo carismático, corajoso - mas vulnerável quanto baste - e com os valores e o coração no sítio certo.
Mas a história não vive só do protagonista, por muito bom que seja. E, à invulgar personalidade de Whit, junta-se um novo conjunto de figuras bem construídas, tanto do lado de Whit como dos que estão contra ele. E assim se cria uma teia de mistérios, em que tudo começa com um aparente suicídio, mas em, com o desenrolar dos acontecimentos, há todo um conjunto de segredos, interesses e intrigas a descobrir.
E tudo se conjuga da melhor maneira. Momentos de grande intensidade, de emoção pura, contrastam com o mais lento trabalho de seguir as pistas e de superar os obstáculos. Acrescente-se ainda o lado pessoal das vidas das personagens - de Whit, mas também particularmente de Claudia Salazar - e o resultado é uma história em que, na resolução do mistério ou simplesmente na vida das personagens, há sempre algo de interessante a acontecer.
Intenso e surpreendente, repleto de personagens fortes e com um enredo que conjuga intriga, acção e precisamente os toques certos de emoção e de humor, eis, pois, uma história que cativa desde cedo e que prende até ao fim. Recomendo.

Título: Beijo Fatal
Autor: Jeff Abbott
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Há muito que Julie deixou de sonhar. Caixa num supermercado, mãe solteira, aos 20 anos passa os seus dias num trabalho mal pago à mercê de um patrão abusador. Não tem escolha: para dar o melhor que pode ao filho de três anos, Lulu, que é a luz dos seus olhos, a caixa Julie encaixa tudo isto e mais, se preciso for. 
Mas um dia, o seu destino cruza-se com o de Paul, um cliente sexagenário que fala com ela, se comove com a sua situação e lhe estende a mão. Aos seus olhos, Julie não é uma mulher invisível, um robô que debita frases e suscita indiferença ou desprezo, mas uma mulher inteira, interessante, respeitável e respeitada. É este homem que, comovido com a sua história, a convida a ela e a Lulu para se juntarem a ele e ao seu filho Jérôme na sua casa de praia, na Bretanha. Magoada e abandonada pelo pai e por todos os homens que passaram pela sua vida, Julie desconfia de tanta generosidade. Mas por Lulu, para que o seu menino veja o mar e faça castelos de areia, ela acaba por aceitar… 
Será que a felicidade encontrou finalmente o caminho da vida de Julie? Ou estará o destino apenas a preparar-se para lhe puxar o tapete – outra vez?

Agnès Ledigé parteira. Começou a escrever em 2005, quando o seu filho ficou doente com leucemia. Todos os domingos, escrevia páginas e mais páginas de dúvidas, esperança, sorrisos, lágrimas, pequenas alegrias partilhadas e coragem… a coragem de um menino de cinco anos.
Quando o seu pequeno anjo partiu, Agnès Ledig cumpriu a promessa que lhe tinha feito: conseguiu reerguer-se, deu forma de letra ao que de mais fundo sentia no seu coração, e nunca mais largou o seu novo grande amor – a escrita.
Mesmo Antes da Felicidade, o seu segundo romance, venceu o Prémio Maison de la Presse em 2013 e vendeu mais de 150 000 exemplares. Traduzido em 10 países, é um dos livros mais amados pelo público feminino, como prova a sua permanência nos tops desde que foi publicado.

Divulgação: Novidades Clube do Autor

Aos nove anos de idade, Rui vive um drama intenso. Corria o ano de 1974, e a radiosa e próspera Luanda transforma-se num inferno. Milhares de portugueses são ameaçados pelas guerrilhas, sentindo as suas cabeças a prémio. Muitos são assassinados. O menino é obrigado a crescer. 
No meio deste terrível cenário, surge uma elegante e terna morena de olhar intenso, que o vai fazer perder-se de amores. 
Poderá um coração apaixonado manter-se vivo entre as tormentas da guerra?

Rui Calisto nasceu em 1965, no Brasil, mas reside actualmente em Lisboa, para onde se mudou em 2001. Viveu em Luanda de 16 de Março de 1974 a Maio de 1975. Este é o seu primeiro romance.

Um livro que é um verdadeiro testemunho histórico, mas que se lê com a intensidade de um thriller policial, agarrando o leitor do principio ao fim. Nestas 460 páginas, o autor repassa os últimos meses da II Guerra Mundial. Hitler ordenara a mais cruel e gratuita das violências: o envenenamento, bloqueio e destruição de todos os portos da Europa, a destruição de todas as indústrias, serviços públicos e museus da Europa e a obliteração da mais bela cidade do mundo: Paris.
Mas uma importante minoria de soldados e civis disse NÃO. Eles escolheram desobedecer, e tudo fizeram para evitar uma inútil, e absolutamente destrutiva, defesa militar das suas cidades. Se falhassem, o preço da desobediência seria a morte. Randall Hansen explora neste livro o extraordinário fenómeno da desobediência e as suas consequências.

Randall Hansen é um conceituado historiador canadiano. O seu último livro, Fire and Fury: The Allied Bombing of Germany, 1942-45, chegou à shortlist do Governor General’s Literary Award.

Um livro intrigante sobre o submundo do crime organizado e o que acontece quando os criminosos se associam numa luta contra os terroristas.
O Lobo controla a mais poderosa organização criminosa do planeta, uma força vasta mas invisível. O chefe da máfia é temido pela sua crueldade e respeitado pela forma ímpar como gere os negócios.
Quando a família é apanhada num ataque terrorista, O Lobo dá início a uma vingança global. Com o apoio de grupos do crime organizado de todo o mundo, uma nova guerra ameaça a sociedade, envolvendo os interesses dos terroristas islâmicos, da máfia russa, dos cartéis de droga do México e outros poderes do submundo. O objectivo? Vingar-se ou morrer a tentar!

