domingo, 31 de julho de 2016

Divulgação: Despedaçada, de Tânia Dias

Sinopse: Assumir o seu papel como líder não estava nos planos de Alexia White, mas quando a sua mãe perde a vida num terrível assalto ao castelo, ela vê-se sem opções.
Num mundo onde os fracos se distinguem dos fortes pelos dons que possuem, Alexia está no topo da lista e precisa de aprender a lidar com os seus dons se pretende recuperar Starnyz das garras do traidor. Ian Bealfire, um homem que exala arrogância e prepotência por todos os poros, parece disposto a ocupar o lugar de seu Mestre.
Há quem diga que a jovem está destinada a salvar o mundo mas despedaçada pelas perdas que sofreu e assombrada pelas memórias do passado, será mesmo capaz de o fazer, quando nem a si parece ser capaz de salvar?

Biografia: Olá! Obrigado por estares a perder tempo a ler factos aborrecidos sobre mim!
Neste momento estou a estudar ciências, gostava de ser uma grande cientista um dia e descobrir a cura para todas as doenças.
Sou uma rapariga de 17 anos com uma paixão enorme por livros que viveu mais aventuras do que aquelas que consegue contar. Já se apaixonou por um vampiro, caçou sombras e lutou numa arena juntamente com outros 23 tributos, viveu numa sociedade dividida em facções e ficou perdida num labirinto, tendo sido salva por um anjo.
A minha paixão por escrita começou há alguns anos atrás quando os mundos que existiam na minha cabeça quiseram saltar para fora.


sexta-feira, 29 de julho de 2016

Eleanor & Park (Rainbow Rowell)

Eleanor é a miúda nova na escola e, como tal, o alvo preferencial de quase todos. Além disso, o seu aspecto invulgar não ajuda nada. Park também não é propriamente um miúdo popular, mas aprendeu a sobreviver sendo invisível. Mas tudo muda quando os seus caminhos se cruzam. Primeiro, não parece haver grande simpatia entre ambos e até uma troca de palavras parece difícil. Depois, Eleanor começa a espreitar para a banda desenhada que ele vai a ler no autocarro. E, sem dar por isso, a indiferença transforma-se em cumplicidade... e em amizade... e em algo mais. Mas parte da estranheza de Eleanor tem uma explicação sombria. E aproxima-se o tempo em que alguma coisa vai ter de acontecer.
Alternando entre os pontos de vista dos dois protagonistas e escrita com a relativa simplicidade que é de esperar da sua juventude, é na simplicidade com que tudo é contado, das emoções aos dramas familiares, que se encontra o lado mais cativante desta história. Nem tudo é tão simples como parece e há problemas bem evidentes na vida dos protagonistas, mas a percepção de um casal de jovens numa fase em que tudo é muito simples ou muito dramático faz com que tudo - simples ou complexo - seja sempre visto com a máxima clareza possível.
Ora, isto tem vantagens e desvantagens. A desvantagem é essencialmente a de que, sendo essencialmente a história de dois jovens a apaixonar-se, as outras questões passam por vezes para um plano muito secundário, o que faz com que a situação familiar de Eleanor e a forma como tudo se resolve pareçam um pouco repentinas e com algumas pontas soltas. Já a vantagem é que, no mundo real ou na cabeça dos protagonistas, há sempre algo de interessante a acontecer, o que, associado às passagens curtas e à escrita directa, dá à narrativa um ritmo muito envolvente.
Nem sempre é fácil gostar das personagens. Há vários mal entendidos entre os protagonistas e alguns deles não seriam assim tão difíceis de resolver com uma conversa. E quanto aos que os rodeiam, há algumas personagens puramente detestáveis. Mas a verdade é que estes servem o seu propósito. Alguns chegam até a redimir-se. E, quanto aos protagonistas, as imperfeições realçam os pontos bons. E esses vão-se revelando aos poucos, à medida que as próprias personagens se conhecem um pouco melhor a si mesmas.
Fica, nalguns aspectos, a sensação de que mais haveria a dizer. Mas, com o seu ritmo envolvente e a muito interessante mistura de sombra e luz, inocência e experiência, que caracteriza o percurso dos protagonistas, a verdade é que a história cativa desde muito cedo e não deixa de surpreender até ao fim. E isso basta, seguramente, para fazer dela uma boa leitura.

Título: Eleanor & Park
Autora: Rainbow Rowell
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Os Últimos Sete Meses de Anne Frank (Willy Lindwer)

A história de Anne Frank e do tempo que passou no anexo até ao dia em que os nazis a levaram, juntamente com todos os que lá estavam, é sobejamente conhecida. Mas e depois? O que aconteceu a seguir? É esta a pista que o autor segue neste livro (e no documentário com o mesmo nome). Através dos testemunhos de várias sobreviventes, Willy Lindwer reconstrói os últimos meses da vida de Anne Frank. E, com esses mesmos testemunhos, conta a história de tantas outras que passaram pela mesma provação. Das que sobreviveram... e das que não.
Há algo de intrinsecamente impressionante neste género de livros e que vem, desde logo, do facto de tudo aquilo que relatam ser real. Inimaginável, sim, capaz de nos fazer questionar os limites da maldade humana e do silêncio dos deuses. Mas assustadoramente, terrivelmente real. E isso basta para que valha a pena, mais, para que seja imperioso ler sempre este tipo de livros. Este está longe de ser o único e todas as histórias de sobreviventes têm em si algo de único e de pessoal, independentemente dos inevitáveis pontos em comum. Mas todas importam. Todas. Sempre. E isso basta.
Mas passando às particularidades deste livro, há algo, para além do óbvio, que o torna especialmente interessante: a forma como o autor tenta reconstituir a última fase da vida de Anne Frank, mas, ao mesmo tempo, dá voz a outras histórias de sobrevivência. Ora, isto cria uma totalidade ainda mais interessante. Primeiro, porque dá um fim ao percurso que todos conhecemos do tão famoso diário. E, depois, porque, através das diferentes histórias contadas no livro, e que vão muito para lá dos seus pontos de contacto com o percurso de Anne Frank, se fica com uma ideia mais vasta de toda a brutalidade que teve lugar naqueles campos.
Todos estes testemunhos correspondem a transcrições das entrevistas realizadas para o documentário, o que significa que tudo é contado pela voz das sobreviventes. E também isto impressiona, pois a forma como falam do que viveram, ora distanciando-se para conseguir lidar com isso, ora relatando as coisas com um pormenor aterrador, torna tudo mais claro, mais próximo, mais impressionante. 
Não é uma leitura fácil, não. Nunca poderia sê-lo, tendo em conta o tema e os relatos pessoais que nos apresenta. Mas, por tudo aquilo que transmite de um passado não muito distante, pelas experiências pessoais de uma brutalidade que não deve - não pode - repetir-se, pela imagem impressionante que deixa gravada na memória e por toda a importância que o tema teve e continua a ter, este é um livro que precisa de ser lido. Impressionante, memorável... essencial.

Título: Os Últimos Sete Meses de Anne Frank
Autor: Willy Lindwer
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Somos o Máximo! (Ana Punset)

