domingo, 12 de maio de 2019

Gallowstree Lane (Kate London)

Há uma guerra territorial a acontecer em Gallowstree Lane e a sua dimensão cedo se torna evidente quando um jovem chamado Spencer se esvai em sangue na rua na sequência de um esfaqueamento. Mas há uma teia sombria a desenrolar-se nesta guerra de gangues. Shakiel, líder de um dos grupos rivais, planeia introduzir armas no país e isto fez que as forças da lei montassem uma grande operação para o travar. Mas, para manter esta operação a salvo, a investigação do homicídio de Spencer tem de ser gerida com cuidados adicionais. E isto implica uma relutante cooperação entre os agentes responsáveis pelas diferentes investigações - e a sua própria guerra territorial, que tem de ser posta de parte em nome do bem maior.
Sendo o terceiro livro da série, com várias referências ao passado e uma linha comum a unir várias personagens, uma das primeiras coisas que importa referir acerca deste livro é que a história central é totalmente independente. Sim, há pequenos momentos e uma evolução pessoal que provavelmente fazem com que valha a pena ler os livros por ordem (eu não li os anteriores... ainda), mas a investigação central é uma história própria e não há nada de essencial que não seja plenamente desenvolvido neste livro.
Há também uma multiplicidade de coisas a acontecer ao longo de toda a história, o que faz com que o início possa parecer um pouco confuso, tornando-se porém rapidamente num crescendo de intensidade e acção que abre caminho para um final bastante avassalador. Além disso, ao seguir várias perspectivas - Kieran, Lizzie, Sarah e até Ryan - a autora consegue fazer com que a história seja mais do que a mera resolução de um caso. É a história destas pessoas, dos seus sentimentos e dificuldades, das suas vidas. E isto torna tudo muito mais intrigante.
O que me leva à principal qualidade deste livro: o desenvolvimento das personagens. No início, praticamente todas despertam sentimentos ambíguos. Kieran em particular não é propriamente a mais adorável das personagens. Mas isto tem dois efeitos muitos positivos: primeiro, numa história em que ninguém é perfeito, é mais fácil entender os seus comportamentos e imaginá-los a mover-se num cenário real. Segundo, não sendo perfeitos, podem evoluir. Podem redimir-se. E fazem-no de forma brilhante.
Começa um pouco pausado, sim, mas cedo se torna viciante, convergindo através de várias linhas para dar forma um final bastante memorável. E, com as suas personagens complexas, o seu caso delicado e o seu equilíbrio eficaz entre pessoal e profissional, acção e reacção, vida e morte, cedo se torna uma leitura memorável. E, definitivamente, uma série que vale a pena descobrir.

Autora: Kate London
Origem: Recebido para crítica

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