terça-feira, 31 de março de 2015

Os Inocentes (Taylor Stevens)

Vanessa "Michael" Munroe tem um dom e a capacidade de o usar. Mas o facto de tirar vidas, independentemente das razões, assombra-lhes os sonhos. Sabe que é uma arma mortífera, mas isso não significa que goste de o ser. Por isso, quando um velho amigo lhe pede um favor, Michael aceita-o tanto pelo amigo como por si mesma. A missão é a de recuperar uma criança que foi raptada e levada de volta para a seita de que os pais em tempos fizeram parte. Mas fazê-lo exige meios e uma estratégia definida até aos mais ínfimos pormenores. Para cumprir a sua missão, Munroe terá de entrar no mundo fechado dos Eleitos ao mesmo tempo que controla as emoções dos seus aliados. Mas até o mais meticuloso dos planos tem as suas falhas... e o imprevisto pode mudar o seu rumo de acção.
Com o mesmo registo pausado do livro anterior, e mais centrado na informação que no conflito, este é um livro que, em termos de características essenciais, não surpreende quem já leu A Informacionista. Tal como no livro anterior, a história divide-se entre a missão em si e os fantasmas e conflitos interiores da própria Michael, fazendo com que a narrativa avance de forma mais lenta, mas aprofundando mais as complexidades das personagens e, também tal como no livro anterior, a este ritmo mais lento juntam-se picos de intensidade que fazem com que, ainda que a leitura exija o seu tempo, nunca se torne monótona.
Também um aspecto interessante é que, neste caso em particular, os elementos da missão tornam-se, por vezes, muito próximos dos da história da própria Michael, o que reforça o equilíbrio entre as duas componentes. Por um lado, explica o porquê de Michael aceitar a missão quando as condições são em tudo diferentes da anterior e, por outro, permite um vislumbre do lado mais humano da protagonista. Lado esse que se reflecte não só nos raros momentos emotivos mas também na forma como influencia aqueles que com ela interagem.
Mas é da missão propriamente dita que acaba por surgir o aspecto mais marcante dessa leitura. O funcionamento dos Eleitos, com a ideologia e as acções que lhe estão associadas, levanta várias questões pertinentes, não só relativamente à protecção dos mais fracos mas também sobre a forma como uma determinada ideia se propaga e perpetua. E é também neste aspecto que fica a impressão de que haveria um pouco mais a contar, principalmente no que diz respeito a Heidi e Gideon. Ainda assim, no que diz respeito à linha essencial do enredo, não fica nada de essencial por explicar.
Trata-se, portanto, de um livro envolvente, que, apesar do ritmo pausado e da distância inicial, cativa pelas motivações das personagens, pelo mundo em que se vêem envolvidas e pela forma como, entre dúvidas e revelações, tudo se conjuga numa história intensa e surpreendente. Tudo somado, uma boa leitura.

Novidade Porto Editora

Para recuperar a memória, depois de ter sido violentamente agredida, Irene tem diante de si uma difícil tarefa – uma dolorosa viagem ao passado. Ainda jovem e bela, ela carrega uma pesada herança – a mãe e a avó tinham pago caro as tentativas de afrontar a moral vigente e as convenções de um mundo rural que as subjugava. Também ela não será poupada quando abandona o campo e parte em busca do seu próprio caminho. Apesar do sucesso profissional e bem-estar económico que alcança, Irene não encontra o equilíbrio emocional. Será necessária uma crise profunda para que ela encontre forças para aguardar o futuro com serenidade e confiança.

Reconhecida como a grande signora do bestseller italiano, com mais de 11 milhões de exemplares vendidos, Sveva Casati Modignani está traduzida em 17 países e é hoje uma das autoras mais populares em Portugal. No catálogo da Porto Editora figuram já os seus romances Feminino Singular, Baunilha e Chocolate, O Jogo da Verdade, Desesperadamente Giulia, O Esplendor da Vida, A Siciliana, Mister Gregory, A Viela da Duquesa, Um Dia Naquele Inverno, O Barão e A Família Sogliano. A sua obra autobiográfica, O Diabo e a Gemada também já se encontra publicada no catálogo da Porto Editora. Sveva Casati Modignani está no Facebook.

segunda-feira, 30 de março de 2015

O Falhado (João Reis)

Pouco sociável, pouco enquadrado no mundo que o rodeia e, possivelmente, a criatura com menos sorte do mundo. Assim é o protagonista desta história que, revivendo o seu percurso de crescimento, conta ao leitor a história da sua vida e de como esta o levou, pouco a pouco, a uma situação não muito agradável. A história de um falhado, em suma, que, depois de tantos pontapés da vida, acabou por decidir que talvez não valesse a pena voltar a levantar-se.
De todas as palavras que se poderiam escolher para descrever este livro, há uma que se destaca: caricato. E caricato em muitos aspectos, começando, desde logo, pelo próprio protagonista e estendendo-se a toda uma sequência de experiências de vida que, pouco agradáveis em si mesmas, se conjugam num todo em que o potencial para a catástrofe é tanto e tão vasto nas suas possibilidades que é impossível não deixar de... sorrir.
Sim, porque este é um livro que, apesar da não muito positiva posição do protagonista perante a vida, surpreende precisamente pelo humor. Humor que consegue ser bastante negro, diga-se, mas que é também um dos principais aspectos a contribuir para que a leitura se torne viciante. Claro que não é uma história muito extensa, pelo que a leitura se torna acessível mesmo para quem - como é o meu caso - não é apreciadora do formato, mas não deixa de ser surpreendente que, apesar das dificuldades acrescidas de ler num ecrã de computador, o conteúdo retire grande parte da relevância ao formato do livro.
Mas voltando ao conteúdo, que é, de facto, o mais importante. Outro aspecto que sobressai é que, apesar do tom divertido e quase leve da narrativa, os temas realmente sérios não são minimizados nem menosprezados. Sim, o protagonista é uma figura estranha, e sim, tende a olhar para a própria vida com um excesso de dramatismo. Mas é precisamente a partir deste ponto que se cria um muito bom equilíbrio entre a ridicularização dos excessos e a ponderação das questões que realmente interessam. Porque, por mais exagerada que seja a forma como o falhado deste livro encara à sua vida, existem, ainda assim, questões que serão familiares a qualquer leitor, e essas, apesar do registo mais humorístico, são facilmente reconhecíveis.
Por fim, e porque leveza de tom não implica uma simplificação excessiva, falemos da escrita. Sendo a história narrada na primeira pessoa, o primeiro aspecto a sobressair é a capacidade de se adaptar à voz da personagem. E esse é, sem dúvida, um dos grandes pontos fortes, já que facilmente se imagina a voz do "nosso" falhado a contar as suas desventuras. Mas, além disso, há uma voz própria que se afirma, uma solidez na construção do texto que confere à narrativa uma muito agradável fluidez, conseguindo, ainda, surpreender com alguns momentos realmente brilhantes.
A soma de tudo isto é uma história cativante e divertida, com um protagonista não muito carismático, mas, apesar disso, incrivelmente interessante, e um olhar sobre os grandes problemas do mundo - ou, melhor dizendo, os de quem acha que o mundo é um problema - que, num registo leve e peculiar, nunca deixa de surpreender. Recomendo.

Novidade Topseller

Uma donzela perdida, um castelo misterioso, um duque com um temperamento e um passado um pouco… complicados. O cenário perfeito para um amor improvável.
 Como filha de um afamado escritor, Isolde Ophelia Goodnight, também conhecida por Izzy, cresceu em redor de românticos contos de cavaleiros corajosos e belas donzelas. As histórias daqueles livros prometiam inúmeras possibilidades. E por isso mesmo nunca duvidou de que o romance teria lugar também na sua vida.
À medida que foi crescendo, porém, foi riscando essas possibilidades da lista. Uma a uma:
- O patinho feio que se tornou cisne.
- Ser raptada por um atraente salteador de estrada.
- Ser salva da miséria por um príncipe encantado. 
Alto lá… Agora que os seus desejos de amor romântico se haviam gorado, Izzy já estava resignada a uma vida de mera subsistência. Mas havia um conto de fadas predestinado a esta mulher de vinte e seis anos, não tão atraente quanto isso, pobre e que nunca fora beijada. Esse conto de fadas era... Este.

