Ter conhecido Will Traynor mudou-lhe a vida. Louisa já não é a mesma mulher que pouco conhecia do mundo e sem grandes aspirações na vida. Mas também não é o que esperava ser. Os meses que passaram desde o desaparecimento de Will deixaram-na num limbo entre a pessoa que era antes e aquela em que se devia tornar. E, quando um acidente a leva de volta a casa dos pais, Lou começa a aperceber-se de que o que fez da sua vida está muito longe do que Will teria desejado. Precisa de mudar. Precisa de viver. E, quando um fantasma do passado de Will lhe bate à porta, Louisa percebe que não tem mesmo alternativa. Tem de fazer alguma coisa.
Tendo em conta a forma como terminou a história de Viver Depois de Ti e o facto de este livro ser uma sequela, há inevitavelmente algumas dúvidas no pensamento ao partir para esta leitura. Até que ponto faz sentido continuar a história depois daquele final? E será possível construir uma história igualmente cativante quando uma das melhores personagens não está lá? A resposta está bem presente neste Viver Sem Ti: sim, faz sentido. E sim, é possível. E funciona, por várias razões.
Um dos aspectos mais positivos deste livro é que, apesar da inevitável falta de Will, há, ainda assim, uma memória bem presente, não só no aparecimento de uma nova personagem, mas principalmente na forma como as várias personagens que o conheceram lidam com a sua ausência. Claro que o impacto é mais evidente na história de Louisa, até porque continua a ser ela a narradora e, por isso, as suas emoções e pensamentos surgem com maior nitidez. Mas também na família de Will, bem como na da própria Louisa, se nota uma certa influência, que, além de reforçar a ideia central deste segundo livro - a necessidade de seguir em frente - , cria também uma ponte entre as duas histórias.
Também particularmente interessante é a forma como a autora desenvolve as personagens, realçando tanto as suas características essenciais como o potencial para evoluir. Mais uma vez, é em Louisa que isto mais se nota, mas também em Lily e, ainda que de forma mais discreta, em muitos outros intervenientes nesta história. Todo o percurso de Louisa é uma evolução, aliás. Mas se, no primeiro livro, era a descoberta de uma vida com menos medo, agora é a da vida depois da perda. Evolução que significa superação e também mudança.
E depois há aqueles traços que parecem ser característicos dos livros desta autora: a escrita cativante, as personagens interessantes, uma história que vive tanto dos momentos leves e divertidos como das situações mais comoventes e em que as ideias - e a mensagem - passam mais através dos actos que das palavras. Tudo isto num equilíbrio quase perfeito, em que tudo surge na medida certa, sendo assim tão facilmente capaz de arrancar lágrimas como gargalhadas.
A ideia que fica é, portanto, a de uma sequela surpreendentemente bem conseguida para uma história que parecia não precisar de uma. A história de uma vida depois da perda, e para além dela, em que todos os momentos contam e há sempre uma surpresa à espera ao virar da esquina. Vale muito a pena reencontrar estas personagens, portanto. E segui-las nesta nova fase da aventura.
Título: Viver Sem Ti
Autora: Jojo Moyes
Origem: Recebido para crítica