Dizem que quem entra naquela casa não volta a sair com vida. Alguns, dizem que está assombrada. Outros recusam-se a acreditar. Mas o que é certo é que foi na casa que aconteceram várias mortes macabras e agora acabam de acontecer mais duas. Um casal é encontrado morto no quarto principal da casa e as suspeitas não tardam a centrar-se no antigo namorado de uma das vítimas. Mas a detective Jenna Murphy recusa-se a aceitar a solução mais simples. Há qualquer coisa naquela história que não bate certo. E quando, contra tudo e contra todos, começa a aprofundar a investigação, a sua teoria começa a fazer sentido. Há segredos mais antigos escondidos na Casa da Morte. Mas revelá-los pode ter consequências...
Com muito em comum com os outros romances policiais de James Patterson (a começar, desde logo, pela habitual escrita directa em capítulos curtos), este é um livro em que o primeiro aspecto a sobressair é a diferença. E a diferença é que, apesar de, principalmente na fase inicial, muita coisa acontecer em poucos capítulos, a impressão geral é a de uma história que cresce a um ritmo mais pausado e em que as pistas, com as suas múltiplas possibilidades, encaixam de uma forma mais complexa, mas também mais lenta.
Isto retira envolvência ao enredo? Nenhuma. É, aliás, particularmente interessante ver como, de uma teoria aparentemente simples (quase demasiado simples, aliás) emerge um conjunto de revelações inesperadamente complexas, o que, além de proporcionar bastantes surpresas ao longo do enredo, traça um caminho bastante mais tortuoso (e, por isso, mais intrigante) em direcção à verdade. Acompanhar a investigação de Jenna Murphy é uma montanha russa de descobertas, em que todos são potenciais suspeitos e a verdade pode estar em qualquer lado.
Também particularmente marcante é a forma como as personagens evoluem, despertando sentimentos diferentes consoante as circunstâncias. Noah, no papel de um (possivelmente) inocente condenado, Jenna, a detective determinada em descobrir a verdade, mas tão capaz de descobrir o elo que falta como de errar clamorosamente, o chefe da polícia, com a vertente política das circunstâncias a condicionar-lhe os passos... E os Dahlquist, com todo o mistério que lhes está associado. Em todas estas personagens há tanto potencial para o bem como para o mal e, por isso, qualquer um pode ser o verdadeiro culpado.
Tudo isto contribui para adensar o mistério. A empatia (ou falta de, nalguns casos) para com as personagens, as respostas que se transformam em perguntas para depois apontarem numa direcção diferente, o ritmo de um enredo que, sendo um pouco mais pausado que o habitual, é também mais complexo e, por isso, mais intrigante e o percurso de revelação em revelação até à descoberta final. Tudo se conjuga num equilíbrio fascinante, abrindo caminho para um final tão intenso quanto surpreendente.
Com uma história cheia de surpresas, uma protagonista carismática, mas falível e um mistério com muito de inesperado, este é, pois, um livro que não desilude. Intenso, surpreendente e sempre intrigante, um livro que vale bem a pena descobrir. E que recomendo, portanto.
Título: A Casa da Morte
Autores: James Patterson e David Ellis
Origem: Recebido para crítica
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