Tessa Dare é uma autora norte-americana bestseller do New York Times e do USA Today, que já conta com quatro novelas e doze romances históricos publicados.
Os seus livros foram alvo de vários elogios e prémios, incluindo o Prémio RITA para Melhor Romance Histórico, atribuído pela Associação Americana de Escritores de Romance, e prémios da revista RT Book Reviews. A revista Booklist nomeou-a «uma das novas estrelas do romance histórico» e os seus livros já foram traduzidos para mais de doze línguas.

sábado, 28 de março de 2015

Escrevam a Dizer Quem Foi ao Meu Funeral (Celso Filipe)

Ingrid Bauman, de nacionalidade alemã, mas habitante de longa data da aldeia de Silha da Palha, é encontrada morta na Lagoa Salgada. Ninguém sabe muito bem o que aconteceu, mas uma coisa é certa: Ingrid foi assassinada. E, enquanto alguns divagam entre as poucas pistas que têm e um problema de definição de autoridade, um outro homem decide, por via de uma sessão espírita, contactar com o além e chamar à terra os melhores detectives da literatura. Eis, pois, que, numa aldeia alentejana, se juntam Poirot, Maigret, Nero Wolfe e Perry Mason. Mas, vindos de outro tempo e de outros métodos, serão eles capazes de resolver o caso?
Relativamente breve e mais centrado no ambiente do que no crime propriamente dito, este é um livro que tem como principal ponto forte a peculiaridade. Desde logo, a peculiaridade das circunstâncias que juntam numa aldeia alentejana quatro grandes personalidades ficcionais, mas também as estranhezas do próprio caso e as bizarrias que definem a vida quotidiana de Silha da Palha. Ah, e claro, a peculiaridade de algumas intervenções do próprio narrador. Mas o mais interessante em toda esta vastidão de aspectos invulgares é que o autor os apresenta com naturalidade, num interessante equilíbrio entre o bizarro - que se torna intrigante - e a quase normalidade com que tudo é aceite pelas personagens. Há, em suma, uma certa pacatez de hábitos que contrasta com o impacto do crime. E é, acima de tudo, este equilíbrio de contrastes que torna a leitura envolvente.
Também interessante é a forma como o crime propriamente dito serve de base a uma história em que o suposto acontecimento central não é, necessariamente, assim tão evidente. É que, para além da investigação à morte de Ingrid, há todo um conjunto de elementos, mais ou menos expectáveis, que definem o rumo da história, desde os hábitos peculiares dos quatro detectives, aos segredos e relações das gentes da aldeia, e, mais uma vez, sem esquecer o papel do narrador enquanto criador de histórias. Ficam, neste aspecto, sentimentos ambíguos: por um lado, teria sido interessante saber mais sobre o crime e a forma como os intervenientes chegaram à sua resolução; por outro, as intrigas e tribulações da aldeia conseguem ser igualmente interessantes.
Por último, importa destacar ainda uma outra peculiaridade, desta vez em termos de escrita, já que, devido, em grande medida, à tal intervenção do narrador nos rumos da história, há algumas divergências ao longo do enredo. Surgem, por isso, capítulos em que tudo é resumido ao muito essencial, e capítulos em que é a descrição o elemento que domina. E se estes últimos conferem à narrativa um ritmo mais pausado, estas mudanças e as razões que a justificam não deixam de introduzir ainda um novo e intrigante toque de - sim - peculiaridade.
Trata-se, portanto, de uma leitura breve, mas muito interessante, em que, apesar de algumas questões deixadas sem resposta, há uma história cativante, com vários momentos memoráveis e um conjunto de personagens que, de forma mais ou menos bizarra, têm, todas elas, algo de bom a acrescentar à narrativa. Gostei.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Novidade Porto Editora

Várias décadas passaram desde que Jean Daragane, em criança, viveu em Saint-Leu-la-Forêt. Agora, sexagenário, escritor, mal pensa nisso. Leva uma existência solitária, o telefone raramente toca, praticamente não escreve. Até que acontece um «quase nada». Como que uma picada de insecto, que a princípio parece muito leve. 
Esse «quase nada» é o aparecimento de uma velha agenda telefónica onde figura o nome de Guy Torstel. Arrastado para o passado, para a Paris dos anos 1950 e 1960, Daragane vai-se confrontar com a memória de Annie Astrand, que foi para ele uma espécie de mãe e, mais tarde, talvez uma amante...

Patrick Modiano nasceu em Boulogne-Billancourt, nos arredores de Paris, em Julho de 1945, e publicou o seu primeiro romance (La Place de l’Étoile) em 1968. Com Rue des Boutiques Obscures, obteve em 1978 o Prémio Goncourt. Em 1972, recebeu o Grande Prémio de Romance da Academia Francesa com As Avenidas Periféricas.
Considerado hoje um dos mais importantes escritores franceses, e autor de uma vasta obra, foi distinguido com o Grande Prémio Nacional das Letras e com o Prémio Nobel da Literatura de 2014.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Incontrolável (Sylvia Day)

Todos sabem que o casamento deles é uma farsa, um acordo que permite a ambos conquistar a liberdade que desejam. Acima de tudo, Isabel, Lady Pelham, e Gerald Faulkner, marquês de Grayson, são amigos e isso é tudo o que esperam da sua união. Mas tudo se altera quando Grayson recebe uma carta e sai de casa... para voltar quatro anos mais tarde e completamente mudado. Aparentemente, a perda que o manteve longe foi a mesma que lhe permitiu ver que, na verdade, anseia por mais que amizade da parte de Isabel. Mas, ainda que o marido já esteja bem longe do jovem inconsequente com quem casou, as marcas do passado estão ainda bem presentes na vida de Isabel. E talvez a sedução não seja suficiente para a levar a ceder...
Um dos aspectos mais interessantes neste livro é a forma como evolui de uma história relativamente leve, em que os momentos caricatos dão alma a uma sucessão de episódios de tensão erótica que parecem, por vezes, um pouco forçados, para uma relação mais equilibrada, em que o afecto se associa ao erotismo, abrindo caminho até a alguns momentos surpreendentemente emotivos. Assim, o que começa como uma história cativante, mas não propriamente surpreendente, ganha força e envolvência à medida que as personagens se dão a conhecer. Com o evoluir dos acontecimentos, a leitura chega a tornar-se viciante.
Para esta evolução positiva, o aspecto que mais contribui é a percepção gradual que o casal protagonista ganha dos sentimentos um do outro. Grayson começa por parecer um homem demasiado teimoso, incapaz de aceitar um não como resposta e que acha que tudo se resolve na cama, mas o desenrolar da sua relação revela uma personalidade bastante mais complexa, desde as sombras de um passado que continua a atormentá-lo a percepção crescente de que os seus sentimentos são verdadeiros. Com Isabel, acontece, de certa forma, o percurso contrário, da mulher demasiado marcada pelo passado e, por isso, disposta a aceitar apenas relações que não envolvam posse, à revelação de um espírito capaz de grandes afectos, mas também de pequenos momentos de descontracção. 
Claro que tudo isto envolve uma grande medida de sensualidade. Mas se, na fase inicial, as cenas eróticas parecem um pouco forçadas, com o evoluir dos acontecimentos, estabelece-se um bom equilíbrio entre o aspecto físico e o lado emotivo. Além disso, a história não vive só da relação entre Isabel e Grayson, e o pequeno toque de intriga dos seus antigos amantes (que poderia talvez ter sido um pouco mais desenvolvido), os planos maquiavélicos da mãe de Grayson e a mais discreta, mas igualmente cativante, história de amor entre Rhys e Abby, complementam a história com novas personalidades e novas emoções, tornando o todo muito mais forte.
O que fica, portanto, deste Incontrolável é a impressão de uma leitura cativante, com uma boa dose de sensualidade e uma muito agradável evolução no sentido do equilíbrio entre o erotismo e tudo o mais que tem de interessante. Uma boa leitura, em suma.

Novidade Quetzal

Os números escondem palavras e segredos. Escondem a ordem e a desordem do mundo – bem como comunicações militares e códigos que ninguém consegue decifrar. Até aparecer este homem. 
Neste seu romance de estreia, Mai Jia revela o misterioso mundo da unidade 701, uma secretíssima agência de inteligência chinesa, cujo único propósito é decifrar códigos.
Combinando brilhantemente o mistério e a tensão de um thriller de espionagem com as nuances de uma profunda observação psicológica e as qualidades mágicas de uma fábula chinesa, Cifra revela-nos na criptografia a chave do coração humano.
Um livro misterioso e fascinante que apresenta Mai Jia como um dos maiores e mais populares escritores da China dos nossos dias, e que conquistou o reconhecimento internacional.