Começou um novo ano lectivo e vem cheio de mudanças. Para começar, o oitavo ano traz uma nova directora de turma que, a associar ao seu visual de Morticia Adams, tem também uma atitude um tanto ou quanto intimidante. Além disso, a escola está a organizar umas olimpíadas de Outono, o que significa que as amigas do Clube dos Ténis Vermelhos vão ter de escolher uma modalidade em que competir. Mas todas juntas não chegam para formar uma equipa de vólei e, por isso, precisam de recrutar um novo elemento. E se Clara, a rapariga solitária que decidem convidar, parece, na verdade, ser um ás no vólei, já a sua capacidade de socializar é bastante limitada. Principalmente, tendo ela um motivo oculto para alinhar na equipa...
Sendo este já o quarto volume d'O Clube dos Ténis Vermelhos, não é difícil, para quem leu os anteriores, adivinhar as linhas base da história. Por um lado, as atribulações da vida escolar, com as rivalidades e os desafios que precisam de ser superar. Por outro, as amizades e os primeiros namoros das várias protagonistas. Mas, se a base da história não é nada de muito novo, a forma como a autora a desenvolve nunca deixa de ser cativante. 
Ora, isto deve-se, em grande parte, à forma como o livro está escrito, num registo leve e bastante simples, mas em que as emoções e pensamentos das personagens estão sempre muito presentes. Há momentos de humor, momentos de emoção, situações tensas e aquele toque de mistério que faz com que haja sempre algo de interessante a acontecer. Além disso, a própria estrutura do livro é interessante, com as ilustrações a complementar o texto para formar um todo visualmente apelativo e que dá uma nova vida à história.
Também a história tem muito de interessante. Não, nem tudo é surpreendente - as discussões que parecem ser para sempre, mas em que tudo acaba por resolver, e a sucessão de preparativos para a competição são elementos relativamente previsíveis. Mas a forma como tudo isto é desenvolvido, com todo o drama (e subsequente recuperação) com que se vivem as pequenas tragédias da juventude, nunca deixa de cativar. Além disso, as relações entre as personagens, dentro do Clube e fora dele, proporcionam vários momentos interessantes.
Ficam algumas pontas soltas na fase final, principalmente no que diz respeito à situação de Clara. Mas a verdade é que a série não acaba aqui, por isso, e apesar de ser inevitável uma certa sensação de curiosidade insatisfeita, há ainda muitas possibilidades em aberto para o que se seguirá.
Cativante e divertido, trata-se, portanto, de mais uma leitura leve e agradável, em que os dramas e dilemas do crescimento surgem em toda a sua complexa... normalidade. Mas a vida é mesmo assim e é também essa semelhança que torna tão interessante acompanhar as aventuras deste grupo de amigas. Gostei.

Título: Somos o Máximo!
Autora: Ana Punset
Origem: Recebido para crítica

sábado, 23 de julho de 2016

No Rasto das Medusas (Ali Benjamin)

Desde que a sua melhor amiga morreu afogada que Suzy deixou de falar. Por mais que tente e que procure entre todas as coisas que sabe (e sabe bastantes), não consegue encontrar uma explicação para aquilo que aconteceu e muito menos pode aceitar que a última imagem que guarda da sua amiga seja uma tão triste - e causada por si. Mas tudo muda quando, às escondidas, entra numa exposição de medusas e descobre a temível Irukandji. Então, começa a suspeitar que a morte da sua amiga pode ter uma verdadeira explicação. Decide, por isso, ir à procura de respostas. E se a única pessoa que a pode ajudar for um especialista do outro lado do mundo, então só tem de arranjar uma maneira de viajar até lá.
Vocacionado para um público jovem e centrado, em grande parte, nos dilemas de crescimento, este é um livro que tem como principal ponto forte a forma como retrata a passagem da adolescência e a forma como essas mudanças podem abalar uma amizade. Suzy e Franny eram amigas de infância, mas, com o passar dos anos e o contacto, com pessoas novas, algo mudou. Isto reflecte-se na forma como lidam uma com a outra (isto é, aliás, um dos aspectos fundamentais desta história), mas também nos níveis de socialização escolar. As mudanças na amizade de Franny e Suzy são relevantes, mas também o são os comportamentos dos outros colegas. E a forma como a autora retrata esta realidade, vista pelos olhos da protagonista, mas de forma muito completa, é algo de muito interessante, pois é muito fácil de reconhecer.
Há também uma passagem da inocência a uma percepção mais realista do mundo. A missão de Suzy de encontrar uma explicação, escolhendo especialistas, programando um trabalho capaz de fazer os colegas compreender, pondo a hipótese de atravessar meio mundo sozinha para encontrar essas respostas, é um bom reflexo disso, pois passa do achar que tudo é possível aos muitos obstáculos da realidade. E, além disso, há também as questões da perda e do luto que, vividas por Suzy e, através dela, transmitidas ao leitor, levantam muitas questões relevantes para mentes jovens e não só.
Ora, tudo isto é explorado numa história envolvente e surpreendentemente leve, tendo em conta os temas. Para isso, contribui a escrita relativamente simples, que se ajusta na perfeição à voz da protagonista, mas também os pequenos momentos divertidos que vão surgindo. Justin, em particular, é uma personagem que, apesar de discreta, contribui em muito para reforçar esta leveza.
Ficam algumas perguntas sem resposta. Sobre Jamie, sobre o ponto de vista de Franny sobre o que aconteceu entre ela e Suzy, sobre o que poderia ter acontecido. Mas, se é verdade que estas questões em aberto deixam uma certa curiosidade insatisfeita, também o é que fazem todo o sentido. Na vida, nunca temos todas as respostas. E o que poderia ter sido... bem, nunca se sabe ao certo, pois não?
Há, pois, em tudo isto algo de belo, algo de terno e de revelador. E, ao acompanhar a viagem de Suzy através do seu próprio percurso de crescimento, vemos o mundo por olhos mais inocentes... e crescemos um pouco mais, também. É isso, então, o que fica dessa história. E basta para que valha a pena lê-la.

Título: No Rasto das Medusas
Autora: Ali Benjamin
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Cinzas de um Novo Mundo (Rafael Loureiro)

Ano 2111. O mundo tornou-se negro, fruto dos conflitos dos homens e de uma evolução tecnológica que, em vez de melhorias, trouxe um mar de poluição e uma estratificação social em que poucos - muito poucos - mantêm um mínimo de dignidade. Mas há mudanças prestes a ocorrer e o seu protagonista (ainda que, talvez, involuntário) está pronto. Filipe, agente de uma força policial cujo objectivo é combater a droga que mantém vivos os Tecnal, híbridos forçados de humanos e máquinas, começa a questionar a justiça do sistema de que faz parte. A verdade é que tem muito pouco a perder e a forma como vê o mundo que o rodeia dificilmente poderia ser mais negra. E, quando o seu caminho se cruza com um Tecnal capaz de lhe dar respostas que ele não tem, o ponto de não retorno torna-se cada vez mais próximo. Terá de escolher entre continuar a fazer perguntas perigosas ou viver tranquilamente o tempo que lhe resta. Mas há olhos e esperanças postos nele - alguns deles mais antigos do que qualquer humano normal.
Deixem-me pôr as coisas da maneira mais simples possível: há muito, mesmo muito, de bom para descobrir neste livro. O cenário, o contexto, as importantíssimas questões que evoca. A força das personagens, as emoções, a forma como descobrem aquilo que realmente importa. A escrita, que abre uma imensa porta para dentro da cabeça das personagens centrais. E um regresso a um mundo... diferente... mas familiar quanto baste para quem leu a trilogia Nocturnus.
E, com tudo isto tão presente, por onde devo começar? Ah, sim. Por Filipe, claro. É que há algo de incrivelmente fascinante num protagonista que, endurecido pela profissão e pelo mundo em que vive, revela desde muito cedo ter o coração no sítio certo (ainda que esteja disposto a tudo para impedir que alguém descubra). Enquanto protagonista, Filipe é uma figura interessantíssima. Tem valores, mas também vulnerabilidades. É carismático, mas tão falível como qualquer outro na sua posição. Sabe o que está certo, mas duvida face ao peso da multidão. É humano, portanto, em toda a sua complexidade. E isso torna-o fascinante.
Mas Filipe não é a única personagem carismática nesta história. Se é certo que se pode considerar ser ele o protagonista, há outras figuras igualmente relevantes - e interessantes - a surgir ao longo do enredo. Destas, destacam-se, claro, Tauro e Helena, não só pelo papel que desempenham, mas principalmente pela mesma caracterização intensa e profundamente humana com que são apresentados. Helena, que, sob a imagem da assassina contratada, esconde uma história tão complexa como a sua capacidade de amar. E Tauro, o Tecnal sorridente, mas secretamente atormentado pelas memórias que não tem.
Destas três figuras centrais, e de várias outras igualmente cativantes, surge uma história que nunca deixa de surpreender, seja pelas descobertas que vão pautando o percurso de Filipe, seja pelo impacto dessas revelações no contexto global, seja ainda pela intensidade emocional que se pode encontrar tanto nos grandes momentos como nas pequenas coisas. Há momentos de tensão, de mistério, laivos de humor e episódios de partir o coração. E uma intensidade tão pura, tão marcante, tão bem construída, que as dúvidas e os dilemas das personagens perante o mundo em que se movem facilmente se transportam para a mente de quem as segue.
Mas falemos ainda de escrita e da forma como um pensamento especialmente certeiro ou a maneira de descrever um simples gesto transmitem toda a emoção de um momento. É fácil, absurdamente fácil, entrar na cabeça das personagens, principalmente de Filipe. E isto porque o autor dá uma tal força aos seus pensamentos que é apenas natural encontrar os pontos comuns, entrar na pele de um homem em movimento num mundo quase destruído... e reconhecer-lhe o valor quando ele encontra a escolha certa no momento em que tem tão pouco a perder.
Intenso, intrigante, misterioso. E emotivo, para além de tudo o que esperava. É, pois, esta a imagem que fica destas Cinzas de um Novo Mundo: a de uma viagem a um futuro tenebroso, mas onde sempre, e apesar de tudo, ainda há heróis. Brilhante.

