terça-feira, 15 de maio de 2018

A Grande Recompensa (Barbara O'Connor)

A vida de Georgina não é nada fácil. Desde que o pai os deixou a todos, ela, o irmão e a mãe têm estado a viver no carro e, apesar dos seus dois empregos, a mãe de Georgina não ganha o suficiente para pagar uma renda. Por isso, Georgina decide ajudar - e tem um plano. Ao ver na rua um cartaz que oferece uma recompensa, Georgina descobre o que julga ser a solução para os seus problemas: roubar um cão, esperar que apareça um cartaz e depois devolver o cão em troca da recompensa. Só que, ainda que tudo pareça muito simples, há algo na mente de Georgina que lhe diz que tudo aquilo está errado. E, quando decide pôr em prática os seus planos, as dificuldades começam a manifestar-se.
História de escolhas erradas em circunstâncias muito difíceis, um dos principais aspectos a cativar para esta história é a forma como realça o que separa o certo do errado sem cair na tentação de simplificar as circunstâncias que, às vezes, levam a essas más escolhas. A vida de Georgina é, de facto, difícil e, embora isso não justifique as suas acções, confere-lhes uma perspectiva diferente. E, sendo este livro pensado para os mais jovens, esta capacidade de afirmar vincadamente o certo e o errado, mas também de demonstrar as dificuldades que levam a estes dilemas torna o livro muito mais pertinente e realista.
Mensagem à parte - e a mensagem bastaria - esta é também uma história muito cativante pelas aventuras e interacções que a protagonista vive em relação com as outras personagens. A vida familiar, o plano para roubar o cão, o próprio afecto que nasce para com o cão e as amizades perdidas e encontradas fazem de toda a história um pequeno poço de surpresas. Além disso, também nas personagens há uma ideia positiva: nem Georgina, nem Mookie, nem sequer a dona de Willy se enquadram nos preceitos da estrita normalidade, mas isso não lhes retira nem valor nem plenitude. Porque a diferença faz parte da vida - e aceitá-la faz parte da aprendizagem.
E depois há Willy, sempre adorável na sua presença canina, e um elemento de ternura mesmo nos momentos em que não é propriamente fácil entender os comportamentos da protagonista. E, sendo certo que há aspectos da história em que fica alguma curiosidade insatisfeita - como a história do pai de Georgina, por exemplo - a verdade é que o essencial está lá e a lição, essa, está perfeitamente clara.
Fica, então, a impressão de uma história simples, cativante e com uma mensagem bastante clara sobre o que é certo ou errado. Uma história de dificuldades e de descoberta, em que nem todas as escolhas estão certas, mas em que há sempre algo de importante a aprender. E, tudo somado, uma boa leitura.

Autora: Barbara O'Connor
Origem: Recebido para crítica

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