Mai Jia, que passou vários anos nos serviços de inteligência chineses, é um dos autores mais influentes da China. Publicou quatro romances, três dos quais deram origem a séries televisivas e a filmes. Jia foi galardoado com os grandes prémios literários do seu país – entre eles a mais alta distinção nesta área: o Prémio Mao Dun para a Literatura.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Novidade Esfera dos Livros

Como se nascia e se vivia em Portugal, na Idade Média? Que preocupações havia na educação dos filhos? Como era o poder do rei e a sua relação com os grupos sociais privilegiados? Como se sentia a religião nesta época? Como era a saúde e a doença e como se tratavam os vários males? Como conviviam os grupos minoritários, fossem eles religiosos, como os judeus e mouros, fossem sociais, como as mulheres mundairas? O que se festejava e como? Como se vivia e se morria? Estas são algumas das perguntas a que a historiadora Ana Rodrigues Oliveira responde ao longo de um livro fundamental para perceber o quotidiano em Portugal entre os séculos XI e XV. Partindo de exemplos concretos e num texto acessível e simples, oferece-nos uma visão abrangente desta época, desde a saúde, à política, passando pela religião, o casamento, a vida doméstica ou a prostituição. Porque a História não é contada apenas recordando os grandes feitos, mas também através da vivência e dos comportamentos de um povo ao longo dos tempos.

Ana Maria Rodrigues Oliveira é professora de História, com especialização na área de História Cultural e das Mentalidades. Doutorou-se em 2004 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tem desenvolvido estudos nas áreas da mulher e da criança e participado em vários congressos e seminários. Entre outros trabalhos, publicou: «Mulheres e fronteira na cronística medieval dionisina», in As Relações de Fronteira no Século de Alcanices, Porto, 1998; As Representações da Mulher na Cronística Medieval Portuguesa, Patrimónia Histórica, Cascais, 2000, (tese de mestrado); «A imagem da mulher nas crónicas medievais», in Faces de Eva, Edições Colibri, Lisboa, 2001; «O corpo infantil nos tratados médicos Hispano-Árabes», in O Corpo e o Gesto na Civilização Medieval, Edições Colibri, Lisboa, 2006; A Criança na Sociedade Medieval Portuguesa, Teorema, Lisboa, 2007, (tese de doutoramento); «A criança», in História da Vida Privada em Portugal – A Idade Média, Círculo de Leitores, Lisboa, 2010 e «A mulher», na mesma obra, em co-autoria; “Inês de Castro, uma vida em verso… até ao fim do Mundo”, in Pedro e Inês – O Futuro do Passado, Associação dos Amigos de D. Pedro e D. Inês, Coimbra, 2013; “Philippa of Lancaster: The Memory of a Model Queen”, in Queenship in  the Mediterranean, International Conference “Kings and Queens: Power, Politics, Patronage and Personalities”, Palgrave Macmillan, United States, 2013; “A criança medieval: um ser inferior, indesejado e perturbador. Mito ou História?”, in Representações do Mito na História e na Literatura, Universidade de Évora, 2014. É co-autora de manuais escolares para o ensino da História e membro do Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Em 2010 editou a obra Rainhas Medievais de Portugal, pela Esfera dos Livros.

terça-feira, 24 de março de 2015

Nô e Eu (Delphine de Vigan)

Com treze anos e um QI acima da média, Lou é uma rapariga diferente das suas colegas. Passa a vida a pensar, a inventar teorias e a fazer experiências sobre tudo e mais alguma coisa. A ideia de apresentar um trabalho à turma é algo que a aterroriza. E, enquadrada numa família onde a tristeza parece ter tomado posse de tudo, não está habituada a deixar os afectos fluir. Mas basta um encontro casual e tudo muda. Ao conhecer Nô, a rapariga sem abrigo que lhe inspira o seu trabalho, Lou consegue mais que descobrir a sua verdadeira força. Descobre que, na sua ânsia de dar a Nô uma vida melhor, pode também mudar a vida dos que lhe são mais próximos.
Narrado pela voz de Lou e reflectindo, acima de tudo, os seus pontos de vista, este é um livro que tem tanto de inocente como de perturbador. Inocente porque, apesar da sua inteligência acima da média, Lou continua a ser uma rapariga de treze anos, com todas as esperanças e sonhos da juventude ainda bem definidos. Perturbador, porque a história de Nô poderia ser a de muitos outros, e porque, por mais que se tente fazer, nunca é suficiente.
Nô e Lou vivem em mundos completamente diferentes, mundos que colidem ao longo desta história. É, aliás, o choque entre estas duas vidas que faz com que tudo se altere e, por isso mesmo, é esse percurso de mudança o verdadeiro centro desta história. A história de Lou, que ainda acredita que a vida é relativamente justa, que acha que, se se pode fazer alguma coisa, então deve-se fazer, que está disposta a tudo para manter o afecto que conseguiu com Nô, mesmo quando tal parece impossível. E a de Nô, da sua vida na rua, das tentativas de se manter de pé e das quedas numa espiral de auto-destruição, através da qual se vislumbram, ainda assim, gestos de uma capacidade humana em tudo superior.
Mas a vida de Lou é também a vida dos que a rodeiam, os mesmos que, com o evoluir dos acontecimentos, se tornam também parte da vida de Nô. E isto faz com que, além da questão da vida nas ruas, haja ainda um outro conjunto de temas relevantes a sobressair desta história. A depressão, o vício, a negligência são pontos bem presentes na vida das personagens, pontos que realçam que não é só Nô que precisa de ajuda. Acaba por ser esta, aliás, outra das grandes forças deste livro. É que não há uma personagem mais importante que as outras. Tudo importa, à sua maneira, e isso é particularmente visível por ser contado pela voz da própria Lou.
Por último, importa ainda referir a escrita. Em tom de instropecção, com momentos quase poéticos e um registo muito pessoal, a autora cria para Lou uma voz muito própria, na qual é possível reconhecer a inocência, mas também aquela melancolia dos que cresceram depressa demais. Melancolia que reflecte na perfeição os tons e as sombras da narrativa, onde grandes afectos e pequenas conquistas parecem erguer-se, a custo, de um labirinto de tristeza.
Trata-se, portanto, de um livro que, num tom intimista e pessoal, individualiza questões universais, tornando-as próximas das personagens e do leitor. Triste, mas belíssimo, é, pois, um livro que cativa e que surpreende. E que, por todo um conjunto de pequenas e grandes coisas, fica na memória. Muito bom.

Novidade Asa

Regina Ashton já recusou tantos pretendentes à sua mão que a alta-sociedade londrina a considera uma snobe sem coração. Não podiam estar mais enganados. Órfã desde cedo, Regina é a sobrinha superprotegida de Lord Edward e Lady Charlotte Malory, a quem é muito difícil agradar. Aos olhos dos tios, nenhum dos jovens candidatos é suficientemente bom. Cansada de tão infrutífera busca, a jovem sai de casa numa noite escura, decidida a informá-los de que não pensa casar… nunca! Mas o seu plano coloca-a no sítio errado à hora errada, e é raptada por engano. A sua ira perante a arrogância do raptor, Nicholas Eden, vai inesperadamente dar lugar a sentimentos contraditórios de paixão e vergonha. Aquela noite não mais lhe sairá da cabeça.
O Visconde Nicholas Eden também tinha um plano: dar uma lição à sua amante descontente, raptando-a ao abrigo da noite. Não contava enganar-se na pessoa e arruinar a reputação de uma menina de família. Mas agora, movido pelo desejo mais desenfreado que alguma vez sentiu, é a custo que reconhece que nunca poderá casar com Regina, apesar do escândalo que paira sobre eles.
Implacável, é o destino que os uniu a afastá-los irremediavelmente, ainda que ambos saibam que um amor assim só se vive uma vez…

Johanna Lindsey já vendeu mais de cinquenta milhões de exemplares das suas obras, traduzidas em doze línguas. Tendo escrito mais de quarenta romances (todos eles um sucesso de vendas), é uma das escritoras românticas mais conhecidas no mundo inteiro. Os seus romances históricos abrangem todo o tipo de épocas e lugares, desde a Idade Média ao Velho Oeste americano, mas a série que mais sucesso lhe granjeou foi a saga da família Malory, do período da Regência.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Novidade Presença

Lena Dunham, a aclamada criadora, produtora e protagonista da série GIRLS, surpreende-nos com um divertidíssimo, sábio e sincero conjunto de reflexões pessoais que a convertem numa das mais talentosas jovens escritoras da actualidade. Em Não Sou Esse Tipo de Miúda, a autora aborda as experiências típicas de quem está a entrar na vida adulta: apaixonar-se, sentir-se só, pesar cinco quilos a mais não obstante só ingerir alimentos saudáveis, ter que falar numa sala repleta de homens com o dobro da sua idade ou encontrar o amor verdadeiro. Uma obra criativa e inteligente, que capta de forma notável a comédia que tantas vezes se esconde nos acontecimentos mais comuns do dia a dia.

