sexta-feira, 17 de maio de 2013

As Filhas do Graal (Elizabeth Chadwick)

Bridget descende da linhagem da Virgem Maria e de Maria Madalena, e o seu sangue confere-lhe dons especiais. Mas é essa mesma linhagem que a torna um alvo aos olhos da Igreja. Para se proteger e para prestar auxílio, Bridget caminha entre os cátaros, tomando parte do seu modo de vida, ainda que a sua própria fé seja diferente. Mas os tempos são sombrios e uma nova cruzada está prestes a começar, liderada por um homem ambicioso e determinado em pôr um fim à heresia. Para dar continuidade à sua linhagem, Bridget escolhe Raoul de Montvallant, um guerreiro capaz e um homem bom. De uma única noite, nasce a herdeira do sangue de Bridget. Mas a guerra contra os cátaros está longe de se esgotar em poucas batalhas e Raoul e Bridget, bem como os seus descendentes, têm, ainda, um longo caminho a percorrer.
Parte do que torna este livro tão cativante é a forma como a autora conjuga uma caracterização bastante completa do contexto histórico, com todas as informações essenciais a serem apresentadas ao leitor (seja em momentos mais descritivos, seja de forma mais gradual), com um conjunto de personagens que, independentemente do seu papel no contexto global, marcam pelo que são individualmente. Quase todas as personagens, dos protagonistas às figuras secundárias, têm traços que os diferenciam, capazes de despertar amores e ódios, empatia e aversão. 
É fácil, por isso, entrar no ritmo da história e criar elos de identificação com as personagens. Isso leva a que as suas provações se tornem mais próximas, os momentos de dor mais intensos, mais comoventes as situações emotivas. Mas o mesmo que é questionado relativamente às histórias de cada personagem surge também do contexto global. O ódio causado pela intolerância e pelas diferenças de fé, evidente em toda a questão da guerra religiosa, é tão claro nesta história como os ódios pessoais causados pela experiência das personagens. Também isto realça o equilíbrio entre o indivíduo e o todo, uma harmonia que transparece ao longo de todo o livro.
Esta mesma harmonia estende-se à escrita e à forma como a autora constrói a sua história, com medidas certas de acção e contextualização, características e complexidades - tanto de personagens como de circunstâncias - que vão sendo reveladas de forma gradual e uma ligação emocional que transparece também das palavras, como das acções narradas. A história nunca perde a envolvência, contada em palavras belas e num tom de quase proximidade. E isso reforça o impacto de tudo o resto.
Equilibrado em todos os aspectos, com uma história envolvente e personagens fascinantes, este livro conjuga uma boa contextualização histórica com um toque de magia e muita emoção, numa leitura que cativa tanto pelos grandes momentos como pelas pequenas tragédias da história das suas personagens. Um livro marcante, em suma, e que não posso deixar de recomendar.

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