Autor: Rafael Loureiro
Origem: Recebido para crítica

Para mais informações sobre o livro Cinzas de um Novo Mundo, clique aqui.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Divulgação: Novidade Casa das Letras

Os Tambores de Outono tem início na Escócia, num ancestral círculo de pedras de Craig na Dun. Ali, uma porta abre-se para um grupo restrito, podendo levá-los para o passado – ou para a sepultura. Claire Randall sobreviveu à passagem, não uma mas duas vezes.
A sua primeira viagem no tempo levou-a para os braços de Jamie Fraser, um bravo guerreiro escocês do século xviii que tinha por ela um amor que se tornou lenda – um conto trágico de paixão que teve o seu fim quando Claire voltou ao presente carregando no ventre uma filha dele. A sua segunda viagem, duas décadas depois, voltou a uni-los na América colonial.
Mas Claire deixou alguém para trás no século XX… a sua filha Brianna. Agora Brianna faz uma perturbadora descoberta que volta a levá-la para o círculo de pedras e para um aterrador salto para o desconhecido. Na busca da mãe e do pai que nunca conheceu, arrisca o seu próprio futuro ao tentar mudar a história… para salvar as suas vidas. Mas quando Brianna mergulha no desconhecido, um encontro inesperado pode amarrá-la para sempre no passado… ou levá-la para o lugar onde deveria estar, onde pertence o seu coração…

Diana Gabaldon é uma escritora americana de ascendência mexicana e inglesa. Licenciada em Zoologia, mestre em Biologia Marinha e doutorada em Ecologia, foi professora universitária durante 12 anos, mas acabou por ser a escrita a conquistá-la. Gabaldon vive em Scottsdale, Arizona, com a família e dedica-se exclusivamente a escrever a sua série de sucesso Outlander, publicada em 26 países e 23 línguas.
A série está a ser adaptada à televisão por Ronald D. Moore e encontra-se em exibição, no nosso país, no canal TV Series.

terça-feira, 19 de julho de 2016

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão (Martha Batalha)

Pouco depois de a irmã fugir de casa dos pais, Eurídice casou. Não se sabe se por paixão passageira ou se por simples pragmatismo. O que é certo é que, desde o seu casamento, Eurídice aprendeu a ser a mulher perfeita para Antenor, dedicada apenas ao marido e aos filhos. Ou... quase. É que Eurídice tem uma inteligência acima da média e, por isso, precisa de um projecto capaz de a realizar. E, quando os tempos (e a mentalidade do marido) objectam a essa realização, a apatia torna-se na única resposta. Isso e as memórias de um passado que, de forma inesperada, persiste em voltar...
De tudo o que este livro tem de memorável, e é bastante, há um aspecto que, desde logo, sobressai: a capacidade da autora de resumir ao essencial a caracterização de personagens, época e ambiente em que tudo decorre, sem por isso deixar nada por dizer. Poder-se-ia definir este livro como uma saga familiar, em que vidas inteiras vão sendo tecidas e entretecidas. E, no entanto, pouco passa das duzentas páginas. Duzentas páginas em que tudo o que é importante é dito e nada de irrelevante tem lugar.
Ora, se tudo na escrita tem a medida certa, e isto é, desde logo um ponto forte, há ainda um outro traço da escrita que importa referir. É que a forma como a autora conta a história das suas personagens, de modo tão intimista e, ao mesmo tempo, tão imparcial na forma como observa as suas vidas, facilmente cativa e nunca deixa de surpreender. É como se as almas e corações dessas personagens estivem expostas - não em palavras nem em juramentos, mas em puras e simples acções.
Depois, há a história e a forma como as vidas das personagens retratam de forma tão certeira os tempos e as mentalidades em que se movem. Eurídice, tão inteligente e com tantos sonhos, reduzida ao papel de esposa perfeita, alvo dos (eternos) mexericos da vizinhança, mas incapaz de encontrar a realização de que precisa. Guida, o aparente oposto da irmã, mas destinada a um percurso de descoberta em que a verdade é muito mais dura do que quaisquer aspirações românticas. E outros que, ao longo da jornada, se introduzem nas suas vidas para as alterar, para o bem ou para o mal. Tudo é relevante. Tudo é interessante. E é fácil sentir e sofrer e sonhar com estas personagens, até àquele último ponto de passagem em que o resto... fica nas asas da imaginação.
Nem todos os livros precisam de ser grandes para ser complexos. E muito menos precisam de ser difíceis de ler. A prova disso está neste livro que, tão sucinto quanto memorável e cativante do início ao fim, retrata de forma precisa e equilibrada as infinitas complexidades da vida. Muito bom.

Autora: Martha Batalha
Origem: Recebido para crítica

domingo, 17 de julho de 2016

Naquela Ilha (Ana Simão)

Dizem que aquela ilha é o paraíso na Terra e que o resto, o mundo, é impuro e corrompido. E, por isso, os berlengueiros vivem de forma diferente, mais simples, mais pura. Giovana não vive na ilha, mas é berlengueira de coração. E está prestes a encontrar um novo motivo para amar aquele lugar tão especial. Tudo começa com uma voz, a de um homem que lhe salvou a vida e que vem a descobrir ser o novo faroleiro. É também um homem muito mais velho, mas isso não é impedimento para os sentimentos fortes que começam a nascer. Mas, num meio tão fechado como o da pequena ilha, tudo se diz e ainda mais se inventa. E pode não chegar a beleza de um paraíso terreno para apagar as feridas do ciúme e da dúvida.
Ao mesmo tempo história de um amor sem idades e retrato das peculiaridades da vida nos meios mais fechados, este é um livro que começa por despertar alguma confusão, para depois, aos poucos, ir revelando a sua força. No início, a alternância de pontos de vista entre os dois protagonistas e entre primeira e terceira pessoa, bem como a escrita que, ora descreve lugares, ora acções, ora pensamentos pessoais, exige um pequeno esforço de assimilação. Até que, depois, passada a confusão inicial, as emoções ganham vida.
Sendo, no essencial, uma história de amor (com todos os ímpetos e mal-entendidos que lhe estão associados), este é um livro que vive muito dos sentimentos. Assim, é nos momentos mais emotivos que se encontra a sua grande força: os momentos de paixão, as barreiras que se erguem entre os dois amantes, o que os move à união ou à distância... Há algo de cativante em tudo isto e, mesmo nos momentos mais previsíveis, a envolvência do enredo é preservada pela emoção. 
Mas, mais do que aquilo que une - ou separa - as personagens, é a forma como esta história pessoal se entrelaça na outra, a das gentes da ilha, que dá origem aos momentos mais interessantes do enredo. É que a forma como os habitantes da ilha falam dos protagonistas, a maneira como interferem no seu percurso, torna-se, por vezes, determinante no que se seguirá. E se é inevitável uma certa frustração ante viragens facilmente evitáveis com uma simples conversa, também é certo que às vezes é mais fácil acreditar naquilo que é dito. E, num meio pequeno, em que todos sabem (ou pensam saber) tudo sobre todos, a interferência é quase inevitável.
E tudo se encaminha para um final que, mesmo não sendo propriamente inesperado (ou não houvesse, desde o início, uma premonição bem presente), não deixa, ainda assim, de ser muito marcante. Um fim em que nem tudo se resolve - nem para os protagonistas, nem para alguns outros intervenientes - mas onde fica uma base de esperança (e o toque perfeito de justiça poética) a deixar o resto à imaginação do leitor.
Cativante e emotivo, trata-se, pois, de um livro em que amor e emoção são figuras centrais. E em que a paixão de uns e a forma de a ver por parte de outros reforçam, acima de tudo, duas ideias: primeiro, que o amor não tem idade; e, segundo, que não compete a ninguém julgar. Interessante e agradável, uma boa leitura.