«Um romance poderoso com uma intriga tensa sobre os submundos da máfia e do terrorismo internacional.» - New York Magazine

Lorenzo Carcaterra escreve há mais de vinte anos, sendo autor de obras como A Safe Place ou Sleepers, que deu origem ao filme Sleepers – Sentimento de Revolta. Escreveu e produziu a série Law & Order, em exibição na FOX.

Divulgação: Novidade Marcador

Após três assassínios, Lucas Davenport é chamado a intervir. Na opinião dos colegas, tudo neste tenente é diferente. E têm razão – nos jogos de computador que inventa e vende, no Porsche que conduz até ao trabalho, passando pelo tipo de mulheres que atrai, e para sua busca incessante pela justiça, tudo é distinto. 
O serial killer que persegue é um jogador, não é um sociopata como os que vêm nos livros; tem um gosto perverso pelo jogo, tendência que o leva a matar apenas pelo desafio. 
Lucas Davenport terá de empregar toda a sua força mental – e coragem física – para aprender a pensar e a agir como o assassino. Porque a única forma de o vencer é entrando no seu jogo infernal.

JOHN SANDFORD nasceu com o nome John Camp a 24 de fevereiro de 1944, em Cedar

Rapids, Iowa. Frequentou escolas públicas em Cedar Rapids e concluiu o liceu na Washington High School em 1962. Esteve no exército dos EUA entre 1966 e 1968, trabalhou como repórter no Cape Girardeau Southeast Missourian entre 1968 e 1970, e regressou à Universidade do Iowa em 1970-1971, para tirar um mestrado em Jornalismo. 
Trabalhou como jornalista para The Miami Herald entre 1971 e 1978, e depois para o St. Paul Pioneer-Press, entre 1978 e 1990; em 1980 foi finalista do prémio Pulitzer, que veio a vencer em 1986, com uma série de reportagens sobre a crise agrícola no Midwest americano. Desde 1990 tem-se dedicado a escrever thrillers. Também publicou dois livros de não-ficção, um sobre cirurgia plástica e outro sobre arte. É o principal financiador de um grande projecto de arqueologia no vale 
do Jordão, em Israel, com um sítio na Internet em www.rehov.org. Além da arqueologia, interessa-se muito por arte (pintura) e fotografia. Também caça e pesca.

Vencedores do Passatempo Um Anjo de Quatro Patas

E terminou mais um passatempo. E é chegada a altura de anunciar, de entre um total de 125 participações,  quem serão aqueles que vão receber um exemplar do livro Um Anjo de Quatro Patas.

E os vencedores são:

30. Inês Gomes (Maia)
46. Liliana Boaventura (Amadora)


Parabéns e boas leituras!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Anjos que Tombam do Céu (Ivo Rocha da Silva)

Ricardo está num ponto da sua vida em que não sabe se vale a pena continuar a lutar. De volta a Aveiro, lugar onde, em tempos, viveu alguns dos seus melhores dias, não sabe ao certo o que procura, só que precisa de fugir. Mas um reencontro intenso na véspera da morte da ex-namorada acaba por o deixar ainda mais perto do abismo. Suspeito do crime, Ricardo tem de lidar com a situação ao mesmo tempo que combate os seus próprios demónios. E o caminho mais fácil parece demasiado tentador...
De ritmo pausado, apesar da relativa brevidade, este é um livro que cativa, acima de tudo, pela forma como conjuga os dois aspectos que o constituem. Por um lado, o crime cometido cria uma aura de mistério em torno da história, o que, mesmo não sendo este mistério o elemento mais desenvolvido, contribui para tornar a leitura mais intrigante. Por outro lado, os dilemas interiores do protagonista, que, além de o tornarem mais humano, são de fácil compreensão: o medo do fracasso, a depressão, a dificuldade de lutar contra um mundo em que tudo são dificuldades. Em maior ou menor grau, todos passámos por momentos mais sombrios e, neste aspecto, é fácil compreender, nem que seja apenas um pouco, a posição de Ricardo.
Também a escrita é bastante cativante. Introspectiva, de ritmo pausado, mas pontuada por momentos de surpreendente intensidade, expõe com a mesma fluidez os momentos mais improváveis e as profundidades dos abismos interiores do protagonista. Além disso, ao alternar entre o diário de Ricardo e os capítulos narrados na terceira, o autor transmite uma perspectiva mais ampla daquilo que está a acontecer, apesar das perguntas que ficam sem resposta.
E é aí que está o que falta. É que, talvez pela vontade de centrar a história no percurso interior do protagonista, ou talvez pela mimetização da confusão interior no cérebro de Ricardo, há aspectos que são referidos de forma muito vaga, deixando a impressão de que uma parte da história - do passado, essencialmente - é deixada por contar. Não é fundamental ao desenvolvimento do enredo, até porque o final dá respostas mais que suficientes às grandes perguntas. Mas daria uma base mais sólida à caracterização do protagonista, e às razões que o levaram à sua percepção do presente.
Trata-se, pois, de uma história que poderia ter sido mais desenvolvida. Mas que, tal como é, breve, mas cativante, introspectiva, mas com episódios de grande impacto, cativa desde cedo e surpreende nos momentos certos. Uma boa leitura, portanto.

Título: Anjos que Tombam do Céu
Autor: Ivo Rocha da Silva
Origem: Recebido para crítica