André e Vicente são dois jovens druidas a quem, em tempos, uma profecia atribuiu grandes feitos... e grandes responsabilidades. Os seus poderes permitem-lhes comunicar com a Rainha da Luz, podendo por isso prestar aos feéricos o auxílio de que eles tanto necessitam. Mas outras responsabilidades os chamam. Na Cidade das Brumas, há algo de negro à espreita e é bem possível que haja um traidor entre os druidas. André e Vicente são por isso chamados de volta, na esperança de que possam ajudar a afastar o perigo que, ao ameaçar a Cidade das Brumas, os ameaça também a todos. E, para isso, vão precisar de toda a ajuda que conseguirem obter.
Em muito semelhante ao anterior O Bosque dos Murmúrios e dando, em grande medida, continuidade à história anterior, este é um livro em que se destacam dois aspectos: a manutenção das forças e uma certa evolução em termos das fragilidades anteriores. E é precisamente por aqui que vou começar.Comparativamente ao anterior, a escrita parece ganhar mais fluidez, talvez porque já não estão presentes as ocasionais gralhas, mas também porque há um maior equilíbrio no desenvolvimento do contexto. Continua a ser a acção a dominar, mas há novos desenvolvimentos em termos de poderes, natureza e capacidades dos diferentes tipos de personagem. E esta visão mais ampla torna a história mais intrigante e mais complexa, sem lhe retirar nenhuma das qualidades anteriores.
Quanto a essas qualidades, nunca é demais repeti-las. A história continua a ser relativamente simples, mas sempre cativante, com um enredo em que há sempre alguma coisa a acontecer e que, por isso, mantém sempre acesa a vontade de saber o que se segue. Além disso, à medida que as personagens se tornam mais familiares, as suas melhores facetas tornam-se mais nítidas, sendo particularmente cativantes as curiosas personalidades dos feéricos. Quanto à história em si, sobressai desde logo o tal ritmo de acção constante, mas também a forma como, ao acompanhar os passos de diferentes personagens, a autora permite uma visão mais abrangente do que se está a passar, o que contribui para realçar a intriga, os pontos de conflito e as dificuldades da missão que é preciso cumprir.
Ficam algumas perguntas em aberto e, por isso, uma certa sensação de curiosidade insatisfeita. Mas fica também a impressão de que as aventuras de André e Vicente não devem terminar por aqui. E, assim sendo, o mistério que fica no ar e as respostas que ficam por dar acabam por fazer um certo sentido, pois criam (boas) expectativas para o que se poderá seguir.
Da soma de tudo isto, fica uma ideia muito clara: a de uma história leve e simples, envolvente e intrigante, em que a aventura domina e as personagens nunca deixam de cativar. Uma boa história, portanto, e uma boa leitura.
Título: Crónicas de André e Vicente - A Cidade das Brumas
Autora: Anita dos Santos
Origem: Recebido para crítica
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