Lena Dunham é uma autora norte-americana famosa pela série de televisão Girls, da qual é, para além de protagonista, criadora, produtora e realizadora. Com esta série, foi nomeada para oito Emmys e ganhou dois Globos de Ouro, incluindo o de Melhor Actriz. Em 2013, foi considerada uma das Personalidades do Ano pela revista Time. Foi a primeira mulher a ser distinguida com o Directors Guild of America. Não Sou Esse Tipo de Miúda tornou-se um bestseller e foi considerado um dos melhores livros do ano pelas publicações The New York Times, Globe and Mail, Library Journal e Buzzfeed. Tem direitos vendidos para 26 países. Lena Dunham vive em Brooklin, Nova Iorque.

Joana Avillez é uma ilustradora de talento reconhecido. Os seus trabalhos aparecem regularmente em publicações como The New York Times, New York Lena Dunham é uma autora norte-americana famosa Magazine e The Wall Street Journal. Para informações adicionais visite o site http://www.joanaavillez.com.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

Novidade Bertrand

Em 1924, Ashley Walsingham morre ao tentar escalar o Evereste, deixando a sua fortuna a Imogen com quem teve um romance mas a quem não vê há sete anos. A herança nunca chega a ser reclamada.
Em 2004, Tristan recebe uma carta de uma firma britânica que levanta a hipótese de ser ele o herdeiro direto da imensa fortuna de Ashley. Se Tristan conseguir provar que é descendente de Imogen, a herança será sua. Mas tem apenas algumas semanas antes que o prazo legal para o fazer expire.
Dos aquivos de Londres aos campos de batalha do Somme e aos fiordes da Islândia, passando por Berlim e sul de França, Tristan tenta juntar as peças da história por detrás da fortuna por reclamar: um intenso romance dias antes de Ashley ser enviado para a Frente Ocidental e uma ousada expedição ao cume incógnito da montanha mais alta do mundo. Seguindo um rasto de pistas pela Europa, Tristan é consumido pela história de Ashley e Imogen. Mas ao aproximar-se da verdade percebe que talvez ande à procura de algo mais do que uma fortuna.

domingo, 22 de março de 2015

O Império Final (Brandon Sanderson)

Vin está habituada a desenrascar-se sozinha, a encolher-se sobre si própria para se proteger dos que, sendo mais fortes, a vêem apenas como uma ferramenta para a usar. Mas tudo muda quando o plano do seu bando é descoberto e um estranho intervém para os salvar de um Inquisidor. Nesse momento, Vin está longe de imaginar quem é o seu salvador. Mas a entrada de Kelsier, o Sobrevivente de Hathsin, na sua vida, pode ser muito mais que a descoberta de si mesma. Pode ser a percepção de uma vida diferente. E, convidada a entrar no golpe do próprio Kelsier - um golpe com o propósito de mudar o mundo tal como ela sempre o conheceu, Vin pode estar a entrar numa missão capaz de lhe custar a vida. Mas uma vida completamente nova.
Cativante desde as primeiras páginas e memorável em todos os aspectos, este é um livro que consegue ser, por vezes, tão surpreendente que se torna difícil descrever. É um daqueles livros em que as personagens, o mundo e a história, sem esquecer ainda a própria escrita, se conjugam para dar forma a algo de magnífico e de fascinante, que fica na memória bem depois de lidas as derradeiras palavras. É um livro em que basicamente tudo são forças e, por isso, tudo fica na memória.
Ainda assim, de tudo aquilo que este livro tem de bom, há alguns elementos que se destacam. O primeiro é, desde logo, a construção do mundo, com toda a divisão de castas, as lendas e os mistérios de cada povo, a base por detrás do poder reinante... E a magia, claro, um sistema de magia com tanto de surpreendente como de fascinante, em que tudo tem uma explicação, mesmo quando parece inexplicável.
Este cenário vasto e complexo abre caminho para uma história construída sobre um equilíbrio perfeito. Intrigas e conspirações contrastam com batalhas mais pessoais, segredos de um passado nunca ultrapassado e a capacidade de saber distinguir o certo do errado, num enredo também ele complexo, mas sempre cativante, onde abundam tanto a acção como o mistério, e os momentos de grande emocional se equilibram com um toque ocasional - mas certeiro - de humor.
E depois há as personagens, também elas complexas e bem construídas. De todas elas sobressai Vin, é claro, com o seu crescimento de rapariga assustada a nascida nas brumas capaz e poderosa. Vin, que descobre a confiança e a coragem, e que, por isso, revela gradualmente o potencial de uma personagem muito forte, não só pelo que é, mas também pela força conferida pelas igualmente carismáticas personalidades que intervêm na sua história.
O que me leva ao derradeiro ponto forte, ao que, desde o início, mais marcou e que, numa fase já avançada, se torna no centro de muita coisa. Kelsier, claro, a figura na base de todo o plano. Carismático e fascinante, com uma personagem delicadamente equilibrada entre a superfície quase inconsequente e as profundidades insuspeitas que se agitam no seu interior, Kelsier é tanto a alma da história como a própria Vin. E, no conjunto dos seus aliados e perante a dificuldade da sua missão, Kelsier e Vin formam o princípio de infinitas possibilidades. O que torna a sua história ainda mais impressionante.
A soma de tudo isto é um livro para nunca esquecer. Intenso e surpreendente, cativante em todas as circunstâncias e comovente nos momentos certos, O Império Final abre as portas de um mundo novo e faz dele algo de diferente, através das mãos de personagens fortes e complexas. O resultado resume-se numa única palavra: brilhante.

sábado, 21 de março de 2015

Divulgação: Poesia Dispersa, volume III, de Carina Portugal

"Poesia Dispersa, V. III” reúne quarenta poemas, escritos ao longo de pouco mais de um ano. Uma poesia de sentidos e emoções, de introspecção e crítica, mas que apela também à Natureza, e a que o leitor observe e sinta os seus meandros.

"E se as cores sangrassem?
Se fosse mar e dilúvio
A paleta que é vida além
Tela tisnada a pincel
Com guache de ninguém?

E se a chuva fosse tinta?
Se cada gota pintasse,
Ao toque molhado
Dos seus dedos sem fim,
Viçosos verdes de prado?

Seria guache, seria tinta, seria cor,
Seria dilúvio, mar, chuva e gota,
Seria pincel, seria dedos,
Seria vida de além e mundo
D’eternos segredos."

Carina Portugal nasceu em Cascais, a 19 de Junho de 1989, e vive actualmente na Amadora. Licenciou-se em Biologia (ramo de Biologia Molecular e Genética), pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Apaixonada pelo género Fantástico, publicou contos em várias antologias, entre as quais: A Fantástica Literatura Queer (Tarja Editorial, 2012); Trëma (2012); Dragões (Editora Draco, 2012) e Antologia Fénix de Ficção Científica e Fantasia, V. II e III (2013).
Publicou ainda os e-books “Os Passos dos Destino”, em co-autoria com a escritora Carla Ribeiro (2009), “O Retrato da Biblioteca” (2012), “Poesia Dispersa” (2013), “Duas Gotas de Sangue e um Corpo para a Eternidade” (re-edição, 2013) e “Coração de Corda” (2013).
Actualmente colabora no projecto Fantasy & Co., dedicado à publicação e divulgação de contos de jovens escritores portugueses.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Últimos Ritos (Hannah Kent)

