No que diz respeito à poesia, o soneto sempre foi uma das minhas formas de eleição, principalmente pela conjugação de ritmo e melodia capazes de dar voz, de uma forma breve, mas intensa, a qualquer sentimento. Foi, por isso, uma muito agradável surpresa percorrer os poemas que constituem esse livro e encontrar novamente o reflexo daquilo que me fascina nesta forma poética.
O tom é, na generalidade, algo sombrio, nocturno, um pouco melancólico. As imagens são cativantes, ainda que algumas delas tenham algo de complexo e inatingível. E, principalmente, os sentimentos, na sua vastidão de possibilidade, são parte fundamental de cada um dos sonetos. Uma voz presente, por vezes estranha, muitas vezes soturna, mas que tem algo de uma estranha proximidade que cativa e que fala à emoção.
E não é só de amor que vivem estes sonetos. Há todo um espectro de emoções, pensamentos e imagens, que vão desde a solidão ao amor romântico, mas também às ligações de amizade, de simples atracção e até de recusa perante as pessoas e as situações que marcam o dia de cada um. E há algo de inocente, tão mais marcado pelo contraste com o tom algo sombrio de outras visões, que dá a este livro, na sua globalidade, uma certa magia, algo de inatingível, mas que parece simultaneamente estar perto de cada um.
Sentimento, acima de tudo. Mas também uma criação de imagens surpreendentes, uma fluidez de palavras que, quase inconscientemente, se entranham na memória... e um resultado belo e cativante, em cada novo poema. Gostei.
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