Quando uma forte tempestade faz com que um raio atinja o local onde o diário de Anne Frank está guardado, a sua amiga imaginária, Kitty, desperta para a vida. Inicialmente não sabe onde está nem o que aconteceu à amiga, mas o diário está mesmo à mão para a lançar na busca de respostas. Só que essa busca lançá-la-á também num mundo real onde a sua amiga está em toda a parte, mas a mensagem das suas palavras parece ter sido esquecida. E terá de ser Kitty a relembrá-la...
Parte do que torna esta leitura tão marcante é a forma como põe em evidência não só as atrocidades do passado, mas também as violências e indiferenças do presente. Em busca da amiga, Kitty descobre não só o que lhe aconteceu, mas também o que continua a acontecer no mundo. E assim, este percurso fluido e emotivo é também uma poderosa reflexão sobre onde está, afinal, a suposta bondade humana perante o impensável.
Também o aspeto visual é especialmente cativante, com rasgos de movimento a conferir fluidez ao percurso, uma expressividade notável nos rostos das personagens e uma beleza desoladora e fascinante em certos cenários - sobretudo os imaginários. Há como que uma harmonia que transborda das páginas e que dá ainda mais força a uma história já poderosa.
Ainda um último ponto a destacar tem a ver com as circunstâncias singulares de Kitty e a forma como estas se repercutem no enredo, suscitando alguns momentos surpreendentes e um final agridoce, mas perfeitamente adequado.
Uma mensagem intemporal e mais necessária do que nunca, um percurso que dá nova vida a uma história sobejamente conhecida e uma arte que realça todas as singularidades desta história tornam este livro memorável em todas as suas facetas. E muito necessário também.
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