Condenada à morte pelo homicídio de dois homens, Agnes Magnúsdóttir é enviada para viver com a família do xerife de Kornsá na sua quinta enquanto aguarda o momento da execução. Aparentemente, a solução não agrada a ninguém, mas, por mais que a família escolhida proteste contra a imposição, na verdade não têm escolha. Quando Agnes chega, estão todos mais que dispostos a tratá-la como a criminosa que, ao que tudo indica, é. Todos, menos o inexperiente reverendo a quem é atribuída a orientação espiritual da condenada. Será Tóti o primeiro a interessar-se pela verdade que Agnes tem para contar. Mas será que ouvi-la é suficiente para mudar alguma coisa?
História de os últimos dias de uma condenada à morte, esta não é - nunca poderia ser - uma leitura leve nem fácil. E por várias razões. A primeira é, desde logo, a tensão quase palpável em torno das circunstâncias da protagonista. Na iminência da morte, ante o desprezo ou o ódio de muitos, Agnes é uma mulher só como nenhuma outra, e isso apenas se torna mais visível pelo facto de tudo acontecer num cenário bastante inóspito. Além disso, ao alternar a narrativa entre a terceira pessoa e a voz da própria Agnes, a autora consegue criar uma aproximação gradual à sua personagem, o que só torna mais presente o horror das suas circunstâncias.
Para este cenário tenso, sombrio, irremediavelmente negro, a autora toma uma voz que se adequa na perfeição. Sem elaborações desnecessárias, narrando as conversas e os factos como são, e criando depois um brilhante contraste entre a crueza dos factos e a quase poesia dos momentos mais introspectivos, há uma estranha harmonia na forma como as palavras moldam a história. Também isto reforça o impacto dos acontecimentos e do tempo passado à espera da derradeira acção.
Também particularmente impressionante numa história que é, no fundo, uma caminhada para a morte, é o percurso de mudança das personagens. Da própria Agnes, é certo, à medida que o que verdadeiramente aconteceu vai ganhando vida pela sua própria voz, mas acima de tudo daqueles que a acolheram na fase final da sua vida. A passagem do desdém e do desconforto a uma empatia que, com o fluir das revelações, se torna mais forte, mostra que nem todos os monstros são assim tão monstruosos e que o medo pode dar lugar à aceitação.
E, por fim, Agnes. Não a assassina ou a criatura monstruosa que muitos vêem, mas uma mulher complexa, forte perante circunstâncias desesperadas. Primeiro pelo isolamento e depois pela história gradualmente revelada, Agnes é uma figura que não só desperta empatia, mas também fascínio pela sua história sem respostas fáceis nem verdades redentoras. Se é certo que tudo é bom neste livro, Agnes é, ainda assim, a verdadeira alma da história.
Tudo isto converge num livro com tanto de perturbador como de fascinante. Uma história com personagens marcantes num cenário sombrio, em que a percepção da morte é uma sombra sempre presente, mas onde, ainda assim, há muita vida. Intenso, marcante e surpreendente, um livro impressionante.

Novidade Marcador

Ano de 1089. Uma nação em formação ergue-se na bruma do tempo, movida pelo forte e leal braço do povo, pelo arrojo de senhores feudais e pela fé nos ditames da Igreja e dos seus ministros. 
Num velho mosteiro, são muitas e sinceras as preces, mas também as manobras pela conquista do poder nesse novo território. 
1089 relata, de forma precisa, viva e cativante, os dias da fundação de Portugal tendo como palco central as terras de um mosteiro beneditino. E não deixa de fora relatos da ambição dos homens e, em particular, dos da Igreja, com os seus segredos e jogos de luz e sombra. 

EMÍLIO MIRANDA nasceu em Luanda, Angola, em 1966. Em 1975, fruto da guerra colonial, vem viver para o Norte de Portugal, de onde os pais são originários, mais concretamente para a aldeia de Lordelo, próxima de Vila Real, onde mais tarde passou a residir. É o contacto com esta nova realidade – de espaços abertos no verão e horizontes fechados nos longos invernos – que definitivamente o vai marcar. Uma realidade na qual conviveu com costumes como a matança do porco, a vindima e a pisa do vinho, com a agricultura regida por preceitos tradicionais. Foi com essa mistura mágica das práticas religiosas com as pagãs que também cinzelou esse território.

terça-feira, 17 de março de 2015

Novidade Esfera dos Livros

O III Reich durou apenas doze anos, mas marcou profundamente a História alemã e mundial. Nas últimas décadas muito se tem descoberto sobre este regime que semeou o terror e a morte por toda a Europa. Mas muito estava ainda por desvendar. Guido Knopp, jornalista especializado em História alemã, revela-nos neste livro muitos dos segredos do III Reich desconhecidos até agora. As verdadeiras origens familiares de Hitler, sobre as quais tentou criar um verdadeiro mito; a proveniência do dinheiro que permitiu ao Führer financiar as suas campanhas e sustentar uma vida luxuosa; ou os mistérios sobre as suas mulheres, uma história que começa com a estranha morte da sua sobrinha e termina com o suicídio de Eva Braun. Mas também outras figuras do regime estavam envoltas em mistério: as lendas que envolvem a história de Erwin Rommel, as mentiras a partir das quais Albert Speer construiu a sua biografia de «bom nazi» ou a vida privada de Himmler, as suas fantasias, os crimes por si cometidos e a sua enigmática morte. Um livro indispensável para compreender melhor o fenómeno do nazismo e a tragédia da Segunda Guerra Mundial.

Guiddo Knopp (1948) trabalhou como jornalista nos jornais Frankfurter Allgemeinen Zeitung e Welt am Sonntag. Desde 1984 dirige a secção de História Contemporânea da ZDF, a segunda cadeia da televisão estatal alemã. Recebeu os prémios Jacob-Kaiser-Preis, o Europäischen Fernsehpreis (Prémio Europeu de Televisão), o Telestar, o Deutschen Fernsehpreis, la Bundesverdienstkreuz e o Emmy internacional. É autor de um grande número de livros sobre Hitler e sobre o III Reich. 

Novidade Presença

Alvorada Vermelha
Pierce Brown
Título Original: Red Rising
Tradução: Miguel Romeira
Páginas: 400
Coleção: Via Láctea No 120
PREÇO SEM IVA: 17,88€ / PREÇO COM IVA: 18,95€
ISBN: 978-972-23-5492-9


Alvorada Vermelha é o primeiro volume de uma trilogia que tem tudo para conquistar a legião de fãs de Os Jogos da Fome. Passa-se numa altura em que a humanidade começou a colonizar outros planetas, como Marte. Darrow é um jovem de 19 anos que pertence à casta mais baixa da Sociedade, os Vermelhos, uma comunidade que vive e trabalha no subsolo marciano com a missão de preparar a superfície do planeta para que futuras gerações de humanos possam lá viver. No entanto, em breve Darrow irá descobrir que ele e os seus companheiros foram enganados pelas castas superiores. Inspirado pelo desejo de justiça, Darrow irá sacrificar tudo para se infiltrar na casta dos Dourados... e aniquilá-los! Vingança, guerra e luta pelo poder num romance de estreia empolgante.

Pierce Brown é um jovem escritor norte-americano formado em Economia e Ciências Políticas. Alvorada Vermelha, o seu primeiro romance, foi considerado um dos melhores livros de 2014 pela Amazon e por diversos órgãos de comunicação social. Pierce Brown foi eleito o Melhor Estreante pelos leitores do Goodreads. Os direitos de Alvorada Vermelha já foram vendidos para vinte e três países.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Mindfulness (Oli Doyle)

Lamentar o passado e preocupar-se com o futuro podem parecer factos inevitáveis da vida, mas, na verdade, são apenas pensamentos com que a mente nos impede de nos concentramos no presente e, dessa forma, numa vida mais tranquila e feliz. É esta, resumidamente, a ideia fundamental na base deste guia que, com uns quantos exercícios práticos, mas principalmente com a exposição de uma forma de encarar a vida, pretende orientar o leitor no sentido de uma vida focada no presente e menos nas ilusões inspiradas pelo pensamento.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é que, contrariamente a muitos livros do género, não apresenta uma linha bem definida de passos a seguir, mas antes um conjunto de orientações mais gerais. Assim, o que acontece é que não fica a impressão de uma ideia demasiado fácil - como acontece nalguns casos - mas antes o de uma filosofia de vida que, exigindo alguns passos fundamentais, se adapta, ainda assim, em grande medida, ao percurso pessoal de cada um.
Isto dá forma a um conjunto de ideias bastante interessantes e facilmente reconhecíveis. É fácil evocar um momento em que nos perdemos a pensar que devíamos ter feito alguma coisa de forma diferente ou a ponderar nas múltiplas dificuldades que espreitam de um futuro muito próximo. Assim, e independentemente de uma maior ou menor adesão ao método como um todo, há neste livro uma perspectiva bastante válida e fácil de compreender.
Mas, ainda que as ideias na base do livro sejam bastante simples e expostas num registo bastante acessível, fica, em certa medida, a impressão de ser apenas um princípio. Talvez porque, por mais abrangentes que sejam as ideias centrais, haja um aspecto particular na vida de cada um que tem, inevitavelmente, de ter sido em conta, ou talvez pela tal diferença entre presente, passado e futuro e os pensamentos e emoções que lhe estão associados, ficam algumas questões em aberto, principalmente no que à questão das emoções diz respeito. É que, principalmente se aplicada a acontecimentos bastante dolorosos, a forma de ver as coisas segundo o método da consciência plena parece, por vezes, demasiado indiferente, o que talvez não seja bem o objectivo.
Trata-se, portanto, de um livro que pretende ser, acima de tudo, um guia para uma forma diferente de enfrentar a vida, e que, de forma acessível e cativante, apresenta um conjunto de fundamentos interessantes para o método que pretende desenvolver. Não dá todas as respostas, é certo. Mas não deixa de ser um interessante ponto de partida.

