terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Uma Jangada de Pedra a caminho do Haiti

O Grupo Leya, a Editorial Caminho e a Fundação José Saramago lançam hoje, em conjunto com vários parceiros, a campanha "Uma Jangada de Pedra a caminho do Haiti". Trata-se de uma acção de solidariedade para com as vítimas do sismo no Haiti.
A ajuda será dada através da venda de uma edição especial do livro "A Jangada de Pedra", disponível nas livrarias portuguesas a partir da próxima sexta-feira. Os 15 Euros do valor do livro serão directamente doados, na sua totalidade, para o Fundo de Emergência da Cruz Vermelha Portuguesa.

No seguimento de uma ideia da Fundação Saramago, a Leya mobilizou a sua estrutura, bem como todo um conjunto de entidades, de modo a tornar possível esta campanha, inédita em Portugal e operacionalizada em tempo recorde. A grande disponibilidade demonstrada pelos parceiros permitiu colocar em marcha esta acção. Estão envolvidos na campanha as seguintes empresas: Agfa, Eigal, Plásticos Pando, JDC, Ibero Fibra, Torras Papel, Inapa, Gráfica 99 e Ideias com Peso. Das entidades que aceitaram prontamente colaborar fazem também parte as livrarias e grandes superfícies que ofereceram os seus espaços para a venda do livro: Almedina, Bertrand, Sonae, Fnac, Auchan e Press linha bem como muitas outras das principais livrarias um pouco por todo o país serão os locais onde o livro poderá ser encontrado. Todos se disponibilizaram para trabalhar gratuitamente em prol do sucesso desta iniciativa.

As editoras de José Saramago em Espanha e na América Latina vão avançar com campanhas semelhantes nos respectivos países.

Ao empenho de todos os parceiros envolvidos, junta-se agora o desejo de que a comunidade corresponda, dirigindo-se às livrarias e adquirindo esta edição especial, sabendo que ao fazê-lo estará a realizar um donativo directo, no valor de 15 euros, para a Cruz Vermelha que, por sua vez, o aplicará no seu esforço de apoio às vítimas do sismo no Haiti.

Trata-se da primeira campanha na qual o valor total de um livro reverte na íntegra para uma causa humanitária. É também a primeira vez que editoras, papeleiras, gráficas, transportadoras e o retalho se unem neste tipo de acção.

A campanha "Uma Jangada de Pedra a caminho do Haiti" prolongar-se-á até 28 de Fevereiro de 2010.

Fonte: Caminho

1 comentário:

  1. OS ESFORÇOS PARA ACUDIR AO HAITI (MAIS UMAS INICIATIVA...)
    É um lugar comum. Os esforços para acudir às vítimas da tragédia do Haiti não serão
    nunca demais. Morre-se em cada hora que passa. Cerca de 120 mil mortos, um grau de
    destruição quase inimaginável, a agonia das estruturas
    estatais/assistenciais/administrativas de um País. Pobre
    situação a de um povo que começou a sua História lutando pela liberdade contra os donos
    de escravos franceses no início do século XIX, que venceu essa prova, mas que tem
    conhecido guerras internas, invasões e ocupações estrangeiras, além de desastres
    naturais, ao longo de dois séculos... para já não falar das ditaduras que pouco dignos
    filhos seus exerceram.
    É curioso ver como se unem esforços.
    Uma iniciativa em particular chama a atenção. O Nobel português, José Saramago , vai
    promover uma edição especial de solidariedade do seu livro de 1986, "Jangada de Pedra".
    Citando agências noticiosas e a sua fundação, «a acção de solidariedade reverte a favor
    das vítimas do sismo do Haiti e decorrerá
    futuramente também em Espanha e na América Latina. O livro custa €15 e estará disponível
    nas livrarias a partir de sexta-feira; e porque, segundo o próprio Saramago "todos temos
    uma obrigação", a campanha "Uma Jangada
    de Pedra a caminho do Haiti" vai prolongar-se até 28 de Fevereiro de 2010.»
    Recorde-se que esta obra descreve um cenário imaginário, no qual uma espécie de
    terramoto lento separa a Península Ibérica do resto da Europa, e a coloca à deriva, como
    uma gigantesca ilha, no que é interpretado por alguns críticos como uma das primeiras
    manifestações de iberismo deste escritor. A catástrofe imaginária terá levado o autor a
    escolher este livro
    para esta acção, em que se procurará acudir às carências resultantes de uma catástrofe
    real.
    O livro é ainda hoje muito citado. Não parece crível que o autor, com este gesto,
    esteja a sugerir que a Haiti se deva deixar governar por alguma potência externa e
    vizinha, como por exemplo a República Dominicana, já que Saramago é um conhecido lutador
    pela liberdade dos povos e pela direito à auto-determinação, como recentemente se viu em
    relação ao Sahará ex-espanhol. Aliás, no livro, o Nobel não hesita em ironizar sobre as
    esperanças espanholas sobre Gibraltar... que não acompanha a península na imaginária
    ruptura geográfica... referindo mesmo que sobre este litígio o português é pouco
    "sensível" ... já que «a sua mágoa histórica chama-se Olivença e este caminho não leva
    lá.»(página 89)
    Receia-se, porém, que Saramago não seja bem compreendido nesta sua iniciativa, por
    causa da escolha desta obra em concreto, e que poderá sujeitar-se a alguns comentários
    algo cépticos.
    Penso que todas as iniciativas a favor do Haiti serão positivas, desde que eficazes
    e desinteressadas. Esta não será excepção, mas penso que Saramago, e ele que me desculpe,
    poderia ter escolhido outro texto. Valha-nos a qualidade literária!!!
    Estremoz, 27 de Janeiro de 2010
    Carlos Eduardo da Cruz Luna

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