Título: Naquela Ilha
Autora: Ana Simão
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Poptropica - O Mistério do Mapa (Jack Chabert e Kory Merritt)

Mya, Oliver e Jorge estão a desfrutar de um agradável passeio de balão, quando uma súbita tempestade - e um comportamento algo estranho do comandante - faz com que se despenhem numa ilha desconhecida. Sem qualquer ideia de onde possam estar, o único propósito dos amigos é encontrar uma forma de voltar a casa. Mas há algo de muito estranho naquela ilha. Espécies extintas, povos há muito desaparecidos... e um mapa que responde a perguntas? Além disso, Octavian levou-os para a ilha por um motivo. E os três amigos precisam de o encontrar - antes que desapareça!
Nitidamente pensado para um público jovem, mas igualmente cativante para os mais crescidos, esta breve e interessante aventura tem, na verdade, muito de cativante. A começar, desde logo, pelo aspecto visual. Numa história que é contada tanto pelos diálogos como pelo que está a acontecer às personagens, a forma como cada acontecimento é desenhado torna-se particularmente relevante, e é interessante notar como, a partir das expressões das personagens e da forma como cada momento é retratado, é fácil deduzir o que os diálogos não dizem.
Depois há a história em si, que, apesar de deixar várias perguntas em aberto (entre as quais, as motivações de Octavian), nunca deixa de surpreender. Primeiro, pelo inesperado das circunstâncias, claro, mas principalmente, pelas interacções entre os três amigos, que, sempre inesperadas e divertidas, conferem à sua missão uma estranha e agradável leveza. Além disso, as muitas peculiaridades da ilha - dodós, víquingues, mapas falantes - proporcionam muitos momentos engraçados.
Não há grandes elaborações no rumo da história. É tudo muito simples e directo, o que, para leitores mais crescidos, pode deixar uma certa sensação de insatisfação. Ainda assim, o registo leve e divertido compensa os possíveis aspectos deixados por explorar. E quanto às perguntas sem resposta... bem, a história continua, por isso haverá, de certeza, novas respostas à espera no futuro.
É um livro simples, no fundo, e em que não é muito difícil adivinhar a linha geral da história. Mas, às vezes, as melhores surpresas estão nas pequenas coisas. E, ao longo da aventura destes três amigos, são muitas as pequenas surpresas - frases inesperadas, momentos engraçados, imagens particularmente certeiras - a cativar. A soma das partes é, pois, uma boa leitura. Para os mais novos... e não só.

Título: Poptropica - O Mistério do Mapa
Autores: Jack Chabert e Kory Merritt
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Topseller

Dois povos inimigos.
Uma guerra iminente.
Uma atração proibida.

Kestrel, jovem filha do poderoso general de Valoria, tem apenas duas opções: alistar-se no exército ou casar-se. Ela tem, no entanto, outras aspirações e procura libertar-se do seu destino, rebelando-se contra o pai.
 Num passeio clandestino pela cidade, Kestrel vai parar a um leilão de escravos, onde se depara com um jovem, Arin, que parece querer desafiar o mundo inteiro sozinho. Num impulso, ela acaba por comprá-lo — por um preço tão alto, que a torna alvo de mexericos na sociedade.
Arin pertence ao povo de Herrani, conquistado dez anos antes pelos Valorianos. Além de ser um ferreiro exímio, revela-se também um cantor extraordinário, despertando a curiosidade de Kestrel. Arin, contudo, tem um segredo, e Kestrel não tardará a descobrir que o preço que pagou por ele poderá custar muito mais do que aquilo que alguma vez imaginara.

Marie Rutkoski é autora de diversos livros, bestsellers do New York Times. Frequentou a Universidade do Iowa, viveu em Moscovo e em Praga, e estudou Shakespeare na Universidade de Harvard.
Atualmente é professora de Literatura Inglesa no Brooklyn College. 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Acasos Felizes (Suzanne Nelson)

Dalya sempre acreditou que o seu destino era seguir as pisadas do pai e fazer sapatos em que as pessoas se sentissem confortáveis. Mas tudo muda naquela noite em que os nazis aparecem para os levar. Obrigada a deixar tudo para trás, incluindo o par de sapatos que tinha feito para o seu futuro casamento, Dalya perde em Sachsenhausen o que de mais importante lhe restava: a família. Eles estão mortos. Ela não. E essa será uma culpa que terá de carregar a vida inteira. Mas os seus sapatos, esses, estão destinados a cruzar outros caminhos. E, pelos pés de Ray e de Pinny, duas órfãs em fuga para Nova Iorque, as respostas que Dalya nunca conseguiu encontrar podem ir finalmente bater-lhe à porta...
História de acasos e de coincidências, e de como estas podem mudar o rumo de toda uma vida, este é um livro que cativa desde muito cedo e que não deixa de surpreender até ao fim. Porquê? Porque nos abre as portas para um momento tenebroso da história do mundo, para depois nos levar de viagem pela ternura e pelo sofrimento, pela amargura e pela inocência, pelos pontos mais negros da vida e pelos sonhos que nos mantêm de pé. Através das várias personagens que vão surgindo nesta história, e da forma como os seus percursos se entretecem, a autora olha para um mundo de uma forma tão completa como equilibrada. E isso - esse equilíbrio entre horror e ternura, entre mágoa e amor, entre bem e mal, mas sem uma linha inviolável a defini-los - é algo de profundamente comovente.
A história centra-se essencialmente em três personagens - Dalya, Ray e Pinny, ainda que haja outras cuja presença se torna especialmente relevante. Em comum, têm o tal par de sapatos que Dalya deixou para trás antes de tudo se desmoronar. Mas a forma como estas histórias se entrelaçam, de forma discreta, no início, mas com ramificações que se vão revelando a cada nova reviravolta, é toda ela cheia de surpresas. As ligações que unem as várias histórias nunca deixam de surpreender. Mas, mais do que isso, conjugam vários percursos pessoais e, do cruzamento entre eles, fazem surgir grandes lições. Ray, Pinny e Dalya, diferentes como são em percurso e personalidade, têm algo em comum, além do tal par de sapatos: a forma como descobrem a vida ao ritmo das experiências que vão vivendo.
E é fácil sentir com as personagens. Nos momentos de alegria, nos de frustração, nas grandes tragédias das suas vidas, na descoberta de uma ternura que já julgavam morta. Na forma como se vêem, na forma como o mundo as vê... Há tantas descobertas na jornada destas personagens, e tanta emoção, que é muito difícil ficar indiferente. E, se é certo que ficam algumas questões em aberto, também o é que essa sensação de possibilidade, de poder imaginar a felicidade a seguir, acaba por ser a mais adequada das conclusões.
Marcante, enternecedor, surpreendente... Qualquer destas palavras (ou a conjugação das três) seria uma boa forma de descrever este Acasos Felizes. Mas é, acima de tudo, uma viagem. Pelo tempo, pela juventude, pelas emoções. E uma viagem em que é fácil sentir e crescer com as personagens e, pelo caminho, ver um pouco melhor o que realmente importa. É, pois, um livro que fala ao coração. E isso é mais do que suficiente para que valha muito, muito a pena. Recomendo.

Título: Acasos Felizes
Autora: Suzanne Nelson
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Divulgação: Novidade Elsinore

Nova Iorque. A capital do século XX. A cidade inspiradora, que seduz, onde todos observam, onde todos estão atentos ao que irá acontecer a seguir.
1967. Robert Mapplethorpe sabe que é artista. Na sua casa de infância, em Queens, anseia pelo calor, pela excitação da cidade, pelos corpos de outras pessoas. Quer ser visto, quer ser célebre.
1891. Walt Whitman já é famoso. Acomodou-se a uma forma de velhice muito sua. Ainda inocente, ainda deslumbrado, viaja com o seu amigo e biógrafo Bucke para a cidade que sempre amou, palco dos seus grandes triunfos e rejeições.
1922. Robert Moses é um homem com uma ideia em mente. Observando à distância a silhueta de Manhattan, antecipa o futuro da cidade. É ele quem vai construir a Nova Iorque moderna.
2013. Edmund White está de regresso à cidade da sua juventude, da sua vida e das suas paixões. No quarto de hotel, recorda com prazer os dias lascivos e as noites de euforia do passado. Mas, entretanto, passaram os anos, cumpriu-se o volver do tempo...
Este é um romance em forma de carta de amor a Nova Iorque, escrito a partir das vidas dos homens e das mulheres que a fazem - as suas vozes e obras de arte são urdidas com tal sensibilidade por Megan Bradbury, que a cidade se eleva das páginas do livro perante os nossos olhos: complexa, tentadora, sempre mutável.