Novidades Planeta

A história começa com um crime. A alemoa apareceu morta na Lagoa Salgada...Se fosse algum forasteiro, apesar da gravidade do caso ninguém se afligiria por demais. Mas a Ingrid, filha adoptiva da terra, a quem todos queriam bem de diferentes quereres?! Quem lhe poderia ter feito mal? 
O Zé da TVI ficou atrofiado e chamou a Guarda, a Judiciária apareceu por arrasto a meter o nariz, mas o camarada Júlio Sebastião convocou a «sagrada família» e tomou medidas mais drásticas. 
E é assim que irão chegar à aldeia de Silha da Palha, ou aos seus arredores, quatro figuras que estariam deslocadas do tempo e da realidade, se o tempo não fosse relativo e a realidade, amiúde, uma ficção. Hercule Poirot, o detective picuinhas; Jules Maigret, o comissário bonacheirão; Perry Mason, o advogado sedutor, e Nero Wolfe, o investigador asceta...

Um grupo de caçadores mata um urso nos bosques perto de Kiruna. Quando abrem a barriga do animal, encontram restos humanos entre as vísceras. 
Uns meses mais tarde, encontram uma mulher assassinada em sua casa.Agrediram-na brutalmente com uma forquilha e Marcus, o neto de sete anos desapareceu. Rebecka Martinsson, que no princípio foi destacada para a investigação é retirada do caso. 
Mas há poucas coisas que causem mais indignação que a violência contra uma criança, e Rebecka fica obcecada com o desaparecimento do menino. 
Por sua conta e risco começa a indagar o assassino da mulher: a morte parece perseguir esta família, e Rebecka não está disposta a permitir que o seu último membro tenha o mesmo destino.

Lady Isobel Maitland não se pode dar ao luxo de ser apanhada fazendo qualquer coisa, mesmo remotamente, escandalosa, ou corre o risco de perder tudo o que tem de mais querido. 
Mas uma noite, num jardim escuro num baile de máscaras, Isobel cede à tentação e permite que um namorisco inocente com o marquês de Blackwood se transforme em paixão. 
Para o marquês o jogo da sedução e intriga não lhe é estranho, e esta reputação serve para encobrir uma missão mortal. 
Quando a mulher-mistério foge antes que lhe diga o nome, ele sabe que tem de a encontrar. Mas todas as pistas o conduzem para a afectada e deselegante Isobel Maitland.
Parece que a senhora tem segredos muito próprios, segredos que Blackwood adorava desvendar.


domingo, 15 de março de 2015

Equívocos, Enganos e Falsificações da História de Portugal (Sérgio Luís de Carvalho)

Das frases heróicas que afinal não foram ditas por quem se pensava - ou não foram ditas de todo - ao relato improvável de uns quantos acontecimentos que não aconteceram bem assim, sem esquecer uns quantos factos ou figuras sobre os quais a passagem do tempo fez esbater a linha que separa a história do mito. De tudo isto trata este livro que, de forma sucinta e cativante, desfaz algumas das ideias feitas sobre todo um conjunto de acontecimentos - ou supostos acontecimentos - da História de Portugal.
Não sendo este o primeiro livro do autor neste género - os outros também se recomendam, a propósito - há, à partida, algumas características que são de esperar. São elas a apresentação sucinta quanto baste de cada caso ou história apresentado, resumindo ao essencial a informação, mas sem deixar de fora nada de relevante, o registo descontraído e agradável, com o toque precisamente certo de humor a conferir leveza à leitura e, claro, uma explicação tão fundamentada quanto possível, mas que nunca se torna maçadora.
Em todos estes aspectos, este livro corresponde inteiramente às expectativas e escusado será dizer que isto é mais que suficiente para proporcionar uma leitura cativante. Mas junte-se a esta forma de expor o conteúdo o muito que há de interessante no próprio conteúdo e o resultado não podia deixar de ser muito bom. De todo o conjunto de mitos/enganos que são desenvolvidos neste livro, alguns deles já são mais ou menos conhecidos como tal, enquanto que outros conseguem ser bastante surpreendentes. O que todos têm, sem excepção, é algo de interessante que cativa e que surpreende, tanto na versão mais "lendária" como na mais factual.
O resultado é uma forma particularmente interessante de aprender um pouco mais sobre a História de Portugal. Não de forma exaustiva nem detalhada - até porque não parece ser, de forma alguma, esse o objectivo - mas permitindo adquirir bastantes conhecimentos e desmistificar uns quantos "factos". Interessante e cativante, trata-se, pois, de uma boa leitura, e de um livro que não posso deixar de recomendar. Muito bom.

sexta-feira, 13 de março de 2015

A Quimera de Praga (Laini Taylor)

Karou pode ter um aspecto invulgar, mas, tanto quanto todos sabem, é apenas uma normal rapariga humana. Ou talvez não. Além da dedicação à escola de arte, Karou tem uma outra ocupação: viajar pelo mundo, através de portas que dão para todos os lugares, para fazer recados a Brimstone, a criatura que a criou desde bebé e a manteve segura ao longo de toda a sua vida. Mas há algo de novo a acontecer e a estranha tranquilidade da vida de Karou está prestes a desmoronar. Tudo começa com a marca de uma mão gravada a fogo numa das portas. E com os olhos de um estranho que a observam, sem reconhecer o seu papel numa guerra milenar.
Primeiro volume de uma trilogia em que o mundo humano se funde com o sobrenatural e mitos bem conhecidos se transformam em algo de diferente, este é um livro que, desde as primeiras páginas e até à derradeira frase, nunca deixa de surpreender. Cativante em todos os aspectos, conjuga uma escrita belíssima com uma história em que as emoções são intensas e o contexto onde tudo acontece é vasto e imensamente interessante. Mas vamos por partes.
Começando pelo contexto, uma das primeiras coisas a sobressair é a aura de mistério que começa com a natureza da própria Karou para depois se estender ao contexto global e às origens de tudo o que está a acontecer. Anjos e quimeras, dois lados em conflito, parecem definir barreiras bastante claras, mas a verdade das circunstâncias é bastante mais complexa e a autora desenvolve-a com brilhante mestria. O mundo das quimeras, por oposição ao mundo dos serafins, pode diferenciar-se como a luz da escuridão, já que cada lado tem as suas lendas sobre as suas origens e as dos outros. Mas todas as histórias têm mais que uma versão e a forma como elas são reveladas, com toda a informação relevante a ser apresentada de forma gradual e sem perder de vista as várias perspectivas, cria um mundo de vastíssimo potencial e o cenário perfeito para os acontecimentos que lhe estão destinados.
Se os mundos deste livro têm muito de fascinante, o que é certo é que as personagens não têm menos. Karou tem uma personalidade forte, que se evidencia desde os primeiros momentos e que abre caminho a um muito marcante percurso de descoberta, à medida que a sua busca pela sua verdadeira natureza se torna mais e mais premente. E quanto a Akiva, importa dizer que está muito próximo do ideal do protagonista atormentado pelo passado, caminhando na ténue linha entre o pecado e a redenção, num percurso em que o que faz é tão importante como o que deixa de fazer.
Da conjugação de cenário e personagens surge um enredo intenso, em que há sempre um mistério à espera de ser revelado, mas também momentos de acção intensa e de grande impacto emocional. E, claro, há possibilidades em aberto e perguntas sem resposta - ou não fosse este apenas o primeiro volume da trilogia. Mas, do muito que é narrado e do que é deixado ainda por contar, fica, sem dúvida alguma, a melhor das impressões, bem como as mais elevadas expectativas para o que se poderá seguir.
Magnificamente escrito, com um mundo tão fascinante como as personagens que o povoam e uma história que conjuga acção, mistério, emoção e o toque certo de humor, tudo numa harmonia sempre cativante e surpreendente, este é, pois, um livro que sobressai. Intenso, cativante e comovente nos momentos certos, um primeiro volume brilhante, que recomendo sem reservas.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Novidade Marcador

Esta é a história de duas primas completamente diferentes, mas com uma coisa em comum: a sua força interior. 
Kura com ascendência maori tem uma atitude diferente perante a vida e perante os homens, é muito mais despreocupada. O campo não lhe desperta qualquer interesse, apesar de ser herdeira da quinta do seu pai. O seu grande desejo é tornar-se uma grande cantora. Enquanto Elaine, herdou da sua avó, o carácter e o gosto pela criação de ovelhas e por passear a cavalo. Mas as suas escolhas amorosas recam sempre em homens errados, o que faz dela uma mulher desencantada. 
A relação entre as duas mulheres não é a melhor porque Elaine inveja a beleza e a arte de sedução de Kura. Mas a vida dá muitas voltas e acabam por partilhar uma vida de luta e conquista numa pequena cidade mineira isolada do mundo.

