Seja devido a bons poderes de dedução ou ao recurso a meios inesperados, as histórias de mistério - e dos que resolvem esses mistérios - sempre exerceram um certo fascínio. É também isso que acontece nos dois contos deste pequeno livro, onde duas figuras carismáticas - e peculiares - põe em acção as suas melhores características, para resolver enigmas inesperados. E de uma forma muitíssimo interessante.
Em A Carta Roubada, de Edgar Allan Poe, uma carta roubada de uma figura poderosa - e por outra pessoa poderosa - leva o chefe da polícia a consultar Augusto Dupin sobre o que deve fazer. Intrigante, cativante e muito bem escrito, este conto cativa tanto pelo enredo em si como pelas personagens e pelo desenvolvimento das suas capacidades de raciocínio. Capacidades estas que originam momentos de alguma dispersão, mas que não deixam de ser interessantes.
Justiça do Acaso, de Anthony Berkeley, tem o veneno como arma do crime e uma pequena intervenção do acaso como elemento crucial na sua resolução. Também intrigante, ainda que com um tom mais distante e um ritmo relativamente pausado, surpreende por uma resolução muito bem conseguida.
Ambos com protagonistas e mistérios intrigantes, e ambos com uma escrita tão cativante como o enredo, estes dois contos são, por isso, de leitura envolvente e agradável, ainda que não compulsiva. Fica, portanto, uma muito boa impressão deste pequeno, mas interessante livro.
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