quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Madame Bovary (Daniel Bardet e Michel Janvier)

Criada num convento e depois transportada para um casamento em que o que julgava ser romance se tornou tédio, Emma Bovary aspira a algo mais além do quotidiano aborrecido. Mas o marido não tem ambições e, movida por um sonho vago, Emma deixa-se levar por paixões proibidas. Procura amor noutros braços, procura conquistá-los para sempre... sem saber que caminha a passos largos para a ruína.
Sendo uma adaptação de um romance muito mais extenso, é inevitável comparar a relativa concisão desta adaptação com o texto mais vasto que lhe serve de base. E é interessante notar que, embora muito mais sucinta e cingida ao essencial, esta história não perde nenhuma da intensidade, apesar de tudo evoluir de forma muito mais rápida.
Outro contraste interessante é, claro, o da parte visual, já que esta versão dá rostos às personagens e cenários às suas experiências. E dá sobretudo expressividade, principalmente no caso de Emma, em que as emoções que tanto causam e tanto movem surgem claramente refletidas nas suas feições.
Claro que, para quem tiver lido o original, a história já é conhecida, o que talvez atenue ligeiramente o impacto desta progressiva caminhada para a ruína. Ainda assim, reencontrar a história, nesta nova versão condensada e nova, salienta não só o percurso da protagonista, mas também a visão da moral e dos costumes que é também parte do seu âmago. E não falta material para reflexão ao longo de todo esse percurso - sobre os costumes da época e também sobre a natureza da sociedade em geral.
Tudo somado, fica, pois, a impressão de um reencontro novo com uma história já conhecida: conciso, mas intenso, cativante e expressivo. Vale a pena conhecer esta adaptação.