Megan Bradbury nasceu nos Estados Unidos da América e cresceu no Reino Unido. Licenciou-se em 2005 na University of East Anglia, especializando-se em escrita criativa. Em 2013, recebeu o prémio Escalator Literature pela Writers’ Centre Norwich e uma bolsa de criação artística, com a qual financiou a escrita de Onde Todos Observam, o seu romance de estreia.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Paixão pela Vida (Osho)

Em Assim Falava Zaratustra, Nietzsche trouxe de novo à vida um pensador esquecido por muitos - mas as suas ideias foram usadas com fins tenebrosos. E, no entanto, aos olhos do autor, Zaratustra será provavelmente a mente mais brilhante de todos os tempos. Porquê? Porque, contrariamente a muitos outros líderes, instituições e religiões, defende a paixão pela vida e não a sua renúncia. Ao longo deste livro, Osho percorre vários excertos do texto e interpreta-os. E, nessa interpretação, as ideias mais importantes são realçadas... ao mesmo tempo que se vincam as posições do próprio autor.
Sendo a obra de Nietzsche tão complexa e, muitas vezes, tão mal interpretada, uma nova visão dos seus textos mais conhecidos é, desde logo, uma ideia apelativa. Junte-se a isto que o intérprete é um famoso místico e o potencial de descoberta de novas e interessantes ideias parece ser bastante vasto. Assim, as expectativas para esta leitura eram, desde o princípio, muito elevadas. Já a concretização, essa, deixa sentimentos contraditórios. Mas vamos por partes.
Uma das primeiras coisas a surpreender neste livro, e talvez a mais interessante, é que, apesar de ser um místico, o autor aborda tanto a obra de Nietzsche como a vida em geral de uma perspectiva profundamente anti-religiosa, descartando à partida toda a crença. Ora, sendo as palavras de Zaratustra, tal como o autor as vê, toda uma expressão de paixão pela vida, as comparações entre a renúncia e o sacrifício pregados pelas várias religiões e a vivência da vida como única divindade criam, sem dúvida alguma, umas quantas ideias interessantes. E, contudo, ao longo do texto, o autor recorrer muitas vezes aos exemplos de Jesus, de Gautama Buda ou de outras figuras centrais das grandes religiões para dar vida aos seus exemplos. Ora, isto cria sentimentos ambíguos: por um lado, as ideias evocadas têm um certo potencial - o valor da dança, do riso, da alegria. Por outro, parece haver uma certa contradição no recurso aos mesmos exemplos que nega.
Mas, mais que as ideias ou a interpretação geral que o autor faz do texto de Nietzsche, é nas suas próprias posições que tudo se confunde. É difícil imaginar que a mesma mente que valoriza a paixão pela vida, o riso, a dança, a alegria, o amor, seja a mesma que faz a apologia da guerra, que toma uma posição terminante contra a homossexualidade, chegando a dizer de quem o contraria que "devem ser todos homossexuais", que julga grande parte do mundo como pertencendo a uma "plebe" que, por estar a um nível inferior de consciência, nunca o poderá perceber e que assume todas as opiniões contrárias como pertencentes a esse mesmo nível inferior. Torna-se difícil ver o que há de bom - e, há-o, de facto, ao longo deste livro - quando, ao longo do texto, se sente uma tal atitude de superioridade desmedida. E, ao valor de algumas ideias, sobressai a revolta para com outras, e uma sensação geral de irritação. Pois, se o autor vê o leitor como inferior, de que vale o esforço?
Não é tempo perdido esta leitura. Não, de todo. Há, de facto, ideias relevantes e o facto de se ficar a conhecer um pouco melhor a obra de Nietzsche bastaria para que a leitura valesse a pena. Ainda assim, fica esta imensa contradição de alguém que defende a paixão para vida... expressando tão pouco apreço por grande parte dos vivos. 

Título: Paixão pela Vida
Autor: Osho
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Planeta

A jornada de Mia Saunders, acompanhante por força das circunstâncias, continua neste segundo volume de A Rapariga do Calendário! Nos três meses que se seguem, Mia viaja para Boston, Oahu e Washington DC.
Em Abril, faz-se passar pela namorada do mulherengo Mason Murphy, um jogador de basebol profissional que precisa de melhorar a sua imagem, e acaba por descobrir que ele não é exactamente aquilo de que estava à espera.
Maio encontra Mia a incendiar o sangue de Tai Niko, modelo fotográfico e intérprete da dança do fogo samoano, enquanto participa numa campanha publicitária que tem como objectivo demonstrar que a beleza não é uma questão de tamanho.
Em Junho, a missão de Mia é servir de enfeite de braço a Warren Shipley, membro do grupo conhecido como Um por Cento. Enquanto finge ser uma caçadora de fortunas, descobre que Warren tem de facto um coração de ouro. Pena é que o atraente filho, Aaron, senador pela Califórnia, não seja em nada parecido com o pai.


domingo, 10 de julho de 2016

Os Conjurados de 1640 (Charles-Philippe d’Orléans)

Vivem-se tempos de mudança e há perigos à espreita em todos os cantos do reino. O domínio filipino tem-se tornado cada vez mais pesados e os descontentes são cada vez mais e mais determinados. E é com eles que se cruza o caminho de João Bocarro, cristão-novo que, em terras de Espanha, estabelece, quase por coincidência, os primeiros contactos que o levarão a assumir um papel de destaque na conjura. João não é um homem de grandes ambições - espera apenas voltar, casar com a mulher que ama desde criança e fazer o que puder pelo seu povo. Mas o reencontro com um velho rival traz consequências imprevistas. E o que eram, até então, motivos patrióticos ganham contornos de vingança pessoal. Vingança essa que poderá ter de esperar, mas não será esquecida.
Situado em plena conjura para a restauração da independência, este é um livro em que um dos primeiros pontos a chamar a atenção é a forma como o autor conjuga a história pessoal do seu protagonista com um contexto global em que é vasta a teia das forças em movimento. João é, de facto, o protagonista e a sua história - desde o regresso a Lisboa aos derradeiros actos da sua vingança - parece ser o cerne de grande parte do enredo. Mas outras figuras emergem e o contexto em que se movem (bem como o que de facto os move) acabam por ganhar também especial relevância.
Ora, este equilíbrio implica um grande ponto forte e um pequeno ponto fraco. O ponto forte é que torna a história muito mais vasta, permitindo, ao mesmo tempo que se acompanha o percurso de João, conhecer outras figuras relevantes, assimilar partes importantes do contexto histórico e ver, enfim, a conjura a ganhar vida. O ponto fraco é que, com tanto para explorar, há algumas coisas que parecem acontecer demasiado depressa, deixando uma leve impressão de curiosidade insatisfeita (principalmente no que diz respeito a Isabel, por um lado, e às movimentações de Miguel de Vasconcelos, pelo outro).
É verdade que ficam algumas perguntas sem resposta e espaços no enredo que poderiam ter sido mais desenvolvidos. Ainda assim, não se perde assim tanto na envolvência no enredo. Para isso contribui também o estilo de escrita, que, apesar de bastante descritivo, nunca deixa de cativar e que, nalguns dos momentos mais intensos, ganha uma profundidade tão surpreendente que as cenas - e imagens mentais do protagonista, nalguns casos - quase se tornam visíveis.
A impressão que fica é, pois, a de um livro que é, ao mesmo tempo, a jornada pessoal de um protagonista e uma viagem através da História, numa narrativa em que ambas as facetas se vão cruzando num equilíbrio delicado e envolvente. Uma boa história, portanto, e uma boa leitura.

