Foi por pouco que Mare e Cal escaparam a uma sentença de morte, mas a guerra está longe de estar terminada. Agora que sabe que não é a única com sangue vermelho e habilidades prateadas, Mare sabe que precisa de alcançar os que são como ela - antes que Maven o faça. Só que o caminho é tudo menos fácil. Maven tem todo o poder de um reino - e de inúmeros Prateados - nas suas mãos. E ela tem apenas uns poucos aliados e a certeza de que não pode confiar em ninguém. Ainda assim, desistir não é opção. E, por mais que Maven apele à sua rendição, Mare sabe que nenhuma ameaça a poderá fazer ceder.
Dando continuidade aos acontecimentos de Rainha Vermelha, mas elevando-os a todo um nível de intriga, este é um livro que vê todas as qualidades do anterior reforçadas por uma maior complexidade. Se já antes havia traição e intriga ao virar de cada esquina, aqui as coisas atingem um ponto em que nem em si mesma Mare consegue confiar inteiramente. E se antes ainda havia algumas divisões claras entre certo e errado, essas definições a preto e branco são aqui completamente esbatidas por todo um conjunto de escolhas difíceis, pois nenhuma decisão é boa ou má, e todas têm consequências.
Há também um grande avanço em direcção às sombras, pois a guerra tornou-se inevitável e de consequências terríveis. Mas o mais impressionante neste percurso é a forma como os acontecimentos se repercutem nas personagens. A Mare deste livro é muito diferente da do anterior e as mudanças acentuam-se com o evoluir da história. O mesmo se aplica também às outras personagens, mas é em Mare, já que a história é contada pela sua voz, que essas alterações são mais notórias. Mare, com o peso da culpa, da perda, da desconfiança constante, de sentimentos que não têm lugar no seu mundo. Mare que, para combater um monstro, talvez tenha também de se tornar um.
E, claro, tudo isto acontece a um ritmo intenso, cheio de grandes confrontos e grandes perdas, e principalmente de momentos emocionalmente devastadores - a que os ocasionais laivos de humor vêm contrapor alguma leveza. É difícil resistir à vontade de saber o que o futuro tem reservado a Mare e a Cal - e, ao alcançar os grandes pontos de viragem, impossível deixar de sentir o impacto. Além do mais, a história não acaba aqui e a forma como tudo termina... bem, digamos que a vontade de ler o próximo volume é ainda mais irresistível.
Intenso, sombrio e profundamente emotivo, trata-se, pois, de um livro que eleva ainda mais as expectativas para o que poderá estar reservado à sua protagonista. Com um enredo cheio de surpresas e alguns picos de intensidade simplesmente devastadores, uma leitura a não perder. E que recomendo, naturalmente.
Título: Espada de Vidro
Autora: Victoria Aveyard
Origem: Recebido para crítica
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