SARAH LARK é um pseudónimo de Christiane Gohl. Nascida na Alemanha, vive actualmente em Almería, Espanha. Formou-se em Educação e trabalhou como guia turística, redatora publicitária e jornalista. A inclinação para a escrita marcou todos os empregos por onde passou. Com uma produção literária vastíssima, alcançou o sucesso de vendas e o reconhecimento literário graças à saga maori cujo primeiro volume, No País da Nuvem Branca, está já publicado pela Marcador. Com mais de dois milhões de leitores em todo o mundo, para ela «escrever romances não é muito mais do que sonhar acordada».

Novidade Porto Editora

Famagusta, no Chipre, é uma cidade dourada pelo calor e pela sorte, o resort mais requisitado do Mediterrâneo. Um casal ambicioso decide abrir um hotel que prime pela sua exclusividade, onde gregos e cipriotas turcos trabalhem em harmonia.
Duas famílias vizinhas, os Georgious e os Özkans, encontram-se entre os muitos que se radicaram em Famagusta para fugir aos anos de inquietação e violência étnica que proliferam na ilha. No entanto, sob a fachada de glamour e riqueza da cidade, a tensão ferve em lume brando...
Quando um golpe dos gregos lança a cidade no caos, o Chipre vê-se a braços com um conflito de proporções dramáticas. A Turquia avança para proteger a minoria cipriota turca, e Famagusta sucumbe sob os bombardeamentos. Quarenta mil pessoas fogem dos avanços das tropas.
Na cidade deserta, restam apenas duas famílias. Esta é a sua história.

Victoria Hislop, autora muito acarinhada pelo público português, é escritora e jornalista. Escreve artigos sobre viagens para o The Sunday Telegraph, artigos sobre educação para o The Daily Telegraph e diversos artigos generalistas para a Woman & Home.
Actualmente, vive em Kent com a família. O seu primeiro livro, A Ilha,vendeu mais de 3 milhões de exemplares em todo o mundo e foi adaptado à televisão.

terça-feira, 10 de março de 2015

Quatro (Veronica Roth)

Um complemento e uma nova perspectiva sobre a história da trilogia Divergente: assim se poderia definir este conjunto de contos. Um conjunto que, tendo Quatro como protagonista e narrador, acrescenta novos elementos e cria paralelismos entre a história já conhecida e aquilo que de novo é revelado.
E isso surge, logo à partida, na breve Introdução, onde a autora explica, muito sucintamente, a origem destas histórias e a forma como se enquadram na cronologia da trilogia Divergente. Claro que, sendo Quatro uma personagem especialmente carismática, ver, ainda que em poucas linhas, a impressão que a própria autora tem dele desperta, desde logo, curiosidade para o que se seguirá.
A primeira história, A Transferência, apresenta Quatro na iminência de deixar a sua vida nos Abnegados e conquistar a sua libertação. Apesar de, de certa forma, o essencial dos acontecimentos já ser conhecido, pelo menos para quem leu a trilogia, vê-los narrados pela voz do protagonista torna tudo mais próximo e mais cativante. Envolvente, de ritmo intenso e bastante bem escrito, acrescenta, ao transmitir a sua perspectiva, algo de novo à história já conhecida de Quatro. A soma de tudo é, claro, uma boa história.
O Iniciado acompanha Quatro num período de iniciação que é tanto de superação de dificuldades físicas como de integração num lugar onde sente que talvez não pertença. A história desenvolve-se num delicado equilíbrio entre introspecção e descontracção, o que lhe confere, ao mesmo tempo, leveza e uma certa profundidade. Além disso, ao percurso pessoal de Quatro junta-se um conjunto de revelações que, deixando antever o que se seguirá, consolidam as ligações à trilogia, enquadrando o conto no contexto global. Tudo no habitual ritmo intenso e envolvente que facilmente se torna viciante.
O Filho apresenta uma nova oportunidade de progressão no percurso de Quatro, bem como o reencontro com uma parte mal explicada do seu passado. Tal como no conto anterior, há um equilíbrio entre o percurso pessoal e as mudanças que se preparam no contexto global, aliando uma sensação de proximidade para com o protagonista com a intensidade de uma história em que há sempre algo prestes a ser revelado. É isso, aliás, que faz com que, mesmo sabendo de antemão como algumas das situações se vão resolver, a história consiga ser surpreendente.
Em O Traidor, a história alcança os acontecimentos de Divergente, com a entrada em cena de Tris e a iminência de uma grande mudança a surgirem agora da perspectiva de Quatro. Mas há também um vasto conjunto de novos acontecimentos, o que faz com que a história deste conto seja mais que uma simples mudança de ponto de vista. Além disso, a posição de Quatro ante as descobertas com que se depara reflecte não só o muito que mudou, mas também os traços que o definem. Mais pessoal, mas igualmente intenso, é neste conto que se revela em pleno o lado mais vulnerável de Quatro, sendo, por isso, especialmente cativante no aspecto emotivo.
A estes quatro contos, seguem-se ainda três cenas do livro Divergente, agora contadas do ponto de vista de Quatro. Breves, e centradas em acontecimentos já conhecidos, estas pequenas cenas funcionam essencialmente como um agradável complemento à trilogia, já que, não havendo propriamente factos novos, há, ainda assim, uma nova - e muito interessante - perspectiva. 
Trata-se, portanto, de um muito cativante complemento à história já conhecida, revelando um lado novo de uma das personagens mais fortes da trilogia, ao mesmo tempo que acrescenta nova informação sobre o que aconteceu antes e - em certa medida - de que forma isso viria a influenciar o futuro. Intenso e envolvente, muito bom.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Novidade Guerra e Paz

Lou, uma adolescente sobredotada, e Nô, uma sem-abrigo de 18 anos, nada têm em comum.
Conhecem-se e começa uma viagem que mudará as suas vidas para sempre. Doce e amarga, narrada por uma adolescente de 13 anos, esta é a história de amizade que comoveu e conquistou milhões de leitores em todo o mundo.
Lou tem 13 anos, um Q.I. de 160 e muitas perguntas na cabeça. Filha única de uma família à beira da separação, a tímida Lou inventa teorias para se apropriar do mundo e combater a solidão. Na Gare de Austerlitz, em Paris, conhece Nô, uma adolescente sem-abrigo, com 18 anos, cujo rosto cansado, as roupas sujas, o silêncio, a errância e solidão questionam o mundo.
Enquanto centenas de pessoas dormem na rua, sem ter o que comer, e caminham para não morrerem de frio, nós dizemos «As coisas são como são» – eis o que nos basta para explicar e aceitar a violência que nos rodeia. Mas Lou quer que as coisas sejam diferentes, que a Terra gire ao contrário, que cada um encontre o seu lugar. Decide salvar Nô, dar-lhe um tecto, uma família, lançando-se numa enorme aventura contra o destino. Contra tudo e contra todos.
Romance de aprendizagem, Nô e Eu é um sonho de adolescência submetido ao duro teste da realidade. Um olhar de criança precoce, naïf e lúcido, sobre a miséria do mundo. Um olhar de menina que cresceu demasiado rápido, melancólico e pleno de imaginação. Um olhar sobre o que nunca nos abandona, aconteça o que acontecer.

Novidade Bertrand

Neste terceiro volume da série de culto, Roland prossegue com a sua demanda pela Torre Negra, mas agora já não está sozinho. 
Treinou Eddie e Susannah, que entraram no Mundo Médio em momentos diferentes no livro anterior, à velha maneira dos pistoleiros. Mas o seu ka-tet ainda não está completo. Falta escolher um terceiro elemento: alguém que já esteve no Mundo Médio, um menino que morreu não uma, mas duas vezes, mas que continua vivo. Os quatro do ka-tet, unidos pelo destino, terão de fazer uma longa viagem até às terras devastadas e à cidade destruída de Lud, que fica para além delas. Pelo caminho, encontrarão a fúria de um comboio, que pode muito bem ser o seu único meio de fuga...

