segunda-feira, 21 de maio de 2012

O Amor é Para os Fortes (Marcelo Cezar)

De um romântico incurável e da sua mulher cruel, da funcionária farta de aturar a falta de educação da chefe, da família que volta a descobrir a harmonia depois da distância das transgressões... e, no meio de tudo isto, dos espíritos que observam a passagem da vidas, influenciando, positiva ou negativamente, os que, em vida (ou em vidas anteriores) lhes foram próximos. De todos estes elementos se define esta história, onde a acção e a intriga têm tanto destaque como a reflexão e as explicações associadas ao mundo espiritual.
Há dois elementos que sobressaem na leitura deste romance. O primeiro diz respeito às personagens, que, de características bastante vincadas e, nalguns momentos, a demonstrar comportamentos um pouco exagerados, funcionam, em grande medida, como representações bastante claras do bem e do mal. Ainda assim, e se os protagonistas permanecem, no essencial, fiéis às características que o definem, há ainda um segundo elemento a acrescentar a essa tendência de comportamento uma relativa ambiguidade. A intervenção dos espíritos e, inclusive, as mudanças operadas sobre um deles, insinuam para as personagens uma história maior que a que está a ser contada, abrindo possibilidades de mudança e redenção.
Com a presença dos espíritos a tornar-se mais evidente e mais interventiva com o evoluir do enredo, a história evolui também para um tom mais explicativo, em que as crenças associadas ao espiritismo têm um maior destaque na narrativa. Isto implica algum nível de crença ou de curiosidade da parte do leitor, já que são os espíritos a explicação para algumas mudanças ao longo do enredo. Apesar disso, e independentemente de crenças ou teorias, a história nunca deixa de ser cativante e de leitura agradável, havendo momentos de particular intensidade emocional que acabam por ser os mais marcantes do livro.
Interessante e envolvente, com um conjunto de personagens bastante diferentes e com personalidades muito próprias, trata-se, portanto, de uma história cativante, que, ainda que possa evocar alguma estranheza nas partes mais dedicadas ao mundo espiritual, não deixa de ser agradável de seguir. Uma história interessante, portanto, e uma que gostei de ler.

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