Título: Os Conjurados de 1640
Autor: Charles-Philippe d’Orléans
Origem: Recebido para crítica

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Divulgação: Novidade Porto Editora

«Lembra-se de mim?», interroga, do outro lado da linha, a voz que arranca Patrick Kenzie do sono profundo. Uma voz feminina e uma frase em jeito de ameaça: «Encontrou-a uma vez. Volte a encontrá-la. Deve-me isso.» 
No dia seguinte, eis que ela surge de novo, no cimo das escadas do metro. Um rosto marcado pelo tempo e pela mão severa do destino. Um rosto que Kenzie não esperava rever. 
Há doze anos aquela mulher pedira-lhe que encontrasse a sobrinha Amanda, de quatro anos, que desaparecera. Os detectives privados Kenzie e Angie Gennaro tiveram sucesso, mas o caso deixou-lhes um amargo de boca: a menina foi devolvida aos cuidados de uma mãe negligente e alcoólica; e os raptores que, afinal, não queriam mais do que entregá-la a uma família que cuidasse bem dela, foram sentenciados a duras penas de prisão. 
Por isso agora que Amanda, com dezasseis anos, desapareceu novamente, Kenzie sente-se obrigado a investigar. Mais a mais porque também ele sabe o que é ter uma filha e o que um pai está disposto a fazer para a ver feliz. A sua investigação será o começo de uma viagem ao coração de um mercado sombrio, onde se traficam identidades e adopções. Um mundo onde o bem pode assumir os contornos do mal, e o mal camuflar-se de bem. Um precipício do qual é melhor não nos aproximarmos muito.

Dennis Lehane nasceu e foi criado em Dorchester, Massachusetts.
Antes de se dedicar à escrita a tempo inteiro, trabalhou com crianças com deficiências mentais e vítimas de abusos, foi empregado de mesa, motorista de limusinas, livreiro e carregador. Várias vezes premiadas e traduzidas em 22 línguas, algumas das suas obras foram também adaptadas ao cinema em filmes de grande êxito junto do público e da crítica, como Mystic River, Shutter Island e Gone, Baby, Gone.

Masha e o Urso - Brinca Comigo! (O. Kuzovkov)

Irrequieta em todos os momentos, Masha tem uma só coisa que procura incessantemente: um companheiro de brincadeiras. Mas, com todos os animais ocupados a armazenar provisões para o Inverno, ninguém tem tempo para brincar com ela, por isso, decide fazer uma visita ao seu amigo Urso. Ora, Urso também se está a preparar para o Inverno e só quer um bocadinho de sossego. Mas Macha quer brincar a todo o custo e só vai parar quieta quando as energias se lhe esgotarem.
Se viram o que escrevi por cá sobre o anterior Como Tudo Começou, então não há nada de muito novo para descobrir nesta opinião, pois as características dos dois livros são em tudo comuns. Mais uma vez, a história é simples e inocente, com a brevidade da história a seguir basicamente a mesma premissa. E, sim, é verdade que também na história não há nada de muito novo - é, mais uma vez, Macha à procura de alguém com quem brincar. Ainda assim, há algo de refrescante neste regresso às mesmas personagens - e à inocência que evocam em quem as lê já tendo passado há muito esses tempos.
Mais uma vez, é a amizade - e a paciência que, por vezes, esta exige - o cerne da história. E, mesmo conhecendo à partida o rumo das coisas e sabendo que a realidade é muito mais complexa do que estas histórias simples, é fácil imaginar esta pequena história vista por um olhar mais inocente. Uma criança que quer brincar, que faz amigos entre todo o tipo de animais, que tem uma energia aparentemente inesgotável até que, subitamente... adormece. É tudo muito simples, tudo muito claro. E, talvez por isso mesmo, há algo de enternecedor em revisitar estes pequenos bocadinhos de infância.
Não será propriamente uma grande surpresa - não para quem já passou da idade do público alvo destes livros. Mas há, ainda assim, algo de cativante nestas histórias e na inocência que delas transborda. Será, certamente, uma leitura mais interessante para uma criança. Mas não deixa de ser uma boa forma de passar um bocadinho a ler. E, às vezes, é mesmo só isso que é preciso.

Título: Masha e o Urso - Brinca Comigo!
Autor: O. Kuzovkov
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Victor e Macha (Alona Kimhi)

São jovens, mas há muito conhecem as dificuldades da vida. Intempestivos,não se reconhecem no papel que lhes está reservado e vêem o seu novo país como um mar de possibilidades e tribulações. Com pouco mais de um ano de diferença, Victor e Macha vivem o laço que os une enquanto irmãos com tanta fúria quanto amor nos corações. E sabem, ainda que não queiram admitir, que, por mais relações que criem com os que os rodeiam, haverá sempre uma cortina a separá-los do mundo. No seu novo país, Israel, tudo parece transbordar de aceitação e tolerância. Mas a verdade não é assim tão simples...
Algo que desde muito cedo se torna claro neste Victor e Macha é que a leitura nunca será nem leve nem fácil. E por duas razões. Primeiro, pela complexidade do próprio enredo, em que laços e acontecimentos com tanto de afectuoso como de disfuncional se cruzam numa teia elaborada. E segundo, porque também a escrita, que percorre amplamente os pensamentos e emoções das personagens exige concentração para que nenhum dos detalhes escape. Ora, nada disto retira envolvência à narrativa. Muito pelo contrário. A complexidade de personagens, contexto e acontecimentos apenas torna mais interessante a descoberta do mundo que nos é revelado. Mas, para assimilar por inteiro a dimensão da história, são necessários tempo e concentração.
Dito isto, são vários os pontos de interesse neste livro. A escrita, desde logo, que, mesmo nos momentos mais descritivos, tem uma agradável fluidez, mas também a forma como a relação entre os protagonistas vão sendo construída - moldada, derrubada, reerguida - através de todos os acontecimentos. Victor e Macha são jovens à descoberta de si mesmos e a verdade é que, apesar de tudo o que os rodeia, o cerne da narrativa é o seu processo de crescimento. E este processo, que é feito em simultâneo da relação entre os dois e da forma como interagem com o resto do mundo, tem tanto de inocente como de disfuncional.
O que me leva à faceta mais estranha (e, talvez, mais fascinante) deste livro: a construção das personagens. A verdade é que não há, ao longo da história, nenhuma personagem que desperte empatia incondicional. A maior parte do tempo, aliás, acontece precisamente o contrário. Mas depois há momentos em que tudo parece mudar, em que um laivo de inocência, ou de afecto, ou de coragem, aflora à superfície. E, nesse momento, a verdadeira natureza das personagens assume-se na sua verdadeira complexidade. Ninguém é só um acto ou uma atitude. E a forma como isso transparece de um conjunto de personagens em que os defeitos são muitas vezes mais vincados que as qualidades é algo de estranhamente fascinante.
É um livro exigente, sim. E não o é apenas pela complexidade da narrativa, mas também pela dureza do seu estranho equilíbrio entre inocência e crueldade. Mas é isso, afinal, esse equilíbrio de um todo que ultrapassa a soma das partes, em que tudo é mais complexo do que parece e, apesar disso, tudo faz sentido, que faz com que esta leitura valha a pena. Porque é possível odiar as personagens. Mas, mesmo assim, há algo de terno na sua história. E tudo isto a torna memorável.

Título: Victor e Macha
Autora: Alona Kimhi
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Topseller

Abandonada à porta de um casal milionário e influente quando era apenas um bebé, Arial Rochester cresceu num mundo cheio de privilégios, sem qualquer ligação à sua família biológica ou ao seu passado.
Algo único diferenciava-a das pessoas que conhecia, e também a isolava: o poder psíquico que possuía e do qual ninguém, além dos pais adoptivos, tinha conhecimento. Embora solitária, Arial tinha uma vida calma e feliz até os seus pais adoptivos desaparecerem e Beau Devereaux entrar na sua vida.
Contratado por Arial, Beau é surpreendido pelo desejo avassalador que sente pela sua cliente. O que começa como um simples trabalho de segurança, rapidamente se transforma em algo pessoal, e Beau descobre que está disposto a tudo para a proteger. Mesmo que isso lhe custe a própria vida.

