Sobre as relações entre homens e mulheres e como as coisas mudaram (será?) com o passar do tempo, quatro contos que apresentam diferentes perspectivas sobre o tema, num tom que se pretende descontraído e algo divertido. Em comum, todos os textos têm a temática das relações amorosas... mas cada autor apresenta uma visão muito particular do assunto.
O primeiro conto é de Daniela Pereira e chama-se Clara ou a cinderela dos tempos modernos. Clara é uma mulher forte, mas com os seus momentos de sensibilidade e de romantismo. A sua história é a de como encontrou, por acidente, o seu príncipe não muito encantado. Uma visão bastante intrigante do que seria um conto de fadas actual e bem pouco cor-de-rosa, com uma escrita fluída e envolvente e alguns momentos bastante divertidos.
Segue-se Paciência de Chinês, de João Pedro Duarte. Uma algo satírica dramatização, com uma visão não muito romântica da relação que se estabelece entre os dois protagonistas, bem como das suas ligações paralelas. Com alguns momentos de ironia, situações bastante divertidas, esta é uma história curiosa e invulgar, onde até o "apresentador" tem as suas peculiaridades... sobrenaturais.
Ele tomou Viagra, Ela chamou a Polícia, conto de Miguel Almeida apresenta a história de um octagenário que, para ter relações sexuais com a mulher (sensivelmente da mesma idade) decide experimentar o tal comprimido azul. É o seu percurso, no mínimo, atribulado a base desta história curiosa, também com os seus momentos divertidos, mas onde uma exaustiva (e com algumas repetições) reflexão sobre os efeitos da idade acaba por retirar parte da envolvência ao enredo.
O último conto é de Pedro Miguel Rocha. Num registo bem mais sério que o dos restantes contos, A Lâmina do Amor conta a história de um homem que, obcecado por uma mulher que conheceu no Facebook, acaba por pôr em risco o emprego e a sua relação familiar. Um conto cativante, com um ritmo envolvente, particularmente marcante pela abordagem directa ao delicado assunto da traição.
Uma leitura interessante, bastante divertida e descontraída, onde o tom leve não prejudica em nada a mensagem dos textos. Ainda que o meu preferido seja, como não podia deixar de ser, o mais sério dos quatro.
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