Stephen King, apelidado por muitos de «mestre do terror», escreveu mais de quarenta livros, incluindo Carrie, A História de Lisey e Cell, Chamada para a Morte. Vencedor do prestigiado National Book Award e nomeado Grande Mestre nos prémios Edgar Allan Poe de 2007, conta hoje com mais de trezentos milhões de exemplares vendidos em cerca de trinta e cinco países. Números e um currículo impressionantes a fazerem jus ao seu estatuto de escritor mais bem pago do mundo.

domingo, 8 de março de 2015

Dieta do Chocolate (Alexandre Fernandes)

Emagrecer sem renunciar ao prazer... com moderação, claro. É este o ponto de partida para o esquema de 21 dias que o autor apresenta neste livro. Um plano de dieta relativamente simples, e explicado de forma sucinta, mas bastante clara, em que o chocolate acaba por ser o ponto central - mas sempre num contexto saudável e equilibrado.
Um dos aspectos que faz com que o esquema de uma dieta possa, por vezes, ser difícil de seguir, é o facto de poder ser demasiado rígido, com todos os elementos e quantidades definidos ao pormenor. É nesta questão que surge, desde logo, um ponto particularmente interessante neste livro: é que, além do tal esquema rígido em que tudo está definido, o autor apresenta ainda uma possibilidade alternativa, que deixa a cada um a escolha dos elementos que pretende usar, sem perder de vista as regras essenciais que, à partida, farão com que o plano resulte.
Outro aspecto interessante é que, mesmo para quem não queira seguir à risca uma dieta, há um conjunto de ideias úteis que podem ser retiradas deste livro, desde os elementos à partida mais óbvios (a necessidade de conjugar uma alimentação saudável com o exercício físico) aos cálculos aparentemente mais complexos. Cálculos estes que, nalguns casos, exigem algum esforço de assimilação, mas que, ainda assim, facilitam muito a compreensão da formulação da dieta.
E depois há as receitas, com ou sem chocolate. E este é outro aspecto que torna a leitura interessante, mesmo para quem não estiver a planear seguir a dieta. Simples, na maioria, mas de uma agradável diversidade e, nalguns casos, com algo de inesperado, apresentam uma boa base de ideias a partir da qual definir uma alimentação variada - com ou sem dieta.
Trata-se, portanto, de um bom livro, tanto para quem quiser seguir um esquema de emagrecimento como para quem quiser simplesmente tirar algumas ideias sobre como manter uma alimentação saudável... sem abdicar do chocolate.  Interessante, em suma.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Novidade Quetzal

Um triângulo amoroso que liga França, o Norte rural português, Lisboa e a margem sul. Uma jovem francesa, filha de emigrantes portugueses, que vem viver para a terra a que não pertence; um rapaz que luta para sair do meio devorador em que nasceu; um miúdo burguês, canhestro, com uma família de fachada; e um quarto elemento que completa o elenco de uma tragédia contemporânea de ressonâncias clássicas: história de amor, racismo, ciúme, traição, vingança e inquietação, qual Otelo de Shakespeare e de fancaria na era do rap, do Facebook e do call center. O Que Não Pode Ser Salvo é também o retrato dos males sociais e culturais que afligem um país enfraquecido pela crise económica e pela falência dos valores.

Pedro Vieira nasceu em Lisboa, em 1975, cidade onde escreve, desenha e vive. 
Trabalha como consultor na empresa Booktailors, como guionista no Canal Q das Produções Fictícias, como ilustrador na revista LER – e como português entre os escombros.

Duas Vidas (Sheliza Firoz Hajiani)

Quando o pai lhe comunica que, devido a uma proposta de trabalho, têm de se mudar para Lisboa, Melanie percebe que a sua vida está prestes a mudar. Mas está longe de imaginar quanto. Longe da cidade que sempre conheceu e dos amigos mais próximos, Melanie apercebe-se, pela primeira vez, do quanto os pais estão ausentes da sua vida. Começa a questionar-se e a revoltar-se. E quando, numa escola nova, descobre que a integração só pode acontecer se se juntar a um grupo que é, em tudo, diferente do que ela sempre foi, Melanie começa a mudar os seus comportamentos. E a seguir por caminhos dos quais será difícil voltar.
Sendo este o primeiro livro de uma autora muito jovem, esperam-se, à partida, algumas fragilidades, mas também algum potencial. E o potencial existe, de facto. Há uma vontade da parte da autora de retratar os problemas da adolescência, as dificuldades de uma vida familiar com pais ausentes e as consequências de seguir por uma vida de vícios. Enfim, há na base da história uma mensagem positiva, que tem os seus pontos de interesse e o potencial para ser desenvolvida em algo de muito bom.
Infelizmente, as vulnerabilidades da narrativa abafam muito deste potencial. Desde logo, por uma escrita bastante confusa, em que as ideias são muitas vezes repetidas e em que a própria construção frásica é, por vezes, bastante estranha. E se, no que diz respeito à construção do texto, uma boa revisão teria resolvido muitos dos problemas, há, ainda assim, incongruências no desenvolvimento ou facetas deixadas por explorar. A acção decorre em Lisboa, mas todas as personagens têm nomes estrangeiros. Há situações relevantes - como a reabilitação de Melanie, por exemplo - que são exploradas de forma demasiado apressada. E, no que diz respeito às personalidades, são pouco desenvolvidas, excepto nas características mais vincadas e, por isso, dificilmente despertam empatia.
Quanto à protagonista, há, de facto, uma certa evolução com o desenrolar dos acontecimentos, o que torna as coisas bastante mais interessantes na fase final. Ainda assim, e mesmo tendo em conta que se trata de uma adolescente, Melanie é uma personagem demasiado centrada em si própria e até os seus momentos mais introspectivos se aproximam mais de birras que propriamente de pensamentos.
O que fica de tudo isto é uma história que poderia ter sido bastante mais interessante, mas da qual muito se perde pela narrativa confusa e pelo muito que é deixado por desenvolver. Há, ainda assim, bastante margem para evolução.

quarta-feira, 4 de março de 2015

O Mundo de Fora (Jorge Franco)

Isolda é uma criança diferente. Livre e um pouco selvagem, vagueia pelos bosques que rodeiam o castelo do pai, acompanhada de lendárias criaturas que lhe penteiam os cabelos. Não sabe - não tem como saber - que olhos a observam e com que força de sentimentos. Noutro tempo que não o seu, o pai, o excêntrico que sonhou com o castelo, que se tornou dono de uma parte de Medellín, vive a sua mais negra hora. Sequestrado por um grupo que exige resgate, não está disposto a ceder num uma palavra em colaboração. Mas não sabe que também o seu algoz ama a sua Isolda, e que há uma linha que os une e que não poderá quebrar antes do fim.
Onírico na descrição do mundo de Isolda, por contraste a crua frieza da realidade de Medellín, este é um livro que se situa entre dois mundos e que, por isso, cativa, em grande medida, pelo impressionante contraste entre essas duas facetas complementares. Há uma estranha ligação entre indiferença e inocência, entre a frieza cruel da concretização de um plano e a quase sobrenatural ânsia de uma liberdade interior. O mundo de Isolda e o dos captores do seu pai são, no essencial, mundos em colisão, o mesmo se podendo dizer da comparação entre passado e presente na vida de Dom Diego. 
Tudo isto se conjuga numa teia de ligações mais ou menos evidentes, mais ou menos naturais, moldando, num delicado equilíbrio, uma história em que o real e improvável coexistem de forma quase pacífica. Há algo de misterioso na forma como Isolda é caracterizada e o mesmo acontece com o desenrolar da situação de Dom Diego. Além disso, ao construir a narrativa através de avanços e recuos no tempo, o autor insinua pistas para o que poderá vir a acontecer, ao mesmo tempo que esconde muitas outras possibilidades. Desde as primeiras páginas e até ao fim, muito se adivinha e, mesmo assim, quase tudo é inesperado, tanto no que é dito como no que se deixa à imaginação do leitor.
E depois há a escrita. Enigmática, com laivos de poesia, feita de beleza e de contrastes, um pouco como as histórias a que dá voz. Fluída e harmoniosa, adapta-se na perfeição ao conteúdo, realçando os momentos mais intensos ou evocando uma vaga melancolia ante reminiscências do passado ou uma perda por acontecer. Equilibrada, também.
E assim, a soma de tudo é uma história com tanto de mágico como de cruel, inocente e perturbadora, misteriosa e infinitamente fascinante. Uma leitura memorável, onde nem tudo tem resposta e nem todas as respostas são as desejadas, mas são, seguramente, as mais adequadas. Muito bom.