Maya Banks é uma autora norte-americana que conta com mais de cinquenta livros publicados ao longo da sua carreira.
Os seus livros têm sido presença constante nas listas de bestsellers do New York Times e do USA Today, mantendo-se nos tops de vendas durante semanas consecutivas.
Depois de Protege-me, Salva-me é o segundo volume de Slow Burn, a nova série da autora.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Dicionário de Palavras Supimpas (José Alfredo Neto)

Dicionários há muitos. Grandes, pequenos, assim-assim, mais ou menos completos e mais ou menos úteis consoante o uso que se lhes pretende dar. Mas o que dizer de um dicionário que tem como critério fundamental para a inclusão de uma palavra o facto de ela ser - muito, pouco ou nada - supimpa? É essa a ideia na base deste pequeno, mas fascinante dicionário, em que todas as palavras encontram uma definição peculiar e... sim, tão supimpa como a própria palavra que se pretende definir.
Antes de qualquer comentário adicional ao conteúdo (ou à forma) deste livro, há uma coisa que é imperativo dizer: desengane-se quem espera que este livro seja um dicionário normal. Não é disso que se trata - nem parece ser esse o objectivo. Aqui, não há definições objectivas centradas no significado das palavras ou dos seus respectivos sinónimos, mas antes uma perspectiva mais invulgar. Por vezes, o dito significado passa para um segundo plano ou prima até pela ausência, dando lugar a considerandos mais peculiares.
Para que serve, então? Primeiro, para enriquecer o vocabulário. Sim, nem todos os significados são claros à primeira vista, mas, na pior das hipóteses desperta-se curiosidade para o saber e, na melhor, fica-se com uma ideia bem mais nítida e divertida do conceito. E, acima de tudo, e por falar em diversão, serve para proporcionar uma leitura cativante, surpreendente, deliciosamente divertida - e com a qual se aprende também alguma coisa. As definições poder ser bizarras, peculiares, inesperadas, e o mesmo se pode dizer das observações que as acompanham. Mas há algo de delicioso em tudo isto e a verdade é que este dicionário supimpa (sim, a palavra assenta-lhe como uma luva) lê-se de uma ponta à outra com a mais agradável leveza.
E, a acrescentar a este rol de conceitos invulgares (mas, em muitos casos, surpreendentemente certeiros) há ainda as ocasionais ilustrações, que, além de tornarem o livro mais bonito, acrescentam uma nova perspectiva a algumas das definições mais interessantes.
Supimpa seria, pois, uma boa palavra para descrever este livro, que, reunindo palavras peculiares e dando-lhe uma definição ainda mais peculiar, se assume como uma forma divertida de descobrir várias palavras (infelizmente) pouco utilizadas. Uma bela surpresa, portanto, e um dicionário para ler do início ao fim. 

Título: Dicionário de Palavras Supimpas
Autor: José Alfredo Neto
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Booksmile

A Suzy sempre foi uma rapariga inteligente e curiosa, e sabe coisas que os outros nem imaginam. Ela é capaz de explicar os padrões de sono das formigas. Sabe que há 150 milhões de picadas de medusas todos os anos. Sabe que em todos nós há cerca de 20 mil milhões de átomos shakespearianos. No entanto, não consegue compreender como é que a vida da sua melhor amiga, a Franny, foi interrompida tão repentinamente… sem explicação.
Ao contrário do que todos dizem, a Suzy está convencida de que a explicação para o desaparecimento da Franny está relacionada com a picada de uma espécie de medusa muito especial. Mas a pessoa que pode ajudá-la a provar a sua teoria vive do outro lado do mundo. Ainda assim, isso não demove a Suzy e, enquanto planeia a sua viagem, recolhe-se num mundo de silêncio, onde aprende coisas maravilhosas sobre o universo que a rodeia e as pessoas à sua volta. A Suzy até pode ter os seus próprios planos, mas o universo também lhe reservou algo que vai mudar a sua vida.
Ainda que nem todas as histórias tenham um final feliz, há sempre novas histórias à espera de acontecer, por vezes onde menos esperamos.​

Ali Benjamin cresceu na periferia de Nova Iorque, numa antiga e invulgar casa que os vizinhos achavam estar assombrada. Em criança, passava horas a caçar insectos e sapos. Já em adulta, escreveu para as revistas The Boston Globe Magazine e Martha Stewart’s Whole Living, e para o famoso programa infantil Rua Sésamo.
No Rasto das Medusas, o seu primeiro livro, surgiu precisamente do seu fascínio pelo mundo natural. É um bestseller do New York Times e chegou a finalista do National Book Award e do GoodReads Choice Award. Actualmente, vive num idílico ambiente rural, no Massachusetts, com o marido, dois filhos e um cão.

Divulgação: Novidade Topseller

Durante o dia, Lady Georgiana é conhecida pela aristocracia como a irmã de um duque, rejeitada pela família por ter caído em desgraça com o pior tipo de escândalo possível: ter-se apaixonado por um homem sem título e dele ter tido uma filha. Mas a verdade é muito mais chocante do que isso!
Nos recônditos mais obscuros de Londres, Lady Georgiana é Chase, o misterioso e temido fundador do clube de jogo mais exclusivo da cidade, O Anjo Caído. Circulando disfarçada todas as noites pelo clube, ela conhece os piores segredos das figuras da sociedade e tem-nas na palma da mão. Durante anos a sua dupla identidade nunca foi descoberta… Até agora!
Brilhante, inteligente e irresistível, o jornalista Duncan West está intrigado com esta bela mulher, que descobre estar ligada a um mundo de trevas e pecado. Ele sabe que Georgiana é mais do que aparenta ser e promete descobrir todos os segredos deste «anjo caído», expondo o seu passado, ameaçando o seu presente e pondo em risco tudo o que ela tem de mais valioso. Incluindo o seu coração.

Sarah MacLean nasceu em Rhode Island, na costa leste dos Estados Unidos. Autora bestseller do New York Times e do USA Toda, desde adolescente que desejou ser romancista. O seu amor pela ficção histórica levou-a a formar-se em História da Europa no Smith College, em Massachusetts, e em Ciências da Educação, na Universidade de Harvard. Mudou-se para Nova Iorque para se dedicar à carreira na escrita.
É colunista no Washington Post e venceu duas vezes o Prémio RITA para Melhor Romance Histórico, atribuído pela Associação Americana de Escritores de Romance, com os livros Um Marquês Irresistível e Um Duque Glorioso (Topseller). Publicada em mais de 20 línguas, Sarah MacLean rapidamente conquistou as leitoras portuguesas, tendo o livro Um Marquês Irresistível esgotado rapidamente.

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Carolina tem um plano romanesco para conquistar António, o joalheiro que ela decidiu querer para futuro, legal e legítimo marido. Ele não sabe ainda, mas ela engendrou um original jogo de sedução para que ele a descubra. Carolina nunca diz tudo aos homens, acredita que basta orientá-los, sobretudo aos portugueses, que se habituaram a descobrir tantos caminhos marítimos. E como descendente de navegadores lusos, António vai, de certeza, descobri-la. Carolina é também protagonista na descoberta de um pormenor que mudará para sempre a existência de Kal, outra personagem de Não se Diz Tudo aos Homens. Kal, que é incapaz de se envolver num só conflito, acaba por se apaixonar pelo «homem mais bonito do mundo». Duas mulheres, um joalheiro e o homem mais bonito do mundo: um romance em filigrana. Para mulheres originais, que gostam de se reinventar a cada novo dia. E para os homens fascinados por elas.

Andreia Onofre. Mistura, ora explosiva, ora equilibrada, entre Amélie Poulain e a Uma Thurman de Kill Bill. Mulher-caleidoscópio, 41 anos, vários percursos, ex-jornalista, ex-guionista, ex-realizadora, ancorada no marketing digital e fundadora da rede social para empreendedores wePinch. Mãe cool, companheira cúmplice, e agora, que com putos, sempre à espera de viver, tipo Miss, num mundo melhor.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Divulgação: Novidade Topseller

Todos pensam que ela tem o casamento perfeito.
Só ela sabe que é mentira.
Jillian tem uma carreira sólida, o casamento perfeito, um marido que todas invejam e dois filhos lindos. Ela é um exemplo para todos.
Só que nem tudo é o que parece, e a realidade dela é assustadora. Violência doméstica, desprezo emocional, alcoolismo... A vida de Jill é um filme de terror constante.
Subitamente, o seu pior pesadelo torna-se realidade: num ato de desespero, vê-se obrigada a fugir com os dois filhos, sem dinheiro ou plano de fuga.
Quando o marido a acusa de sequestro, tem início um duelo desigual, em que de um lado está a polícia e agentes federais que procuram os menores raptados, e do outro uma mulher determinada a fazer tudo para proteger aqueles que mais ama.
A única arma de Jillian é a verdade, mas ninguém parece acreditar nela...

