Esta é a história de Eugénia, de quem se recorda o destino inverosímil, os desaires e os momentos de felicidade, a infinita capacidade de ser reerguer e de continuar a viver – em Portugal e em França, na adolescência e na idade adulta, na desilusão e na alegria (e na sua relação com os livros e com o sexo). É também a história de Artur, uma espécie de funâmbulo que atravessa (quase) todos os abismos. E a de todas as personagens que vivem em trânsito do passado para o presente, ao longo de uma história de amor invulgar e de desenlace inesperado.
«Um diamante natural é concebido no magma do centro da terra, e depois expelido para a superfície, por vezes abrindo à força um enorme buraco, outras vezes encontrado na cratera de um vulcão extinto. Aqui é diferente. O corpo humano tem dezoito por cento de carbono e dois desse carbono resta nas cinzas, depois da cremação. Permita-me dizer que fez bem em cremar o corpo do seu marido. É uma solução mais limpa.»
Sérgio Godinho nasceu no Porto e aí viveu até aos vinte anos, altura em que saiu de Portugal. Estudou Psicologia em Genève durante dois anos, antes de tomar a decisão «para a vida» de se dedicar às artes. Foi actor de teatro e começou a exercitar a escrita de canções nos finais dos anos 60. É de 1971 o seu primeiro álbum, Os Sobreviventes, seguido de mais vinte e sete até aos dias de hoje.
Sérgio Godinho é um dos músicos portugueses mais influentes dos últimos quarenta anos. O seu percurso espelha, precisamente, essa poderosa interacção entre a vida e a arte. Voz polifónica, Sérgio Godinho levou frequentemente a sua escrita a outras paragens. Guiões de cinema (Kilas, o Mau da Fita), peças de teatro (Eu Tu Ele Nós Vós Eles), séries de televisão, histórias infanto-juvenis (O Pequeno Livro dos Medos), poesia (O Sangue por um Fio), crónicas (Caríssimas Quarenta Canções), entre outros exemplos. Vidadupla, o seu primeiro livro de contos, é o capítulo anterior desse estimulante itinerário pessoal.
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