Suzanne Redfearn nasceu e cresceu na costa leste dos EUA, tendo-se mudado para a Califórnia com quinze anos. Mora com o seu marido, dois filhos, um cão e um gato. Antes de enveredar pela escrita, Suzanne era arquitecta especialista em espaços residenciais e comerciais.

Divulgação: Novidade Vogais

Uma rainha deveria ser recatada, inspirar respeito e ser modelo de virtude para todas as mulheres do reino. Enquanto princesa, recebia uma educação que a preparasse para servir ao marido e ao Estado. Uma vez esposa do monarca reinante, a sua principal obrigação era prover a coroa de herdeiros varões.
Contudo, algumas soberanas decidiram romper com o padrão de rectidão feminina que lhes fora imposto, adoptando uma nova conduta social, o que implicou uma reavaliação de papéis dentro da própria instituição.
Em Rainhas Trágicas: Quinze Mulheres que Moldaram o Destino da Europa, o historiador Renato Drummond Neto traz ao leitor a vida de 15 soberanas que deixaram a sua marca na História, tais como Ana Bolena, Mary Stuart, Maria Antonieta, Maria I de Portugal ou Carlota Joaquina, e mostra de que forma transcenderam as regras do período em que viveram, pagando, por vezes, um preço demasiado alto. São diferentes perfis de mulher que, apesar de parecerem distintos, se complementam, mostrando, assim, a força e o poder feminino no regime monárquico.

Renato Drummond Neto é historiador, licenciado pela Universidade Estadual de Santa Cruz e mestrando em Memória: Linguagem e Sociedade, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mantém, desde 2012, o site Rainhas Trágicas, dedicado à vida de mulheres célebres que deixaram a sua marca na História, além de colaborar com outras publicações relativas ao tema. Saiba mais em www.rainhastragicas.com.

domingo, 3 de julho de 2016

Dominus (Tom Fox)

Tudo começa com o que parece ser um milagre. Um homem que invade a missa papal, causando reverência a todos os presentes e que ordena ao papa, há muito preso a uma cadeira de rodas, que se levante. E a quem o papa obedece. De imediato, o caos e a especulação tomam posse do mundo. Nos dias seguintes, outros milagres acontecem. Há cegos que voltam a ver e doentes que são curados. Mas estará ainda tudo isso relacionado com a chegada do estranho? Nem todos pensam assim. E quando o jornalista Alexander Trecchio encontra uma das suas possíveis fontes sobre o assunto morta na própria casa, o lado mais negro da situação começa a vir à superfície. Serão estas curas um milagre? Ou a face visível de uma conspiração mais negra?
Com os mesmos protagonistas de Génesis, mas uma história completamente independente, este é um livro que tem, apesar de tudo, muitas características em comum com a sua prequela. A escrita directa, em capítulos relativamente curtos, alia-se à alternância entre várias perspectivas para criar uma história em que há sempre algo para acontecer, ou na iminência disso, mas em que os pensamentos, emoções e motivações das personagens são sempre muito claras. Mas, sendo a conspiração na base desta história muito mais vasta que a de Génesis, esta diversidade de perspectivas acrescenta ainda um outro ponto de interesse, pois é possível ver a construção da teia. O planeamento, as acções levadas a cabo e, do outro lado, as dúvidas e suspeitas que se lhe opõem.
Ora, este tecer da intriga faz com que o livro arranque a um ritmo mais pausado, ainda que sempre intrigante, passando depois a um crescendo de acção, no momento em que, tornadas claras as motivações e os planos, a acção é posta em marcha e o embate final se aproxima. Claro, há sempre momentos de perigo e de mistério espalhados ao longo de todo o enredo. Mas a forma como tudo converge para um final tão intenso e algo de especialmente cativante.
E, se é verdade que o enredo se centra sobretudo na história de uma conspiração, há, ainda assim, outras facetas que, de forma mais discreta, mas igualmente relevante, representam, ainda assim, forças em colisão. Ciência e religião, crença e racionalidade são forças aparentemente opostas que estão sempre bem presentes no decorrer desta história. E, sendo particularmente evidentes, na forma de vida dos dois protagonistas, surgem também, mais discretamente, nos actos e nas motivações de outras personagens. Também isto torna a história mais interessante, pois realça as motivações dos vários intervenientes.
Ficam algumas questões em aberto, não tanto sobre a base do enredo, mas sobre o papel de algumas personagens secundárias no rumo dos acontecimentos. Não são, na verdade, factos essenciais à história, mas, tendo em conta as circunstâncias, seria interessante saber um pouco mais sobre as repercussões do final para personagens como os chefes de Alexander e Gabriella. E quanto à forma como tudo termina para o estranho... Bem, nesse aspecto, a forma como o autor encerra a história, deixando as medidas certas de expectativa e conhecimento, não podia ser mais adequada.
Somadas todas as partes, fica a ideia de uma leitura intensa e cativante, em que, de uma teia de intrigas sobre o racional e o milagroso, emerge uma perspectiva estranhamente fascinante sobre as questões da religião e da fé. Envolvente, de leitura agradável e surpreendente em todos os momentos certos, uma boa história.

Título: Dominus
Autor: Tom Fox
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 1 de julho de 2016

A Rapariga do Calendário - Livro 1 (Audrey Carlan)

Mia Saunders está num beco sem saída. O pai, viciado no jogo, contraiu uma dívida para com um agiota e a incapacidade de a pagar já o deixou em coma e com uma iminente sentença de morte a pairar-lhe sobre a cabeça. Para o salvar, Mia precisa de juntar dinheiro para pagar essa dívida o mais rapidamente possível. E a única hipótese que tem à frente é a de passar um ano a trabalhar como acompanhante, passando um mês com cada cliente e cumprindo o objectivo que eles lhe tiverem definido - sem que, para isso, seja obrigada a ir para a cama com eles, a não ser que queira. Sem alternativas, Mia tem de pôr de lado as dúvidas que uma tal proposta lhe desperta e seguir em frente. Mas o que não sabe é que, além do dinheiro que precisa de ganhar, os seus clientes lhe proporcionarão também grandes lições de vida...
Com uma premissa intrigante e uma escrita que dá a cada acontecimento precisamente a intensidade de que precisa, este é um livro algo inesperado dentro do género. Sim, é um romance erótico e, sim, há várias cenas sensuais ao longo do enredo. Mas a diferença surge, desde logo, pelo facto de o sexo não ser o cerne da história de Mia. Há relações, há contacto físico, há atracção... e também há amizade e amor, numa história em que a parte sexual é apenas um elemento de um todo muito mais vasto.
Além deste muito interessante equilíbrio entre as várias facetas do enredo - o erotismo, a emoção, os pequenos elementos de intriga - , também a construção das personagens contribui em muito para a envolvência da história. Mia é uma protagonista forte, vítima, até certo ponto, das suas circunstâncias, mas decidida a não se deixar derrubar. E a forma como interage com as outras personagens, dos clientes à melhor amiga, passando pela inevitável interacção com o homem a quem tem de pagar, realça bem a força do seu carácter. Mas essa é uma força que se estende também às outras personagens e a forma como a autora constrói a história dos clientes de Mia, proporcionando em cada mês uma nova lição, é também parte do que torna a história tão cativante.
De tudo isto, surgem momentos fascinantes, seja na forma como a autora descreve uma cena erótica, seja nos momentos de maior emotividade (como, por exemplo, o final do mês de Março). E, assim, tudo converge para um belo equilíbrio, em que a base essencial pode ser muito simples, mas em que até o mais pequeno dos pormenores é um ponto de interesse. É também por isso que a história cativa desde o início, não deixa de surpreender até às últimas páginas e promete muito de bom para o que se seguirá.
Intenso, cativante e muito, muito agradável de se ler, trata-se pois de um início muito bom para uma série que promete continuar a surpreender. Uma boa descoberta e um belo ponto de partida, em suma. Recomendo.

Título: A Rapariga do Calendário - Livro 1
Autora: Audrey Carlan
Origem: Recebido para crítica